Entardecer escrita por Ever


Capítulo 1
Reencontro


Notas iniciais do capítulo

Boa noite meus lindos.
Bom, postando fanfic mesmo não podendo por conta da rotina, mas reencontrei Evangeline e decidi compartilha-la com vocês.
Espero que gostem.



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Encaixou com praticidade os dedos dos pés na extremidade da construção e olhou para a movimentação que existia na rua abaixo do hotel. Era assim que passava grande parte dos dias que compunham sua eternidade: observava a rotina daqueles que possuiam a dádiva da mortalidade. Se divertia com seus problemas complexos e em como os resolviam de uma forma simples e definitivamente errada. Admirava aqueles que aparentavam tanta fragilidade e, por isso, sentou-se no parapeito do edifício por alguns instantes. Permitiu-se sentir o vento quente de Phoenix por alguns instantes, completamente relaxada e invisível, antes de procurar as estrelas no céu da cidade.

Conseguiu identificar algumas antes de suspirar frustrada pela mísera quantidade. Lembrava-se de sua infância quando observava o céu com seu irmão mais velho e tentava contar os inúmeros corpos celestes, no entanto ali a realidade era outra, não havia tantas estrelas visíveis quanto antigamente.

Bençãos da evolução humana, permitiu um pensamento irônico. É claro que não enxergaria tantas estrelas como antigamente uma vez que uma densa camada de poluição unida à claridade da cidade a impediam.

Decidiu ficar de pé e girar o corpo para onde os corpos estavam jogados. Olhou com cuidado os infelizes que haviam cruzado seu caminho em um momento de sede e momentaneamente sentiu pena. Era evidente que o acaso escolhera suas vítimas, estava sem se alimentar há semanas e seu corpo já apresentava os primeiros sinais de abstinência. Em um movimento rápido pegou o mais pesado colocando-o sobre seus ombros antes de descer as escadas de incêndio do local.

Encontrou a grande lixeira do lugar e colocou o corpo com cuidado. Repetiu o processo com o segundo rapaz, no entanto com esse não havia se limitado a sentir pena. Ele aparentava ser tão novo com seus cabelos cacheados em um tom ruivo e as sardas proporcionava-o um ar quase angelical. Ele era lindo, com certeza, e gentil o suficiente para tentar proteger uma desconhecida que estava supostamente incomodada. Seu peito apertou por alguns segundos antes de se culpar. Podia simplesmente te-lo deixado ir ou te proporcionado uma vida eterna entediante e cheia de sacrifícios, todavia estava particularmente faminta e isso impedia seu raciocínio.

Franziu os lábios grossos em um bico antes de tentar pensar em outra coisa, não havia nada a ser feito pela vida do rapaz naquele momento e limitou-se apenas a fechar a tampa da lixeira em vez de atear fogo em tudo, com sorte a família encontraria e identificaria o corpo.

Respirou fundo antes de sair do beco com as mãos enfiadas nos bolsos do short de tecido e percebeu os primeiros olhares sobre si. Permitiu-se rir imaginando o que estariam pensando sobre ela, acreditava que estavam a rotulando como uma jovem universitária em estado decadente, mas não se preocupou com isso, seus shorts azuis e a camiseta branca a agradavam mesmo que um pouco sujos.

Passou por uma praça observando o movimento. As tão aguardadas férias do final do ano haviam alcançado os membros da pré-escola que se deslocaram imediatamente para o lugar arborizado. Sorriu ao ver uma menina de cabelos encaracolados saltitando em torno de um amigo que havia se machucado, uma tentativa clara de fazê-lo sorrir em meio ao choro pelo joelho ralado. Sentiu falta de sua infância, mesmo que a sua não tenha sido uma das mais normais possuía um irmão mais velho e primos que brincavam com ela sempre que pedisse. Recordava-se de correr dos cavalos quando tinha seus dez anos, gostava de assustar o primo abrindo o estábulo mesmo que sempre tivesse que entrar no meio para tira-lo de lá antes que algo mais sério acontecesse.

Foi naquele instante que escutou um grito feminino cortar uma noite tão tranquila como aquela. Mesmo aparentando-se distante podia sentir a dor de quem quer que fosse e isso a assustou por um segundo. Ouviu um segundo berro, mais histérico e finalmente localizou a direção. Não se preocupou com sua movimentação rápida, em como simplesmente desaparecera para os olhos desatentos.

As pernas longas facilitaram sua corrida, podia sentir o desespero da pessoa conforme se aproximava do lugar, o cheiro do sangue mais doce que sentira alcançando-a rapidamente. Avançou pelas tábuas sobrepostas com facilidade no instante que ouviu os gritos se intensificando. Caminhou com cuidado, silenciosa, já sabendo o que lhe esperava naquela sala.

Se perguntava o que a levara ali. Claramente não era um problema seu, devia simplesmente virar as costas e sair. Todavia o cheiro era tão bom que a fazia salivar mesmo estando na sala do lado. Prendeu a respiração antes de deslizar pelas portas duplas.

Não surpreendeu-se ao encontrar a dona dos berros machucada, podia identificar uma fratura em sua perna e cortes profundos pelo corpo. Era deplorável a situação em que a morena se encontrava. Curvado, com os dentes cravados na pele alva da menor estava James. Claro que o reconhecia do episódio de dois meses atrás quando lutaram por uma mesma presa. O loiro era doentio, capaz de se divertir com o sofrimento de qualquer ser vivo em vez de simplesmente alimentar-se e seguir seu caminho. Recordou-se do corpo do rapaz que competiram, completamente mutilado, se lembrava também da forma como sua parceira a fez olhar para o evento, os dedos ágeis mantinham seus olhos fixos nos rapazes e na tortura.

Considerou por alguns instantes deixar o local, seguir seu caminho uma vez que já estava satisfeita e desaparecer o mais rápido possível para que o encontro com o trio nômade não se repetisse. Mesmo após anos se acostumara com a crueldade de sua espécie. Foi tirada de seu debate interno quando pelo reflexo do espelho viu os olhos da morena se abrirem, o chocolate intenso começava a perder o brilho. Aqueles olhos tão idênticos aos de sua vítima de mais cedo. Talvez se não tivesse matado o ruivo sua eternidade seguisse comum, no entanto por ironia do destino estava no lugar errado na hora errada.

Trancou a respiração antes de avançar em um movimento rápido. Em instantes estava com os braços finos envolvendo a cintura do loiro, atirando-o para o outro lado da sala. Conseguiu ouvir o corpo de James chocando-se com um dos espelhos que partiu em perigosas peças triangulares.

— Já está me irritando, senhorita.

Sentiu a falsa cordialidade e sorriu. Adorava a forma que seus semelhantes tentavam intimidar o adversário, como se a educação significasse “cuidado” ou simplesmente “planejo te matar”. Deixou seu corpo se inclinar, os pés em diagonal antes de mostrar os dentes. Como estava com saudade de matar um frio. Um desejo de vingança brotou ali, primeiro cuidaria de James e após isso de sua namorada maluca. Feriram seu orgulho no passado.

Foi dado o aviso, o loiro rosnou antes de avançar, os dedos apertando o pescoço da menor em direção ao chão. Empurrou os polegares do maior, segurando seu antebraço em seguida antes de arranca-lo com facilidade. O loiro gritou antes de ser imobilizado no chão. Um dos pés da loira pressionando seu pescoço antes que o som do segundo braço se partindo tomasse o local. Um segundo grito de agonia foi escutado junto ao gargalhar divertido da menor. Como ela sentia falta daquilo.

— Vamos lá, James — estalou a língua jogando o braço para o outro lado do estúdio de ballet, debruçou-se sobre o corpo do rapaz — Esperava mais de você.

Repetiu o processo ao arrancar uma das pernas do rapaz. Realmente esperava mais para alguém que gostava de joguinhos sádicos. Seu pé pressionou o peito do homem que se debatia, o caçador agora era a presa e as regras de seu joguinho infeliz finalmente haviam mudado. Separou a última perna do corpo no momento em que os berros que tomavam o local chamaram sua atenção.

— Não, não, não — começou preocupada.

Chutou o que restava de James para o lado, não conseguiria fazer nada e podia facilmente acabar com ele mais tarde. Sua preocupação agora estava voltada para a última vítima de James. Ela não podia estar se transformando. Isso destruiria os planos da loira de simplesmente salvar a garota e desaparecer.

Xingou em diferentes idiomas antes de se dirigir para o lado da morena. Inspirou o ar pela primeira vez desde que entrou na sala, seu olfato identificando o veneno do loiro no corpo da morena. Pegou o braço e identificou a mordida antes de encaixar os próprios dentes ali. Começou a beber com cuidado, o veneno preenchendo sua boca ao ser sugado junto ao sangue da mais jovem. Passou alguns instantes ali até que finalmente sentisse o sangue puro inundando seu paladar. Gemeu em satisfação.

Sentiu seu corpo ser arremessado, seu corpo sendo preso contra a parede por uma mão forte. Fechou os olhos, ouvindo os estalos que seu pescoço emitia ao começar a rachar tamanha a força que era empregada ali. Abriu os olhos com cuidado.

Viu-se alvo de um olhar irritado, os olhos negros focados em seu rosto com o mais puro ódio. Notou uma movimentação sobre os ombros do rapaz de cabelos acobreados, um grupo maior havia chegado agora. Dois deles arrancavam as tábuas do piso e um terceiro juntava os pedaços de um James agora decepado. Quase sorriu, o teria feito se o aperto em seu pescoço não a impedisse disso.

— Quem é você? — ouviu o rosnado baixo de seu agressor.

Franziu as sobrancelhas, ele podia simplesmente mata-la no lugar de fazer perguntas inúteis. Não faria diferença, seu destinho estava prescrito independente da resposta. Portanto ignorou o rapaz, o aperto intensificou-se e sentiu seus pés deixarem de tocar o piso. Por favor, termine isso logo. Ela só desejava desaparecer dali, seguir um caminho alternativo. A morte não parecia amedronta-la e, por isso, Edward afrouxou o aperto em seu pescoço.

— Isabella não corre perigo, Edward — a frase proferida por seu líder fez com que seu pescoço se virasse identificando-o enquanto realizava os procedimentos dos primeiros socorros.

— Ela foi mordida.

A observação de Rosalie fez seu corpo tensionar, é claro que ela foi mordida, havia arrancado a desconhecida de cima do corpo de Bella no instante que chegara.

— Mas ela não vai se transformar — Alice se pronunciou, o tom de voz surpreso pelo fato — Alguém a limpou.

A confusão de pensamentos tomou a mente do de cabelos acobreados antes de virar-se para a pequena garota que estava sendo vítima de seu aperto. Ela observava tudo com cuidado, os olhos adquiriram um tom azul ao observa-los. Surpreendeu-se afrouxando o aperto e colocando-a no chão. Sua mão pesou antes de cair ao lado de seu corpo quando se viu cercado por seus irmãos.

As mãos de dedos finos tocaram onde antes estava a mão do vegetariano. Um gesto muito tranquilo para alguém que estava prestes a ser morta. Observou-a surpreso, a moça não dava sinais de que fugiria dali, seus pensamentos apenas vagavam para Bella que estava acompanhada de Carlisle e Alice.  

— Por que você limpou Isabella? — a voz calma de Jasper tomou o lugar.

Edward observou com cuidado a garota que estava em sua frente. O corpo era pequeno, magro e bem desenhado, as mãos pequenas com dedos finos ainda massageavam o pescoço enquanto seu rosto estava coberto pelos fios loiros extremamente lisos.

— Acho que eu mereço um “muito obrigado”

Levantou a cabeça. Edward travou por alguns instantes assim como seus irmãos. A semelhança era palpável. Os cabelos de um loiro pálido lisos, os traços do nariz fino e as sobrancelhas definidas. Tudo ali lhe remetia ao médico e líder da família, principalmente os olhos grandes que agora voltavam ao vermelho vivo enquanto dançavam entre Jasper e ele.

Jasper quebrou o silêncio sorrindo para a garota, uma aura pacífica atingindo todos no recinto. Sabia que Jasper não teria sua resposta pelos pensamentos desconexos da loira.

— Levem-na para um hospital — esquivou-se do assunto com delicadeza, seus dedos parados no pescoço brincando com um pingente antigo. Reconheceu o símbolo de imediato.

Sentiu a movimentação de Carlisle e notou quando o mesmo passou entre os rapazes, o silêncio repentino atiçara sua preocupação com seus filhos devido ao membro inesperado na sala. Edward observou o corpo do patriarca retesar, Carlisle puxou o ar com a surpresa. Uma onda de pensamentos nebulosos tomou a mente do loiro, Edward reconheceu a mesma garota que estava em frente ao seu clã, mesmo que essa se encontrasse muito mais nova nas memórias de Carlisle.

— Evangeline?

A agora identificada como Evangeline deu dois passos para trás, sua mão fechada no pingente com um olhar choroso. O ruivo surpreendeu-se com a mudança da postura da menor, parecia uma garotinha indefesa e assustada não remetendo em nada a de segundos atrás.

Carlisle avançou alguns passos na mesma proporção em que Evangeline se afastava. Em questão de instantes a menor havia desaparecido da sala de dança.

— Levem Bella em segurança ao hospital, ela possui algumas fraturas e vai precisar de pontos — ouviu o sussurro do loiro antes do próprio desaparecer atrás da intrusa.



Isabella Marie Swan era, definitivamente, desastrada. Não compreendia a velocidade que sua vida havia tomado desde que passara a se envolver com Edward.  Claro, devia ter presumido que sua vida seria daquele modo desde o momento que se intrometeu na vida do Cullen, havia ignorado os avisos da família para manter distância e agora sofria as consequências de sua escolha. Principalmente agora que fora perseguida por um vampiro maluco.

Ajeitou-se em sua cama. Havia voltado à Forks depois de uma pequena estadia no hospital de Phoenix, sua perna havia se partido e duas e seus cortes ainda a incomodavam profundamente. Entretanto nada disso impedira seu retorno mesmo após o enorme discurso de Renée sobre a nova casa e como estaria segura com eles agora que Phil fechara um contrato duradouro. Respirou fundo ao alcançar os analgésicos na mesa de cabeceira, estavam juntos ao copo com água e um pedaço de papel.

Mesmo no escuro reconheceu a grafia de Edward, um bilhete dizendo que havia ido caçar e retornaria em algumas horas. Além disso também pedia para ligar caso algo acontecesse. Respirou fundo, não tinha absolutamente nada que poderia acontecer, James já estava morto e mesmo assim o ruivo insistia em deixa-la sozinha pelo mínimo de tempo possível.

Levantou o corpo, sentando-se na cama para tomar o remédio. Bebeu água em seguida, a garganta arranhava por sua sede.

— Fico feliz que tenha acordado, há dias tento falar com você em particular.

Seu corpo tensionou e olhou para a direção de sua cadeira de balanço. Sentiu o sangue fugir de seu rosto ao identificar a dona da voz doce e melodiosa. Por tudo que lhe era sagrado, ela lembrava da loira. Todavia pensara que era fruto de sua mente fértil, uma pequena alucinação no meio da dor proposta por James. Ela era apenas um anjo para Isabella, um que havia dissipado sua dor e simplesmente desaparecido.

Entretanto ela estava ali. Os olhos vermelhos brilhando no escuro e observando Isabella, completamente curiosos. Sentiu seu coração disparar, a ansiedade tomava seu espaço após o choque.

— Por favor, se acalme — pediu descruzando os tornozelos, seus pés descalços tocando no chão com delicadeza. Ela parecia prestes a ajuda-la, quase preocupada — Prometo que não vou fazer nada, se desejar volto em outro momento em que esteja melhor.

Isabella permaneceu em silêncio, seus batimentos se estabilizando enquanto observava direito a figura em seu quarto. Os cabelos loiros agora aparentavam estar mais limpos, escorriam até seu quadril sem qualquer ondulação. Os olhos grandes com cílios cheios enfeitavam o rosto oval dono de um nariz fino. Notou quando a loira mordeu o canto do lábio inferior, um bico vermelho quase infantil se projetando. Ela aparentava tanta inocência.

— É que o ruivo não saía de perto de você em momento algum. Por favor, não desmaie.

 Juntou as mãos encostando os indicadores nos lábios, um movimento de súplica que confortou Isabella. Não daria mais de dezoito anos à recém-chegada. Ela era uma criança curiosa.

— Não — Isabella conseguiu responder — Você pode ficar.

Um alerta de perigo surgiu na mente de Bella. Edward não vai gostar disso, pensou. A loira sorriu e apareceu sentada em sua frente na cama, animada com a possível conversa. Arfou em surpresa antes de se divertir com a cena, já deveria estar acostumada com aparições assim.

— Meu nome é Donatella Evangeline — comprimiu os lábios estendendo a mão enquanto a morena esperava — acredito que Donatella Evangeline Cullen, mas não tenho tanta certeza se posso continuar a me apresentar assim.

Os olhos castanhos se arregalaram em surpresa enquanto ela apertava a mão que lhe era estendida. Notou as semelhanças entre ela e Carlisle em silêncio, lembraria de perguntar sobre isso ao Edward.

— Isabella Marie Swan — apresentou-se com a voz baixa.

Os Cullen que conhecia não possuíam olhos vermelhos.

— Ainda tem medo de mim?

— Só estou um pouco apreensiva — surpreendeu-se com sua resposta automática, sentia-se anormalmente confortável com a conversa.

— Não precisa ficar assim, se quisesse te matar teria feito isso no estúdio de ballet ou simplesmente deixado você morrer nas mãos de James — balançou uma das mãos, um tom sério no final da frase fez Isabella estremecer.

Então para Isabella era real, ela estava no estúdio na noite com James, antes dos Cullen chegar fora ela que arrancara o vampiro de cima de si.

— De qualquer forma, vim saber se você está bem, perdeu muito sangue tanto para aquele maníaco quanto para mim — começou — Além dos cortes.

Observou a testa da loira franzir um pouco.

— Pode me perguntar o que quiser, Isabella — seu nome demorou na boca de Evangeline, como se estivesse o apreciando — Só quero saber como diabos você acabou no meio desse mundo já que, aparentemente, um grupo que chegou depois se preocupou muito com você.

— Eu estou bem — respondeu com cuidado — Obrigada por me salvar — agradeceu.

Isabella sentiu o copo ser tirado de sua mão e recolocado delicadamente no lugar e origem. Evangeline suspirou, a morena ainda parecia ter respostas automáticas e ela sentia-se observada cautelosamente, exatamente da mesma forma que ocorrera no estúdio.

— Não agradeça, em outra noite você estaria morta — respondeu com naturalidade, como se estivesse comentando sobre o clima — Desculpe — pediu ao ver Isabella estremecer outra vez.

Há anos não se relacionava diretamente com humanos, precisava de prática e Isabella não estava sendo exatamente flexível como esperava. E isso era completamente inesperado afinal Bella convivia com vampiros, certo?

— Você me disse que seu nome é Cullen — Bella retirou-a de seus devaneios — Mas os Cullen não matam humanos.

A ênfase fez com que a loira risse, se divertindo com a situação. Então esse era o problema, ela se preocupava com qualquer frase que remetesse a sua possível morte.

— Talvez eu não seja uma Cullen, então — brincou um pouco com a situação.

Isabella viu os olhos da loira estreitarem-se aos poucos, um sorriso divertido tomando os lábios vermelhos.

— Não sou perigosa, Isabella, não no seu caso — começou com carinho — Não vou fazer nada e vocês não têm que se preocuparem comigo, avisei que só vim até aqui para saber se você está bem e obtive minha resposta. Por favor, não interprete as coisas de forma errada — respirou fundo pela pausa que Donatella fez, seu olhar direcionando-se para a janela com calma — E isso serve para você também, ruivo.

A última colocação fez com que Isabella observasse a janela, Edward estava parado ali, uma postura calma com os braços cruzados em cima do peito. Sua camisa preta contrastando com sua palidez. Isabella levantou-se da cama e caminhou trôpega para o lado de seu companheiro que a acolheu tranquilamente.

— Devia estar dormindo, meu amor — comentou, os olhos dourados parando por um instante em si antes de retornarem a Evangeline.

A loira acenou com gentileza.

— Adeus, Isabella — realizou uma reverência formal e antiquada, os olhos vermelhos adquiriram o tom de um azul profundo, ato que a fez ficar boquiaberta por alguns segundos.

— Eu não iria te matar — Edward comentou.

— Eu sei, você estava escutando a conversa — acusou sorrindo, os pés descalços subiram em pontas antes de descer.

Adorável, mesmo que mortal.

— E meu nome não é ruivo, Donatella — resmundou antes de soltar Isabella com cuidado — Me chamo Edward.

A expressão confusa tomou o rosto da loira, o sorriso morrendo com os olhos estreitos. Bella entendeu que sua parte na conversa havia se encerrado naquela madrugada, agora era Edward o responsável por sanar as dúvidas de Evangeline. Viu os olhos da loira retornarem ao vermelho antes de indagar:

— Como você sabe disso?

— Eu vi na sua mente — a resposta do ruivo também foi automática como a de Isabella instantes atrás.

A loira sorriu presunçosa antes de se virar e caminhar em direção à janela atrás do casal. Bella notou que talvez nunca mais visse a garota.

— Não pode ir assim — o tom de voz autoritário de Edward fez com que a loira arqueasse uma sobrancelha — Carlisle te procurou em Phoenix por dias.

O corpo de Evangeline travou, seus olhos fixaram-se em um ponto do lado externo da casa, claramente incomodada com a situação.

— Encontre-nos na nossa casa, por favor — o ruivo pediu com cautela.

Isabella estava ficando tonta com a situação, não sabia ao certo o que se passava em seu quarto e sentia um nó formando-se em sua garanta devido à ansiedade. Não compreendia o motivo de Edward insistir tanto que a garota fosse com ele até a mansão e muito menos como ela se relacionava a Carlisle.

Observou quando a loira respirou fundo antes de voltar ao normal, sua postura relaxando-se aos poucos enquanto provavelmente debatia consigo mesma.

— Preciso pensar sobre isso.

E desapareceu na escuridão. Bella levantou os olhos para Edward, seu maxilar cerrado com uma clara confusão em sua face. Nunca esteve tão curiosa. Recebeu um beijo no alto da cabeça antes que o celular do ruivo começasse a tocar. Alice aparentemente havia visto o que ocorreu no quarto e queria saber se estavam todos bem.

Enquanto os irmãos conversavam, Evangeline distanciava-se da cidade e tirava suas próprias conclusões.


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