A Dama do Coração Partido escrita por Claen


Capítulo 7
Primeiras Impressões




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Assim que voltamos para casa, que era bem perto do hospital, apenas três quadras de distância, sentamos em frente à lareira e aprofundamos nossas impressões.

— Pois bem, Watson, o que seus aguçados poderes de observação puderam verificar naquele lugar?

— Eu vi que seria praticamente impossível alguém ser atendido com a urgência necessária, já que um homem que corria verdadeiramente risco de vida foi praticamente ignorado por mais de vinte minutos. Acho muito difícil ter algum médico que corra para alguma coisa naquele hospital. Não quero dizer que o falecido Dr. Edwards tenha sido um médico ruim, afinal sua especialização não era para atender emergências, mas creio que há algo muito errado naquele hospital. Nem parece que aqueles médicos fizeram o mesmo juramento que eu!

— De fato, meu caro Watson, concordo com sua opinião. Tudo o que vi, me levou a mesma conclusão. Vi funcionários negligentes e pacientes necessitados. O que nos leva a questionar o porquê do Dr. Edwards trabalhar naquele lugar com pouquíssima ética, sendo que o mesmo me parecia gozar de boa reputação profissional.

— Outro fato que apurei, - continuou Holmes – confirma minhas suspeitas iniciais. Fui até o lugar do “acidente” e comprovei que a localização era exatamente como imaginávamos. Lá perto, encontrei um funcionário da limpeza e fui ter algumas palavras com ele. Depois de oferecer-lhe alguns pences, ele disse que no dia em questão, não presenciou o ocorrido, mas viu toda a tentativa de socorro. Dois médicos vieram rapidamente em seu auxílio, os doutores... – e pegou sua caderneta para ver os nomes que tinha anotado. – Henry Cooper e Emily Packard, que aparentemente eram amigos muito próximos do falecido. Parece que embora eles quisessem muito salvá-lo, não havia mais nada a ser feito, sua morte foi instantânea. Nosso amigo faxineiro, também me informou que a sala do Dr. Edwards era bem próxima ao local da queda e eu acredito que ele estava se dirigindo para ela e não para a sala de emergências.

— Obviamente segui em direção à sala, mas estava trancada. Pensei em arrombar a fechadura, mas isso chamaria muita atenção e estou certo de que olhares curiosos já me acompanhavam naquele momento. Antes de ir embora, perguntei ao meu estimado informante onde eu poderia encontrar os tais médicos que socorreram Edwards e, curiosamente, ele me disse que ambos saíram de licença por tempo indeterminado há umas três semanas, mas não soube me dar maiores informações.

— Entendo... Mas mesmo com esses novos detalhes, nada prova que o marido de nossa cliente foi assassinado.

— Não prova, mas nos deixa muitas dúvidas quanto à veracidade de toda história.

— Isso é verdade. Se ele foi realmente morto, me parece que pessoas importantes fizeram parte de tal plano maligno e agora são responsáveis por mantê-lo em segredo.

— Exatamente, Watson.

— E o que devemos fazer agora?

— Bom, já que ainda não sabemos onde encontrar os dois médicos, nós devemos seguir o mais rápido possível para Bedford, pois creio que parte das respostas às nossas perguntas está lá, na casa da família Edwards. Pedi a Lestrade que procurasse por eles enquanto estamos fora.

— Então amanhã bem cedo saímos para comprar as passagens do trem, porque hoje já não dá mais tempo. – concluí ao observar as horas em meu relógio de bolso.

— Não se preocupe com isso. Nosso trem sai amanhã, às 7h33 da estação de St. Pancras. – disse ele enquanto entregava minha passagem e olhava minha cara de surpresa.

— Quando foi que você comprou isso?

— Oras, quando fui até a estação.

— E quando foi isso?

— Enquanto você perdia tempo na sala de espera do hospital.

Fiquei confuso, porque de acordo com meus cálculos seria quase impossível ele ter feito tantas coisas em tão pouco tempo, mas ele era Sherlock Holmes, e depois de alguns anos, eu aprendi que não devia duvidar de absolutamente nada que viesse dele.


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