Internamente Evans escrita por psc07


Capítulo 10
Capítulo Nove


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! Boa noite! Cá estou eu de novo em mais um dia 18 (e sim, sei que sempre falo isso. Me desculpem). Estão todos se cuidando? Espero que sim! Vamos torcer para que as coisas se resolvam logo. Enquanto isso: lavar a mão, ficar em casa, e ouvir a ciência e os médicos.

Esse é um dos capítulos que eu mais gosto - ele inicia o desenvolvimento de Jily. Espero que concordem comigo.

Então boa leitura, espero que gostem, e lembrem que comentários fazem a autora extremamente feliz :D



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Quando Lily chegou em casa depois de passar a enfermaria, Tonks já havia se instalado. Como uma boa caloura, a garota tinha a sexta-feira livre e estava varrendo a casa quando Lily entrou na sala.

—Hey, Lily, beleza? – Ela cumprimentou – Mary e Marlene disseram que eu podia vir logo, e como tinha pouca coisa, já terminei. Tudo bem por você?

—Claro, Tonks, sem problemas – Lily respondeu.

—Elas também me disseram que você estava dando plantão noturno e que era pra eu não fazer muito barulho pra você dormir, então pode ficar tranquila – Tonks continuou – Como elas não vão almoçar aqui, pedi um yakissoba pra gente, você gosta?

Lily garantiu à garota que gostava sim, mas que iria descansar um bocadinho antes de almoçar. Claro que “um bocadinho” virou “algumas horas”, e ela só foi comer de fato lá para as cinco da tarde, quando as outras duas amigas já estavam em casa.

—Você não vai jantar – Mary avisou.

—Quem disse que esse não é meu jantar? – Lily desafiou. As quatro garotas estavam no sofá, assistindo a uma reprise de Masterchef.

—Porque Tonks disse que pediu o yakissoba para o almoço, e sabemos que você dormiu desde que chegou – Marlene respondeu, roubando um pedaço de carne do prato de Lily.

—Mas está muito tarde pro almoço… – Lily argumentou.

—E muito cedo para jantar – Foi a resposta que Mary lhe ofereceu.

—Almojanta – Tonks falou. As três mais velhas olharam para ela – Como se fosse o brunch do almoço e jantar, sabe?

Houve poucos segundos de silêncio até Lily, Marlene e Mary gargalharem.

—Então pronto. Esse é meu almojanta. Obrigada, Tonks – Lily disse em tom de finalização.

Apesar de já estar comendo, Lily ainda não estava completamente alerta. Foi acordando de fato ao longo do prato de yakissoba – Marlene estava muito investida nas críticas de Jacquin, o que fez com que Mary defendesse os participantes, o que fez com que as vozes aumentassem um pouco e o sono deixasse Lily completamente.

—Nossa, precisamos pagar Tonks! – Lily comentou ao se lembrar dos ingressos da calourada.

—Não é preciso – Marlene respondeu – Enquanto você dormia, eu e Mary tomamos a liberdade de fazer um acordo com Tonks. Já que o aluguel do mês já está pago e ela não estava aqui no início do mês, ela conseguiu ingressos e só cobramos mês que vem.

Lily ergueu as sobrancelhas e olhou para Tonks. Ela tirou os curtos cabelos rosas do rosto e sorriu.

—Eu que sugeri, achei justo. Você não achou? – O sorriso de Tonks foi substituído por uma expressão de apreensão.

—Bom, os três ingressos são mais caros que o valor do aluguel dividido, sabe? – Lily explicou.

—Mas consideramos também as contas de luz e etc – Tonks disse – E bem, se for um pouco a mais, não tem problema. É uma forma de dizer que estou feliz pra chuchu por vocês terem me aceitado aqui! – A garota abriu um imenso sorriso, e Lily não teve alternativa a não ser retribuir.

Como Remus dissera, Tonks era realmente muito interessante. Marlene, se aproveitando do fato de que a mais nova não sabia que o episódio era uma simples reprise, “previu” o vencedor inusitado daquele dia, deixando Tonks assombrada.

Lily e Mary, depois de rirem um pouco, contaram a verdade para Tonks, que apenas sorriu com a brincadeira após revirar os olhos.

Ela afirmara que crescer com Sirius e passar um tempo na casa dos garotos, mesmo que curto, acostumava a pessoa a esse tipo de coisa.

—Até Lupin? – Marlene perguntou, erguendo a sobrancelha. Tonks soltou um riso.

—Eu esqueço que vocês não conhecem aqueles quatro sem ser no hospital muito bem. Exceto por Mary, claro – Tonks disse rindo – Eu visitei Sirius algumas vezes quando ele se mudou para a casa de James. Aqueles garotos não davam um segundo de sossego para Sra. Potter!

—Black e Potter eu assumi que sempre foram… hiperativos, digamos assim – Marlene concordou.

— Aí é que está – Tonks disse alegremente – aqueles dois realmente chamam mais atenção. São muito inteligentes, e conseguem fazer brincadeiras muito boas. Mas Remus… ele tem uma sutileza nos seus planos que acaba deixando tudo muito melhor.

Marlene parecia chocada, mas Mary deu um sorriso de quem entendia e Lily não estava tão surpresa depois do relato que o próprio Remus contara.

Ela decidira não mencionar nada da história para as outras. Sentiu que era um relato mais pessoal, e que, mesmo sendo Marlene, era algo que não deveria divulgar para mais ninguém.

—Mas eles são todos médicos agora, certo? – Mary disse, erguendo as sobrancelhas – Não deveriam ter… bem, parado com isso?

Tonks soltou uma gostosa gargalhada.

—Eles nunca vão parar, eu acho – Ela respondeu – James e Sirius sempre terão um lado mais relaxado, ou então deixarão de ser eles, sabem? Faz parte deles, o que é ótimo. Acho que Lily e Marlene não tiveram muito contato com eles fora do hospital, mas amanhã vocês vão entender melhor.

Marlene assentiu com a cabeça concordando.

—Calouradas são ótimas para isso! – Ela exclamou – Inclusive, como faremos amanhã?

—Em relação a quê? – Lily perguntou.

—Transporte. Tonks vai com a gente ou tem que chegar antes?

—Preciso chegar antes, então estava pensando em ir de uber sozinha mesmo – Tonks respondeu.

—Mas podíamos voltar todas juntas, certo? – Lily sugeriu. 

—Acho uma excelente ideia – Marlene concordou.

Elas continuaram a ver Masterchef até um pouco mais tarde. Tonks estava extremamente interessada em conhecer mais sobre as novas colegas de quarto – no momento escutava com atenção Mary falar sobre o motivo de ter optado por alemão no seu curso.

Lily estava feliz em perceber que Tonks parecia se encaixar bem ali – mesmo que só tivesse se mudado há um dia. Ela tinha uma aura de inocência, provavelmente por seu rosto claramente de caloura.

Quando as outras jantaram, Tonks fez questão de observar o preparo da comida para tentar aprender, e tomou apenas para si a função de lavar louça até ela aprender a cozinhar também.

Mary disse que não precisava daquilo, mas a mais nova insistiu com veemência.

—Eu tenho que fazer minha parte, certo? – Ela dissera, a bucha na mão.

Apesar de hesitantes, Lily, Mary e Marlene aceitaram, mas concordaram que iriam ensinar Tonks a cozinhar o mais rápido o possível.

Bem, depois da calourada, claro.

 

***

 

Lily sentira falta do corre-corre que antecedia uma festa universitária. Ela, Marlene e Mary sempre deixavam para última hora a escolha das roupas, então sempre tinha um pouco de confusão – e atraso.

Talvez a tequila que acompanhava o processo ajudasse.

Tonks adorou a ideia de um esquenta quando Marlene comentou, contudo como ela tinha que ir mais cedo não pode participar da arrumação.

—Na próxima saída nós vamos todas juntas – Marlene prometeu – Você gosta de tequila?

—Eu não sei, nunca experimentei – Tonks confessou enquanto terminava de ajeitar o cabelo.

—As vezes esqueço que você é tão mais nova – Marlene comentou – Não se preocupe, jovem Jedi. Eu serei sua Padawan.

—É o contrário – Tonks corrigiu com um sorriso – Remus ama Star Wars, e eu assisti à série quando estava lá.

Marlene revirou os olhos.

—Que seja. O que importa na língua é a compreensão. Certo, Mary?

Mary confirmou e Tonks riu, terminando de se arrumar; o cabelo rosa estava preso (“eu sei que vou suar, melhor assim”) e a maquiagem à prova d’água já estava aplicada.

O uber havia saído com Tonks havia menos de dez minutos quando as outras ligaram o som e começaram o processo. 

—Nossa, Lily! – Mary exclamou quando Lily saiu do quarto com a roupa escolhida: ela estava com um short preto de cintura alta e uma blusa branca semitransparente com um sutiã preto por baixo. Marlene veio correndo para opinar, e soltou um assovio baixo.

—Garota, você diz que não está querendo arranjar ninguém, mas com essa roupa vai ter alguns no seu pé – Marlene disse.

—Bom, eu não quero arranjar ninguém, mas… por um dia quem sabe – Lily justificou, dando de ombros – Mas você acha que está muito?

—Está maravilhosa – Mary comentou – Só falta chamar bastante atenção para seus olhos e pronto.

Lily assentiu – estava acostumada a fazer isso.

Enquanto a ruiva se maquiava, Mary apareceu duas vezes para pedir opinião quanto à roupa, e quando as duas terminaram foram ajudar Marlene a decidir o sapato.

Elas se atrasaram para o horário que tinham pensado em sair em cerca de quarenta minutos, mas não importava muito: a festa com certeza não acabaria tão cedo. 

O uber não demorou muito de chegar, e logo elas estavam à caminho. Marlene também estava de short, contudo jeans e sua blusa folgada era verde. Já Mary preferira ir de vestido (claro, com um short por baixo para evitar acidentes).

A porta da festa estava bastante confusa com as pessoas vendendo ingressos de última hora, mas eventualmente elas conseguiram entrar. De imediato, foram para o bar pegar alguma bebida: festa open bar tem que se fazer valer.

Elas passaram por Amos beijando alguma garota, além dos gêmeos Prewett, que conversavam num canto observando a festa globalmente. As garotas também reconheceram outros colegas, mas ninguém fez elas se encaminharem para engatar num diálogo.

Até que Lily sentiu sua mão sendo puxada para frente, e reconheceu o cabelo rosa.

—Ei, Tonks! – Lily cumprimentou – Festa maneira!

A pequena se virou e sorriu.

—Ah, muito obrigada! Que bom que gostou – Ela disse, e gesticulou para as outras duas a seguirem também – Prometi a meu primo que eles não ficariam deslocados.

Elas andaram mais um pouco e Lily conseguiu ver os quatro médicos encostados numa parede, parecendo sem saber muito bem com quem falar.

Em alguns momentos da vida, a pessoa simplesmente não está olhando para o local certo, ou até está, mas o momento está errado. Talvez se Lily estivesse olhando para o local certo no momento certo, essa história fosse muito mais curta.

Mas talvez não tivesse o mesmo rumo.

Isso porque ela olhava para Marlene enquanto conversavam, e perdeu a reação de James Potter ao vê-la. Não viu quando James engasgou com a cerveja que estava bebendo no momento. Não percebeu o olhar extremamente apreciativo que ele lhe lançou. Também não percebeu o jeito com que os amigos dele absorveram a cena.

Quando ela se virou para os residentes, Potter estava conversando com Peter. Seu rosto, por um motivo desconhecido para Lily (porém quem já viu alguém engasgando com cerveja entende muito bem o porquê), estava vermelho. Sirius estava com um grande sorriso estampado no rosto, e ele e Remus conversavam aos sussurros.

—Prometi companhia para vocês – Tonks disse.

—Eu lhe disse que não precisava trazer as meninas aqui – Remus disse, com um meio sorriso. Tonks revirou os olhos.

—E eu lhe disse que não seria até o fim da festa. Eu volto mais tarde – Ela replicou com uma piscadela.

O sorriso de Remus se abriu um pouco mais.

—Evans, Evans – Black chamou, e Lily estreitou os olhos.

—Black?

—Só… uau – Ele disse, fazendo uma careta de apreciação. Lily tentou não corar, mas foi inútil.

—É, bem – Ela disse dando de ombros – O código de vestimenta é um pouco diferente aqui.

—Felizmente – Black respondeu, lançando uma piscadela. Lily deu de ombros, mas não podia deixar de concordar internamente; Black estava magnífico com a camisa social azul com alguns botões abertos e as mangas dobradas acima dos cotovelos, e Potter não ficava para trás com sua polo vermelha (mesmo que Lily achasse completamente clichê uma camisa polo). Remus também estava de camisa social, mas as mangas verdes iam até o meio do antebraço. Peter usava uma camisa simples preta.

Lily conseguia reconhecer vários colegas do seu semestre, mas a maioria era mais nova. Ela via alguns da liga, e outros que ela ajudara na monitoria.

—Meu Deus, Lily, eu me sinto completamente idosa – Marlene comentou – Eu não sei quem é a maioria das pessoas aqui! 

Lily riu; a amiga participara de estágios e ligas, mas não eram ligas que tinham pessoas muito mais novas.

—Você é meio antissocial, Lene – Lily comentou, ao que Mary concordou.

—Se você está se sentindo idosa – Potter falou pela primeira vez na tarde – imagine como nós nos sentimos, McKinnon.

—Fiquei me perguntando que diabos vocês vieram fazer aqui – Marlene comentou – Pensei que CRM fosse barrado na entrada.

(N.A.: CRM é o número que identifica os médicos em cada estado – entre estudantes e residentes há uma brincadeira desses últimos estarem “acima” por terem CRM e consequentemente já serem médicos)

—Não parecemos médicos ainda, McKinnon – Potter replicou com um sorriso.

—Ainda temos o ar de desespero, auto-sabotagem e drama inerente ao estudante, muito obrigado – Black acrescentou – E bem, é open bar e gente desconhecida. Tem algum outro motivo que precisamos?

—Bem… – Lily interrompeu – tem um motivo para não virem. Vocês são velhos.

Potter e Remus riram, mas Black fez uma careta de indignação.

—Não somos velhos! 

—Remus pelo menos ainda é R1. Vocês se sustentam e têm um trabalho – Lily disse, colocando uma mão no ombro do residente indignado em consolação.

—Essa será sua vida em menos de três anos, Evans – Black replicou, apontando um dedo para ela. Lily riu.

—Serei velha então – Ela disse solenemente.

—Diga o que quiser – Black continuou, erguendo seu copo – mas não conhecer ninguém significa várias pessoas para conhecer melhor… – Ele disse, erguendo as sobrancelhas para deixar o duplo sentido claro. Peter brindou com ele – Isso aí, Pete! Vamos conseguir uma garota pra você hoje!

Remus tinha um sorriso no rosto, mas sacudiu a cabeça em negação.

—Também é uma vantagem pra Peter não conhecer ninguém então – Potter disse, imitando o tom solene – as garotas não vão fugir dele assim.

Os três amigos riram enquanto Peter revirava os olhos, se virando para as meninas.

—Eles estão brincando, mas é porque eu sou terrível com garotas – Ele explicou – Minha aparência não ajuda muito. Quer dizer, como que eu vou conseguir chamar a atenção de alguma garota ao lado desses três babacas?

O olhar atento de Lily não demonstrou, mas ela intimamente concordou com Peter. Não que Peter fosse exatamente feio, mas definitivamente se tornava menos atrativo ao lado dos três amigos mais bonitos.

Mary ensaiou negar, mas Peter apenas sacudiu a cabeça.

—É a realidade de muitos anos. Não bastasse isso, toda vez que eu me aproximo de uma garota bonita, fico completamente nervoso – Peter lamentou – Começo a gaguejar, as mãos ficam suadas, eu não falo nada com nada. Um desastre.

—Você não parece muito nervoso agora – Lily comentou, cruzando os braços e erguendo a sobrancelha – Devo entender que não somos bonitas?

Os outros garotos riram, assim como Mary e Marlene, mas Peter ficou vermelho, arregalou os olhos e começou a gaguejar, fazendo Lily não conseguir se segurar e acabou rindo também.

—Foi uma brincadeira, Peter – Lily disse, fazendo o garoto relaxar novamente – Mas entendi o que você quis dizer. Você foi de tranquilo a uma pilha de nervos em menos de um segundo.

Peter suspirou, mas as três garotas se olharam e acenaram com a cabeça.

—Hoje é seu dia de sorte – Mary falou.

—Vamos garantir que você saia daqui tendo ao menos beijado uma garota – Marlene continuou.

—Nem que seja uma de nós – Lily finalizou.

Talvez o copo rapidamente esvaziado tenha dado coragem a Lily para dizer isso, mas as outras duas amigas concordaram. Peter corou novamente, e olhou para os amigos engolindo em seco.

—Deixe eles para lá! – Marlene exclamou, puxando Peter pela mão – Eles nunca lhe ajudaram, então eles que se fodam. – Marlene olhou para os residentes – Com o perdão da hierarquia.

Lily achou que talvez os outros garotos poderiam ficar levemente irritados com o comentário, mas os três estavam sorrindo. Ela não admitiria para ninguém, mas o brilho dos olhos de Potter lhe chamaram especial atenção.

—Hey, fica fria, McKinnon – Black respondeu – Como Evans falou, o código aqui é diferente. Mas eu to na dúvida se essa promessa é só para Peter ou se um de nós três ficarmos na seca também teremos um baita prêmio de consolação.

Black exibia um sorriso que, não havia como negar; era extremamente sedutor. Lupin revirou os olhos e deu mais um gole de sua cerveja, enquanto Potter deferia um belo tapa na cabeça de Black.

—O código não é tão diferente, Black – Marlene respondeu com um sorriso parecido – ainda seremos internas e vocês residentes na segunda.

—Peter também é residente! – Black exclamou.

—Não diretamente nosso – Marlene explicou – Agora leve esse seu sorriso sexy para uma pobre coitada enquanto ajudamos seu amigo aqui, capiche?

Black semicerrou os olhos, mas finalizou seu copo e fez como Marlene  sugeriu.

—Nós que não temos sorrisos sexys podemos ficar ou…? – Remus perguntou, os lábios lutando contra um sorriso. Lily avaliou o garoto com um olhar, depois virou para Potter, mas foi interrompida por Marlene.

—Podem ficar, apesar de eu não ter certeza que vocês não tenham sorrisos sexys – Marlene falou.

—Sim, vamos falar sobre sorrisos sexys nessa oficina – Lily completou sarcasticamente.

—Ah, eu quero aprender também! – Mary exclamou.

—Você já tem um sorriso sexy, Mary, confia em mim – Marlene disse. Mary sorriu largamente.

—Um dia, McKinnon – Mary prometeu. Lene riu.

—Quando quiser, garota.

Lily percebeu os olhares curiosos de Potter e Remus, mas não comentou porque o de Peter estava mais gritante.

—Isso, caro Peter, foi um flerte – Lily disse – Você talvez tenha ficado confuso, mas me deixe explicar: Marlene é bissexual, e diz que aguarda eternamente por Mary, mesmo com o amor exacerbado dela por Grey’s Anatomy.

—Ah, Mary! – Potter exclamou decepcionado – Grey’s Anatomy? Sério? Esse seriado é…!

—Epa, epa! – Lily interrompeu, com um dedo em riste na direção de Potter – Nada de criticar Grey’s!

—Mas…!

—Só por isso você vai ter que pegar mais bebidas para mim e para as meninas – Lily continuou, depois ergueu as sobrancelhas e exibiu um sorriso que ela sabia que era tão provocante quanto o que Sirius acabara de oferecer – ou você precisa dessas aulas também?

Potter sorriu de maneira parecida, mas sua resposta foi interrompida por Mary.

Isso também é um excelente exemplo de flerte, Peter – Mary disse num sussurro mal disfarçado – perceba como o corpo de Lily se inclinou levemente para o de James, e como ele cruzou os braços de maneira a ressaltar sua forma atlética! E você viu como Lily provocou James? Uma pergunta quase questionando a capacidade dele de conseguir garotas com aquele sorriso? Quando uma garota faz isso, você sabe que ela está disposta a conversar.

Lily sentiu o rosto corar levemente, e nem precisou virar para Marlene para saber como a amiga deveria estar sorrindo.

—Obrigada pela demonstração, Potter – Lily disse com uma piscada – Agora vai pegar umas bebidas pra gente, certo?

Remus puxou James pela camisa enquanto ria do amigo, os dois seguindo para a direção do bar.

—Vamos lá, Pete. – Lily disse – Finge que Mary é uma garota que você está afim.

As três garotas se divertiram mais com Peter do que achavam que iriam. Ele realmente não tinha a menor noção de como conversar com uma garota.

Mary deu lugar a Marlene, que deu lugar a Lily. No meio disso, Potter e Remus voltaram com as bebidas – e dizendo que Sirius já havia achado uma garota para usar o sorriso sexy.

—Então fiquem e ajudem também – Marlene pediu, mas Peter negou com a cabeça.

—Não adianta – Peter disse – Eles não entendem. Eles dizem “oi” e as garotas estão interessadas.

Apesar dessa perspectiva de Peter, Remus e Potter acabaram ajudando, dizendo coisas que Peter costumava fazer e as meninas dizendo como mudar.

—O que vocês fazem? – Mary questionou. Lily e Marlene olharam para os dois curiosamente.

—Bem, eu sou o típico cara quieto – Remus disse, coçando a cabeça – então eu geralmente converso bastante com a garota, para depois, sutilmente, sugerir que eu to afim… basicamente isso. Não sou de grande valia em festas – Ele confessou.

—Mas é de grande valia para a vida – Marlene disse solenemente – Aprende pra depois, Pete, pra quando achar uma garota que você goste mesmo. Potter, você tem alguma dica?

Potter negou com a cabeça.

—Não tenho nenhum truque nem nada disso. Eu só converso com a garota e tento ser engraçado. As garotas geralmente riem – Potter respondeu, dando de ombros.

—Mas é com você ou de você? – Lily perguntou sorrindo. Potter a imitou.

—Só tem um jeito de descobrir, certo? – Potter provocou.

Lily não consegue impedir seus lábios de aumentarem o sorriso. Realmente era difícil não rir quando estava na companhia do moreno.

—Você realmente é inútil aqui, James – Mary comentou.

—Não é inútil! – Lily discordou de imediato – Ele está pegando bebidas!

Potter gargalhou e concordou, se oferecendo para a próxima rodada.

A festa estava acontecendo e seus colegas estavam em outro lugar, mas Lily não se importava. Ela estava se divertindo ali mais do que nas outras festas similares.

Finalmente, após quase duas horas, elas julgaram que Peter estava apto a tentar se aproximar de uma garota sozinho. As três observavam de longe, acompanhadas por Potter e Remus.

—Patético – Peter murmurou quando ele voltou menos de cinco minutos depois.

—Calma, Pete – Lily disse – O que você disse assim que chegou?

Os seis ficaram revendo e discutindo em que Peter podia melhorar, e lá se foi ele novamente.

—Nós tentamos fazer isso há anos – Potter comentou com Lily.

—E nós vamos conseguir em algumas horas – Ela respondeu com um sorriso convencido. Potter ergueu as sobrancelhas.

—O que lhe dá tanta segurança? – Ele questionou, levando seu copo aos lábios.

—Peter tem razão, Potter. Vocês três não valem de nada, porque vocês chegam com seus corpos padronizados, rostos bonitos e sorrisos cativantes, e a garota nem escuta direito o que vocês falam. – Lily disse, depois pensou melhor – Ou talvez escutem, mas não se importam com o que é dito, já que até a voz de vocês é convidativa.

Potter riu.

—Não sei se me sinto lisonjeado pelo corpo padronizado, rosto bonito, sorriso cativante e voz convidativa, ou ofendido pelo insulto intrínseco à minha personalidade – Ele admitiu. Lily não conseguiu não rir, e deu de ombros, escondendo a boca no copo.

—Uma boa coisa pra refletir antes de dormir… – Os dois olharam novamente para Peter, bem no momento em que a loira com quem ele estava conversando riu. O sorriso de Lily aumentou – Algumas horas, Potter. 

O residente não respondeu de imediato.

—Acho que depois de me usar como exemplo de flerte você pode me chamar de James – Ele comentou, ainda encarando o ponto que Peter estava. Lily olhou para ele com as sobrancelhas erguidas.

—Você sabia que não era real – Lily disse, apesar de nem ela ter certeza disso.

—Sabia? – Ele questionou, voltando o olhar para ela. Ela sorriu.

—Quando eu flertar com você, James, pode ter ter certeza que você vai saber.

—Quando? – Ele perguntou, devolvendo o sorriso. Lily sentiu o rosto corando.

Se. Quis dizer se. – Ela emendou.

—Como quiser, Lily

Eles estavam se olhando com um sorriso igual, os olhos travados um no outro, a música gradativamente desaparecendo.

Lily estava pensando em alguma coisa para falar – ela definitivamente estava flertando com o residente agora – mas o momento foi quebrado por um gritinho de comemoração de Mary e Marlene.

Eles olharam para frente novamente, e o sorriso de Lily aumentou: Peter estava beijando a garota, e a cena não era nada revoltante.

—Algumas horas – Ela repetiu, piscando um olho para ele. James sacudiu a cabeça em negação, mas estava sorrindo abertamente.

—Vocês são uns demônios – Ele disse rindo – Vou pegar mais bebidas. Estou devendo.

Remus e James saíram novamente, deixando as meninas comentando sobre o sucesso com Peter. O garoto era mais legal que ele mesmo achava.

Então de repente Marlene e Mary saíram apressadas mais para perto da música: estava tocando uma que Mary amava, e Marlene foi lhe fazer companhia para dançar, já que Lily não gostava tanto.

—Abandonada?

Lily se virou e viu James com um copo na mão lhe oferecendo.

—Minha mãe me ensinou a nunca aceitar bebidas de estranhos em festas como essa – Lily comentou sorrindo.

—Juro que não coloquei drogas – James prometeu.

—Ah, que pena. Eu mesma terei que colocar então? – Ela brincou. James riu e ela pegou o copo. – Cadê Remus?

—Encontramos Sirius no caminho, que ainda estava com a mesma garota, e ele pediu para dar uma checada em Tonks. Remus então foi.

—Hmm… – Lily murmurou em resposta, fazendo James olhar para ela com curiosidade nos olhos.

—O que foi? – Ele perguntou.

—Nada. Bem, na verdade eu acho que Tonks tem uma quedinha por ele – Lily confessou. 

—Nah, Tonks e Aluado se conhecem há anos! – James exclamou rindo – Ela é a priminha de Sirius!

—Ela não é mais a priminha de Sirius. Ela tem 18 anos já. – Lily discordou – Você mesmo disse que ela ficava pedindo ajuda a Remus para estudar…

—Sim, mas porque ela sabia que ele era o único paciente o suficiente! – James exclamou, ajeitando os óculos.

—E você acha que ela não sabia disso? – Lily perguntou, e riu da cara de surpreso de James – Ah, fala sério! Tonks está no primeiro semestre! Quem precisa de tanta ajuda para planos anatômicos e terminologia? BMC ainda tá falando de coisas do tamanho de células!

James parecia que tinha levado um tapa na cara pelo seu rosto, o que fez Lily rir ainda mais.

—Mas… ela também pediu ajuda a mim…

—E você caiu direitinho no jogo dela, como um perfeito pateta – Lily zombou – Ai, isso é incrível! Três residentes enganados sem pudor por uma caloura! 

Lily continuou a rir em meio ao choque de James. Ele realmente parecia completamente surpreso pela perspectiva de Tonks gostar de Remus.

—Quatro residentes – James corrigiu. Lily ergueu as sobrancelhas.

—Ela não precisou enganar Remus – Ela discordou. 

James exalou.

—Você me deu um monte pra pensar – Ele comentou. Lily riu novamente.

—Vai ficar analisando minuciosamente todas as interações deles dois que você consegue se lembrar? – Ela provocou. Ele fez uma careta e assentiu, fazendo com que Lily risse novamente.

Nesse momento Emmeline, Benjy e Amos passaram por eles, e os reconheceram, vindo falar com os dois.

—Potter, que surpresa vê-lo aqui! – Amos disse, apertando a mão do residente, que sorriu.

—Nós também temos vida! – James respondeu – A nova moradora da casa de Lily e Marlene é prima de Sirius – Ele explicou.

—Onde eles estão? – Emmeline perguntou.

—Er… por aí. – James replicou franzindo o cenho – Eu e Lily somos a resistência do grupo – Ele disse, sorrindo para a garota. Ela fingiu não sentir o coração acelerando ao ouvir “eu e Lily” – Estamos vigiando um amigo que talvez precise de ajuda em breve – James explicou, apontando na direção geral de Peter, que ainda estava com a garota loira.

—Não gosta de dançar? – Lily sentiu o rosto corando por vergonha da pergunta de Emmeline, mas a colega parecia ter bebido demais para ainda ter alguma reação.

James arregalou os olhos e engasgou com a bebida, e agora Lily e Benjy se entreolharam e riram discretamente.

—Na verdade, não – James respondeu – Eu nem sei dançar, pra ser sincero.

Lily tinha certeza que Emmeline iria se oferecer para ensiná-lo (James foi muito inocente na resposta), quando Benjy arregalou os olhos e puxou a garota pela mão.

—Você prometeu que iria me ensinar, Emme! – Benjy exclamou, piscando para Lily. Emmeline se deixou ser levada pelo garoto, e Amos seguiu os dois sem reclamar.

Um pequeno silêncio se estabeleceu entre James e Lily, mas nada desconfortável – cada um estava com sua bebida, observando os outros lugares da festa.

—Soube que o plantão foi parado – James comentou, fazendo Lily soltar uma risada – Que foi? – Ele perguntou franzindo a testa.

—É basicamente impossível para pessoas envolvidas em saúde ou medicina se encontrarem e não falarem sobre medicina ou saúde – Ela explicou. James estreitou os olhos.

—Bom, é o nosso elo – Ele justificou – Vamos conversar sobre o que temos em comum, certo?

—Você não está errado – Lily disse – Não é um ataque à sua personalidade, é inerente a nós.

—Ufa, pelo menos dessa vez você não me atacou – James disse, sua expressão de alívio arruinada pelo largo sorriso que lhe tomava o rosto. Lily revirou os olhos e lhe deu um leve soco no ombro. – Tudo bem, vamos falar de… séries.

—Contanto que você não ataque Grey’s, tudo certo… – Lily condicionou logo. James bufou.

—Tudo bem, não atacarei. O que mais você gosta?

—No momento estou esperando a nova temporada de Brooklyn 99 – Ela confessou, e James sorriu – E quando digo esperando, quero dizer que estou vendo outras séries, como Grey’s, Masterchef e Friends.

James ergueu as sobrancelhas.

—Brooklyn 99 e Friends são duas das minhas séries favoritas – Ele comentou – Mas gosto mais de Stranger Things.

—Você vê você e seus amigos, não é? – Lily perguntou sorrindo.

—Você pode me culpar? – Ele perguntou – Vamos pegar mais bebidas. Não quero deixar você sozinha mais. As pessoas já estão passando do ponto.

Ele estava certo: Lily conseguia ver muita gente já bêbada. Não que ela tivesse medo de ficar sozinha nem nada disso, mas entre ficar parada onde estava e ir pegar mais uma bebida conversando com James sobre séries, não havia a menor dúvida do que era mais agradável.

—...e eu simplesmente odeio Ross – James dizia – cara, se você ama a mulher, faz algo por ela! Não atrapalha a vida dela! Era para ele ter ido para a França, e não…

—Ai meu Deus! – Lily exclamou, interrompendo James e levando as mãos à boca.

—O que houve? – James perguntou, procurando o que Lily olhava com certo choque.

—Ali! Olha ali!

Lily nem precisou apontar com o dedo; James viu Tonks antes, e sentiu sua mandíbula despencar com a surpresa.

Porque segurando a cintura de Tonks com uma mão, e o pescoço dela com a outra, estava Remus – unidos firmemente pelo intenso beijo que compartilhavam.

Lily abriu um imenso sorriso, enquanto James apenas demonstrava choque.

—Ahhh, como é bom estar certa… – Lily disse alegremente.

—Eu ainda não consegui assimilar – James confessou, fazendo Lily soltar uma risada.

—Eu estava completamente certa – Lily repetiu, se virando para o garoto, que a imitou.

—Parece que sim – Ele respondeu.

—Parece também que você, apesar de toda a lábia que diz ter, foi o único de seus amigos a não ficar com ninguém hoje – Lily observou. James abriu um sorriso torto, e consertou os óculos.

—Talvez – Ele concordou, olhando para Lily nos olhos intensamente – Mas você riu a tarde toda.


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