A Amorosa Bizarra Aventura de Bucciarati escrita por Mayara Silva


Capítulo 1
O capo e suas relações




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Roma – 08/07, 2hrs de viagem até Nápoles.

Giorno:

 

No final dessa viagem, percebi que ele estava constantemente me olhando. Suas perguntas eram intrigantes, e ele sempre queria estar perto de mim. Ou... devo estar vendo coisas demais.

Voltamos de um ofício em Roma. Trish, agora, está conosco. Ainda temos a tartaruga e a chave dourada e as utilizamos constantemente em jornadas a trabalho. O animal foi posto em um trem em direção a Nápoles, e agora só precisamos esperar para desembarcar no nosso destino.

Duas horas de viagem.

Era noite e improvisamos uma cama naquela sala de espera que é a chave dourada. Narancia abasteceu o refrigerador com besteiras e jogamos cobertores por todo o chão e sofá.

— Boa noite aí, galerinha!

— Vai mais pra lá!

Mista e Narancia tentavam pegar bons lugares. Tínhamos pouco espaço, então dormimos em fileiras. Fiquei entre o Mista e a Trish. Após ela, Bruno e Abbacchio.

Foi quando as luzes apagaram, que percebi que poucas pessoas, de fato, dormiam. Também percebi... que não era pra mim que ele olhava.

—------------------------- X --------------------------

18:52hrs.

 

Deitados estavam, respectivamente: Fugo, Narancia, Mista, Giorno, Trish, Bruno e Leone. Giorno havia percebido respirações irregulares, mas isso não o perturbou muito, uma vez que não estavam muito perto de si, sinal de que vinham das extremidades da fila. Ou eram de Fugo e Narancia, ou de Bruno e Leone.

Giorno era o membro mais recente da equipe, sem contar Trish que chegou logo após. Ele não precisou de muito tempo de convivência para entender como as coisas funcionavam lá dentro. A intimidade entre os membros era forte e constante, e isso não necessariamente o perturbava. Na verdade, ele gostava.

Estava de frente para Mista, mas só via suas costas. Era, junto com Leone, um dos homens mais encorpados do grupo. Giorno abraçou suas costas. Seus braços envolveram o peitoral do amigo, e as pernas, as suas. Ele se sentia mais confortável dormindo assim, mas a intimidade não passava daquilo. Na verdade, Giorno queria estar abraçando outra pessoa.

Trish, a membro mais recente do grupo, havia conquistado rapidamente a simpatia do líder, Bruno. Ela sequer o chamava pelo segundo nome, “Bruno” era suficiente, e o fato dele não reclamar deixava os outros membros enciumados. Haviam boatos de que Bruno tinha uma amizade colorida com Abbacchio, e até mesmo para o seu suposto amante, chamá-lo de Bucciarati era quase como uma regra.

Naquela noite, Trish tentou dormir abraçada ao homem que todos olhavam. Ela era novata, não tinha como saber que já haviam olhos o desejando.

Entrelaçou os braços no corpo de Bruno. Ele lentamente abriu os olhos e se deparou com Trish. Sorriu. Todos ali sabiam que ela era sua protegida e que podia arrancar-lhe quantos abraços quisesse, mas a garota queria mais.

Bruno entrelaçou os braços no corpo de Trish e encostou o rosto em seus lindos cabelos rosa. As mãos delicadas da garota subiram pelo seu peitoral, por debaixo da roupa, cariciando a sua tatuagem de arabescos. Ela estava perto de lhe remover o suéter que usava para dormir, quando viu dois braços fortes entrelaçarem o corpo de Bruno. Era Abbacchio, e ele não a deixaria tocar em seu capo tão facilmente.

Abbacchio usava uma camisa quente e preta com mangas compridas, mas que deixavam despidos grande parte de seu pescoço e ombros. Os seus cabelos em lilás pastel bagunçados pela noite estavam presos em um coque despojado, e como logo teriam que acordar, seus lábios já estavam pintados de preto.

Trish percebeu que havia pisado em solo inimigo quando Abbacchio começou a provocá-la, mostrando que sua intimidade com Bruno era mais antiga e mais firme que a dela. Agarrou o homem por trás a ponto de fazê-lo soltar um gemido. Suas pernas entrelaçaram as dele, sua língua foi em seu pescoço. Provocações, provocações.

Pelo olhar que Bruno fazia a ela, parecia estar pedindo perdão pela infantilidade de Abbacchio, mas ele mesmo não o repreendia, talvez por gostar daquilo, talvez por receio de algo. Parecia ser uma amizade tão importante que, com a chegada de Giorno e a atenção extra que ele estava recebendo de Bruno, Abbacchio havia se fechado completamente para os demais. Talvez ele temesse a mesma reação com Trish. Talvez...

— Leone... Menos...

Sussurrou o moreno. Trish não se intimidou, mas ao invés de alimentar a falta de atitude de Bruno naquele momento, ela correu para os braços de outro homem.

Giorno.

Abbacchio não ligou, para ele era uma vitória. Já Bruno parecia ter se importado. Talvez ele alimentasse sentimentos por ela... ou por ele.

— Hum, já foi. Agora, vira pra mim...

Tudo o que Bruno queria era dormir, então ele cedeu. Virou-se de frente para Leone, e o primeiro beijo consumiu seus pulmões.

As respirações irregulares vinham daí.

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Flashback – 20:34hrs, Nápoles.

Abbacchio:

 

Eu devo ao Bucciarati o que sou agora.

Até hoje, não sei o que ele viu em mim para me procurar, me oferecer uma segunda chance dentro dessa sociedade corrupta.

Eu, um ex policial novato, responsável indiretamente pela morte de um companheiro de trabalho que salvou a porra da minha vida. Eu não merecia menos que apodrecer na bebida. Mas tudo mudou quando ele me viu e estendeu sua mão.

Não confiava mais em ninguém, e agora estava dialogando com o lado oposto da moeda. Com o lado dos “bandidos”. A teoria de um policial é fazer o que a lei considera certo, mas a própria lei dá as costas para as próprias palavras.

Bucciarati me ofereceu um apoio, um abrigo, me queria ao seu lado, e só depois de muita conversa, descobri se tratar de um gangster. Era estranho... os bandidos são as pessoas más da história, mas foi um bandido que me tirou da condição deplorável em que eu me encontrava.

Ele se tornou o meu líder.

Bucciarati é um capo, um líder e homem de posses. Suas riquezas são consideravelmente altas e sustentam, sem problema, a vida luxuosa que ele leva. Porém, no momento em que nos conhecemos, estava tarde demais para planejar qualquer coisa, então dormi em sua casa.

É impensável levar um desconhecido para o seu safe room, mas ele parecia se garantir bastante nas decisões que tomava e isso me levava a admirá-lo.

Saí de minha casa para ficar com ele. Agora eu trabalhava para aquele homem e a convivência me fez conhecê-lo melhor.

Eram umas 20:34hrs, quando íamos sair para beber. Bucciarati adorava sair comigo. Eu o complementava de uma forma que os demais membros da equipe não faziam. Éramos a razão ligada à razão, a sofisticação ligada à brutalidade. Além disso, tínhamos interesses em comum.

— Vamos, não quero perder a reserva no ristorante...

— Já estou indo.

Bucciarati estava com pressa. Peguei as chaves do carro para me retirar, quando o céu se fechou em nuvens densas. Não demorou muito para uma chuva torrencial acontecer. Podíamos esperar passar, mas não conseguiríamos chegar a tempo.

— Puta merda!

Não é muito difícil me ver estressado, e Bucciarati conhecia bem o meu gênio.

— Não tem problema, Abbacchio, podemos beber aqui mesmo...

Ele estava perto da porta, de frente para mim, quando disse isso. Ao retornar para casa, passou pela minha pessoa. Seus dedos indicador e médio tocaram o meu peito e subiram pelo meu pescoço, finalizando o passeio pelo meu queixo.

— ... é romântico.

Aquele homem fazia o meu sangue queimar.

—- x --

21:40hrs.

 

A chuva parecia não ter fim e, como consequência, a energia acabou cedendo. Bucciarati parecia gostar da situação, já que não esbanjou nenhuma reação negativa àqueles acontecimentos.

Olhando por outro ponto de vista, eu também estava gostando.

Ele trouxe o vinho e acendeu velas pela sala. Eu deixei um Blues tocar. Jogamos travesseiros por todo o chão, aquele momento era só nosso. Conversávamos sobre coisas que, agora, não lembro – acredito que era o efeito do álcool, exageramos naquela noite. Mas, lembro claramente do cheiro doce do seu perfume.

—- x --

23:50hrs.

 

— Não sei o porquê de você se produzir tanto, se eu vou tirar tudo depois...

Soltei essa frase no calor do momento. Arrastei o meu líder aos beijos até alcançar o seu quarto, onde eu teria mais espaço para fazer o que quero.

Bucciarati deixou uma risada escapar, estávamos banhados em álcool. Eu deixei sua pele molhada e marcada pelos meus beijos. Meu batom pintou seus ombros e tórax, como um pincel sob um quadro branco. Ver seu corpo parcialmente nu, seus cabelos bagunçados, toda aquela sua condição vulnerável me deixava louco. Minhas mãos pressionaram os seus pulsos contra a cama, enquanto meu corpo deitava sob o seu.

Vê-lo dominado era excitante, mas era ainda melhor... quando ele me dominava.

Comecei a ceder propositalmente. Bucciarati tinha duas vezes a própria força quando estava bêbado. Ele me empurrou para a cama e invertemos as posições. Meu cabelo se espalhou por todo o travesseiro. Ele tinha um sorriso na minha direção, a forma como mordia os próprios lábios me fazia desejar que, o que quer que fosse acontecer, acontecesse logo.

— A essa hora, eu já teria te comido.

Provoquei. Ele levou o indicador aos meus lábios e propositalmente borrou o resto de batom que ainda tinha na minha boca.

— Shh... eu sou o seu capo...

Meu corpo começou a reagir àqueles estímulos. Foi a primeira vez que eu o conheci com tanta intimidade.

Trabalhando com Bucciarati, eu aprendi como ele era sério e racional em seu ofício. Usava da violência de precisasse, mas era calmo em sua maioria. Talvez na cama ele fosse a mesma coisa, talvez ele fosse romântico, mas todo o álcool que bebemos o fez despertar apenas o lado violento.

Faz ideia do quanto a porra daquele zíper dói? É a mesma sensação de ter a pele rasgada. Ele abriu vários em meu corpo. Era involuntário, estávamos apenas curtindo aquele momento e ele não conseguiu controlar seu stand.

Não falamos muito, apenas fizemos. Depois dos zíperes em meu corpo, não lembro de mais nada.

—- x –

11:24hrs.

 

Quando acordei, me vi abraçado a ele. Bucciarati estava diferente da noite anterior, diferente de como ele se mostrava para mim. Ele parecia mais frágil. Seu rosto estava em meu pescoço e eu conseguia sentir sua respiração quente tocar a minha pele.

Naquela hora, eu desejei que mais momentos como aquele se repetissem.


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