How in the world could it go so far? escrita por Corelli


Capítulo 2
Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Serão três partes agora :)



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Quando Julia bate a porta do carro de Devineaux e o vento frio do inverno de Roma atinge seu rosto, ela não tem muita certeza se é uma boa ideia seguir o plano de seu parceiro. A Galleria Borghese se ergue a sua frente com sua majestosa arquitetura do século XVII e Julia acha que talvez o frio não seja tão ruim assim, entretanto. Ela se deixa levar pelo pensamento de que pode estar prestes a contemplar Caravaggio e Botticelli e como nunca teria essa oportunidade se não fosse pela insistência de seu parceiro de que esse é o próximo passo de Carmen Sandiego. Ela não pode discordar dele, porém, apesar de não acreditar que esse não é o próximo passo da dama de vermelho, mas sim da VILE. Julia sabe muito bem que Carmen não fez nada de errado, ainda mais depois de todos os momentos que dividiu com a ladra. Ela suspira quando a lembrança de seu último encontro a atinge. O olhar perdido de Carmen e o seu tom de despedida quando o abraço antes de partir foi um pouco mais longo e apertado do que o comum, preocupou Julia. Principalmente depois que se passou mais de um mês e o silêncio de Carmen se tornou sufocante para a agente da ACME. Ela só espera que a ladra esteja bem.

Julia observa as pegadas dos passos duros de Devineaux sobre a fina camada de neve e o segue até a entrada querendo evitar suas reclamações sobre qualquer coisa que ela faça. Ele apresenta sua identificação ao guarda que não parece entender muito de suas palavras entrelaçadas com o sotaque francês pesado, mas os deixa entrar reconhecendo a autoridade do cartão de Devineaux.

“Hoje eu pego Carmen Sandiego”, o ex inspetor da Interpol segue seu caminho para a primeira sala no andar térreo resmungando, não parecendo nem um pouco afetado pelo fato de estar rodeado de obras de arte famosas mundialmente, além, é claro, do próprio ambiente do museu que não deixa de ser muito impressionante. Julia não fica surpresa. História nunca foi mais do que entediante para ele e  não há nada que o faça desviar de seu objetivo de prender la femme rouge esta noite, nada que o convença de que Carmen na verdade esteve o tempo todo os ajudando a deter a VILE. 

Devineaux para de repente se virando para Julia que quase se bate contra suas costas por ter se distraído com a escultura de Pauline Bonaparte. "Argent, eu acho que deveríamos nos separar. Você sobe e eu fico nesse andar."

"Eu não acho que é uma boa ideia. E se for a VI-"

"Srta. Argent, eu sei o que faço."

Devineaux não oferece tempo para discutir. Ele segue em frente deixando sua parceira com a testa franzida para trás na escuridão entre as esculturas. Julia suspira pela teimosia dele quando Devineaux some pelas portas da próxima sala, embora ela saiba que não adiantaria muito tentar convencê-lo do contrário.

Ela se conforma acessando as escadas mais próximas com sua arma em punho. Diferente de seu parceiro ela sabe muito bem o perigo que pode ser se deparar com alguém da VILE. A cicatriz em seu abdomen não a deixa esquecer disso. À medida que avança as salas, o silêncio e a escuridão fazem-na acreditar que foi Devineaux a escolher a porta premiada. Gemidos de dor e uma voz que definitivamente não é Carmen, chamam sua atenção perto da sala nove, no entanto e ela não pode fazer mais nada a não ser conferir do que se trata. 

Julia encontra a figura de uma mulher loira usando uma máscara com olhos verdes brilhantes. Tigress, ela conclui pelas anedotas que Carmen lhe contou de seu tempo sede da organização criminosa secreta. Um homem da segurança está ao seu lado no chão, seus pulsos presos por algemas. A sensação de um déja vu impede que a agente da ACME se aproxime muito, Julia se agacha atrás de umas das esculturas e aperta o botão de sua caneta para que possa alertar Devineaux e outros agentes de sua localização, guardando-a no bolso interno de seu uniforme. 

"Você fique quieto ou uma tigresa o usará para afiar suas garras", a ladra ameaça o homem no chão pisando no seu peito. A Dama com o Unicórnio de Rafael Sanzio debaixo de seus braços. Ela transfere o quadro para uma maleta. "Condessa Cleo ficará orgulhosa desse."

A adrenalina invade o corpo de Julia quando Tigress está perto de escapar pela janela larga à sua esquerda. A agente da ACME sai de seu esconderijo sem pensar duas vezes, mesmo que seu coração esteja batendo nos seus ouvidos e o seu intestino enrolado em vários nós pela familiaridade da situação. 

"Parada!" Julia aponta sua arma de choque para Tigress. "Você está presa!"

"Oh, que fofo", ela debocha se aproximando do homem no chão. "Ela acha que pode me pegar", Tigress ri. "Eu não teria tanta certeza disso", 

"Coloque o quadro de volta!" A firmeza na própria voz surpreende Julia.

"Ou o que? Você vai me prender? Eu gostaria de vê-la tentar. Na verdade, eu tenho uma ideia melhor. Por que você não me deixa ir e esse homem continua vivo?"

Julia mantém o seu aperto firme na arma atordoamento da ACME. Tigress não parece estar brincando quando obriga o segurança a ficar em pé e ameaça cumprir suas palavras com suas garras ao redor do pescoço do pobre homem. 

O barulho de um helicóptero chega aos seus ouvidos quando Julia observa o sorriso da criminosa aumentar diabolicamente. 

"Ou eu poderia levá-lo comigo. Dra. Bellum ficaria mais do que feliz em ganhar uma nova cobaia para seus experimentos", Tigress se aproxima da janela com o homem. "Última chance."

É quando a voz de Devineaux ecoa pelo andar. "Argent", ele chama antes de entrar correndo pelas portas da sala. 

"Senhoras e senhores, o show acabou", Tigress diz e está prestes a se lançar com o homem pelo buraco aberto no vidro da janela, quando Julia toma uma decisão em seu desespero.

"Espere! Não! Deixe-o ir e me leve no lugar dele", ela não tem mais certeza do que está fazendo. Julia só sabe que seu plano parece estar dando certo quando Tigress derruba o homem no chão outra vez e sorri.

"Uma agente da ACME, hum, isso está ficando cada vez melhor."

Devineaux se aproxima ao seu lado com a arma em punho. "Agente Argent, você não pode fazer isso. Você deve se lembrar melhor do que eu do que aconteceu no Rio."

"Eu me lembro muito bem, agente Devineaux. Mas, por favor, siga o meu plano desta vez só desta vez, pode ser nossa única chance." 

O francês aperta os lábios e franze a testa para sua parceira. Julia acha que essa é uma de suas piores ideias, mas o tempo é muito curto para que ela elabore um plano melhor, então ela decide seguir em frente antes que seja tarde demais. Tigress lança um olhar impaciente na sua direção.

"Se temos um acordo coloque sua arma no chão e peça para o seu parceiro fazer o mesmo."

"Tudo bem", ela larga a arma de choque e se aproxima com as mãos na cabeça quando a criminosa da VILE se move para soltar as cordas do homem da equipe de segurança da Galleria Borghese.

O coração de Julia parece estar se movendo em direção ao seu estômago. Todos os seus pensamentos giram em torno do desejo de que Carmen Sandiego apareça mais uma vez mesmo que não seja para salvá-la. Se a morte for a consequência de sua má decisão tudo o que Julia quer é poder olhar nos olhos azuis acinzentados e ouvir a voz de Carmen pela última vez. A dama em vermelho não aparece, entretanto. Julia tem a certeza de que seu destino está selado. 

"Nada de gracinhas", Tigress revista seus suas roupas e puxa o dispositivo de comunicação da ACME para fora do bolso interno de seu blazer. 

"É só a minha caneta", Julia diz observando Tigress estreitar os olhos. 

"Eu vou ficar com isso."

Outro dispositivo Julia que perdeu, pelo menos isso significa que poderá ser rastreada. Um pouco de esperança, ela pensa. Mas, então, o refém original se levanta e corre até a sala seguinte em seus passos cambaleantes. Um alarme estridente soa pelo prédio inteiro. Julia sente as garras afiadas no seu peito e vê o vermelho.

"Desculpe-me, mas não posso deixar que tudo isso seja um grande desperdício do meu tempo", Tigress soa distante agora. Julia não consegue prestar muito atenção a não ser em sua dor dilacerante se espalhando pela sua pele. "Au revoir."

Julia escuta a voz de Devineaux se aproximando quando sua visão se escurece. Ela não sabe se ele está sozinho agora, mas ela quer acreditar que não.

Jules fique comigo. Jules.


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