A Fênix escrita por Erin Noble Dracula


Capítulo 6
De volta para o castelo


Notas iniciais do capítulo

https://youtu.be/QrSDkWiQPQU-America música.



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P.O.V. Rei Clarkson.

Eu não acredito no que estou ouvindo.

—Você permitiu que usassem a droga que você mesma criou em você?! E apagou o programa que a equipe de ciência da computação levou quase uma década para desenvolver?!

—Eu sinto muito majestade. Eu não planejei isso. Foi... foi a Fênix.

—A Fênix?!

—É apenas um nome na minha mente. Não consigo lembrar do rosto, não consigo lembrar de nada! Apenas essa alcunha. A Fênix.

Mandei os guardas darem cabo dela.

P.O.V. Príncipe Maxon.

Tivemos que retornar ao Palácio. E eu não consigo parar de pensar em como pode existir no mundo alguém como ela.

Uma doce garota que toca violino, canta e corre atrás de borboletas e ainda assim, uma crítica ferrenha, uma lutadora feroz e habilidosa. Que fala o que pensa doa a quem doer, sem se importar com as consequências. Capaz de destruir um exército com um grito.

Literalmente. E realmente ela era a pessoa mais... destrambelhada que eu já conheci.

Vivia trombando nas coisas, se distraia com as coisas mais tolas. Tinha um sorriso inocente e fofo, mas também tinha um diabólico. Tinha a risada mais bonita, carinha de anjo, de bebê.

P.O.V. America.

Depois de mais uma eliminação, decidi perambular mais por este lugar gigantesco. Abri uma das portas e...

—Uma biblioteca!

Entrei e comecei a fuçar nas estantes. Jane Austen, William Shakespeare, Os irmãos Grimm.

Acho que passei o resto do dia lendo. Li trezentos e vinte e dois livros. Posso recitar cada página, de cada um deles de cor, se eu quiser. Infelizmente, mesmo na minha atual condição... acabei dormindo.

P.O.V. Maxon.

Meu pai realmente perdeu o pouco que lhe havia sobrado de juízo e ele não parece ter ciência da real dimensão do grupo que ele chama de rebeldes. Eles não são um grupo pequeno e esparso como sempre pensei, não. Eles tem uma Organização, líderes, exércitos, recrutas. E agora que sei que eles não são rebeldes, que são... A Resistência comecei a estudar seus ataques anteriores.

Eles invadiram os laboratórios mais de uma vez, fábricas de armas, levaram remédios, armas, roupas, comida, mas os ataques não foram aleatórios. 

Dos laboratórios eles pegaram um protótipo, um projeto de uma arma nuclear. Isso não é uma simples rebelião, eles estão se preparando para a guerra. Eles vão explodir alguma coisa e pelo o tanto de explosivos que roubaram é um lugar enorme.

Eu fui dormir na minha cama, mas não foi o lugar onde eu acordei.

—O que...

—Bom dia, belo adormecido.

Olhei bem para aquela figura. Os cabelos ruivos inconfundíveis, mas ela estava com uma maquiagem preta, os olhos pintados com sombra preta, delineados de preto. Usando calças e jaqueta de couro apertadas que valorizavam suas curvas. E quanto á cor da roupa? Se chutaram preto... acertaram.

—Isso aqui é bom mesmo.

Disse enquanto mordia um pedaço de torta.

—O que houve?

—Seu palácio voou pelos ares. Bem, pelo menos um deles. A resistência invadiu, saqueou e ai... Kaboom!

—Meus pais!

—Sua mãe tá bem, ferida, mas viva. Seu pai... é... ele morreu. 

—Onde estamos?

—Num dos palácios de verão? Sei lá, numa das propriedades da sua família. Come ai, amor.

Disse a parte do amor, com ironia.

—Como estamos aqui? Como escapamos?

—Eu transportei a gente pra cá. Nem faço ideia como, foi meio que um... reflexo. Agora coma.

—Não estou com fome.

Então ela colocou vinho num cálice.

—Beba.

—Eu não estou com sede.

—E? Não te ofereci água. Beba.

—Colocou alguma coisa neste vinho?

Ela serviu o vinho do mesmo jarro noutro cálice e bebeu.

—Nada. Agora, beba. A minha florzinha vermelha está desabrochando.

—O que?

—Sabe, aquele período do mês quando uma mulher não fica grávida...

—Sei! Florzinha vermelha.

Disse rindo.

—É como a minha mãe chamou da primeira vez. Adequado não acha? Os homens vão sangrar lá fora e eu vou sangrar aqui.

—Nós temos guardas para nos defender.

—Guardas? Depois que o seu pai morreu e o palácio foi para o espaço eles foram os primeiros a abandonarem vocês. Mudaram de lado. A Resistência está mais forte do que nunca e querem a sua linda cabecinha numa estaca.

—Porque me salvou? Pensei que estivesse do lado da resistência.

—Eu sou a única pessoa que está realmente do lado do povo. Não me importo com Reais ou Rebeldes, não faz diferença é igual. Os fracos...

—Os fracos sempre estarão á mercê de quem estiver no poder. Você me disse isso uma vez.

—Eu sei. Agora coma. Vai precisar da sua força.

—Como está a minha mãe?

—Ela vai viver, mas ela vai ter cicatrizes para o resto da vida. Sua mãe rezou para Deus ter piedade de você. Era para ser você.

—O que quer dizer?

—As chibatadas. Os aldeões famintos e furiosos, membros da Resistência iriam deixar essa sua bela pele de porcelana marcada de chibatadas. Mas, sua mãe tomou seu lugar. Estou cuidando dos ferimentos dela.

—Minha mãe, foi açoitada?

—As coisas que a mãe faz para proteger o seu bebê milagroso.

—E você não a ajudou?

—Ajudei. Eu salvei você. Tentei tirá-la, mas ela queria que salvasse você primeiro. Quando voltei... ela tava amarrada num tronco e um dos soldados tava descendo o chicote nela. Matei o guarda, salvei ela e aqui estamos.

—Então está nos ajudando e a Resistência ao mesmo tempo?

—Estou ajudando o povo. Sabe, lágrimas não as únicas armas de uma mulher. A melhor delas está entre as nossas pernas.

Eu bebi o vinho num gole só.

—Choquei você, amorzinho? Desculpe. Eu admito, tentei ter uma audiência privada com o seu pai, mas ele era o Rei Clarkson Scherave, eu teria uma chance melhor se tentasse seduzir o cavalo dele.

—Seduzir?!

—Eu sempre fui eu. Com ou sem poderes. Sempre fiz coisas inimagináveis, impensáveis por aqueles com quem eu me importo. Inclusive você. Então, eu estava mais do que disposta a ter uma coisa de uma noite só e mesmo um caso com o seu amado e agora falecido pai para impedir... Isso.

—E o que seria Isso?

—Os filhos pagam pelos pecados dos pais. Você não é como seu pai, você é diferente. Eu posso dizer, descobri no momento em que te conheci. Seu pai era um idiota cretino, você é um cavalheiro. Seu pai era explosivo, você é calmo, ele era burro você é inteligente. Ele era insensível, você não é. Ele não dava a mínima para ninguém além dele mesmo e sua rodinha de amigos. Você realmente se importa com o povo.

Me levantei, e comi.

—E o que acontece agora?

—Você tem alguma noção do que acontece quando uma cidade é invadida e saqueada? Não. Você não saberia. Assim que a cidade cai, que os soldados não importa de que lado estejam atravessam os muros e vencem a batalha... as belas donzelas são estupradas. Quando um homem está com sangue nos olhos qualquer coisa com peitos é boa. Coisinhas lindas e preciosas como as mulheres da nobreza, as concorrentes da Seleção seriam perfeitas. Como um belo pedaço de bolo pronto para ser comido.

Ela me serviu mais vinho e eu bebi.

—Choquei você de novo? Bem, agora você sabe. A beleza e o heroísmo da guerra. É isso ai. Mulheres estupradas, os "inimigos" torturados, assassinados, bebês sendo jogados dos muros. Soldados dando suas vidas, sangrando no chão por... alguém além deles mesmos.

—Como você sabe tudo isso?

—Porque eu já vi. Desde que eu... virei uma Fênix eu vejo coisas. Coisas que aconteceram no passado, coisas que estão acontecendo agora e coisas que não aconteceram ainda. Mas, elas podem. São uma possibilidade. Minhas visões do futuro são... complicadas.

—Complicadas como?

—Elas mudam. Estão sempre sujeitas á alterações.

—Porque você é tão... 

—Eu? Sou brutalmente honesta, ás vezes. Quando eu preciso. Sabe a diferença entre um homem e uma mulher?

—Sim. Estudei biologia.

—Não esta diferença seu tolo. Nesta nossa sociedade... linda, meu irmão foi ensinado á manusear armas, espadas, bestas, cavalgar, dirigir e eu fui ensinada á sorrir e cantar e tocar violino. Meu irmão casou e se mudou e eu fui basicamente colocada á venda. Fui vendida para um homem para que ele me cavalgasse sempre que quisesse.

Havia um outro homem na sala, ele estava usando uma túnica preta e armado com uma adaga.

—Porque ele está aqui?

—Para me proteger, nos proteger se for necessário.

—Um homem só contra um exército?

—Se Aspen conseguir terminar de tomar o Reino... ele pode tomar a cidade, pode tomar as províncias, mas ele não vai me levar viva.

O que?!

—Conheço Aspen desde que éramos crianças. Ele é um homem bom, uma boa pessoa, mas ele tem um orgulho do tamanho do universo. E ele está com ciúmes. Sempre esteve com ciúmes desde do primeiro dia. Eu era namorada dele. Mas, ai veio a Seleção e eu conheci você. E foi tudo pro buraco.

Disse se jogando na cama. Eu iria fazer outra pergunta, mas... comecei a ouvir os roncos.

—Como você mata uma Fênix?

—Você não pode. Nem mesmo eu posso. Ninguém pode.

—Então porque está aqui?

—Porque ela é a única coisa que realmente importa. Ela existe desde muito antes de você e muito antes de mim e vai prevalecer muito após a nossa partida. 

—Como assim?

—As coisas que ela diz que vê, ela não simplesmente viu, ela viveu. Inúmeras vidas. Um Poder que você não pode nem começar a imaginar. Ela é o fogo feito em carne e osso.

—Ela disse que você a mataria.

—E eu vou se eu precisar. Mas, ela não ficará morta por muito tempo. Apenas tempo o suficiente para o tal Aspen ver o cadáver e para eu tirá-lo de dentro destas paredes.

—Como assim?

—Você nem ao menos sabe o que a Fênix é. Desde o momento em que esta garota nasceu há um Poder crescendo dentro dela. Desde sua primeira vida. Á milhares de anos atrás. Enquanto ela crescia, a Força Fênix crescia com ela. Até atingir a maturidade e quando atinge... ela vê o erro do mundo. Inundações, incêndios, rebeliões. Salvou milhares de vidas e ceifou milhares de outras. Um Poder além de bem e mal, heróis e vilões. Para mim, ela é uma heroína, para outros... ela é uma vilã.

—Como ela pode ser tão... boa e ainda assim tão... cruel?

—Ela está acima disso. Imagino que ter o conhecimento de cada evento bom e mau, de cada bondade e atrocidade já realizada pela humanidade dentro da cabeça, afete qualquer um. O que você está vendo deitado nesta cama é uma vasilha. Um insipiente e logo... a fusão estará completa.


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