Enquanto a chuva cai e leva  consigo as minhas lágrimas rogo aos deuses que acabe com a minha dor. É novamente verão, mas desta vez ela não está aqui para reclamar, para gritar da janela de nosso quarto: 

— Novamente na chuva! Pode cortar árvores em outra hora sr: lenhador! Se ficar doente eu não vou cuidar de você!  

Não ela não está aqui para dar aquele olhar intimidador e logo após se desmancha em sorrisos quando me ouvi fazer uma graça. 

Sinto falta de sair para cortar árvores e trazer um troco qualquer para que ela me desafiasse a criar qualquer escultura. 

Saudades de ouvir ela dizer:

— Um coelho! eu duvido que consiga!!! 

E eu ia lá pegava um bom pedaço, era fácil eu conseguia ver o animal dentro da madeira e apenas o retirava, o olhar de minha esposa era o mesmo de nosso casamento e aquilo aquecia o meu coração. 

Rogo ao deuses que retire essa dor, enquanto seguro uma escultura de madeira que fiz pensando nela. 

Não consigo mais trabalhar, eu só quero criar  esculturas dela como se por encanto ela pudesse retornar. 

Como que por mágica ela pudesse sair da árvore como uma ninfa faria. 

Quando não estou esculpindo seu rosto ou corpo eu sonho com ela. Boa parte são lembranças de momentos felizes como o dia em que a vi na floresta pela primeira vez.