Em todo lugar escrita por Artemis Stark


Capítulo 2
Parte 2




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PARTE 2

Blaise imaginou sua fala: “Desculpe, Weasley. Falei sem pensar e sinto muito sobre seu irmão. Aqui está sua capa”. Imaginou e até ensaiou em frente ao espelho, contudo, ficou apenas parado e não teve outra reação ao não ser olhar o corpo alvo que estava à sua frente. Como já notara, Ronald Weasley era mais alto que si, ainda mantinha um corpo definido, com músculos principalmente nos braços. Desceu os olhos, seguindo a trilha de pelos ruivos que sumiam em uma calça de moletom velha.

 - Zabini?

Blaise pigarreou antes de falar:

— Weasley, vim devolver sua capa.

— Entre – Ron disse sem realmente entender o que o ex-sonserino estava fazendo ali – Eu... Eu já volto. – foi em direção ao quarto. Blaise olhou o pequeno apartamento sem entender muito bem, afinal, ao investigar sobre a denúncia de barulho, analisou os lucros da loja. Sem dúvida, o ruivo poderia pagar um lugar melhor. Ficou em dúvida entre manter a capa na mão ou coloca-la sobre o sofá.

— Desculpe por ontem. – falou rapidamente ao ver Ron aparecer novamente, dessa vez totalmente vestido.

— Obrigado por pegar a capa. – esticou a mão para sua vestimenta.

— Desculpe por ontem. – repetiu - A noite estava sendo melhor do que eu esperava.... Cometi um erro. – falou, atropelando-se e entregando-se.

— Melhor do que esperava?

— Achei que passaria a noite esperando um lugar para sentar e... – Blaise engoliu de forma audível, respirou fundo – Queria me desculpar e devolver sua capa. Granger deu seu endereço.

— Quer um café? – Ron perguntou e colocou a água para esquentar, pegou duas canecas sem esperar pela resposta. Olhou para o relógio, sabendo que chegaria atrasado nos seus pais. Além disso, não esperava que Blaise aparecesse na sua casa. O silêncio que caiu sobre eles foi pesado, palpável.

Blaise observava a fisionomia séria do ruivo e xingava-se por ter ido até lá. Bastava deixar a capa com a Granger, mas não. Queria desculpar-se. O apito da água fervendo levou-o a ficar novamente atento aos movimentos do ruivo. A caneca com o líquido fumegante foi deixada sobre a mesa.

— Tomo puro. – Blaise disse quando notou o açucareiro.

— Eu também. Deixo aqui por causa de George. – beberam sem trocar palavras, o amargo tornando o momento mais leve – Fred morreu na Batalha de Hogwarts. – as palavras saíram facilmente – Uma das paredes do castelo caiu sobre ele. – talvez por Zabini não ser próximo, um inesperado aliado nos últimos dias de guerra estava conseguindo falar  – Morreu sorrindo. Ele tinha um sorriso nos lábios.

— Sinto muito, Weasley.

— Não que fôssemos realmente próximos, afinal, só eu sei o que passei na mão daqueles dois... – sorriu brevemente - De qualquer forma, era meu irmão mais velho e morreu diante dos meus olhos sem que pudesse fazer absolutamente nada. Eu o amava.

Zabini era filho único e não sabia o que o homem à sua frente estava passando ou o que tinha passado, mas sabia que tinha errado ao não lembrar da morte de um dos gêmeos.

— Um grifinório, claro. Não poderia ter outra casa para você, não é?

— Não entendi.

— É um elogio, Weasley. Poucos abririam mão do emprego que sonham para ajudar um irmão. Obrigado pelo café. – colocou a caneca vazia sobre a mesa – Preciso ir. Boa semana. – com um rápido aceno de cabeça, abriu a porta e foi embora.

Ron fechou a porta, dando-se conta da noite anterior, do seu desabafo, do uísque e do café compartilhado. Voltou a se despir e tomou um banho, deixando a água quente cair sobre si.

Ao chegar na Toca encontrou Hermione no lugar de sempre, notou o olhar de preocupação dela.

— Não deveria ter dado meu endereço para o Zabini. – puxou-a para um abraço lateral ao sentar-se - Está tudo bem.

— Sem azarações?

— Sem azarações. Falei sobre Fred. – Hermione permaneceu em silêncio – Foi bom falar com alguém que não está envolvido nessa merda toda.

— Rony...

— Eu estou melhorando. Sério.

— Te amo. – Hermione falou, dando um beijo no rosto do amigo e entrando na Toca.

A semana começou com a Loja cheia. As férias de verão chegavam ao fim e o Beco Diagonal estava apinhado com estudantes que compravam seus materiais para retornar ou começar em Hogwarts.  Produtos Weasley’s serem proibidos não significava diminuição nas vendas, pelo contrário.

Quando chegou sexta, Rony não via a hora do expediente terminar. Naquela semana, além da correria no trabalho, havia decidido procurar outra casa para morar. Quando viu Zabini entrar na loja usando as vestes ministeriais lançou um olhar enfurecido para George que sumiu pela porta que dava acesso aos fundos da Loja.

— Boa noite, Weasley. Tendo em visto o tipo de loja que possuem, daremos uma nova advertência.

— O que foi dessa vez?

— Barulhos depois das vinte e duas horas. – entregou um pergaminho que Rony leu com o nome dos queixosos – Novamente.

— Merda! – recebeu os pergaminhos – Talvez uma multa coloque um pouco de juízo na cabeça de George. – bufou, irritado.

Blaise sorriu, observando enquanto o ruivo terminava de organizar alguns produtos.

— Estou indo beber uma cerveja no Cabeça de Javali. Quer ir?

Aquilo definitivamente surpreendeu Rony que ficou olhando alguns instantes esperando que fosse algum tipo de piada.

— Tenho um jantar com antigos colegas da Grifinória. – explicou.

— Certo. – Blaise ficou sem graça e coçou a nuca – Boa noite, Weasley. – virou de costas para sair.

— Amanhã estou livre. – disse, num ímpeto. Sentiu o rubor subir pela face e agradeceu mentalmente que o outro bruxo estivesse de costas.

— Draco marcou um jantar amanhã em comemoração à minha saída da casa. – os dois sorriram – Quer ir? Seria apenas nós dois e a Hermione.

— Hermione? – indagou, curioso quanto ao uso do primeiro nome da amiga.

— Ela conquistou Draco, não seria diferente comigo. – Blaise explicou-se rapidamente – Só uma mulher como Hermione Granger poderia colocar um pouco de juízo na cabeça oxigenada de Draco Malfoy.

Rony sorriu diante do apelido, pois não esperava ouvi-lo do melhor amigo de Malfoy.

— Que horas?

— Às 19 horas. Boa noite, Weasley.

— Boa noite, Zabini. – Ron terminou de organizar a prateleira e encontrou o irmão sorrindo – Outra advertência. Por que está sorrindo?

— Nada. – George pegou o pergaminho com o aviso – Tomarei mais cuidado da próxima vez. Vai sair com o Zabini?

— Não vou sair com o Zabini. É apenas um jantar na casa do Malfoy com a Mione.

— Se é assim que vocês jovens chamam hoje em dia...

— Cale a boca. – falou, irritado – Respeite os horários, George. Estou indo. – respirou fundo e continuou com calma – Posso abrir a Loja amanhã. Até mais tarde.

O encontro na casa de Harry e Gina reuniu ex-estudantes como Dean Thomas, Lee Jordan, Neville, Colin Creevey, George e Angelina. Simas não foi convidado.

A caçula Weasley conversava animadamente sobre quadribol com Lee, Angelina e George.

— Como é? – a pergunta de Hermione saiu num som levemente estridente e chamou a atenção de algumas pessoas – Desculpe. – pediu em voz baixa – Blaise te convidou para ir na casa de Draco amanhã e você aceitou?

— Por que tanto estardalhaço por isso? Não é você que vive pedindo para que me aproxime do Malfoy?

— Ei, calma! – falou, sorrindo – Eu só não esperava, contudo estou feliz que estará lá. Precisa mesmo espairecer.

— Levo alguma coisa?

— Uma garrafa de uísque, pode ser? – Hermione sugeriu. Ron concordou em silêncio – Fiquei feliz que está procurando outro lugar para morar. Não sei como conseguiu viver tanto tempo naquele lugar.

— Não enche, Mione. – os dois se abraçaram.

Rony acordou cedo sentindo-se leve, uma sensação que estava voltando aos poucos. Trabalhou atendendo clientes, repondo produtos, convencendo mães e pais que os produtos eram seguros, dando brindes.

— Ron. – sentiu a mão de George em seu ombro – Vá para sua casa, descanse, tome um banho.

— Ainda são 16 horas. – afirmou.

— Vá, você abriu a loja, pode deixar que eu fecho. Vá, Ron. – com um rápido aceno de cabeça, foi para os fundos da Loja e aparatou.

Sua nova casa estava praticamente vazia, porém, aos poucos, estava decorando com algumas fotos, quadros, flores. Harry e Hermione fizeram questão de comprar um novo conjunto de panelas, porém ainda estava dentro da caixa. Limitava seus dotes culinários ao preparo diário de café.

Tomou um longo banho, dando-se o prazer de ficar alguns minutos na banheira. Pensava que Hermione estava certa: carregava um peso que não era seu. Ninguém poderia ter feito nada para salvar Fred, nem apagar a covardia por ter fugido na caça às horcruxes – mesmo que tivesse salvado Harry.

Saiu do banheiro com uma toalha enrolada na cintura, ligou o rádio, trocou-se e olhou seu reflexo no espelho. Algumas olheiras marcavam seu rosto, assim como pequenas cicatrizes. Quem não as tinha depois da guerra?

Blaise Zabini.

Ron balançou a cabeça em negativa ao notar que seus pensamentos focavam a beleza do ex-sonserino.

— Não faça merda nenhuma, Ronald Weasley. – disse para si mesmo. Consultou seu relógio: ainda tinha tempo. Aparatou em Hogsmeade para comprar uísque, também comprou algumas flores para Hermione.

Consultou novamente seu relógio e optou por passar em um último lugar antes de encontrar com sua amiga.

Sua irmã abriu a porta e sorriu.

— Ron! Que surpresa. Achei que estaria com Hermione. Entre.

— Ainda é cedo. – abraçaram-se – Harry está?

— No escritório. Amanhã parte em uma missão.

— Você está bem? – ele perguntou enquanto caminhavam pela casa em Grimmauld Place.

— Estou ótima. Ansiosa pelo campeonato. – a caçula parou no lugar – E você? Como você está?

— Estou bem, Gina. Verdade. – completou quando viu o olhar sério da caçula – George que está aprontando novamente. O que é uma ótima notícia, claro.

— O que ele fez dessa vez?

— Fazendo experimentos e explosões depois das 22 horas.

— Nada sério, Ron. – continuaram a andar.

— Exceto pelo fato do Ministério ter nos dado duas advertências e a próxima será uma multa.

— George sendo George. – Gina interrompeu sua fala que envolveria Fred, seus produtos e testes em Hogwarts – Fico feliz que estejam bem. – abriu uma porta – Harry, olhe quem está aqui.

— Rony! – os dois amigos se cumprimentaram enquanto Gina saía do pequeno ambiente para deixá-los a sós – Quer beber alguma coisa?

— Não, obrigado.

— Sabe que quando George puder tocar tudo sozinho, sua vaga como auror está garantida.

— Obrigado, Harry. – repetiu o agradecimento – Acha que devo ir?

— Por que não iria? – Harry ajeitou os óculos – Além do Malfoy, claro. - os dois riram – Estou brincando. Ele nos ajudou no fim da guerra. Assim como o Zabini.

— Eu sei. – falou, sentando-se.

— Não tenha medo de ser feliz, Rony. Ache seu caminho para isso. Você merece. Tome uma dose comigo e me conte um pouco mais sobre seu jantar com o Zabini. – falou, dando leveza ao clima no escritório e enchendo um copo para o amigo.

Não muito longe dali Zabini bebia lentamente seu uísque, esperando qualquer resposta de Draco.

— Então? – insistiu.

— O que quer que eu diga? Só saiba que ter um grifinório em sua vida é um caminho sem volta.

— Do que estão conversando? – a voz de Hermione fez os dois homens olharem para ela.

— Nada, meu amor. Já está tudo quase pronto. – Draco falou, indo até a namorada e depositando um rápido beijo em seus lábios – Vou verificar com os elfos se falta alguma coisa.

Ao ficarem a sós, Blaise sorriu para Hermione.

— Draco Malfoy pagando salário para elfos domésticos. Nunca achei que aconteceria.

— É algum deboche? – Hermione perguntou inclinando a cabeça para a esquerda.

— Claro que não. Olhe para mim. Acha que eu concordo com qualquer tipo de trabalho escravo?

— Desculpe. – desculpou-se e serviu-se de um copo de água – Foi legal da sua parte convidar o Ron.

— Bom, - pigarreou, sorveu um grande gole de sua bebida – é seu melhor amigo. Draco é meu melhor amigo... Enfim... – pigarreou novamente, enquanto Hermione sorria.

— Entendi, Blaise. – em seu tom havia um toque de divertimento que passou desapercebido pelo homem. A campainha soou e ela foi abrir a porta – Estou muito feliz que veio. – abraçou o amigo – Obrigada. – agradeceu recebendo as flores.

— Sentem-se! Sentem-se. – falou animadamente Draco, puxando uma cadeira para o amigo enquanto Hermione conduzia o ruivo para acomodar-se ao lado de Blaise, que trocou um rápido olhar com o antigo colega de Hogwarts. Depois virou-se para o lado e viu Ron que estava levemente vermelho pela situação.

O jantar transcorreu primeiramente com conversa mais formal sobre o trabalho, obrigações, o constante trabalho do ministério em impedir um novo surgimento de bruxos das trevas, ... Conforme o tempo passava, a comida acabava e as garrafas de bebida eram esvaziadas, os assuntos foram tornando-se mais leves, as risadas tomaram conta da mesa que logo foi abandonada e o pequeno grupo estava sentado na sala de forma confortável.

A risada forçadamente alta e exagerada de Blaise, arrancou riso de Ron e Hermione, enquanto Draco apenas revirava os olhos.

— Acho que mandarei uma coruja diretamente para Azkaban informando nossos queridos sonserinos sobre você permitindo a entrada de Weasley e Potter no nosso Salão Comunal.

— Eles usarão a poção polissuco. – defendeu-se – Não tinha como saber. Aliás, tínhamos 12 anos... Como eu poderia imaginar que alguém poderia preparar uma poção dessa com essa idade. – sorriu para Hermione que o beijou rapidamente. Draco retribuiu, murmurando alguma coisa no ouvido dela.

Levantou-se primeiro, puxando Hermione consigo.

— Vamos encerrar a noite antes, mas são bem-vindos para continuar a conversa.

— Hermione, - Rony levantou-se – já está tarde. Aproveito para ir também.

— Weasley, não são nem meia noite. Sente-se. – Draco colocou sua mão no ombro do ruivo e o fez sentar-se – Blaise, conhece a casa. Sabe onde tem bebida, petiscos... E onde era seu antigo quarto.

O casal subiu rapidamente entre risos e beijos, enquanto os outros dois homens ficaram extremamente envergonhados. Blaise pigarreou:

— Desculpe meu amigo, Weasley – levantou-se e pegou algumas pedras de gelo, enchendo os dois copos – Quer comer alguma coisa?

— Obrigado, não precisa. Vou embora depois desse copo.

— Vamos juntos. Está uma ótima boa noite para caminhar. – Ron bebeu seu uísque, querendo disfarçar o leve rubor, que não passou despercebido por Blaise que se sentou ao lado do ruivo, apesar dos lugares vagos em outras poltronas – Seu irmão continua com experimentos depois do horário? Confesso que acho divertido como os funcionários ficam ao receber uma reclamação de vocês.

— Como assim? – virou-se para o lado e notou a proximidade com o outro homem. Sentiu um arrepio percorrer seu corpo. Concentrou-se no âmbar do líquido em seu copo.

— Seus irmãos fizeram história em Hogwarts. A forma como abandonaram Hogwarts sem dúvida deve ser contada entre os estudantes. Dessa forma, os funcionários mais tradicionais não querem mais ouvir falar de produtos com o carimbo das Gemialidades.

A lembrança dos gêmeos desafiando e vencendo Umbridge trouxe um sorriso nostálgico em Rony. O som do copo sendo depositado sobre a mesa, trouxe-o de volta a realidade. Blaise estava ainda mais próximo. Achou que o copo escaparia de sua mão.

— Zabini?

— Deveria sorrir mais, Weasley. – foi um movimento lento, no entanto, durou a eternidade para Rony: a aproximação, os olhos escuros fechando-se e os lábios que se colaram brevemente. A mão de Blaise em sua coxa, fez com que se afastasse, como se dando conta de quem estava beijando. Ficou em pé num salto.

— Não posso, Zabini. – deu dois passos para trás, virou o conteúdo de um gole só, colocou o copo em qualquer lugar e foi embora, fechando a porta atrás de si. Encostou-se do outro lado, respirando fundo. Tocou os lábios, um fugaz sorriso antes de desaparecer no ar.

Do outro lado da porta, Blaise Zabini encostou a cabeça no encosto do sofá, seu copo estava novamente em sua mão, o sabor do uísque era uma mescla perfeita para o sabor dos lábios de Ronald Weasley.

No dia seguinte, Ron acordou e foi para casa dos seus pais. Encontrou Hermione sentada no lugar de sempre, um sorriso e um livro.

— Vejo um certo ar de felicidade em você? – perguntou, sorrindo.

— Vejo um certo ar de intromissão em você? – os dois riram e se abraçaram – Foi apenas um beijo e eu fugi, como um imperi fugindo da luz.

— Blaise vai entender. – levantou-se – Entre logo. Todos ficarão felizes com esse Ron de antigamente.

A segunda-feira daquele começo de outubro amanheceu fria, trazendo um vento gelado que fez com que Ron puxasse a gola da capa. Chegou para abrir a loja e encontrou Blaise parado, vestes ministeriais novamente. Sentiu uma pontada de tristeza que o motivo da visita fosse profissional, porém, como culpa-lo depois da forma que saiu da casa de Malfoy?

— Infelizmente estou aqui a trabalho, mas estou livre na hora do almoço. – sorriu e Ron imitou seu gesto, balançando negativamente a cabeça.

— Meu irmão novamente? – lançou alguns feitiços não-verbais e a porta abriu-se.

— Dessa vez não consegui impedir a multa. – ao entrarem, Ron pegou o envelope, abrindo-o – Puta merda! Sério?

— Falei como alguns funcionários pensam... Sinto muito. Assine aqui. – continuou, entregando um pergaminho para comprovar a entrega do documento. Ron assinou, murmurando diversos palavrões.

— Pronto. Quem sabe isso coloque um pouco de juízo na cabeça de George. – ao pegar novamente o pergaminho, Blaise segurou a mão de Ron – Almoço?

— Sim. – respondeu num ímpeto. Sentiu-se corar e quebrou o contato entre ambos – Saio às 13 horas.

— Conheço um ótimo lugar. Estarei aqui às 13. Tchau, Weasley. – virou-se, encontrando com George, cumprimentou-o com um breve aceno de cabeça.

— Recebemos uma multa. – falou, cruzando os braços.

— Vai almoçar com o Zabini? – perguntou, enquanto ajeitava alguns itens no balcão e conferia a caixa registradora.

— Você ouviu que recebemos uma multa?

— Ron, isso não é nada. Quando abri a Loja com Fred acontecia com mais frequência. A tarde eu mando o valor para o Ministério. Não respondeu minha pergunta.

— Sim, vou almoçar com ele.

— Acho que está na hora de chama-lo pelo primeiro nome, Roniquinho. – riu em voz alta e abriu a loja com um feitiço. Logo os corredores começaram a encher e ambos foram atender os clientes.

A hora do almoço chegou sem que Ron percebesse. Saiu apressadamente, mostrando discretamente o dedo do meio para George que fazia corações flutuantes com sua varinha.

Durante o almoço nenhum dos dois tocou no assunto do beijo, mas a conversa fluiu sem as tensões e barreiras anteriores. Tinham pouco tempo e o aproveitaram. Logo cada um estava em seu trabalho.

Encontrar com Blaise na Loja virou algo que Ron esperava, ao mesmo tempo que detestava saber que George continuava descumprindo as regras sobre silêncio depois das vinte e duas horas. Gostava mais quando era final do dia, pois não tinham o limite da hora de almoço.

Jantarem juntos no Caldeirão Furado, tornou-se um hábito e Tom deixava uma mesa reservada para ambos.

Blaise havia decidido ir devagar, afinal, o primeiro beijo havia assustado o ruivo. Nele descobriu muito mais do que poderia imaginar nos seus anos em Hogwarts: era divertido, leal, ria com facilidade, não era a pessoa mais inteligente que conhecera (no sentido intelectual da palavra), no entanto, sabia controlar muito bem as finanças da loja. Ele destruiu uma merda de uma horcrux.

— No que está pensando? – os dois andavam pelas ruas frias e vazias.

— Em você. – os dois pararam ao mesmo tempo, Ron olhou para Blaise.

— Zabini, não sei se é o momento.

— Só saberemos se tentarmos. – deu um passo à frente, deslizando delicadamente seu dedo pelo rosto tão alvo – Vamos tentar, Rony?

Ao ouvir o apelido, ao sentir o toque gentil, a voz grave e o perfume forte, Ron não conseguiu fazer outra coisa a não ser puxar Blaise para um beijo. Nenhum dos dois ousou se separar.

Ao acordar na cama de Blaise, teve o ímpeto de levantar-se, como que acordando para o que tinha acontecido, com quem estava. Como se sentia.

— Não faça isso. – sentiu a mãe de Blaise em seu ombro, deslizando até suas costas – Fique.

Ron deixou a cabeça pender, depois voltou a se deitar e ficou.

 


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Notas finais do capítulo

N.B.: Quando me falou a ideia, óbvio que apoiei, quando recebi alguns trechos, a curiosidade só aumentou. Mas receber essa fic para betar, todo o desenvolvimento e como você soube envolver os dois, OMG. Foi perfeito. Sem defeitos. Parabéns amiga.

N.A.: Espero que tenham gostado e muito obrigada pela leitura nesse meu próprio desafio de escrita rsrsrs O epílogo já está em produção. Bjs bjs



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