Saint Seiya: Torneio dos Deuses escrita por Ítalo Santana


Capítulo 1
Capítulo 01 – A proposta da discórdia


Notas iniciais do capítulo

Éris, a deusa da discórdia, tem uma proposta: sediar um torneio com os guerreiros mais poderosos, e para atender aos caprichos dos deuses, competidores de épocas e exércitos diferentes serão recrutados e cruzarão o espaço-tempo através de inúmeras fendas dimensionais.



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Capítulo 01 – A proposta da discórdia


Era de Prata - Tempos mitológicos

Houve um tempo, na era mitológica, em que os humanos e os deuses viviam em paz, harmonia, estabilidade e prosperidade. Os humanos eram puros, não passavam fome, pois a terra dava comida em abundância, não envelheciam, mas morriam pacificamente como se caíssem em sono profundo, e a primavera era eterna.

  Esse período se passou no início da humanidade, durante o governo do deus-titã Cronos, e foi chamado de Era de Ouro. Era como um Estado ideal. Mas esse período glorioso começou a ser ameaçado quando Zeus, o filho de Cronos, destronou o próprio pai. A Era dourada começou a ser manchada pela vaidade dos deuses do Olimpo, que abusavam dos humanos com pedidos de oferendas e castigos.

Em uma dessas punições, Zeus tirou dos humanos o Fogo, lançando a Terra em um período de frio e fome. Foi aí que o titã Prometeu intercedeu pelos humanos, dando a eles o segredo do fogo. E isso foi o gatilho para um acontecimento devastador, identificado como a Queda do Homem.

Furioso, Zeus puniu os homens, permitindo que Pandora abrisse sua caixa que originou todo o mal no mundo mortal. E assim surgiu a Era de Prata. Zeus encurtou a primavera, criando as estações e assolando a terra com o frio e calor. Tornou-se necessário a invenção de casas e o desenvolvimento da agricultura, ocorreu também a extinção da juventude eterna. Agora os humanos sofriam e morriam, podendo ir para os Campos Elíseos ou para o Inferno que haviam sido criados por Hades para frear a malícia humana.

O único e último ato benevolente de Zeus foi confiar o governo da Terra para Atena, deusa da Guerra e da Justiça, devido o amor que a deusa sentia pelo planeta e pela raça humana. Depois disso Zeus desapareceu, o Olimpo ficou sob o comando do Conselho dos deuses formados pelos outros onze deuses olimpianos, e Guerras Santas começaram a ser travadas contra Atena para conquistar o domínio da Terra.


Monte Olimpo – Palácio dos deuses

Situado no topo do Olimpo entre as nuvens, acima de todos os templos e cidades que ocupam a imponente montanha dos deuses, está o suntuoso Palácio dos deuses. Uma estrutura erguida com altas e grossas colunas e paredes brancas, com portas gigantes de ouro maciço e iluminada por tochas gigantes onde crepita o fogo primitivo.

Diante do palácio existe um imenso jardim de árvores frutíferas gigantes e flores de todos os tipos. E no limite do jardim existe três grandes arcos, que dão acesso a três escadarias que mais na frente se unem e tornam-se uma só. Acima de cada arco ergue-se três imponentes estatuas, com mais de 40 metros de altura, feitas de mármore branco, para exaltar a grandiosidade dos três grandes deuses do olimpo. Zeus, Poseidon e Hades.

Um local amplo demais para reunir os deuses do Olimpo, mas talvez pequeno demais para comportar a majestade de cada um deles.

No interior do palácio, passando pela pesada e alta porta de ouro, encontra-se um extenso salão retangular sustentado por volumosas colunas brancas. E no centro do salão existe um trono de 30 metros de altura feito de ouro, e sentado nele está a estátua de Zeus, segurando o raio na mão direita e uma águia no braço esquerdo. Seu corpo era feito de Marfim e seus trajes e artefatos eram feitos de ouro.

Cruzando o salão e atravessando um jardim interno, onde jorra dezenas de fontes de água entre pomares e flores, passasse por um corredor largo guardado por anjos enfileirados armados com arcos e flechas, espadas, escudos e lanças. Tudo isso para guardar o próximo e mais importante recinto. Um cômodo que é separado por uma porta de ouro adornada com joias.

Ao passar por essa porta o indivíduo entrará em um salão oval que comporta doze tronos postos em círculos, e no centro do arco circular está o trono de Zeus e Hera. O teto abobadado, o qual é ilustrado por pinturas de deuses e heróis entre as nuvens, é sustentado por doze colunas. Na pintura existe uma faixa, que é segurada por Atena e Nêmesis, as deusas da justiça, com os seguintes dizeres: “Faça-se justiça ainda que o mundo pereça”. E no centro de cada coluna existe a estátua de cada um dos doze deuses do Olimpo esculpida, simbolizando que são eles quem sustentam aquele recinto, o mundo, a ordem e a justiça.

Com exceção do trono de Zeus, todos os demais tronos estavam devidamente ocupados pelas divindades: Hera, Poseidon, Hades, Afrodite, Apolo, Ártemis, Atena, Ares, Hefesto, Hermes e Dionísio

Os deuses conversavam fervorosamente entre si devido os Jogos Olímpicos que estavam para começar. Era um evento que acontecia em um período de quatro anos, e durante esse evento os deuses cessavam seus conflitos e indiferenças, e escolhiam seus melhores guerreiros para duelar.

O debate foi interrompido quando as altas e grossas portas do salão foram abertas, se arrastando pesadamente. Uma mulher de longos cabelos azul escuro, usando um longo vestido vinho e armada com um tridente, entrou no salão, acompanhada por três guerreiras que trajavam armaduras escuras de cor vermelho sangue. Os deuses se calaram e um desconforto se propagou no salão.

— Éris?! — disse Dionísio, o deus do vinho. Era um deus belo de longos cabelos vinhos e olhos verdes, segurando uma taça de ouro com líquido escuro em seu interior. Usava traje grego curto de cor lilás com detalhes dourados na borda.

— O que faz aqui, deusa da discórdia? — perguntou Atena, ríspida. A deusa segurava em seu braço direito o báculo dourado e trajava um vestido branco com joias douradas em sua cintura e braços.

— E como ousa trazer suas subordinadas imundas para esse recinto?! — bravejou Ártemis, deusa da lua. Seus cabelos eram longos e amarelo claro esverdeado, e seus olhos eram verdes como uma folha na primavera. Havia um símbolo dourado de lua crescente em sua testa, e ela vestia um longo vestido branco com peças douradas de armadura em seus ombros e cintura.  — Saiam imediatamente desse palácio!

As dríades, subordinadas de Éris, se ajoelharam atrás da deusa da discórdia intimidadas pela fúria da deusa da lua.

— Não se incomode com as minhas filhas, Ártemis. — disse Éris. — Elas fazem parte da minha guarda. E nós não temos a intenção de demorarmos aqui.

— E por que veio? — perguntou Apolo, o deus do sol.

Apolo era o deus mais novo e mais belo entre os demais deuses. Aquele com certeza era o ser mais lindo entre divindades e mortais. Não havia falhas em sua aparência. Sua pele era clara e sem manchas, e seu corpo era esguio e delgado. Seus cabelos eram lisos e vermelhos como chamas. Mas nada se comparava a beleza dos seus olhos. Era um azul vívido e brilhante como uma joia. Em sua cabeça havia uma coroa de louro de ouro. Seu corpo estava coberto por um manto, o qual estava preso por uma ombreia que lhe protegia até na altura do pescoço.

— Pelo mesmo motivo que vocês se reuniram aqui. Os Jogos Olímpicos. —  respondeu Éris. — Apesar da forma discriminatória que tratam as minhas dríades, são elas quem representam os sentimentos dos heróis nesse período de jogos. Competição, batalha, luta, confronto e discórdia afloram nos corações e corpos dos atletas em busca do grande prêmio... — a deusa fitou Apolo. — A coroa de louro de ouro usada pelo formoso deus do sol. Mas, e se fizermos uma competição diferente?

— Você com certeza está tramando algo. —  acusou Hermes, o deus mensageiro dos deuses. O deus era jovem e tinha corpo atlético. Seus cabelos verdes eram curtos e bagunçados, e seus olhos eram dourados como duas moedas de ouro. Com exceção do peito que estava nu, Hermes estava trajando uma armadura prateada com detalhes dourados, e calçava botas aladas.

— O que você propõe? — perguntou Ares, o deus da guerra sangrenta.

Sua aparência era como a de um soldado de corpo robusto e musculoso. Mesmo sentado dava para notar que o deus era alto. Sua pele era parda, seus cabelos curtos eram castanhos esbranquiçados e seus olhos eram vermelhos e pareciam sedentos por sangue. Em sua cabeça ele vestia um elmo dourado com plumas vermelhas e em seu corpo ele trajava uma simples onyx negra – traje do exército de Ares - similar as armaduras que os soldados gregos usam.

— Sediar uma Guerra Santa nos Jogos Olímpicos.respondeu a deusa.

Os deuses do olimpo se agitaram em seus tronos. Todos diziam que aquilo era um absurdo e proferiam insultos de tolice e audácia para a deusa da discórdia. Éris esperou as divindades se acalmarem antes de prosseguir.

— Existe um acordo de “Não agressão” no período dos jogos. — alertou Atena. — Não podemos guerrear.

— Sim, eu sei, mas a minha proposta não rompe esse acordo. Pelo contrário. — garantiu a deusa. Éris bateu seu tridente no chão do palácio, emitindo um ecoo que se propagou, e do chão fluiu imagens de guerras santas travadas até agora. — Milhares de humanos já morreram lutando em nossas guerras ano após ano. O que eu ofereço a vocês é reduzir o número de mortes, mas ainda assim lutar entre si pelo grande prêmio.

— Que seria? — perguntou Atena.

— A Terra. — respondeu Éris. — Não é isso o que vocês tanto almejam?!

— E como isso iria ocorrer? — perguntou Hades, que estava usando o corpo do homem mais puro daquela geração. Os cabelos longos do rapaz estavam negros e os olhos refletiam o brilho azul dos olhos do deus do submundo. Hades estava usando um manto preto e um par de ombreias.

Éris sorriu ao ver interesse nos olhos dos deuses.

— É simples. Os deuses interessados colocariam seus melhores guerreiros na arena para duelarem entre si. O vencedor daria ao seu deus o comando da Terra.

— Atena?! — chamou Hera, deusa do matrimônio e esposa de Zeus. A deusa era bela e imponente. Seus longos cabelos eram ondulados e castanho escuro. Ela usava um longo vestido azul celeste que caia sob os seus pés como uma longa calda de pavão. Seus olhos eram como duas esferas de esmeralda com traços azul anil, e em seus braços, pescoço e orelhas ela trazia joias preciosas que lhe enfeitavam. — Você é a deusa patrona da Terra e alvo das Guerras Santas... O que acha?

— Antes que responda, Atena... — interrompeu Éris. —  Devo dizer que os guerreiros dos deuses não lutariam apenas contra os seus cavaleiros. A ideia é que os guerreiros formem duplas distintas, misturando até mesmo os exércitos, até que reste apenas um.

Atena olhou para Éris de forma reflexiva. Atena sabia que a deusa da discórdia era astuta, mas nem mesmo Éris poderia romper o acordo de “Não agressão” determinado pelos deuses em época dos Jogos Olímpicos. Não podia haver guerras naquele período. Mas na verdade, Éris havia encontrado uma brecha para criar conflitos além dos jogos, mas ainda assim era em uma pequena proporção. Nada tão danoso como seria uma verdadeira Guerra Santa.

— Vamos fazer uma votação. — disse Atena.

— Tem certeza, Atena? — Perguntou Poseidon, que assim como Hades estava usando o corpo de um jovem rapaz. Os cabelos do rapaz eram curtos e lisos, e seus olhos eram azuis como um lago límpido e puro. Usava um manto grego branco com detalhes azuis, e trazia em sua mão direita o seu tridente dourado e em sua cabeça uma coroa de ouro. — É a Terra que está em jogo.

— A Terra sempre está em jogo. — respondeu a deusa. — Mas eu confio nos meus cavaleiros.

— Antes de votarmos, não deveríamos saber de mais detalhes? — perguntou Dionísio, dando um gole em sua taça. — Por exemplo, os deuses selecionarão os guerreiros?

Éris sorriu mais uma vez. Até mesmo os deuses que não participam de guerras estavam interessados. E ela sabia que os deuses gostavam de distrações peculiares envolvendo humanos.

— O destino. — respondeu. — Seria uma seleção imparcial e aleatória. Então deixaríamos as Moiras, as deusas do destino, decidirem. E tem mais uma coisa... — a deusa deu mais alguns passos e parou no centro do salão. Éris bateu seu tridente no chão mais uma vez, e uma névoa subiu e pairou acima dos deuses. A imagem de um vasto espaço repleto de centenas de nebulosas tomou o teto, tampando a pintura dos deuses. — Não serão guerreiros desta era. — os deuses voltaram a murmurar, mas Éris prosseguiu. — Serão guerreiros de épocas diferentes e universos diferentes. Sim. Até mesmo os universos alternativos participariam.

— Você só pode estar louca! — disse Ártemis, grosseiramente. — Estaríamos ultrapassando o limite do espaço-tempo. Isso poderia gerar um colapso temporal. De forma alguma isso...

Ártemis se calou quando a imagem no céu mudou. Agora a névoa estava mostrando a imagem de uma nebulosa vermelha gigante que flutuava em meio as outras nebulosas.

— Chronos! — disse Hermes.

— O que a imagem do deus primordial do tempo faz aí? — perguntou Hera.

— Antes de vir aqui falar com os senhores, eu fui até o Senhor Chronos me certificar dessa possibilidade. — respondeu Éris. — E ele concordou. Mas com algumas ressalvas, claro.

— Que seriam? — perguntou Apolo.

— Os mortais escolhidos deverão ser enviados de volta para suas respectivas realidades quando forem derrotados; A morte não poderá ceifar a vida dos mortais durante o combate, o mortal deve voltar integro, e com as memórias apagadas. E então, o que me dizem?

— É arriscado. — disse Dionísio. — Mas também é interessante. Olhando bem, eu não vejo problema algum.

— Está pensando em considerar, Dionísio? — Perguntou Ártemis.

— Estou sim. Pense bem... Nossa maior crítica era o colapso temporal, mas as exigências do Senhor Chronos evitam que essa anormalidade venha acontecer. E os mortais escolhidos também não morrerão. Se formos seguir a ideia de Éris, essa guerra santa em forma de torneio reunirá guerreiros de vários deuses, simbolizando várias guerras santas ao mesmo tempo, mas terá um total de zero mortos. E então, o que me dizem?

— Vamos votar. — disse Poseidon. —  Eu apoio e participo.

— Eu apoio, mas me abstenho. — disse Hera.

— Eu apoio e participo. —  disse Hades.

— Eu apoio, mas me abstenho. — disse Hermes.

— Eu desaprovo. — disse Dionísio, apesar do entusiasmo do deus. — Eu não apoio guerras, mas eu as acompanho. Se tiver que acontecer, então que assim seja. Me abstenho. — Dionísio olhou para o lado, onde uma bela deusa de longos cabelos loiros e olhos azuis estava sentada em silêncio. — E você Afrodite? Está calada desde o início. Não tem nada a dizer?

Afrodite estava elegantemente sentada de pernas cruzadas. A deusa do amor e da beleza estava usando um vestido branco decotado, que salientava seus seios, e com fendas que exibiam suas pernas. Seus longos cabelos loiros caiam sob seus ombros como águas de ouro, e seus olhos azul safira fitavam a deusa da discórdia.

— Eu desaprovo e me abstenho. — disse a deusa. — Guerras não são do meu agrado. E eu jamais colocaria os meus erotes para batalhar. Meus guerreiros não existem para esse propósito.

— Tá. Um belo discurso. — disse Dionísio, sendo sarcástico. — Próximo?! Hefesto... Você também não falou nada até agora.

O deus do fogo e da forja estava despojado em seu trono. Hefesto tinha cabelos curtos ruivo alaranjado, barba volumosa e pele morena. Seus olhos eram como duas chamas vivas crepitando. O deus usava uma toga grega cor de pergaminho, peças de armadura em seus braços e em suas pernas.

— Eu apoio, mas por não ter um exército, eu me abstenho da participação. — disse o deus. — Contudo... Eu me ofereço para preparar a arena onde ocorrerão os duelos.

— Eu apoio. — votou Ares. — Mas me abstenho. — os deuses olharam surpresos para o deus da guerra. De todos ali presentes, os deuses achavam que Ares seria o deus que mais se interessaria pela proposta. — Meus berserkers são guerreiros de guerra, e não de torneios. Prefiro um vasto campo de guerra sangrento ao invés de lutas em coliseu.

— Eu desaprovo. — disse Ártemis. — Ainda julgo como um risco.

— Eu desaprovo. — disse Apolo, sem qualquer justificativa.

— Atena?! — chamou Dionísio. — É a sua vez.

— Eu apoio, mas com uma condição. — disse a deusa.

— E qual seria? — perguntou Éris.

— Não haverá guerra pelo controle da Terra nos próximos mil anos. O pacto de “Não agressão” deverá ser estendido.

— Não diga bobagens, Atena. — disse Ares. — Eu me nego a aceitar isso.

— É uma decisão que deve ser aceita pela maioria. — disse Hera. — Todos concordam com Atena?!

Com exceção de Ares, todos os demais deuses aceitaram.

— A oportunidade de guerrear é agora, Ares. — disse Poseidon. — Se você ganhar, você terá o controle da Terra pelos próximos mil anos. Mas é uma aposta bastante arriscada, não acha Atena?

— Como eu disse, confio nos meus cavaleiros. Com isso teremos a oportunidade de evitar guerras pelos próximos séculos e diminuir os mortos e feridos nos combates.

Ares serrou os punhos no trono reprovando, mas não removeu a sua abstenção.

— Então está decidido. — decretou Hera. — O torneio foi aprovado pelo Olimpo seguindo as condições estabelecidas por Atena e pelo senhor Chronos.

— Sendo assim... — Éris estendeu a mão para frente e materializou uma maça de ouro. — O pomo de Ouro. Atena, você deve passar a autoridade da Terra para esta maçã. O ganhador dará ela para o seu deus, e este, como foi decidido, governará por mil anos sem qualquer oposição ofensiva.

—  Na verdade... — Dionísio se levantou do trono e foi até Éris. — Eu tenho uma exigência para acrescentar.

— E qual seria? — perguntou Éris.

— Minha querida, você não é uma deusa benevolente que se importa com os mortais ou com a paz na Terra. E apesar dos deuses estarem concordando com esse evento por causa de alguns pontos positivos que convêm a eles, todos estão desconfiados de que você esteja tramando algo. Só que eles são tímidos demais para falar. —  debochou. —  Então, queremos que você jure que não sabotará esse torneio e que cumprirá as regras sem qualquer deturpação. — o deus ofereceu a taça a Éris. A deusa entregou seu tridente a uma de suas dríades e segurou a taça, levando-a até a boca e dando um gole no líquido que havia dentro. — Agora termine o juramento.

— Eu juro que não sabotarei o torneio e que cumprirei as regras sem qualquer deturpação.

Dionísio sorriu.

— É bom que cumpra, minha querida. Você sabe o que a água do Rio Estige provoca no corpo do indivíduo que faz um falso juramento, não é mesmo?

Éris arregalou os olhos.

— Você me deu...

— Algum problema Éris? — Perguntou Hera.

— Não. — disse a deusa claramente furiosa. — Os senhores então também deverão participar do juramento.

E todos disseram em uma só voz “Nós juramos pelo Rio Estige”. Atena estendeu seu báculo para a maçã que Éris carregava na mão e disparou uma rajada de luz. A maçã se ergueu, flutuando no centro do salão, e foi envolvida pelo cosmo de Atena, fluindo como uma aurora boreal.

Éris estendeu a mão para tomar o pomo de ouro, mas Hera interviu.

— O pomo ficará aqui. — disse a deusa. — Este salão é o local mais seguro do Olimpo. Hefesto e a guarda real irão garantir a segurança do pomo até lá.

— Está bem. —  disse a deusa, com expressão de desaprovação. —  Então fica decidido que apenas Atena, Poseidon e Hades participarão. — disse Éris. — Agora senhores, eu irei me encontrar com as Moiras e com o senhor Chronos para convocar os seus combatentes. Licença.

A deusa segurou o tridente que estava na mão de sua dríade e se retirou do salão.

— Ela estava tramando algo. — disse Hermes.

— Sem dúvidas. — disse Hera. — De qualquer forma, as medidas foram tomadas para evitar qualquer desvio de conduta.

— Deixem a preocupação de lado, senhoras e senhores. — Dionísio ergueu a taça e fez surgir uma semelhante nas mãos dos deuses. — Estamos em época festiva.

— Guarde essa empolgação para você. — disse Ares, que se levantou do trono e derrubou a taça, fazendo o vinho escorrer pelo piso.

O deus atravessou o salão e cruzou a porta furioso. Dionísio deu de ombros e seguiu o deus, fechando as portas do salão ao passar.

Agora no corredor, Ares estava parado no caminho ao lado de Éris.

— Você estragou o plano, Dionísio. — disse Éris.

— A cláusula de Atena já seria um problema, mas ainda podíamos roubar o pomo. — disse Ares, furioso. — Mas foi a sua proposta que arruinou tudo.

— Seu... Plano? Mas... Como eu poderia imaginar? — Apesar das palavras, Dionísio não parecia se importar. — Você deveria ter compartilhado suas ideias comigo também.

Ares fitou o deus do vinho por cima do ombro.

— Está zombando de mim?

— Sim. Estou. Mais precisamente da sua falta de estratégia. É por isso que essa posição pertence a Atena, e não a você. — respondeu Dionísio. —  Agora lhe resta sentar-se na arquibancada e esperar mil anos para poder atacar seja lá quem for o vencedor. Boa sorte.

— Nem tudo está perdido. De qualquer forma esse torneio terá que acontecer. — disse Éris. — Ainda me resta um segundo plano.

— Lembre-se da promessa, Éris. — alertou Dionísio.

— Não se preocupe. — a deusa materializou uma segunda maçã de ouro. — Nenhuma regra do torneio será quebrada.

—...—


Monte Olimpo – Lago do tempo

Longe dos templos e do Palácio dos deuses, subindo por um caminho tortuoso até o topo de uma das montanhas que circundam o Olimpo, há um imenso lago repleto de nebulosas em seu interior, onde águas cristalinas do tempo desemborcam.

E na beira do lago havia três mulheres idosas vestidas com mantos encardidos sentadas nas pedras, e acima delas girava uma roda de madeira que emitia fios dourados até elas.

Você demorou, filha da Noite. falaram elas, simultaneamente e com vozes secas e velhas.

— Tive que convencer os deuses a aceitarem a minha proposta. — disse Éris.

E eles aceitaram. disseram elas. Você está atuando em um campo perigoso, menina. Tempo e Destino são duas forças primordiais. Tão antigas quanto você e sua mãe. Ainda que seja genuinamente ardilosa, as suas raízes da discórdia estão serpenteando por um terreno perigoso.

Ela está ciente! disse uma voz grossa e imponente vindo do lago.

 Pairando sobre as águas surgiu uma gigantesca nebulosa vermelha. O cosmo emanado pela nebulosa propagava uma pressão esmagadora.

Senhor Chronos! disseram as Moiras, abaixando suas cabeças como sinal de reverência.

Éris e suas subordinadas se ajoelharam.

—  Nenhuma regra pode ser quebrada, deusa da discórdia. alertou Chronos.  Não se engana o Tempo. Lembre-se das minhas advertências. Se houver uma perturbação na ordem do espaço-tempo, você será devorada e sua existência será espalhada pelos inúmeros caminhos do Tempo.

— Que seja feita a sua vontade, meu senhor. — disse a deusa.

Moiras... Cada nebulosa refletida nesse lago leva a uma geração futura. explicou Chronos. Dezenas de nebulosas surgiram girando e emitindo um forte brilho. Escolham os heróis.

As três deusas estenderam suas mãos enrugadas para o lago. Os fios emitidos pela roda de madeira dançaram no ar até as águas cristalinas e escolheram algumas nebulosas.

Cada fio trará um guerreiro. avisaram as Moiras. Logo eles estarão reunidos nesta Era.

— Envie-os para o pátio do Palácio dos deuses. — pediu Éris. — Irei aguardá-los lá.

Que assim seja! os cosmos das Moiras se elevaram e os fios dourados reagiram.

Cada fio cruzou o espaço tempo, indo para inúmeras gerações diferentes. Do lago então rompeu dezenas de luzes que subiram até o céu e cruzaram as nuvens em direção ao Palácio como uma chuva de estrelas. Eram os guerreiros convocados. 

— E assim uma nova Guerra Santa começa. — cochichou a deusa da discórdia dando um ardiloso sorriso.

—...—


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo: Capítulo 02 - Isto é uma Guerra Santa! As borboletas dos mortos.

Sinopse: [Indefinido}

Olá galera!! Tudo bom com vocês?! Espero que sim. Espero que se divirtam com a proposta dessa fanfic. Acredito que será bacana ver cavaleiros, espectros e marinas conhecidos lutando entre si com estratégias diversas e bastante dinamismo.

A critica de vocês é sempre bem vinda e fundamental para a história. Motiva bastante a escrever e caprichar. Aceito também sugestões, e estou aberto para conversas e debates.

Beijos e abraços!! Até o próximo capítulo!



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