Pov Susan

Não estou aguentando mais, estou vendo a hora que irei fazer um buraco no chão do quarto de tanto andar de um lado para o outro. Minha filha está sentindo minha agitação, a cada alma que sinto chegar ao submundo, sinto uma angustia crescer, meus amigos estão partindo e não estou podendo fazer nada para ajuda-los.

Sentei na cama, encostando na cabeceira, esticando as pernas no colchão e comecei a acariciar a barriga na tentativa de acalmar a mim e a minha filha. Não aguentava mais essa agonia, fechei os olhos e deixei minha mente vagas até chegar ao acampamento, uma boa parte do terreno do acampamento havia sido destruída, parte do estábulo estava danificada devido a fogo, que o Percy logo conseguiu apagar, a arena estava em chamas, alguns chalés tiveram a faixada danificada, algumas árvores estavam sendo consumidas pelas chamas. Havia muitos semideuses feridos, alguns superficialmente e outros mais graves, outros mortos, os guerreiros mortos-vivos de Hades lutavam bravamente, notei que os semideuses rebeldes estavam recuando, encontrei o Nico, ele tinha um corte superficial na testa e um corte aberto no braço esquerdo, ao notar o movimento dos semideuses gritou para o exército de Hades.

— Sigam-os, não os perca de vista - Nico falou com determinação - Capturem, matar apenas em último caso. VÃO!

Os seus guerreiros correram seguindo as orientações do Nico, momentos depois as coisas se acalmaram, os rebeldes haviam fugido. A luta havia terminado, os semideuses se aproximaram.

— Eles recuaram, o que fazemos agora? - Piper perguntou

— Deixamos ir, não estamos em condições de continuar lutando - Annabeth falou

— Vamos ajudar os sobreviventes - Jhon falou e os semideuses que estavam em melhores condições começaram a levar os feridos para a enfermaria.

Abri meus olhos novamente e vi o meu quarto, levantei, comecei a  trocar de roupa.

— Jarvis? - chamei amarrando o cabelo

— Sim, Sra Di Ângelo - ele respondeu prontamente

— Onde está o meu pai? - perguntei colocando o sobretudo

— Na Oficina - ele respondeu e peguei o celular ligando pro meu pai

— Oi Su! Ainda acordada? - meu pai atendeu no segundo toque

— Sim, teve um problema no acampamento, posso levar alguns materiais de enfermagem pra lá? - perguntei indo em direção a sala pegando minha bolsa

— Foi sério? - meu pai perguntou preocupado

— Foi. Um acidente, muitos feridos, preciso ajudar de alguma forma - falei abrindo a porta do apartamento

— Pode levar o que precisar, tem caixas fechadas com material clínico no estoque - meu pai falou

— Obrigada - falei entrando no elevador

— Se cuida, qualquer coisa me avise - meu pai falou

— Pode deixar, te mantenho informado - disse e encerramos a ligação

Fui até o estoque da enfermaria, separei algumas caixas com a ajuda do zelador que estava trabalhando, ele colocou todas as caixas no elevador, apertei o botão pra subir pro meu andar apenas para que as portas se fechassem, usei a magia das sombras e viajei até o acampamento, me concentrando na entrada da enfermaria do acampamento. Assim que as trevas se desfizeram puder ver a movimentação de perto.

— Su? - ouvi a voz do Nico e me virei - O que tá fazendo aqui?

— Vi a destruição do acampamento e que a batalha havia acabado, trouxe algumas coisas para ajudar a cuidar dos feridos - respondi, vendo ele e os outros líderes se aproximarem

— Obrigada, realmente estávamos precisando - Annabeth falou levando as caixas pra enfermaria com os outros

— Pedi que ficasse em casa - Nico falou sério assim que ficamos sozinhos

— Eu sei, por isso esperei que tudo terminasse, mas precisava trazer as coisas - falei me aproximando e toquei o sangue seco na testa dele - Você tá machucado.

— Não tenta amenizar as coisas, Susan - Nico falou segurando meu pulso para afastar do ferimento

— Nico, se quer brigar comigo, ótimo, mas que seja enquanto cuido desses ferimentos e em um lugar que chame menos atenção - falei notando alguns olhares dos semideuses que passavam por nós - Já ocorreu coisas demais, vamos evitar uma cena.

— Tudo bem. Tem um kit de primeiro socorros no meu chalé.  - Nico falou ao notar os olhares discretos - Vou falar com o Quiron e nos encontramos lá.

Assenti e comecei a caminhar em direção aos chalés, era possível ouvir a madeira das árvores estalarem com as chamas, após se recuperarem os semideuses teriam muito trabalho a fazer no acampamento. Enquanto caminhava ouvi um gemido de dor, procurei com os olhos e vi um semideus no chão. Eles estava a uns 3 metros de uma árvores em chamas, a perna dele estava ferida, todos os semideus ao redor estavam ocupados ajudando outros semideuses. Eu não podia me aproximar inalar aquela fumaça poderia prejudicar a minha filha, me aproximei o quanto pude, ficando a uns 5 metros da árvore, assoviei e meus cães apareceram.

— Tirem-no de lá - Foi tudo que falei e os cães partiram em direção ao semideus quase inconsciente

Eles morderam o casaco e começaram a arrasta-lo, a árvore deu um forte estalo, olhei e a vi começando a tombar bem na nossa direção, olhei para o semideus sendo arrastado e a árvores começou a cair, corri alguns passos para mais perto e fiz um campo de força para evitar que a árvore caísse sobre nós. Um dos cães rosnou como se me repreendesse.

— Tirem ele daqui. AGORA - falei firme e os cães o puxaram com mais rapidez

Permaneci sustentando o campo de força, mas o calor das chamas da árvores estavam me incomodando, principalmente pelo cheiro da fumaça, comecei a ouvi o burburinho da conversa dos semideuses, a fumaça começava a me incomodar ao ponto de começar a tossi, a medida que o ar faltava a árvore parecia ficar mais pesada. Mas uma coisa era certa, eu tinha que sair.

POV AUTORA

Na enfermaria, ouviram alguns semideuses que chegavam comentando sobre o resgate que estava acontecendo, alguns semideuses que estavam na enfermaria saíram pra ajudar. Nico, Jhon e Léo foram, quando chegaram viram a cena, dois cães arrastando o semideus na direção deles e a Susan usando sua magia para impedir que a árvore caísse e ferisse os que estavam perto.

— Jhon cuida dele, Léo se certifique que a árvore não vai ferir ninguém - Nico falou sumindo nas sombras

Em segundos, Nico apareceu na frente da Susan, a abraçou e viajou nas sombras, assim que sumiram, o Léo usou as suas chamas para consumir toda a árvores antes que machucasse alguém.

Nico e Susan reapareceram no chalé de Hades, ela ainda tossia um pouco, como sempre o lugar estava  mal iluminado, depois de alguns segundos Nico a soltou, Susan não conseguia olhar pra ele sabia que veria o olhar raivoso do marido, ela se sentou na beira da cama de casal que havia ali olhando para o chão, esperando a bronca que receberia por sua imprudência.

— Você tá bem? - Nico perguntou e Susan apenas assentiu ouvindo os passos dele se aproximando.

Mas diferente do que ela esperava, ela o viu se ajoelhar na sua frente, encostar a testa nas coxas da esposa abraça-la pela cintura, respirando fundo.

— Por favor, não faz mais isso comigo - Nico falou em tom de súplica - Fiquei com tanto medo de perder vocês.

Susan, sentiu seu coração se contrair de tristeza, ela suspirou pesadamente, acariciou o cabelo do marido com carinho.

— Agora não é apenas você ou eu, tem a Evie também - Nico falou olhando-a e ela viu os olhos lacrimejados do marido

— Me perdoa - ela pediu sentindo-se culpada por faze-lo passar por aquela situação

— Tudo bem, só... não faz mais isso - Nico falou baixando a cabeça novamente

— Eu prometo - Susan falou e acariciou a barriga e a filha mexeu levemente - Deixa eu cuidar de você?

Nico levantou a cabeça e assentiu olhando a esposa. Eles se levantaram, Susan foi pegar a caixa de primeiros socorros e Nico se sentou onde ela estava, não demorou muito e Susan começou a limpar os ferimentos do esposo ambos em silêncio. Depois de limpos e com o curativo feito, guardou tudo na caixa. Nico foi ao banheiro e tomou um banho rápido tendo o cuidado de não molhar os curativos. Quando ele saiu viu a Susan olhando o céu pela janela, se aproximou abraçando-a por trás.

— Tenta descansar um pouco - Susan falou baixo

— Você também - ele rebateu olhando-a

— Eu sei - Susan suspirou - Já tô indo pra casa.

Ela deu um passo pra se mover, mas Nico a segurou

— Fica comigo - Nico pediu afundando o rosto no pescoço da esposa - Não quero ficar longe de você.

— Tudo bem - Susan respondeu com um sorriso discreto.

Ela tirou o sobretudo, foi até o guarda-roupa que tinha algumas roupas suas e trocou por algo mais confortável para dormir. Logo eles estavam deitados abraçados para dormir o mais tranquilamente possível.

Na manhã seguinte, eles acordaram ouvindo o som da sirene do pavilhão

— Tanta coisa foi destruída ontem, menos a coisa mais irritante daqui - Nico resmungou se referindo a sirene e Susan deu ar de riso - Vamos?

— Vou ficar mais um pouco, tô sentindo o corpo mole - Susan falou se acomodando melhor na cama

— Você tá bem? - Nico perguntou se sentando

— Tô. Só quero ficar deitada mais um pouco - Susan falou tranquilamente

— Tudo bem - Nico falou fazendo um carinho na esposa - Vou trazer algo pra você comer. Tá bem?

— Grazie, Mi Amore - Susan agradeceu olhando pro marido que sorriu e deu um selinho

Nico trocou de roupa e foi para o pavilhão, pegou o prato, fez sua oferenda e tomou o café. Quando terminou a refeição, pegou um prato, colocou uma boa quantidade, fez uma oferenda e saiu do pavilhão.

— Nico? - ele ouviu a voz do Jhon - Bom dia!

— Bom dia, Jhon - Nico respondeu

— Não vi a Susan - Jhon falou se aproximando, nitidamente cansado

— Está com um pouco de moleza. Por isso tô levando o café pra ela - Nico respondeu - Você dormiu ontem?

— Só alguns minutos - Jhon respondeu - Muitos semideuses para limpar os ferimentos e curar

— Jhon, você precisa descansar um pouco - Nico falou olhando o amigo - Se você estiver exausto não vai poder ajudar mais ninguém.

— O Quiron me falou a mesma coisa - Jhon falou após um bocejo - Vou comer alguma coisa e vou pra casa grande dormir um pouco.

— Algum problema com o chalé? - Nico perguntou

— Sim, muito barulho - Jhon respondeu e Nico riu

— Ainda bem que meu chalé é bem silencioso - Nico falou normalmente

— Sorte a sua - Jhon falou com ar de riso - Eu vou indo. Até mais.

Eles seguiram seus respetivos caminhos, quando Nico entrou no chalé, não viu a Susan na cama.

— Amor? - Nico falou colocando o prato no criado mudo e a porta do banheiro foi aberta

Susan, saiu parecendo cabisbaixa e voltou pra cama.

— Tá tudo bem? - Nico perguntou e sentando ao lado da esposa, que apenas assentiu - Não mente pra mim. O que aconteceu?

— É besteira, não se preocupe - Susan respondeu pegando uma torrada do prato

— Mas eu quero saber - Nico falou carinhosamente - Me fala

— Acha que tô gorda? - Susan perguntou e Nico riu irritando-a um pouco - Saia daqui. Sabia que não devia ter dito nada.

— Desculpa, Amor - Nico falou parando de rir, mas manteve o sorriso divertido - Você não tá gorda. Você tá perfeita é apenas a nossa filha crescendo forte e saudável.

— Me olhei no espelho e tive dificuldade de me reconhecer - falou após morder a torrada - Meu quadril parece mais largo, os seios maiores.

— Eu percebi essas mudanças - Nico falou e Susan o olhou - Mas tudo isso é só seu corpo se adaptando para cuidar da Evie. Durante e depois do parto.

— Eu sei, mas... é um pouco estranho - Susan falou suspirando

— Imagino, seu corpo tá mudando nos últimos meses, mas você tá linda -Nico falou carinhosamente enquanto segurava a mão da Susan - Eu não poderia desejar uma mulher melhor para dividir o resto da minha vida e ser a mãe da minha filha.

Susan sorriu e o abraçou forte.

— Desculpa por isso - Susan sussurrou durante o abraço - Nunca fui de me preocupar com estética, mas....

—  Tá tudo bem - Nico falou fazendo carinho mas costas da esposa - Essas mudanças são normais na gestão, a propósito, a gravidez te fez muito bem

Nico sussurrou a última parte no ouvido da esposa e deu um beijo no pescoço arrepiando-a.

— Ficou ainda mais linda - ele falou iniciando um trilha de beijos do pescoço até o rosto dela - A cada dia fico mais louco por você.

Assim que ele terminou de falar iniciaram um beijo intenso, cheio de desejo.

— Não ia tomar café? -Nico perguntou sorrindo ao romperem o beijo

— Como depois, preciso de você agora - Susan respondeu e voltou a beijar o marido que retribuiu o gesto sem pensar suas vezes.

Sem romperem o beijo, Nico foi empurrando delicadamente a esposa até eles estarem deitados, iniciaram as trocas de beijos, carícias, até que estavam unidos , se amando de corpo e alma, até que ambos chegassem ao ápice do prazer. Com as respirações irregulares eles ficaram juntos deitado.

— Você é maravilhosa e eu te amo, nunca esqueça disso - Nico falou olhando nos olhos da esposa

— Também te amo - ela falou, deu um selinho no marido e se levantou

— Onde você vai? - Nico perguntou olhando-a

— Tomar banho - ela falou indo em direção ao guarda-roupa - Talvez possa ajudar em alguma coisa na enfermaria

— Nem pensar, vai tomar banho, comer e vou te levar pra casa - Nico falou se sentando

— Nico, por favor, não... - ela não teve a chance de falar

— O acampamento vai ser estressante pra você - Nico falou normalmente - Sabe que tem que evitar lugares assim.

— Eu não quero ficar em casa sem você, não depois que... - Susan se interrompeu

— Depois de quê? - Nico perguntou se levantando e Susan suspirou

— Recebi um e-mail depois que saiu - Susan falou se virando

— De quem? - perguntou intrigado

— Samuel - ela respondeu baixo e Nico ficou surpreso

— O que ele falou? - Nico perguntou nervoso

— Desejou mais sorte nessa gravidez - Susan respondeu - Não nos ameaçou, mas ele ainda quer se vingar dos deuses e ele seria capaz de fazer qualquer coisa.

— Eu vou matar aquele desgraçado - Nico falou passando as mãos no cabelo

— Não posso lutar, já exagerei ontem no uso da magia, não posso abusar - Susan falou olhando-o

— Tudo bem, tudo bem - Nico falou tentando se acalma pra por os pensamentos em ordem - Seu pai ainda tem um quarto pra gente no andar dele, não é?

— Tem - Susan respondeu

— Vou adiantar o máximo que puder aqui no acampamento, no máximo amanhã de manhã tô de volta em casa - Nico falou se aproximando da esposa - Fica com seu pai até eu chegar. Tá bem?

— Tá bem - Susan respondeu e Nico a abraçou

— Vamos ficar bem, eu prometo - Nico falou tentando acalmar a esposa e a si mesmo.