Despertar escrita por Binhablack


Capítulo 2
capítulo 2




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Pelo visto ainda estou viva. Ainda tenho dor, dizem que não sentimos mais nada depois que estamos do outro lado... Apesar de que... Não conheço ninguém que tenha ido e voltado para dizer algo sobre isso. Nossa, parece que tomei todas, não consigo nem abrir meus olhos.

Depois de piscar várias vezes até me acostumar com a claridade, pude ver o lugar em que me encontrava. Era um a quarto simples e pequeno, tinha apenas um pequeno guarda-roupa do outro lado, perto da porta. Aos pés da cama havia uma pequena cômoda com algumas coisas espalhadas por cima, a cama onde estava deitada, ficava abaixo da janela, que se encontrava aberta somente com as cortinas impedindo a claridade do sol, que hoje havia dado as caras.

Pelo visto o quarto parecia pertencer a algum garoto, visto que, havia fotos de carros e motos espalhados por todo aposento.

Ainda me sentia um pouco tonta, mas nada comparado ao que estava sentindo antes de... Ai meu deus, o lobo?! Onde estou com a cabeça? Eu quase fui atacada. Olhei para meu corpo procurando algum indício de que havia sido feita em pedaços, mas pelo visto ainda me encontrava inteira e meu corpo não se achava mais tão dolorido, não estava mais vestida com minhas roupas, trajava um vestido florido e minha perna encontrava-se enfaixada, mas como?!

Voltei a me deitar, fitei o teto tentando me lembrar de algo que pudesse dar as respostas de que precisava, mas nada vinha em minha mente. Então um cheiro delicioso e familiar entrou em minhas narinas, era uma fragrância amadeirada e que me lembrava um pouco à canela. Um aroma delicioso e embriagante. Acho que poderia ficar sentindo esse perfume por toda minha vida e não iria me enjoar nem mesmo um segundo sequer.

Lembrei-me onde senti esse mesmo perfume, então um sentimento de inquietação apossou-se de meu corpo. Não acredito que vim parar na toca do lobo. Será que ele vai querer me torturar? Não... Acho que não, se não para que ele iria cuidar de meus ferimentos? Já roia as unhas de tanta ansiedade e o pior era que eu não podia sair dali, meu corpo ainda estava impossibilitado de movimentos bruscos.

Escutei o barulho de rodas, logo depois a porta se abriu revelando um senhor aparentando uns cinqüenta e tantos anos, ele tinha características indígenas, cabelos lisos, longos e negros com alguns fios brancos.  Seus olhos me lembraram o garoto da floresta, negros e intensos. Então um sentimento de pânico me assolou e se o lobo tivesse feito algo aquele rapaz, meu coração se apertou, não sei o motivo, mas só de pensar no sofrimento dele eu sentia meu peito se rasgar.

— Hei! Calma! Não vou fazer nada a você. Bem, mesmo que quisesse não poderia. – ele apontou para a cadeira de rodas. Acho que eu deveria estar um caco, pois ele estava... Preocupado?!

Nunca ninguém se preocupou comigo antes, nem mesmo minha família, se é que se pode chamá-los de família. Só de me lembrar do que passei nas mãos de meu p... Não, ele não é meu pai. Aliás, nunca foi. Lágrimas já rolavam pelo meu rosto. O senhor da cadeira de rodas então se aproximou de mim e levou sua mão em meu rosto. Na mesma hora me ergui, ignorando a dor e me afastando, ficando encolhida perto da janela. Eu parecia um animal encurralado, tremendo violentamente. O senhor me olhava com pena.

— Acho que meu filho tem razão, devo estar muito feio, para assustá-la desse jeito. – ele deu um meio sorriso ao qual não pude deixar de retribuir. – bom pelo menos fui capaz de fazê-la sorrir um pouco. Viu?! Não sou nenhum monstro, venha volte a se deitar ainda não está totalmente curada, se meu filho chegar e te ver desse jeito, toda amedrontada, eu serei linchado.

O modo como falou comigo me deixou um pouco mais calma, acho que ele não faria mal nenhum a mim ou a uma mosca, devagar voltei a me deitar. A dor era demais, só mesmo o medo para me fazer esquecê-la e depois cometer a burrice de levantar sem nem ao menos pensar.

— Deixa-me te ajudar! – ele então arrumou os travesseiros, ajudando-me a me ajeitar.

Dei um suspiro de alívio quando, enfim, arrumei uma posição que aliviasse a dor. Olhei para o senhor que me observava e sorri. A sensação que eu tinha era de estar no lugar certo. Pode parecer estranho, mas não sentia medo algum diante daquele senhor, assustei-me no início, mas agora estando mais calma, pude perceber que ele não era um inimigo. Não mesmo!

— Acho que agora está melhor. Não é mesmo?! – assenti – Bom, meu nome é Billy Black, mas pode me chamar de Billy. - Então ele sorriu, seu sorriso era contagiante, pois na mesma hora me vi sorrindo de volta.

— Beatrice... Beatrice Sullivan.

— Pai! Ah, esta aí! – disse uma mulher de uns vinte e tantos anos, era morena e seus cabelos eram negros e lisos, que inveja queria ter os cabelos lisos como os dela. Os meus eram castanhos escuros e cacheados. Ela veio até nós com um sorriso no rosto, acho que esse sorriso era de família. – E então como está a nossa paciente? Espero que meu pai não esteja te incomodando, seus ferimentos foram muito graves e você deveria estar descansando.

— Nossa, falando assim, o que Beatrice pensará de mim? – ele se virou para ela a fuzilando com o olhar, depois se virou com um sorriso de lado, para mim. – Está vendo? É isso que ganho depois de anos de dedicação a essa família.

Não pude evitar rir daquela situação, Billy, era um homem e tanto.

A garota revirou os olhos, dando um pequeno sorriso.

— Obrigada, por cuidarem de mim, estou me sentindo muito melhor e Billy é uma ótima companhia.  – sorri para eles, era a pura verdade. Nunca me senti tão bem como estava me sentindo ali.

— Fico feliz! É bom saber que está melhorando, agora vou deixá-la descansar, assim como Rachel quer, pois se não, ela e o Jacob acabarão com esse velho aqui. – ele apontou para si e depois se aproximou de mim dando-me um casto beijo em minha testa.

Fiquei sem reação, eu nunca havia sido beijada e a sensação era única. Fechei meus olhos e sorri abertamente. Pela primeira vez eu sentia que alguém se importava comigo, agradeci mais uma vez e então o vi se afastar com Rachel logo atrás.

— Ah! Descanse enquanto preparo algo para você comer, er.. er...você come, não come?

Então percebi que ela estava assustada, será que ela sabe sobre mim? Não quero que eles tenham medo de mim, não agora que encontrei pessoas que se importam comigo. Tentei responder o mais natural possível.

— Sim! Como de tudo, não se preocupe! – pela cara dela acho que falei algo ruim, que mancada – Não é isso, quero dizer, eu, eu, como qualquer tipo de comida, só comida.

Acabei me atrapalhando com as palavras, meu coração já estava a mil. O medo de me mandarem embora já invadia cada uma de minhas células.

— Essa foi boa, Rachel! Mas não assuste a menina, ela já passou por poucas e boas. – Billy gargalhou enquanto falava.

— É... Er... Verdade, que cabeça a minha. Não se preocupe! Qual é mesmo seu nome?

— Beatrice Sullivan, mas podem me chamar de Trice, é mais fácil.

— Verdade! Agora vou preparar sua refeição, descanse! Vamos Billy!

Ela então saiu levando consigo o Billy. Mas o medo ainda corria em minhas veias. Será que eles sabem que estavam cuidando de uma sanguessuga? Droga! Acho que nunca poderei viver em paz. E tudo graças aos genes de vampiro, herdados pelo Joseph Montez, o vampiro que deveria ser meu pai, mas não passava de um monstro.

Devo ter dormido, pois já havia anoitecido. O silencio na casa se fazia presente. Ao me virar e me sentar na cama percebi que não estava sozinha. Um rapaz estava sentado na cadeira próximo à cabeceira da cama. Estava escuro, mas não para mim que tinha os sentidos apurados assim como os vampiros, não tanto quanto eles, mas enxergava tudo com perfeição, mesmo na escuridão.

Aproximei-me do rapaz e então pude vê-lo melhor. Ele era lindo, moreno, alto e forte. Senti uma vontade tremenda de tocá-lo, era como se um imã agisse sobre mim, me puxando para ele. Pra mim nesse momento não faltava nada, eu estava completa.

Ergui minha mão e mesmo temendo acorda-lo, acariciei seu rosto. Sua pele era tão macia. Queria poder ficar assim para sempre. Mas então me lembrei do que eu sou. Retirei minha mão de seu rosto e me afastei. Uma lágrima já descia pela minha face. Eu não podia ficar. Não poderia colocá-los em risco. Só de pensar em me afastar meu peito se apertava e um nó já se formava em minha garganta.

Eu tinha que ir embora e tinha que ir o quanto antes. Tentei me levantar, segurei o grito de dor ao tocar o chão e então me dirigi ao banheiro. Não foi difícil encontra-lo. Fiz minha higiene, lavei minhas mãos e olhei-me no espelho, nossa eu estava péssima. Dei uma ajeitada no ninho que se formava em minha cabeça e escovei meus dentes com uma escova nova que havia ali.

Ao sair do banheiro dei de cara com o deus grego. Nossa, ele realmente é lindo.

— Você está se sentindo bem? Precisa de algo? – que voz é essa? Acho que morri, pois só isso explicaria o anjo que estava em minha frente.

— Hei?! – ele balançou as mãos na frente de meu rosto e só então percebi o quão idiota eu deveria estar parecendo.

Abaixei meu rosto tentando escondê-lo, pois acho que deveria estar mais que vermelho.

— Eu... Eu só estava... Hum, eu precisava ir ao banheiro. – Fechei meus olhos com força. Droga eu sou uma tremenda idiota, fechei minhas mãos em punhos tentando expulsar a raiva que sentia de mim.

— Hei! Calma! – senti seus dedos em meu queixo erguendo meu rosto. – abra os olhos! – sua voz era tão doce, mas eu não queria encará-lo, eu sou uma aberração da natureza, ele não deveria se aproximar de mim.

Mesmo não querendo, não pude negar seu pedido. Abri meus olhos e então senti que nada mais na minha vida faria sentido se não estivesse com ele ao meu lado. Seu semblante era alegre, ele estava sorrindo, havia um brilho inexplicável em seus olhos.

— Seus olhos são lindos, não deve nos privar de tamanha beleza! – eu ouvi direito? Ele disse que meus olhos são lindos? Não pude me conter e sorri, vê-lo feliz me deixava com uma sensação maravilhosa. Ain, o que estou pensando? Eu sou uma vampira. Não posso ficar, não posso estar perto, sou um ser desprezível e...

O receio de machucá-lo me fez voltar à realidade, afastei suas mãos e voltei para o quarto, tentava não pensar na dor em minha perna para que assim chegasse mais rápido. Senti que ele veio logo atrás de mim. Antes que eu pudesse falar algo, ele segurou em meu braço, me fazendo voltar e ir de encontro ao seu corpo.

Levantei meu rosto e vi uma grande mágoa em seu olhar.

— Eu fiz algo de errado? – como assim, a errada sou eu, eu sou a monstruosidade aqui.

— Claro que não! – tentei faze-lo entender – Você não fez nada de errado. Eu... Eu é que... Desculpe-me, eu não posso ficar. – lágrimas já molhavam meu rosto. Eu não queria ir, mas era preciso, eles já haviam feito muito por mim.

— Como assim? Eu não posso deixá-la ir, não agora que finalmente te encontrei.

Do que ele está falando? Encarei-o, ele estava sofrendo? Mas por quê?

— Eu sei o que você é Bee, aliás, todos sabem, sei também que você já sabe ou imagina o que eu seja não é mesmo?!

Ele me olhava com carinho e atenção! Afastei-me e fui me sentar na cama, minha perna ainda doía muito. E senti que agora era hora de colocar as cartas na mesa.

Ele se aproximou e fez com que eu me ajeitasse melhor na cama.

— Não se preocupe tudo vai dar certo, mas primeiro vou preparar algo para você comer, Rachel já deixou tudo arrumado, volto já!

Ele saiu, mas não sem antes beijar minha testa. Fechei os olhos desfrutando dos lábios quentes que agora tocavam a pele de minha fronte, levando arrepios por todo meu corpo, queria que seus lábios não tocassem somente aquele local, mas sim, queria senti-lo em meus lábios. O beijo foi rápido demais! Abri meus olhos! Ainda o avistei se afastando e sorrindo se retirou para a cozinha.

Acho que estava perdida. O lobo finalmente conseguiu sua presa. Estava totalmente rendida àquele rapaz de pele morena e olhos penetrantes.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?
Espero que tenham gostado, digam nos comentários. ^_^
Bjinhoss e até o próximo.



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