Saint Seiya: Big Will - A Saga dos Deuses escrita por Wellington Junior


Capítulo 2
Capítulo 1 - A Grande vontade dos Deuses


Notas iniciais do capítulo

Anos após a terrível Guerra Santa contra Hades, e os eventos de Next Dimension, a fúria do Olimpo pelos humanos, que continuavam a ir contra a vontade dos Deuses, era cada vez maior. Desta forma, Saori Kido, a atual reencarnação de Atena, e seus Cavaleiros estão prestes a enfrentar o seu maior desafio até então.



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Portal do Espaço-tempo – 1990

Em um lugar, que aparentava ser um grande lago nas profundezas do Olimpo, todas as nebulosas do vasto cosmos eram visíveis. Neste local, passado e futuro se mesclam. É um mundo que transcende o tempo, a porta do Espaço-tempo. Nessa incomum e desordenada região, encontra-se adormecido a personificação e o deus primordial do próprio tempo, Chronos. A sua existência, no entanto, foi sendo esquecida pelos deuses com o passar dos milênios. Apesar disso, é tremendamente respeitado e temido por ser um dos primeiros seres a existir e possuir um poder inimaginável.

Uma figura misteriosa, caminhando vagarosamente, se aproximava dos domínios do deus. Trajando uma túnica escura, sua identidade era desconhecida e sua face não era visível.

— Parece que os rumores eram verdadeiros.

Ao chegar no acesso do Espaço-tempo, ele se depara com algo.

— Quem se atreve a perturbar a calma do tempo? Pulverizarei e espalharei pelo cosmos os corpos daqueles que ousarem desassossegar o tempo sem nenhum motivo. - Declama uma grande nebulosa que parecia estar se aproximando cada vez mais.

Por alguns instantes, o silêncio pairou. O homem então, se desfaz da túnica que o encobria.

Você? Eu nunca imaginei que dois deuses, no mesmo dia, viessem aqui.

O homem misterioso chega mais próximo da nebulosa, ficando no limite do portal.— Eu preciso de um favor seu. – Ele se ajoelha e solicita de forma nobre.

— Favor? E o que seria?

Eu desejo avançar para o ano de 2233. – Requisita respeitosamente, com a cabeça curvada.

— Existem milhares de anos 2233. Creio eu, que pretende viajar para o ano de 2233 dessa atual linha temporal, correto?— Uma grande ampulheta surge no lugar da nebulosa — Atena pediu a mesma coisa que você, contudo, se deslocou ao passado para salvar a vida de um mero humano. Observando a época que irá, suponho que tenha descoberto o destino fatídico, originado de ambições e atitudes egoístas, da humanidade.

O sujeito enigmático permanece em silêncio, demonstrando reverência, de olhos fechados, cabeça curvada e de joelhos.

— Pois bem, farei o que está pedindo, entretanto, não poderá alterar quaisquer acontecimentos. As suas ações não devem interferir no andamento e fluxo da ordem natural de fatos daquela realidade. Se ignorar isso, as consequências vão ser inexoráveis.

— Eu compreendo.

— Está vendo aquela nebulosa esverdeada? É nela que deve entrar. Você tem três dias, caso o contrário ficará preso para sempre no futuro.

O homem se levanta e suspira levemente. O seu receio era evidente. – O futuro da humanidade, da terra, depende disso. – Assim sendo, ele se joga na nebulosa verde que o desloca 243 anos adiante.

Uma menina baixinha e curiosa, de longe, observava tudo.

Outro deus viajou no tempo? Se a moda pega, vai dar problema— Afirma em tom irônico. A garota estava sentada em uma pedra com as mãos nas pernas. Seus cabelos eram verdes e usava um manto preto – Percebi que você, ó poderoso Chronos, não dificultou muito as coisas pra esse último.

— Hécate? Como de costume, você está sempre bisbilhotando. E sim, diferente de Atena, os propósitos dele são, digamos, diferentes. Não que isso me impressione. Agora estou com sono. – A grande ampulheta foi se distanciando e perdendo a forma.

Eu nunca vou conseguir entender esses deuses, apesar de eu ser uma. Talvez, um pouco. Atena, será que você vai conseguir voltar? – Se pergunta a bruxa da lua.


Ilha de Taketomi, distrito de Yaeyama, provínicia de Okinawa, Japão – 2003

A ilha de Taketomi é uma ilha que se situa no distrito de Yaeyama, na província de Okinawa. Encontra-se apenas a 6km da principal ilha do arquipélago de Yaeyama, Ishigaki-jima. No centro da ilha de Taketomi, existe uma vila também chamada de Taketomi. A ilha tem forma circular e é cercada por recifes de corais. É conhecida por suas tradicionais casas “Okinawanas”, ruas de areia branca, praias de águas cristalinas e paredes de pedra. São muitas as regras estabelecidas para prevenir que características desagradáveis da construção moderna destruam a beleza da ilha. As casas são muito famosas pelo seu telhado vermelho e uma das principais atividades no local é o passeio de búfalo. O pôr-do-sol é extraordinário, a visão das águas claras e rasas sendo iluminadas é incrível. Quando chega a noite, a maioria dos turistas vão embora, tornando a ilha tranquila novamente e muito calma. O céu se preenche de estrelas que iluminam tudo. É com toda certeza um dos lugares mais belos do Japão.

Treze anos atrás, Atena e os Cavaleiros de Bronze regressaram no tempo com o objetivo de salvar Seiya da maldição de Hades e, inevitavelmente, da morte. Após esses acontecimentos, o Cavaleiro de Pégaso decide viver uma vida comum com a sua irmã Seika. Essa sempre foi a vontade de Seiya que só se tornou um Cavaleiro com o intuito de reencontrar sua irmã. Por ser uma ilha tranquila e de certa forma afastada, Taketomi foi escolhida para ser a sua nova casa. O seu dia a dia era bem simples e típico para moradores dessa região. Seika levantava cedo para fazer algumas compras. Pela manhã, já se ouvia o som das carroças e do Sanshin, um instrumento musical de Okinawa e percursor do Shamisen. É muito parecido e comparado com um banjo. Seiya, por sua vez, toda manhã se dirige até a praia de Kondoi. Ela não é muito povoada, mas conta com alguns estabelecimentos. O verde esmeralda da água, conforme as condições climáticas e ao longo de sua extensa faixa de areia branca, ganha outras tonalidades.

Como qualquer outro dia, Seiya caminhou até a praia para passar o resto da manhã. O seu novo visual consistia em uma bermuda cinza de pano leve, uma camiseta branca simples e suas tradicionais faixas no braço. Com as mãos no bolso, o seu olhar frívolo e sem vida para o mar, refletia a sua desesperança interna. O vento bagunçava os seus cabelos e o fazia fechar os olhos para sentir a brisa e pensar, era uma boa sensação. Não demorou muito para, como de costume, se sentar na areia branca e sentir as águas de cor verde esmeralda baterem nos seus pés. Com as suas mãos, pegava um punhado de areia e deixava o vento levar enquanto observava as ondas quebrando e voltando para o mar, que emitia um som tranquilizador.

Apesar de estar a anos sem lutar, Seiya ainda sentia as dores de suas duras batalhas por todo o seu corpo. Fisgadas e pontadas no peito eram comuns. Na sua pele, havia diversas cicatrizes que pareciam que poderiam abrir a qualquer momento, mesmo sendo impossível, era uma sensação insuportável. Ainda sentado, de olhos fechados e sentindo a água do mar, Seiya começa a ter um pequeno sonho, ou pesadelo. Ele estava em um lugar todo escuro e sombrio. Quando olha pros seus braços, percebe que está trajando a armadura divina de Pégaso. De repente, um ser das trevas surge e lança uma espada na direção de Seiya. O antigo Pégaso salta para trás e atira os seus meteoros tentando se defender. Foi inútil, a espada penetra seu peito, atravessando-o. Repentinamente Seiya acorda e dá um grito agonizador, que com certeza deu para ser ouvido por toda a região. Ele coloca as suas mãos em seu peito e range de dor. Ele ofegava bastante. Quando se acalma, sente uma mão em seu ombro. Olhando para cima, descobre que é a sua irmã Seika, com as sacolas de compras todas jogadas na areia branca da praia.

— Meu irmão, o que foi que aconteceu? Está tendo outro de seus pesadelos?— Perguntava Seika, com um semblante de clara preocupação. Ela estava usando uma blusa Azul-marinho com detalhes esbranquiçados nas bordas, além de uma saia branca.

Ainda tentando se recuperar, Seiya ofegava demasiadamente.

— Seika eu...— Ele inspirava e expirava — Eu não sei o que está acontecendo comigo.

Seika o levanta e apoia um dos braços do irmão nos próprios ombros. — Você deve estar sofrendo alguma crise de ansiedade, isso não é normal. Eu sempre venho buscá-lo quando termino de fazer as compras de casa, e se eu não aparecesse? Iria sufocar e não teria ninguém para ajudá-lo, até chegar o socorro poderia ser tarde demais. Se continuar assim, eu não vou poder sair mais de perto de você.

Seiya se manteve calado, com o olhar pesado, ele parecia cansado.

Vamos para casa, eu vou cuidar de você meu irmão.

Quando estavam saindo da praia, uma luz forte e intensa se manifestou na frente de ambos. Ela formava um pequeno círculo dourado, uma espécie de portal. Dois indivíduos saem de dentro desse portal dimensional e ficam cara a cara com Seiya e Seika. Eles vestiam um tipo de armadura que protegia principalmente seus dorsos e braços. Usavam algo que parecia ser uma saia branca curta, parecida com a de Seika, mas sem ligação alguma, era apenas uma coincidência. Eram graciosos e possuíam uma “tiara” na cabeça.

— Você é Seiya de Pégasos? – Questiona um deles.

— Quem são vocês?— Indaga Seika – Se identifiquem já!— Exclama com firmeza.

— Ora ora, quanta rispidez menina. Somos Anjos Celestes e, a mando do Olimpo, viemos aqui com a missão de eliminar Seiya de Pégasos. Eu me chamo Teseu e esse homem conseguiu despertar a ira dos deuses com os seus infindáveis pecados.— Teseu era loiro, esguio e de pele branca.

— Eu me chamo Odisseu e pedimos gentilmente que largue esse rapaz que está apoiado em seus ombros, ou sofrerá as consequências por não colaborar.— Odisseu possuía os cabelos negros e como Teseu, era magro, alto e de pele branca.

Seika fica extremamente assustada e sem saída, ela sabia que seu irmão já não lutava a muitos anos e mesmo que ainda fosse um Cavaleiro, não estaria em condições de entrar numa batalha. – Meu irmão não é mais um Cavaleiro de Atena, nos deixem em paz!

— Isso não é problema nosso, ele cometeu crimes e precisa pagar por eles. Saia da nossa frente.— Avisou Teseu

Droga, o que eu faço? Seiya não pode lutar com eles. Anjos Celestes mandados pelo Olimpo, o que os deuses querem com o meu irmão? — Pondera Seika.

Nesse momento, Seiya tira os braços dos ombros da irmã e abre os olhos — O que vocês querem? Não vão encostar um só dedo na minha irmã, vão embora.

— Queremos que venha conosco.— Teseu caminha lentamente até Seiya. Quando estava a um passo, Seika se joga na frente e o Anjo Celeste a arremessa no chão. Ao testemunhar aquilo, Seiya fica furioso e revela uma feição de ódio.

— Seu maldito!

— Seiya não!!— Gritava Seika.

Antes mesmo de pensar em golpear o Anjo, Teseu disfere um chute no queixo do Seiya e o lança para cima. Era possível ver a areia branca da praia e a água esverdeada acompanhando a perna de Teseu que ainda estava no ar quando Seiya começou a cair. Odisseu forma uma esfera de energia roxa e a dispara. Seiya é atingido em cheio na barriga e é lançado longe.

Seika corre na direção de Teseu que estava indo até Seiya, inconsciente no chão. Ela segura nas pernas do Anjo e implora.

— Por favor não faça nada com o meu irmão, me levem no lugar dele!— Ela derramava lágrimas. Teseu e Odisseu a olham por cima do ombro.

Garota, tem noção dos crimes e barbaridades que esse homem cometeu? Não podemos fazer nada para mudar isso, agora me solte. – Seika continuava segurando a perna de Teseu e choramingando.

— Se não soltar, eu terei que matá-la

O anjo cria uma esfera de energia em sua mão e se preparava para atacar Seika.

— Nem pense em fazer isso. – Seiya se levantava com uma expressão séria e determinada. Os dois anjos, por um minuto, param de prestar atenção em Seika e fitam Seiya. Ao se levantar, ele entra em posição de luta e reproduz os movimentos que recriam a constelação de pégaso. Teseu e Odisseu pareciam curiosos.

— Tomem isso!— Proferia Seiya. Os golpes desferidos eram como os meteoros de pégaso, porém dez vezes mais fraco. Como resultado, a energia desferida foi ridiculamente desprezível e nem sequer chegou perto dos Anjos ou de gerar os legítimos meteoros.

— O que? O que está acontecendo? Eu não sinto o meu cosmo, é como se toda a minha energia tivesse se esvaído de mim.— Seiya ficou perplexo.

— Patético. Esse foi o homem que derrotou os maiores deuses do Olimpo?— Desdenhou Odisseu. – Acabou a brincadeira.

Seika, que estava com uma ferida no rosto por conta da queda no chão provocada por Teseu, se coloca no caminho entre Odisseu e seu irmão com os braços abertos. Ela não pretendia deixar o Anjo celeste chegar até ele.

Então você vai continuar insistindo em proteger esse homem pecaminoso? Foi você quem escolheu isso.— Odisseu cria uma lança de energia em sua mão e arremessa na direção de Seika. Seiya arregala os olhos com o que estava presenciando. A lança de energia perfura a barriga de Seika que cospe sangue e desaba no chão instantaneamente.

Ao ver aquilo, os olhos de Seiya se arregalam. Seu cosmo explode como nunca e o envolve com uma intensidade jamais vista. Sem pensar duas vezes ele desfere um raio azul, com o punho, que desintegra Odisseu sem chance alguma de reação. Teseu, impressionado, avista duas asas de pégaso no corpo de Seiya, feitas de cosmo-energia. Ele aparentava estar possuído, com os olhos azuis e seu corpo envolto de cosmo.
— Agora eu entendo.— Comentava Teseu consigo mesmo enquanto estava agachado e com a mão no seu braço direito, que foi ferido de raspão com o golpe que pulverizou Odisseu.

— É por isso que o Olimpo teme você. Você não, vocês. Eu vou me retirar agora, esse homem está em um outro nível, não conseguirei derrotá-lo com ele nessa espécie de transe. — Analisou Teseu com cuidado. O anjo celeste abre rapidamente um portal e se vai.

Vendo que o Anjo foi embora, Seiya olha para sua irmã e o seu estado de transe se desfaz. Ele vai de encontro a Seika, caída, desesperadamente. Ela estava inconsciente e Seiya não se perdoou.

— A minha irmã quase perdeu a vida por minha causa— Algumas lágrimas escorriam do seu rosto. — Se isso continuar, Seika vai acabar sendo envolvida nisso por minha culpa. Eu preciso voltar ao santuário.


Santuário de Atena, Grécia.

O Santuário de Atena é a base do exército da deusa. Situa-se na Grécia, nos arredores da cidade de Atenas e sua localização é de difícil acesso para pessoas comuns, pois fica em uma região montanhosa, com desfiladeiros e montanhas. Existem doze casas no caminho até a sala do Grande Mestre, cada uma protegida por um Cavaleiro de Ouro. A única forma de chegar no Templo de Atena é seguindo esse caminho. Esse Templo é um grande salão que possui uma estrutura bem tradicional e um grande trono. Saori Kido, a deusa Atena, estava sentada em seu trono. Ela pensava em algo que claramente a importunava naquele momento. Saori usava um vestido branco e nenhum calçado nos pés.

Já fazia muito tempo que uma frase não saia de sua cabeça. – “Mais cedo ou mais tarde, você atrairá a irá do nosso grande senhor”.— Essas eram palavras a irmã de Atena, Ártemis, a deusa da caça e que era associada a lua, uma Olimpiana. Ao acabar de pensar pela milésima vez nas palavras de sua irmã, Saori se levanta e caminha pelo tapete vermelho de seu templo. Treze anos se passaram desde que regressou no tempo para destruir a espada de Hades. Após esse episódio, Saori se comprometeu a agir mais como uma deusa e menos como uma humana. Ela começou a reerguer o seu exército, aumentou o número de regras e trabalhou na elaboração de novos métodos para diminuir o número de mortes de seus Cavaleiros.

A maior parte das missões eram destinadas aos Cavaleiros de Ouro, enquanto a maior parte dos de Prata agora faziam a proteção do Santuário com o auxílio dos de Bronze. Por serem mais poderosos, os Cavaleiros de Ouro eram designados para realizar as missões. Dessa forma, as chances dela ser um sucesso e de mortes não acontecerem eram altíssimas. É permitido no máximo que dois Cavaleiros de Ouro saiam em missão, assim a defesa do Santuário não fica tão comprometida. Os Cavaleiros de Prata são distribuídos em pontos estratégicos de forma que dificulte a chegada de invasores até as doze casas. A segurança agora era tratada como prioridade.

De pé na entrada de seu Templo e no topo da escadaria, Atena observava o resto do Santuário com o seu báculo, que representa a deusa da vitória conhecida como Nike. Quando ia virar de costas e voltar para o seu trono, Saori nota que um Cavaleiro, trajando a Armadura de Ouro de Capricórnio, se aproximava subindo pelas escadas. No momento em que chega até Atena, o Cavaleiro se curva, retira o elmo e o coloca debaixo do braço.

— Senhorita Atena, me perdoe por incomodá-la.

Com um doce sorriso, Saori virou de frente para o Cavaleiro — Não seja bobo, você sabe que pode entrar aqui quando quiser.

Ainda na mesma posição, o Cavaleiro prosseguiu. — Como a senhorita já ficou sabendo, os boatos eram verdadeiros. Existe um grupo de Cavaleiros que estão se rebelando por não concordarem com o atual regime do Santuário. De acordo com nossas informações, o grupo é formado em sua maioria por Cavaleiros de Prata.

Saori franziu o rosto e segurou mais forte no báculo. Ela trabalhou muito nos últimos anos para evitar que esse tipo de coisa acontecesse, principalmente pelo histórico recente. A revolta de Saga é o principal exemplo.

— Isso não pode continuar. Finalmente conseguimos fortalecer e consolidar o nosso exército, fizemos de tudo. O Olimpo não vai demorar tanto tempo para agir e, até lá, precisamos estar preparados. A última coisa que precisamos é de uma rebelião interna.

— Sim, eu compreendo. Agora que o Santuário está começando a tomar forma novamente, com novos Cavaleiros e aspirantes, seria fundamental a presença de um Grande Mestre. É a peça que falta para auxiliar e comandar todos os Cavaleiros.

— Sobre isso.— Saori deu uma pequena pausa — Eu queria mesmo falar com você. A única pessoa digna e preparada o suficiente para assumir esse posto, não está interessada. Todos os meus convites foram recusados

— Se for quem estou pensando, é realmente muito difícil dele aceitar essa proposta.

Atena redireciona o seu olhar para a grande vista que ela tinha do Santuário, no alto da escadaria do seu Templo. – Além de ter sido treinado por Shion e Dohko, o seu nível de experiência e poder são muito acima de qualquer um. Ele é o único que pode ser o Grande Mestre. Eu quero que você vá pessoalmente até ele. Faça o convite e explique a situação. É a nossa última esperança.

— Sim, senhorita Atena. – Respondeu o Cavaleiro com a cabeça curvada e de olhos fechados – Nesse caso, não seria prudente chamar Seiya de volta para o Santuário?

Aquilo pegou Saori de supetão. Ela não esperava ouvir aquele nome. Faziam muitos anos que não falava com Seiya, e lembrar dele assim mexeu com ela.

— Não. Seiya está vivendo a vida que sempre quis. Eu não quero o forçar a lutar novamente. É melhor assim, vamos deixá-lo ser feliz.

Vilarejo de Belerofonte, prefeitura de Gifu, região de Chubu, Japão.

O Vilarejo de Belerofonte é uma pequena vila localizada na fronteira dos Alpes Japoneses, a uma hora de Takayama. As casas seguem o estilo gassho, construídas com madeira e com o telhado coberto por por plantas de arroz, trocado a cada cinco anos. No inverno, o vilarejo fica ainda mais bonito com as luzes noturnas iluminando os telhados cobertos de neve. A vila possui esse nome em homenagem a um dos grandes heróis da mitologia grega, Belerofonte, responsável por domar o Pégaso mitológico. Uma estátua com Belerofonte montado no Pégaso está situada no centro da Vila. Noventa e seis por cento do Vilarejo é composto por florestas e montanhas.

Em mais uma das belas noites no Vilarejo, um senhor contemplava o céu estrelado. Sentado em um belo jardim florido de uma casa, com cores vivíssimas, as estrelas cintilavam intensamente. Seu cabelo era curto e grisalho, possuía a pele clara e usava um quimono roxo escuro, um pouco aberto na área do peito e abdômen, amarrado com uma faixa branca na cintura e calçando sandálias. A sua roupa estava bem esfarrapada.

Um garoto aparentemente exausto, vindo da casa a qual o jardim pertence, enquanto se espreguiçava, se deitou ao lado do senhor que observava as estrelas, com as mãos abaixo da cabeça e de barriga pra cima. Suas mãos, aliás, estavam muito machucadas e seu rosto com dois curativos. Ele vestia uma blusa branca, calça vermelha e tênis. O seu braço direito é enfaixado do cotovelo até a mão e bem no meio do braço esquerdo há uma faixa, também branca. Seus olhos e cabelo eram castanhos, além de ter a pele clara, estatura média para sua idade e corpo levemente definido, apesar de ser magro.

— Hoje o senhor não pegou leve no treino em vovô.— Suspirou.

— Eu não posso pegar leve com você, Satoru. Se quer mesmo se tornar um Cavaleiro de Ouro, precisa se esforçar mais. – Ele se levanta, mas continua olhando para o céu. O seu neto que estava deitado, abre os olhos e esboça um tom mais sério, como se aquilo que acabou de ouvir o acertasse fundo.

— Eu sei.

— É amanhã, certo? Irá partir para o Santuário amanhã. Treino você desde os seus seis anos de idade. Agora que se passaram sete anos, chegou o momento de mostrar o que aprendeu durante todo esse tempo. O caminho até o Santuário é longo e complicado, pessoas comuns não conseguem entrar. Por conta disso, será o seu primeiro teste. O fato de você nunca ter ido lá e de ser japonês, é mais um obstáculo. Vai ser tratado como um estrangeiro. As coisas no Santuário são diferentes hoje, não são como na minha época. Resista. Lembre-se que os Cavaleiros são responsáveis por proteger a paz e a justiça na Terra. Nunca se esqueça disso.

Satoru também se levanta e concorda com seu avô

— Não vou te decepcionar.

— Agora vamos entrar, sua mãe já deve ter preparado a janta.


Em uma casa na Ilha de Taketomi

Seika estava dormindo em uma cama, coberta com um lençol vinho. O quarto possuía duas camas e um armário antigo ao lado da porta. Seiya também estava deitado, porém, na cama que ficava em frente a janela. Era noite e a luz lunar iluminava todo o quarto. Seiya vestia novamente o seu clássico visual. Blusa vermelha, calça lilás e tênis. Com os braços cruzados e um dos pés encostado na borda da janela, refletia sobre algo. O seu olhar não desgrudava da lua e continuava a apreciar a linda noite. A urna da Armadura de Pégaso se encontrava no chão e ao lado, uma carta em cima de uma escrivaninha que ficava perto da janela, próximo da cama de Seiya. Seika não foi atingida em um ponto vital e Seiya cuidou de seus ferimentos. De certa forma, se sentia culpado pelo o que aconteceu com a sua irmã e queria saber o porquê de ter sido atacado por Anjos.

— Preciso descobrir o que é que está acontecendo no Santuário. Coisas do meu passado voltaram à tona e a minha irmã quase pagou com a vida. Não posso permitir que algo aconteça com ela por minha causa. O que os deuses querem? Qual será a vontade deles? — Seiya olha para Seika e exterioriza um tom sério, nada poderia acontecer com aquela mulher. Era a única família que possuía.

— Desculpe por fazer isso com você Seika, mas não posso te envolver nisso.

Seiya pega a urna de sua Armadura, a coloca nas costas e abre a porta silenciosamente.

— Então, você vai partir?

Seiya se assustou. Ele não pensou que sua irmã acordaria tão cedo.

— Seika, me perdoe por...

— Tudo bem, não se preocupe, eu entendo.— Seika falava bem devagar e continuava imóvel, deitada e coberta. — Você precisa resolver isso, é um Cavaleiro e eu tenho orgulho disso. Só tome cuidado, eu amo você.

Uma lágrima escorreu nos olhos de Seiya. Ele se via dividido entre duas vidas.

— Eu também te amo. – Seiya dá um beijo na testa de Seika e sorri.— Prometo que quando essa história estiver resolvida, eu vou voltar.

Seika balança a cabeça consentindo. Seiya vira de costas, olha mais uma vez para sua irmã e se vai.

Coliseu – Santuário de Atena.

O Coliseu do Santuário de Atena é uma arena que é utilizada para lutas e treinamentos de aspirantes a Cavaleiros. Possui a estrutura de um anfiteatro. Assim como na maioria dos dias, o Coliseu estava lotado. Gritos eufóricos preenchiam todo o local. Diversos soldados rasos assistiam a luta que acontecia entre dois jovens, um rapaz e uma menina. Ambos vestiam roupas tradicionais para treinamento. O garoto possuía uma estatura mediana, pele negra e cabelos brancos. A menina era branca, de cabelos castanhos e com uma máscara rosa de visor transparente que ia até o seu nariz. Eles aparentavam estar disputando por algo, provavelmente o direito de ser um dos Cavaleiros de Atena. A garota arfava muito e estava de joelhos, com as duas mãos no chão e de cabeça baixa enquanto o rapaz a olhava de pé com um semblante tranquilo.

— Vamos lá Kin, do que adiantou todos esses anos de treinamento se você desistir aqui? — Se perguntava em seus pensamentos a menina. Ainda com muita dificuldade para respirar, ela vira a cabeça aos poucos e olha fixamente para um ponto da arquibancada, o ponto mais alto. Lá, encontrava-se a urna da sagrada armadura de Andrômeda.

— Até agora, ele não demonstrou qualquer domínio especial do cosmo. Está tentando me vencer apenas com força bruta, sem me dar espaço para contra-atacar. — Aos poucos, Kin se levantava. A plateia observava tudo atentamente, naquele momento um pequeno silêncio pairou. Todos achavam que a luta havia terminado.

— Você é insistente, menina. – Constatou o rapaz.— Vamos terminar com isso. Ele parte pra cima de Kin, que fechou os olhos e se concentrou. Ela estava elevando seu cosmo. Uma aura rosa a envolveu. O cosmo de Kin era harmonioso e reconfortante. O garoto ficou paralisado diante de tamanha paz de espírito que passou a sentir.

— Que sensação é essa?— Se indagava, gaguejando.

— Você me subestimou. Agora, vai pagar por isso. CORRENTE DE ANDRÔMEDA!!!— O público presente no Coliseu ficou impressionado com o fato de uma simples jovem estar usando uma das técnicas secretas de um dos Cavaleiros lendários. No entanto, obviamente, aquela não era a versão original da técnica e sim uma adaptação bem inferior. As correntes eram formadas pelo cosmo de Kin e atacaram seu oponente com toda a força. O garoto foi arremessado para o outro lado da arena e abriu um cratera em uma das paredes, fazendo com que algumas pessoas saíssem daquele local rapidamente. Ele estava inconsciente e derrotado.

O público foi ao delírio, os aplausos tomaram conta do coliseu.
— Eu consegui.— Manifestou Kin com um fino sorriso no rosto e mãos no joelho.
Ao olhar para o lado, ela avista uma mulher graciosa descendo as escadas e trazendo consigo a urna da sagrada armadura de Andrômeda, que vinha levitando atrás dela. Era Atena.

— Esse cosmo, eu...nunca vi um cosmo tão poderoso e bondoso antes. – Kin ficou sem reação. Ela não conseguia tirar os olhos da Deusa.

Os soldados que estavam na arquibancada se ajoelharam, todos ficaram em silêncio. Como o Santuário estava sem um Grande mestre, Atena entregava as armaduras para aqueles que a conquistavam merecidamente. Ela fazia questão.

— Meus parabéns, como você se chama?— Perguntou Saori, gentilmente.

— K-i-i-n.— Respondeu balbuciando um pouco.

— Kin, a partir de hoje eu te reconheço como um de meus Cavaleiros. No seu caso, uma de minhas Amazonas. E como é de justiça, eu lhe entrego a sagrada armadura de Andrômeda.— Kin esboçou um grande sorriso e se agachou par apreciar sua armadura, ela estava extremamente feliz e não conteve as lágrimas.

— Lembre-se que os Cavaleiros, desde sempre, têm lutado para manter a justiça e a paz na terra. A sagrada armadura só deve ser usada a serviço da justiça e nunca por motivos pessoais.

Kin olhou para Atena, se ajoelhou e consentiu com a cabeça. Ao testemunhar a cena, Saori sorri.

Vilarejo de Belerofonte.

Enquanto comia uma maça e com uma mochila nas costas, Satoru descia rapidamente as escadas do seu quarto. Ao dar um pequeno pulo para chegar logo no chão, ele nota uma pessoa em frente a porta de saída da sua casa, com a cabeça baixa e olhando uma foto. Satoru estranhou a cena e levantou uma das sobrancelhas, ainda com a fruta na boca. Quando prestou mais atenção, percebeu que era sua mãe Emiko. Ela usava um vestido florido e avental. Sua pele era clara e seus cabelos negros. Era uma mulher muito formosa.

— Mãe, a senhora está bem?— Pergunta Satoru, tentando entender o motivo de Emiko estar cabisbaixa. Inicialmente ela leva um pequeno susto, encostando o porta-retratos em seu peito e voltando sua atenção para Satoru.

— Filho? Eu não o vi chegando.— Respondeu de forma distraída e olhando novamente para a foto em suas mãos.  –Você já está indo, não é?— Enquanto questionava Satoru, seu olhar desviou para os lados com um semblante tristonho.

— Sim mãe. Eu vou.— Enquanto se aproximava de sua mãe, Satoru tentava descobrir do que a foto se tratava. — Está tudo bem mesmo?

— Sim, é só que...— Emiko aperta forte o porta-retratos, de olhos fechados. E então, Satoru finalmente consegue ver a foto. Nela, estavam sua mãe, seu avô Kazuo, uma garotinha, o próprio Satoru e um Homem. Imediatamente, ele recua dois passos e olha para sua mãe muito preocupado.

— Então é isso? A senhora não precisa...

— Não é “só isso”.— Emiko se expressa com firmeza na voz. — Eu perdi seu pai muito tempo atrás, é verdade. Seu avô, na minha infância, não esteve muito presente. Não o culpo, ele possuía diversas responsabilidades. Por isso, eu sempre quis dar para você e sua irmã uma vida normal. Uma vida diferente da que eu tinha. Eu nunca sabia quando meu pai iria voltar ou se ele voltaria. Era um pesadelo. E agora, vendo você partir para se tornar um Cavaleiro, me deixa aflita. Eu sei que é o seu sonho mas...me preocupo. Não quero te perder, filho.

Aquelas palavras tocaram Satoru profundamente. Ele sabia que aquela pessoa na sua frente era a que mais o amava no mundo. Ouvir aquilo trouxe ainda mais motivação. Satoru abraça sua mãe bem forte e a garante.

— Não precisa se preocupar, eu vou voltar. Te amo. – Os dois derramaram algumas lágrimas.

— Eu também te amo, meu fiho.

Após trocarem alguma palavras a mais, Satoru abre a porta e se depara com seu avô, imóvel no meio do jardim ao lado de uma menina, com seu quimono roxo e de braços cruzados. O dia estava ensolarado. Uma garotinha, que aparentava ter uns dez anos, se aproxima de Satoru e comenta. — Ele está assim faz umas duas horas. 

— Não me diga. – Ele dá algumas risadas. A garota era a irmã mais nova de Satoru, Naomi. Seus cabelos eram negros como os da mãe, assim como sua pele. A única diferença é de que o seu corte era curto, fazendo seus cabelos baterem nos seus ombros. Ela vestia uma blusa vermelha e saia branca.

— E então vovô, veio se despedir? – Pergunta de forma irônica

— Satoru, se quer mesmo ir até o Santuário, vai ter que me atingir com um golpe.— Kazuo desfaz os braços cruzados e avisa. — Naomi, Emiko, entrem por favor. Preciso ver até onde Satoru consegue ir.

— Ora papai— diz Emiko tentando fazer Kazuo mudar de ideia. — Deixe Satoru partir, você o treinou por sete anos. Não acha que ele já está pronto?

— Ele vai estar pronto quando eu disser que ele está. A vida de um Cavaleiro é imprevisível. Ele não sabe o que vai estar o aguardando. Para quem sonha em ser um Cavaleiro de ouro, os mais poderoso do exército de Atena, não deve ser problema ferir um velho como eu.

— Vale lembrar que esse “velho” foi treinado por Shion e Dohko.— Comenta Satoru enquanto tira a mochila das costas. — Está tudo bem mãe, eu já esperava por algo desse tipo. Então, devo te acertar apenas um golpe? Assim, você vai permitir que eu vá?— Kazuo apenas consente sem dizer uma palavra.

— Esperem!— Grita Naomi. – Irmão, eu sei que consegue. Quero que se lembre que você vai ser o Cavaleiro mais forte de todos!— Satoru deu um pequeno sorriso ao ver a inocência e doçura de sua irmã. Emiko e Naomi se afastam, dando espaço para avô e neto se enfrentarem. Os dois estavam sérios.

— Vamos lá então... – Diz Satoru com certo receio. Ambos se encaravam sem se mexer. O vento batia nas folhas, fazendo as árvores se arrepiarem e se renderem a dançar. Quando piscou os olhos, Satoru repara que seu avô já está em cima e antes mesmo de ter a chance de se defender, ele é acertado em cheio com um soco no rosto que o faz cuspir sangue, o lançando pra longe. Emiko e Naomi colocam a mão no rosto espantadas. Elas não costumavam assistir os treinamentos dos dois.

— Papai pegue mais leve!— Adverte Emiko.

— Cale-se Emiko!— Kazuo é inflexível. — Eu não posso tratá-lo a pão de ló. No Santuário vai ser muito pior, ele precisa estar preparado.

Satoru se levanta aos poucos, limpando a boca suja de sangue. Ele parte rapidamente para cima de seu avô desferindo vários socos. Kazuo não tem qualquer dificuldade em desviar dos golpes.

— É assim que pretende se tornar um Cavaleiro de Ouro? Os Cavaleiros de Ouro se movem na velocidade da luz. Comparado a isso, você não passa de uma lesma. – Kazuo acerta um chute no estômogo de Satoru que o faz cambalear. Nesse meio tempo, ele recebe uma sequência de socos e desaba no chão.

— DROGA SATORU!— Reclama Kazuo, embravecido. – Parece que todo o treinamento que recebeu durante esses anos não adiantou de nada!

Satoru estava caído, tentando entender a surra que recebia — É estranho. Nos últimos meses, nas nossas lutas, eu conseguia me igualar com ele em batalha. Ele está mais rápido. Será que não vi todo seu poder? Que idiotice a minha, é claro que não vi. Meu avô é um dos Cavaleiros de Prata mais poderosos que já existiram. Só não se tornou Cavaleiro de Ouro porque não quis. Algo que não entendo até hoje. Tudo bem, preciso me concentrar. Mesmo que eu eleve meu cosmo, não vou conseguir me igualar em velocidade. Ainda não estou no mesmo nível que ele. O que eu estou pensando? Não preciso pensar de forma tão pessimista assim. Quando Seiya e os outros subiram as doze casas, eram apenas Cavaleiros de Bronze. Obviamente não estavam no mesmo nível que os dourados, mas conseguiram superar cada obstáculo. Preciso aumentar minha velocidade e dar um sufoco no meu avô, mesmo sabendo que ele vai ser mais rápido. Dessa forma, posso pensar em uma estratégia para tentar neutralizar sua velocidade e diminuir essa desvantagem.— Satoru pensava em várias possibilidades de tentar fazer frente com seu avô.

— Levante-se! – Ordena Kazuo.

Satoru se levanta e eleva o seu cosmo. Uma aura azul o envolveu. Seu rosto estava sangrando bastante. Kazuo o observava. Ao ir para cima de seu avô, Satoru finge que vai desferir um soco mas alterna para um chute no lado o oposto, exatamente para onde Kazuo se desloca com sua velocidade. Ele adivinhou o local exato. Anos de treinamento fizeram com que Satoru descobrisse alguns “atalhos” e manias do avô. Kazuo não é acertado pelo chute, mas recebeu todo o impacto nos braços quando os usou para se defender. Satoru concentra uma energia azul nas mãos e dispara, mas Kazuo desvia.

— Finalmente está levando a sério. – Satoru ficou calado, apenas ouvia as palavras de seu avô. Ele sentia que estava no caminho certo.

Preste atenção, eu vou usar uma técnica especial agora. Se você não conseguir desviar dela, não irei permitir que vá para o Santuário hoje e seu treinamento será retomado.

O olho de Satoru brilhou, aparentemente ele pensou em alguma estratégia. Emiko tentou rebater a decisão do pai, mas ao receber um olhar de Kazuo ela recua e fica calada. Naomi estava um pouco assustada e abraçava a perna da mãe. Sem dar tempo para seu avô, Satoru desfere diversos socos e chutes na tentativa de encontrar uma brecha. Em uma dessas tentativas de golpear Kazuo, Satoru propositalmente gira e recebe uma golpe de seu avô no ombro. A mão dele entrou e ficou cravada. Era como uma espada afiada. Satoru range os dentes de dor mas se segura. Ele segura o braço de Kazuo e acerta um soco bem forte que o arremessa longe. Naomi deu um pulo de alegria. Emiko até pensou em repreender, mas ficou feliz por seu filho.

Após acertá-lo, Satoru fica de joelhos e coloca as mãos no ombro. O ferimento não foi tão grave, até porque Kazuo não seria tão precipitado ao ponto de machucar seu neto seriamente.

— Você trapaceou, Satoru. Eu disse que se eu te acertasse um golpe, seria o fim da luta. No entanto, notei que foi apenas uma estratégia sua para me acertar. Inclusive, um dos Cavaleiros lendários a usou na batalha das doze casas. Com toda certeza você tirou bom proveito das histórias que te contei. Emiko, pegue a taça de minha armadura e minha caixa médica. Eu vou curar esse ferimento de Satoru.

Em alguns segundos, Emiko pega a taça da armadura de seu pai e a leva até ele. — Aqui está. Satoru vai ficar bem?— Ela pergunta, preocupada com o filho.

— Vai sim. Não foi um corte profundo, eu não sou louco. – Enquanto falava, Kazuo entregava a taça da armadura para o neto e preparava um curativo. — Beba Satoru. Como você sabe, ao beber a água você ficará curado. – Kazuo foi o Cavaleiro de prata de taça. Satoru bebia a água e sua irmã apertava a sua mão preocupada.

— Está tudo bem, já me sinto melhor. – Satoru se sentia revigorado. Ele dá um pulo, fica de pé e se espreguiça. — Já posso ir, vovô?

— Pode sim.

Satoru dá um beijo em Naomi e Emiko e pega sua mochila. — Espere filho, não quer descansar um pouco?

— Não mãe, obrigado. Eu estou de sangue quente, quero aproveitar essa luta que tive com meu avô para chegar mais rápido no Santuário. Estou indo, eu dou notícias! Amo vocês!

— Tome cuidado, Satoru. Lembre-se de tudo que aprendeu.— Aconselha Kazuo

— Pode deixar. Não vou te decepcionar.

— Eu sei que não.

Naomi abraça o irmão e deseja boa sorte.— Dê o seu melhor, eu te amo! Quando virar um Cavaleiro me mostre sua armadura! – Satoru sorri e beija o rosto de sua irmã – Eu prometo.

— Filho eu...preparei esse lanche pra você. Assim que chegar, fale com a gente. Te amo – Emiko entrega um pacote pra Satoru que o recebe e agradece.

— Eu também te amo, mãe. Obrigado.

Satoru se despede de sua família e segue seu caminho em direção ao Santuário. Kazuo, Emiko e Naomi ficam o observando por mais algum tempo e quando ele enfim desaparece no horizonte, começam a caminhar para casa. Naomi percebe que seu avô não estava andando e o chama.

— Vovô, você não vem?

— Sim, eu vou minha neta. Pode ir na frente.

Kazuo fica parado por mais alguns minutos, ainda observando o seu neto que partiu. Depois de algum tempo, ele esboça um sorriso discreto e começa a caminhar pelo jardim para entrar em casa quando um Homem o chama.

— Mestre.

Kazuo olha para trás e se surpreende com a pessoa em questão. Ela estava ajoelhada e com uma urna de armadura nas costas.

— Você? Mas o que...

— É uma situação de emergência.

 


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo ficou enorme, admito. Ainda mais por ser o primeiro. Tentei de diversas formas encurtá-lo mas não consegui. Todos os elementos nele são essenciais. Espero não afastar muitos leitores logo de cara por conta do tamanho do capítulo. No entanto, acho que é inevitável. E se você teve a paciência de chegar até aqui, muito obrigado :)

Próximo capítulo: Capítulo 2 - Título indefinido.



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