Internamente Evans escrita por psc07


Capítulo 11
Capítulo Dez


Notas iniciais do capítulo

FELIZ DIA 18!

Espero que todo mundo esteja bem em casa! Vamos nos proteger e tenho fé que dias melhores virão!

Enquanto isso, trago um pouquinho de distração para vocês. Tomara que ajude nem que seja um pouquinho!

PS1: comentários me alimentam

PS2: já já uma surpresinha



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Quando as garotas voltaram para casa, as quatro foram diretamente para suas respectivas camas. Não foi surpresa para ninguém quando a primeira porta se abriu depois das dez horas da manhã.

Mary, que tinha sido a que menos bebeu, logo colocou água para esquentar – todas precisariam de café.

Marlene apareceu em seguida, ajudando a preparar as panquecas, ovos e suco.

Quando Tonks e Lily surgiram prontamente colocaram os pratos na mesa, assim como as frutas, pães e frios. Pouco tempo depois, estavam todas sentadas preparadas para comer.

—Todo domingo é assim? – Tonks perguntou, se servindo de suco – Café na mesa completo e todas juntas?

—Deus, não – Marlene respondeu – Só em alguns dias específicos. 

Tonks assentiu com a cabeça, um pequeno sorriso no rosto. Lily também percebeu que a garota estava olhando o celular a todo o momento.

—Esperando alguma mensagem, Tonks? – Lily perguntou, levando sua xícara de café à boca. Tonks desviou do celular para olhar Lily com as bochechas coradas.

—Hum, não. De quem eu esperaria mensagem? – Ela respondeu. Lily deu de ombros.

—Seus colegas de turma, com achados e perdidos. Uma amiga que precisa de ajuda com ressaca – Lily deu mais um gole de café – Ou talvez de Remus.

Lily percebeu as três garotas pararem de comer e a olharem: Mary e Marlene em choque, Tonks boquiaberta e desconcertada. Ela começou a passar manteiga no pão.

—Eu… o que… não… – Tonks balbuciou, antes de suspirar – Você viu, então?

—Ah, sim. Eu vi – Lily confirmou.

—O que Lily viu? – Mary perguntou imediatamente.

—Eu vi Tonks e Remus no maior amasso ontem – Lily respondeu, fazendo Mary e Marlene arfarem e se virarem para Tonks, que, apesar do rosto completamente ruborizado, não conseguia esconder um sorrisinho – Bom para você. Dava para ver que você gostava dele. Então ele ainda não mandou mensagem?

Tonks negou com a cabeça.

—Espera, eu ainda estou perdida – Mary disse – Como isso aconteceu?

—Bem… eu sempre tive uma quedinha por Remus. Ele sempre foi muito gentil e inteligente, e eu… não sei, isso sempre me encantou – Tonks contou – Acho que eu comecei a ter esperanças quando fui para a casa deles quando entrei na faculdade.

—Por quê? – Marlene interrogou imediatamente. Ela, Mary e Lily comiam e olhavam para a mais nova como se fosse o mais interessante filme de todos.

—Sabe quando você está num lugar e percebe que um cara está lançando olhares de soslaio? – Tonks disse, agora sorrindo – Foi meu primeiro dia lá. E eu estava sentindo isso, mas só os meninos estavam lá. Eu estava conversando com James, Sirius é meu primo e Peter estava apagado no sofá. Então finalmente consegui flagrar Remus me olhando, e o coitado ficou todo atrapalhado tentando disfarçar. Derrubou o livro que estava lendo e tudo – Ela soltou uma risadinha.

—Ele é tímido – Lily comentou. 

—Completamente. Mas eu não sou – Tonks disse, fazendo as outras rirem – Então eu fiz questão de conversar com ele sempre que podia. Pedia muita ajuda para estudar, muitas vezes desnecessária, como desculpa, sabe?

—Eu sabia que você fazia isso! – Lily exclamou, lembrando-se da conversa com James no dia anterior – Ninguém precisa de tanta ajuda com planos anatômicos!

Tonks riu novamente.

—Bem, acredito que só Remus sacou qual era a minha  – Ela disse, e Lily concordou.

—James achava que era só ajuda mesmo – Lily respondeu. Marlene olhou para ela curiosamente.

—James, é?

—O residente perde a moral quando é visto numa calourada – Lily respondeu.

—Eu achava que ganharia – Mary discordou.

—Voltando para Tonks… – Lily pediu, querendo ouvir a história, mas também querendo desviar o foco da conversa dela.

—Ele demorou um pouco para entender, mas quando sacou, fazia questão de ressaltar nossa diferença de idade, que eu era prima do melhor amigo dele, coisas assim. Mas sempre de um jeito muito sutil e gentil, como o próprio Remus é. Mas aí ele passou a não desencostar quando eu chegava mais perto, deixava eu pegar a mão dele, não desviava de mim, fazia questão de me incluir nas conversas… e quando ele falava da idade, parecia que era mais um aviso para ele do que para mim.

Lily podia imaginar perfeitamente Remus nesse cenário: em que talvez ele gostasse tanto de Tonks quanto ela dele, mas negando com tudo o que podia por causa de Sirius.

—A única coisa triste em vir para cá foi justamente perder o contato quase diário com Remus – Tonks confessou, enquanto brincava com uma maçã – Mas eu sabia que não dava para ficar lá só por causa disso. Mas consegui convencer os quatro a irem para a calourada.

—Então isso foi planejado? – Mary perguntou.

—Pobre Remus, caindo na emboscada dessa pirralha – Marlene comentou com uma piscada.

—Ele não parecia estar reclamando tanto – Lily discordou, e Tonks abriu um imenso sorriso.

—Eu não planejei ficar com ele exatamente, mas queria sim estar com ele num ambiente que não tivesse Sirius a um quarto de distância. E aí eu estava meio bêbada, mas não muito, e resolvi que estava na hora de tentar alguma coisa – Tonks continuou – Mas para minha surpresa, ele veio atrás de mim, dizendo que eu tinha prometido que ele não ficaria sozinho e tal. Então eu sorri e o puxei para dançar alguma coisa, e ele riu e disse que não sabia dançar.

—Pior desculpa de todas – Lily comentou.

—Ele realmente não sabe – Tonks disse – Eu descobri quando falei a mesma coisa. Aí ele se afastou um pouco, dizendo que se Sirius visse não iria gostar, e eu mandei um, “foda-se Sirius, quem se importa?” e ele prontamente disse que se importava, e eu perguntei até quando ele iria procurar empecilhos no caminho das coisas que ele queria e aí ele parou por alguns segundos, e ficou meio que mordendo, fazendo a maxila saltar, sabe?

—Mandíbula – Lily e Marlene corrigiram prontamente – Mandíbula é o de baixo, maxila é o osso do lado do nariz – Lily continuou – Erro comum de narrativa, desculpe. Siga.

—Então, a mandíbula saltando e tal, fazendo ele ficar ainda mais sexy e eu pensei, “puta merda, eu vou beijar esse homem”, mas antes que eu pudesse me mexer, ele me beijou, e em algum momento das quase duas horas que ficamos nos beijando, Lily nos viu.

—Duas horas? – Mary disse com admiração – Bem demais. Sabe, isso é a cara dele, ficar se negando coisas.

—Eu sei! – Tonks exclamou – Espero que não no meu caso.

—E ele ainda não mandou mensagem? – Lily perguntou com o cenho franzido. Isso não parecia algo que Remus faria.

—Não – Tonks confirmou, e depois suspirou – Eu já sabia que ele não iria mandar logo, porque ele precisa pensar e repensar tudo no mínimo trezentas vezes, mas ainda assim eu fico no aguardo.

Posto desse modo, realmente era compatível com Remus.

—Talvez ele esteja pedindo ajuda aos outros? – Marlene sugeriu, mas Tonks negou com a cabeça.

—Ele não vai falar nada para os meninos enquanto puder – Ela explicou, e Lily soltou um riso leve.

—Azar o dele. James também viu.

Tonks fez uma careta.

—Se James tiver falado algo, vai demorar ainda mais – Tonks explicou.

—Não se preocupe. Você entende que não é por ser exatamente canalha – Mary disse – Ele tem que se resolver. Deve estar se sentindo culpado por você ser oito anos mais nova e a priminha de Sirius. 

—Eu sei disso tudo! – Tonks exclamou – Eu tinha dez anos quando ele tinha minha idade, e blá blá blá. Ele já falou tudo isso. E eu entendo um pouco. Mas ainda assim…

—Deixa esse celular para longe. Vamos fazer uma maratona de Friends e esquecer isso, certo? – Marlene sugeriu.

Tonks sorriu e concordou. Elas terminaram de comer e enquanto Lily e Tonks lavavam a louça, Mary e Marlene ajeitavam a sala para uma maratona: um dos colchões extras foi colocado em frente ao sofá, a cortina da sala abaixada para ficar escuro e a televisão engatada no primeiro episódio da primeira temporada. Mary fez Tonks deixar o celular no quarto, para não ficar tentada a olhar de minuto em minuto.

Lily, por outro lado, estava com o seu na mão o tempo todo.

 

Lily Evans 12:32

Acho melhor seu amigo mandar uma mensagem para uma certa caloura logo.

 

O ponto final talvez tivesse sido exagerado, Lily ponderou enquanto Rachel dizia ao pai que queria ser um sapato, mas ela tinha certeza que ele entenderia.

 

James Potter 12:35

Eu também acho que seria interessante

 

Lily revirou os olhos. Ele tentava ser chato assim?!

 

Lily Evans 12:36

Essa é a sua deixa

De mandar a real para ele 

Nem que seja para dizer, “Tonks, eu não quero nada sério”

 

James Potter 12:37

É uma excelente ideia

Mas infelizmente não vai poder ocorrer

Porque para eu falar isso

Eu teria que admitir para ele que eu presenciei

E ele está se escondendo no quarto na maior sessão de ponderações existenciais que o mundo já viu

Então não vai rolar

 

Lily revirou os olhos.

 

Lily Evans 12:38

James Potter, seu grande covarde

 

James Potter 12:38

Não é covardia

É ser sensato, Lily Evans

Você conhece Remus há algumas semanas

Eu conheço há mais de 10 anos

Ele nunca foi muito aberto com outras garotas

Imagina com a PRIMINHA DE SIRIUS

Que a gente ensinou a andar de bicicleta

 

Ele tinha um ponto: James realmente conhecia Remus melhor do que ela. E a própria Tonks dissera que já esperava por isso.

 

Lily Evans 12:40

Tudo bem, entendo seu ponto

Ainda assim

Seria interessante que ele mandasse uma mensagem 

Só dizendo, “oi Tonks passamos duas horas nos beijando mas não estou ignorando isso estou apenas refletindo a respeito me desculpe pela demora mas eu sou um cabeçudo”

Dizer isso é melhor do que deixar a garota olhando o celular a cada cinco minutos

 

James Potter 12:41

DUAS HORAS? NUMA FESTA?

Quem já foi Remus Lupin

Ela está olhando o celular a cada cinco minutos?

Oh Deus, isso é ruim

 

Lily Evans 12:42

Não está mais

Tomamos o celular e iniciamos uma maratona de Friends

Como vocês não ensinaram a garota a gostar de Friends eu não sei

Mas ela está se divertindo

Só é ruim se ele não estiver afim dela

Você nunca fez isso né?

 

Lily sabia que a pergunta não tinha muita importância para a situação de Tonks e Remus, mas ela não pode se segurar.

 

James Potter 12:42

Eu tentei, mas Sirius prefere HIMYM, então viciou a prima nisso

E “isso” seria ficar com uma pessoa conhecida e ignorar completamente?

Não

Já fui a pessoa ignorada

 

Lily Evans 12:43

HAHAHAHA 

Desculpe, eu sei que não deveria rir

Mas nossa realmente

 

James Potter 12:43

Realmente o quê?

 

Lily Evans 12:43

Você tem uma cara de que foi gado muitas vezes

 

James Potter 12:44

Esse comentário seria muito ofensivo

Se não fosse verdadeiro

 

Lily Evans 12:44

HAHAHAHA

Desculpe, eu não deveria rir

 

James Potter 12:44

Tudo bem, eu não me importo

Como Sirius faz questão de ressaltar, sou um emocionado

Já me sujeitei a coisas por garotas que… bem, melhor nem comentar

Mas bem, eu tinha que ter um defeito, certo?

 

Lily Evans 12:45

Não sei se isso é exatamente um defeito

Não ter medo ou vergonha de fazer tudo por quem se gosta é incrível

Claro que com limites

 

James Potter 12:45

Eu poderia me acostumar a seus elogios

 

Lily Evans 12:45

Seu ego, por outro lado

Esse sim é um defeito

Como a touca cabe na sua cabeça????

 

James Potter 12:46

Ha ha ha

Muito engraçadinha

Cadê a época que você me chamava de Dr. Potter?

Cadê a hierarquia???

 

Lily Evans 12:46

Seu respeito acabou quando eu lhe vi quase caindo com um copo de cerveja na mão

 

James Potter 12:47

Eu mereci isso

 

Lily Evans 12:47

Sou extremamente justa

Mas você me distraiu

O ponto é: tenta conversar com Remus

 

James Potter 12:47

Meu Deus nunca uma interna me deu tanto trabalho

 

Lily Evans 12:48

Não reclama ou eu solicitarei sua ajuda em todas as suturas de bêbados na emergência

 

James Potter 12:48

Você é má

 

Lily Evans 12:48

Você fala como se isso fosse uma coisa ruim

***

Elas nem chegaram à metade da primeira temporada, mas Lily se sentia satisfeita: Tonks se distraíra e não olhara o celular até de noite, quando Mary saíra para um encontro com Bertram. Pela expressão de Tonks, Remus claramente não mandara mensagem.

Mas a garota largou o celular quando Marlene pediu uma pizza, e depois assistiram a um episódio de Masterchef antes de dormirem. Lily tinha certeza que Tonks ainda ficou encarando o celular por um bom tempo antes de dormir.

Ela e Marlene saíram antes de Tonks acordar no dia seguinte, então não tinha como saberem mais um trecho da nova novela.

Quando elas chegaram na enfermaria, James, Sirius e Remus já estavam lá.

—Bom dia – Lily cumprimentou. Os três estavam concentrados olhando uma tomografia num dos computadores, e se viraram para a direção dela e Marlene. 

—Ora, ora, se não são as milagreiras – Sirius disse com um sorriso – Eu realmente não tenho palavras para o que vocês fizeram sábado.

—Bem, a culpa foi completamente de vocês, sabe…

Enquanto Marlene e Sirius discutiam, Lily olhou para James, que apenas negou levemente com a cabeça. Ela estreitou os olhos, e ele fez uma careta.

Ela se aproximou dos três com um pequeno sorriso. Remus estava um pouco cabisbaixo, então ela aumentou o sorriso.

—Oi, Remus. Você tem algum paciente novo? Estou só com um – Ela pediu. Ele assentiu com a cabeça.

—Chegou ontem à tarde – Ele disse, entregando um papel para ela – A admissão ainda não está feita, mas não é nada muito sério. Vai fazer a CPRM hoje de tarde pra definirmos conduta amanhã.

Lily assentiu e leu rapidamente o papel, para em seguida guardá-lo.

—Alguma coisa específica que você precisa para ela? – Lily perguntou. Remus apenas negou com a cabeça.

—Liga não, Evans – Sirius disse – Ele tá cabisbaixo desde que voltamos da calourada. Deve estar com inveja de Peter. Por que vocês não trabalharam com ele também? Bem que ele podia ter ficado com alguém na festa. Não é o tipo de coisa que ele faz.

Enquanto Sirius ria sozinho, a imagem de Remus e Tonks se beijando surgiu na mente de Lily, e ela olhou involuntariamente para Remus, que tinha uma expressão ilegível.

—Deixa ele em paz, seu enxerido – Lily retrucou – Ele não precisa que trabalhemos nele. Ele tem o próprio charme.

—Hm, Evans – Sirius respondeu com um sorriso sarcástico – Não sabia que você se interessava por residentes… 

—Minha nossa senhora dai-me paciência – Lily murmurou – E quem disse que ele não ficou com ninguém na festa? – Ela desafiou, cruzando os braços – Você estava um bom tempo longe de todo mundo…

—Nah, Remus não fica com pessoas em festas. Não é do feitio dele – Sirius discordou, sem perder a pose.

—Se você diz… – Lily finalizou. 

Remus, então, olhou para ela, e a ruiva ergueu uma sobrancelha em desafio. Ele fez uma careta, e desviou o olhar da garota.

Com a mensagem dada, ela se afastou para separar seu material para ver os pacientes.

—Muito sutil – Ela não percebera James a seguindo, mas logo ele estava ao lado dela, apoiando um prontuário na mesa.

—Você pode não querer falar nada para ele, mas agora que ele sabe que eu sei, talvez ele se apresse – Lily replicou, enquanto James negava com a cabeça.

—Agora ele só vai ficar mais estressado – Ele comentou.

—Bom. Ele precisa ficar um pouquinho – Lily comentou, e James tentou argumentar em vão – Escuta só, ele me falou como você é… protetor com ele. Eu entendo e apoio. Mas as vezes ele precisa se estressar sim. Ele sabia que Tonks não ia querer apenas ficar com ele, e há muito tempo. A partir do momento que ele a beijou sabendo disso tudo, ele tem que conversar com a garota sim.

James arregalou os olhos.

—Como você sabe tanto do que aconteceu? – Ele perguntou. Lily sorriu, se virando para ir ver os pacientes.

—Porque eu falei para Tonks que eu tinha visto e ela me contou a história toda – Lily respondeu – E cara, como você e Sirius são otários… 

Lily saiu antes que James pudesse responder, mas ela podia jurar que ele estava com um pequeno sorriso pelo reflexo do vidro da sala de prescrição.

Os pacientes novos sem admissão demoravam mais, então quando Lily retornou, a sala já estava cheia. Felizmente ainda havia um computador livre, e ela rapidamente se sentou para terminar a admissão.

A visita naquele dia foi feita por Dr. Weasley. Ela ainda não tinha tudo muito contato com o médico, e ficou muito feliz. Ele era completamente alegre, fazendo pequenas piadas típicas de pai – que Lily amava.

Durante a visita ela percebeu que Remus estava evitando o olhar dela. Não havia dúvida do motivo, mas ela nunca pensaria em fazer menção à isso durante a visita.

Depois, no entanto…

Quando Lily conseguiu se aproximar de Remus, ele estava tirando uma dúvida de Gideon, então ela ficou ao lado, como se aguardasse pelo mesmo motivo.

Lily percebeu quando Remus engoliu em seco, e segurou um sorriso. Ele realmente estava nervoso.

—Mais alguma dúvida? – Remus perguntou depois de quase cinco minutos. Gideon negou com a cabeça e se despediu, deixando os dois – A admissão ficou muito boa.

—Ah, que bom. A paciente era muito boa informante – Lily comentou.

—Uma boa oportunidade para estudar síndromes colestáticas – Remus sugeriu, e Lily assentiu.

—Já está na minha agenda – Ela informou. Eles ficaram em silêncio por um tempo, enquanto o residente organizava os papéis em sua mão – E então?

—Então o quê? – Ele perguntou.

—Como foi a calourada? Gostou?

Remus inspirou profundamente, seu rosto numa expressão cuidadosamente neutra.

—Foi boa. Gostei sim.

Lily ergueu as sobrancelhas.

—Você desapareceu por um tempo… – Ela comentou. Remus continuava a olhar para o que estava fazendo com as mãos.

—Sim, eu… me perdi de James quando fomos pegar as bebidas, e fiquei conversando com conhecidos.

Era uma boa explicação, Lily tinha que reconhecer: evasiva, sem nenhuma mentira direta, apenas omissões.

—Tinha muitos conhecidos lá? 

Remus a olhou rapidamente e limpou a garganta.

—O suficiente para… ah…

—Se distrair? – Ela completou, erguendo as sobrancelhas. 

—Eu não diria desse jeito – Ele discordou, fazendo uma careta.

—Como você diria então, Rem? – Lily perguntou com um pequeno sorriso.

Ele sabia que ela estava ciente do que ocorrera – isso era visível pela troca de olhares dos dois.

Remus suspirou.

—Eu não quero falar sobre isso aqui – Ele sussurrou – Sirius pode ouvir, e eu ainda… eu não sei… como… – Remus não conseguiu terminar de falar.

—Sabe quem pode te ajudar nisso? – Lily sugeriu – James, que conhece Sirius há tanto tempo quanto você.

Remus arregalou os olhos.

—Como ele…?

Lily revirou os olhos.

—Olha, honestamente, vocês não foram muito discretos, sabe? – Lily murmurou – Me surpreende que apenas eu e James tenhamos visto.

Remus engoliu em seco. Ele parecia realmente nervoso.

Ou você poderia falar com Tonks – Lily sugeriu como quem não quer nada. Remus suspirou mais uma vez.

—Eu não sei nem como começar a falar… não é de propósito… – Ele explicou.

—Geralmente um ‘oi’ é o suficiente – Lily brincou, arrancando o primeiro sorriso dele – Olha, Rem, eu não estou sugerindo que você prometa nada, ou que conversem longamente sobre… enfim. Apenas que você diga um oi, e deixe ela saber no mínimo que você está pensando.

Remus franziu o cenho.

—Só isso seria mesmo o suficiente? – Ele perguntou – Você acha que ela ficaria satisfeita somente com isso?

Lily fez uma pequena careta.

—Acho que nós dois sabemos o que a deixaria satisfeita – Ela comentou, e Remus fechou os olhos – E não estou opinando nesse aspecto. Tô apenas dizendo que faria bem dar notícias… considerando tudo o que antecedeu o fato.

Remus assentiu com a cabeça, ainda de olhos fechados, e Lily deu um pequeno sorriso, apertando levemente seu ombro.

—Se quiser conversar mais depois, pode me chamar. Ou então James. 

Remus assentiu mais uma vez, e agradeceu pela oferta e pelo conselho. Lily sorriu.

—É para isso que servem os amigos, Rem. Agora carimba a admissão para eu colocar no prontuário que Marlene está me esperando.

***

Lily havia se esquecido que naquela noite receberia Emmeline e Benjy para fazerem provas de residência. Seria a melhor maneira de treinar, já que cada hospital tinha o seu modelo, e o curso de medicina era muito deficiente em questões.

Marlene a lembrou no caminho para casa.

—É bom falar com Mary e Tonks – Ela sugeriu, e Lily assentiu concordando. Era sempre bom avisar disso. Emmeline dormiria num colchão no quarto de Lily e Benjy no sofá; ele dissera não se incomodar.

—Quando chegarmos em casa falamos – Lily concordou. 

Mary estava deitada vendo televisão quando as duas chegaram. Era a vez de Marlene de fazer o almoço, e Tonks logo surgiu para aprender como fazer ensopado de frango. 

Quando Marlene e Lily falaram dos planos da noite enquanto almoçavam, as outras duas aquiesceram imediatamente: Mary já estava acostumada com as sessões de estudos, e Tonks disse que teria que fazer um trabalho na casa de uma colega de qualquer jeito.

—É um trabalho de saúde coletiva – Tonks explicou – Planejar uma intervenção em uma comunidade para melhorar a saúde, ou algo assim. Não entendi direito.

—Ou estava ocupada olhando para o celular? – Marlene perguntou desconfiada.

Tonks sorriu embaraçada.

—Em minha defesa, eu estava lendo fanfic. – Tonks replicou, e os olhos de Mary se iluminaram.

—Você lê fanfics? Viu, Marlene, eu não sou a única! – Mary exclamou.

—Não, Lily também lê. Mas você escreve, é um passo a mais – Marlene disse.

—É um excelente exercício para treinar a escrita – Tonks explicou dando de ombros – E é uma boa distração. Muitos livros de romance atualmente são originários de fanfic. 

—Vide Cinquenta Tons de Cinza – Mary acrescentou.

—Você deveria ter menos preconceito com fanfic, Lene – Lily sugeriu – Tem algumas muito boas, melhores inclusive que muitos livros.

—Uh, eu tenho uma longa lista – Tonks informou, os olhos brilhando – Vamos fazer uma lista de melhores fanfics para Marlene!

Lily, Tonks e Mary continuaram a conversar sobre o assunto durante o almoço, enquanto Marlene insistia que não leria nada daquele tipo e Lily afirmava que conseguiria dobrar a amiga.

Depois do almoço Tonks foi lavar a louça e Mary saiu para a faculdade. Lily decidiu que seria sensato estudar o que Remus havia sugerido – mesmo que o paciente fosse ter alta, algo dizia que ela seria questionada a respeito.

Ela nem percebeu quando Tonks saiu de casa para fazer o trabalho de tão concentrada que estava. Ela tinha levado a ficha de admissão do paciente juntamente com os exames, para encaixar o que acontecia na vida real com o que os livros e atualizações lhe mostravam.

A não ser para pegar um lanche, Lily não saiu do quarto até Marlene bater na sua porta informando que Emmeline e Benjy haviam chegado.

Os dois já estavam sentados na mesa em que resolveriam a prova. Era a vez de Benjy de fornecer o material.

—Achei interessante pegar a prova mais recente do St. Mungo’s, já que estamos rodando lá – Ele disse, entregando as cópias para todos – É a prova de área básica, e o gabarito está aqui para compararmos depois.

Lily se levantou para pegar o celular e colocar o timer: além de treinar fazer a prova em si, era também importante aprender a fazer no tempo estabelecido.

—São quatro horas? – Lily perguntou.

—Uh, quatro horas e meia – Benjy respondeu, lendo no celular. Lily assentiu.

—Prontos?

Antes que pudessem responder, a porta da sala se abriu.

—Lily! Marlene! Mary! Adivinhem quem mandou mensagem! – Tonks exclamou com felicidade. Só então viu os quatro sentados na sala, e corou – Ops, desculpem, esqueci disso. Vou ficar quietinha no meu quarto.

—Hey, você é a prima de consideração de Potter, né? – Benjy questionou, e Tonks sorriu.

—Ele disse isso? Ah, eu tenho tanto poder com James agora! Mas sim, eu sou. Tonks, prazer – Ela confirmou com uma risada, oferecendo a mão.

—Eu sou Benjy Fenwick, e essa aqui é Emmeline – Benjy disse.

—Prazer conhecer os dois. Vou para o quarto para não atrapalhar. Boa sorte?

Os quatro riram, e Lily sentiu o olhar de Emmeline nela.

—Eu tinha me esquecido disso – Ela comentou – Eu realmente disse que ensinaria Potter a dançar?

Os outros três riram, enquanto ela sacudia a cabeça em negação.

—Quase – Benjy respondeu – Mas eu consegui puxá-la antes.

—Ai que vergonha – Emme disse, o rosto vermelho.

—Está tudo bem, você estava claramente um pouco, er… fora de seu habitual – Lily confortou.

—Talvez. Mas acho que ele estava era gostando de estar com você, Lily – Emmeline replicou. A ruiva sentiu o rosto ficando vermelho.

—Estávamos nos divertindo, realmente – Ela concedeu, tentando ignorar seu ex-namorado sentado à mesa.

—Podia ser só minha mente bêbada, mas eu acho que ele estava se divertindo à beça – Emmeline disse, franzindo o cenho – Bom, vamos começar logo, certo?

Lily ficou aliviada em começar logo, mas o olhar de Marlene dizia claramente que aquele assunto voltaria em breve.


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