Em algum momento Toto chegara a se perguntar quantas vezes ele teria de reiniciar seu jogo. Quantas vezes ele teria que morrer para ter a oportunidade de vê-la mais uma vez. Ele não negava a ideia disso fazer dele um azarado mas, agradecia a esse carma que o perseguia todas as vezes que seus olhares se cruzavam. Era como se um alarme soasse em sua mente, o avisando de que o momento havia chegado. O sentimento que preenchia seu ser continuava o mesmo, e ele tinha ciência de que aquilo estava prestes a acontecer mais uma vez mas ainda assim, ele continuava a jogar habilmente, pulando obstáculos, ganhando casts, lutando contra chefões.

Ele faria tudo de novo, e de novo. Valia a pena, desde que a visse novamente.

Yosuga o encarava de soslaio, seu livro estava marcado entre os dedos, parecia que ele deixara muito na vista a atenção que estava dando a ela. Porém, a ruiva não deixava de sorrir, e ele não deixava de se sentir pleno com a presença dela. Os dois juntos, eram como peças de um quebra cabeça que ainda tinha muito a ser completado e descoberto.

Ambos estavam com uma parte faltando, com um dano imensurável, uma cicatriz aberta no peito, ambos estavam sozinhos. E ambos estavam juntos, unidos pela companhia um, do outro.

Daquela vez Toto não queria deixá-la sozinha tão cedo, ele conseguia enxergar a diferença que fazia na vida dela. Yosuga precisava da presença dele para se curar, para não ter pensamentos idiotas. Para que ela não pensasse em se atirar na frente de um caminhão, por exemplo.

Ao menos algo de positivo ele tinha que admitir, aquela realidade em que estavam era a melhor de todas. Não havia sangue, não existiam poderes mirabolantes, não havia perseguições, eles não tinham suas vidas em jogo. Eles apenas tinham que se encontrar e se ajudarem para que juntos, se reerguessem. E isso era mais que o suficiente para Toto, ter alguém por quem zelar, alguém importante o suficiente para que valesse a pena viver.

Ele só esperava que Yosuga pensasse o mesmo que ele.