Último ano do ensino médio, último ano estudando juntos.

Uma amizade que vinha desde a barriga, Tenten e Neji estiveram juntos desde que se lembravam, seus pais eram amigos e as datas de seus nascimentos eram bem próximas. Sendo ela um pouco mais velha que ele. 

Começaram juntos na creche, juntos estavam até hoje. E daí, por fim, se separariam. Os anos juntos fizeram um sentimento bem puro e transparente crescer no coração da jovem, mas aquela semente só brotou pra ela mesma, pois nunca sequer demonstrara interesse pelo rapaz. Ela gostava de olhá-lo de longe, apesar de estar sempre perto. Ela preferia não ter a ilusão do seu primeiro amor quebrada. Então cultivava aquele sentimento em silêncio. Sempre se empenhando em mantê-lo por perto. Entretanto, agora era diferente. Ele iria embora... e ela não podia fazer nada à respeito. 

Não poderia impedi-lo de sonhar, tampouco de realizar um. Justo ela que sempre o incentivou. Então ela guardava pra si a dor da ideia que a partida dele traria. Enterrando seu coração e regando aquela sementinha de sentimento com as próprias lágrimas quando a hora chegasse.

Era ano de vestibular, Neji tinha conseguido uma vaga em uma das melhores universidades do mundo, a Universidade de Harvard. Ele cursaria Astronomia. Não era à toa que era um gênio, e ela tinha muito orgulho dele. Muito mesmo. Porém, ela continuaria lá, entraria para Física pelas provas se tivesse sorte. 

Infelizmente Tenten tinha esse grande problema pra enfrentar, além de seus sentimentos. Seus pais eram Físicos renomados, se conheceram na universidade também, e consequentemente acabaram empurrando a filha pra isso. Mas o que ela gostava mesmo era das letras, filosofia. Tenten tinha um amor roxo por frases, textos e momentos que aos olhos de muitos, pareciam normais, mas que pra ela era digno de ser vivido, aproveitado e, principalmente, escrito. Escrever era sua paixão, a segunda. Mas ninguém precisava saber. Neji sempre dizia: "curse Filosofia, Tenten... ou Letras, você é boa nisso". Entretanto a jovem Mitsashi não tinha coragem de desapontar os pais com a notícia de que era apaixonada por algo totalmente oposto ao que eles esperavam. 

— Tenten. — ah, ela adorava quando ele falava seu nome. Até naquele timbre repreensivo que ele usava pra lhe dar broncas às vezes. Tentando colocar juízo na cabeça da menina. Era mesmo bem bobinha em relação aos sentimentos pelo melhor amigo, embora soubesse disfarçar muito bem. Acreditava com unhas e dentes que ele jamais desconfiaria. — Atrasada, de novo? — repreendeu, com aquela voz séria, altiva e aqueles lindos cabelos presos num rabo de cavalo no meio das costas. Ela quase podia suspirar, como as calouras do primeiro ano faziam.

Hyuuga Neji estava parado no fim do pequeno lance de escadas do corredor do pátio, esperando a boa vontade da melhor amiga em descer para irem juntos à sala de aula. Seu olhar era sério, sinal que a bronca viria logo em seguida.

Ele meio que tinha esse costume de cuidar dela, como se ela fosse quebrar. Era bem protetor, na verdade. A verdade é que Tenten às vezes era um pouco desligada, era esses lances de filosofia, ela dizia. Ficar nas nuvens... mas o motivo mesmo era ele. Ah, droga, suspirou de novo.

— Já vou! — começou a descer os degraus correndo.

— Não pode ficar se atrasando assim, são as provas finais... se perder alguma delas, irá ter que cursar o terceiro ano outra vez. — ele bronqueou dando as costas e caminhando pelo extenso corredor para a sala que compartilharam juntos o último ano. Ela o seguia de perto.

A ideia de repetir tudo outra vez fez um arrepio de horror percorrer o corpo da morena, o simples pensamento de ter que fazer tudo outra vez lhe apavorava. Mais até, talvez, do que ter que se separar dele. Mas a verdade é que esse pavor todo se dava pelo fato dela saber que se repetisse, ele não estaria lá. Neji era inteligente como ninguém ali, por vezes se dividia entre estudar os assuntos da faculdade e salvar a pele da melhor amiga nos próprios estudos.

Sim, ele pesquisava assuntos que nem havia começado a estudar ainda. Nerds, tsc.

Ela caminhou atrás dele, meio cabisbaixa. Por trás do Hyuuga, ela demonstrava um pouco como se sentia. Apesar de serem melhores amigos desde a barriga, ele não sabia muito bem o que se passava com ela. E o motivo era ela mesma, já que não falava. Tenten tinha medo do rapaz perceber seus sentimentos. Ela já tinha afundado a ideia de se tornar algo mais pra ele há algum tempo, depois da faculdade então... isso se tornou um sonho distante. Neji viveria outras experiências, conhecerias pessoas novas. Talvez até esquecesse dela. E pensar nisso partia seu coração.

Na sala de aula, ela ignorava a revisão do professor de Química pra admirar um pouco o gênio em pessoa. Ele sentava na primeira fila, é obvio. Ela sentava um pouco mais atrás, na terceira ao lado da dele. Tudo isso pra ficar admirando-o. Achava gracioso e um pouco sexy a forma como suas sobrancelhas se franziam quando tentava buscar entender o que tanto o homem que falava à sua frente dizia, achando soluções naquela tabela periódica. Ou quando ele mordia o lábio sentindo alguma dificuldade na questão... até mesmo quando, em momentos raros, ele prendia o cabelo todo no alto da cabeça. Ah céus, seus feromônios adolescentes iam à loucura. E o do resto da sala também, pro seu desgosto.

Tenten era privilegiada, pensava. Apesar de tudo, ela era a pessoa mais próxima a ele. Ela tinha o número dele; Ia à casa dele — já que são vizinhos —; E até poderia dizer que se dava ao luxo de atrapalha-lo em seus estudos quando também não queria estudar. 

Apesar de seus dezesseis anos bem vividos, Neji nunca se interessou por alguma garota. Porém, ela sabia que essa realidade poderia mudar à qualquer momento. E a simples ideia de ter que conhecer a nova namorada do Hyuuga era tortuosa demais pra pensar. Como seria a garota? Como seria o tipo dele? De que tipo de garota Hyuuga Neji gostava? Inteligentes, sem dúvida. Talvez acontecesse dele encontrar uma garota gênio na faculdade, igualzinha a ele. E isso a fazia querer chorar. Quantas vezes não teve que mentir pra ele que estava bem? Mesmo sabendo que suas ações e seu mau-humor diziam o contrário? É tpm, ele dizia... bom, é melhor que pense assim...

Naquele mesmo dia, na cantina, a situação estava uma zorra. O Hyuuga não costumava comer na escola, mas acompanhava a melhor amiga que tinha a fome de uma leoa. Ele pouco estranhava quando, em dias como aqueles, ela mal tocava na comida. Na verdade ele parecia muito alheio à tudo, e isso a entristecia um pouco. Tenten não queria que o rapaz notasse o que ela sentia em relação à ele, mas lhe deixava triste o pensamento dele lhe notar tão pouco que nem pra prestar atenção naquilo ele o fazia.

Uma breve guerra começou, de comida. A Mitsashi se levantou horrorizada ao ser trazida bruscamente de volta a realidade quando pedaços de almondegas e peixes passavam voando pela sua cabeça.

— Mas que... — ela se calou antes de pronunciar um palavrão. Olhando pra todos os lados perplexa. 

Percebeu tarde demais quando um pedaço de pudim voava em sua direção, e só não foi acertada em cheio porque o Hyuuga colocou a bandeja à sua frente bem a tempo. Olhou perplexa a peça metálica diante de seus olhos, piscando.

— Vamos, Tenten... ou ficaremos em detenção por isso. — ele se levantou, pegando seus materiais. Sim, Hyuuga Neji era o único nerd o suficiente ali pra levar estudos pra área de alimentação. — Tenten!? — mas a Mitsashi ainda estava aérea, parada.

E ele se viu obrigado a puxar o braço dela, levando-a pra fora dali. Saíram bem a tempo da diretora chegar, e como previsto pelo rapaz, todos eles ficaram em detenção e perderam pontos nas provas.

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— Você!? Vai pra lua? — esnobou apontando pro Hyuuga que andava mais à frente. Enfim as provas haviam terminado, agora era só esperar o resultado que sairia na semana seguinte.

— Vou! Ou talvez pra Marte! — exclamou, com um sorriso de canto. Seria histórico, ele faria história. Ela riu colocando a mão sob o peito. Falar de Astronomia era o único momento onde o Hyuuga parecia mais um humano com sonhos do que um prodígio superinteligente. Ele sonhava alto, ela reconhecia. Já Tenten só queria um quarto com uma varanda e uma rede, pra poder se inspirar e criar suas estórias. Ler um pouco... é, eles eram bem diferentes. Pensou, perdendo o sorriso aos poucos. — Tenten... você duvida de mim!? — ele virou-se, questionando-a. 

A Mitsashi mais alheia ergueu os olhos castanhos um pouco perdida, fitando intensamente aquelas orbes brancas, límpidas e maravilhosas. Nelas haviam tanta esperança, uma vontade de mostrar isso pro mundo... e algo mais.

Sorriu.

— Eu acredito que você é capaz de qualquer coisa, Neji. — afirmou, convicta. Tinha fé nele. Apesar de tudo. Se Hyuuga Neji não conseguisse, ninguém mais conseguiria. E o sorriso que ele lhe deu em troca foi a coisa mais linda, o sorriso mais lindo que já viu.

Sentiu seu peito acelerar, sua respiração ficar mais curta e rápida e o estômago se revirar por completo. Ele nunca tinha sorriso assim, não com esses olhos lindos que pareciam brilhar também. Ela teve ainda mais fé nele, e ficou ainda mais triste por saber que seu amigo era só isso mesmo. Tudo bem, alguns amores são feitos pra acontecer, outros, só pra existir.

Deu de ombros, de um jeito gentil e leve que ele achou gracioso.

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— Eu passei... — sussurrou consigo mesma, os punhos comprimindo os dois lados de sua face, perplexa. 

Desacreditava do resultado final, exposto em uma tabela bem à sua frente. E em terceiro lugar. Perdendo apenas pra uma garota de outra sala e pro próprio Neji, que estava em primeiro.

Estavam em frente ao resultado das provas finais, aquela lista era em ordem das melhores notas da escola inteira. E ela, Mitsashi Tenten, estava em terceiro lugar. Terceiro.

Enfim, enfim havia concluído o ensino médio. E com êxito.

— Parabéns, Tenten. Não tinha dúvidas de que conseguiria. — uma mão tocou sua cabeça, afagando seus cabelos. Ela olhou pra trás com os olhos cheios de lágrimas, vendo a imagem do melhor amigo sorrindo orgulhoso pra ela sem mostrar os dentes. Olhando-a daquele jeito, de novo. — Com essas notas poderá pegar uma bolsa e fazer Letras ou Filosofia, até Literatura se quiser. — ele falou, retirando a mão das madeixas da Mitsashi e colocando-a em seu bolso. Ela sorriu com a ideia, para então se lembrar da realidade, não poderia cursar nada daquilo.

Ele se virou, era a última semana de Neji ali.

Ele iria antes para Cambridge, preparar tudo pro início de suas aulas. Harvard, Neji iria pra Harvard. Ela não poderia estar mais orgulhosa dele. E quando ele fosse pra Lua, ou pra Marte, ela poderia dizer: o meu melhor amigo já visitou a lua. Ou Marte. Talvez ela pedisse pra ele levar seu nome escrito num papel, assim poderia levar um pouco dela também. Mas isso era coisa pra mais futuro, agora, o que devia fazer, era aproveitar os últimos dias do melhor amigo ali. Daí, então, só se veriam em alguns anos... ou até mais.

Pensava com a respiração cortada. A ideia cortava seu coração, sua alma. Ainda teria o número de Neji, mas não poderia mais ir até à casa dele, não para vê-lo, pelo menos. Muito menos atrapalha-lo em seus estudos. Ela não teria mais seu melhor amigo por perto. Se perdesse tempo fofocando pra entrar na sala, ninguém iria lhe chamar a atenção. Ninguém a protegeria de pudins voadores e muito menos deixaria de fazer algo tão importante pra si quanto estudar, pra ajudá-la nisso. A partir daí, era ela por ela. Sozinha. 

— Tenten... por que está chorando!? — questionou o Hyuuga, virando-se. 

Só então a Mitsashi percebeu que seu rosto estava molhado, sua visão completamente embaçada. Ela já não conseguia mais esconder a dor que o simples pensamento da ausência dele causava. Sorriu fraco, forçado. Dando de ombros daquele jeito gracioso. Sei lá. Respondeu.

Ele se virou pra ela completamente:

— Ei... ainda vamos nos falar, tá? E eu prometo vir te visitar nas férias. — jurou, tocando seu rosto com a ponta dos dedos. Ela ergueu os olhos pra ele, parando de chorar, embora os olhos permanecessem imersos em gotas salgadas. Olhando bem o melhor amigo, apreciando a visão.

É, talvez Neji a conhecesse mais do que ela imaginava. Ela sorriu fraco, de novo. Triste, mas um pouco mais alegre. Só um pouquinho.

Ele cumpriria sua promessa, ela tinha fé.

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Ela não podia acreditar no que estava acontecendo. Seu melhor amigo, seu primeiro e único amor, estava indo embora. Estava mesmo. Ela estava parada no portão de embarque do aeroporto com o coração na mão. Hyuuga Neji já havia feito seu check-in, por que tão cedo, Neji? Se perguntava.

Ele estava ainda mais bonito que o normal, talvez fosse o brilho em seus olhos, a felicidade estampada de estar realizando seu maior sonho. Ele iria mesmo cursar Astronomia, e seria um astronauta incrível, sem dúvidas. A NASA não tinha ideia da sorte que teria em alguns anos.

Já ela, ela havia sido sortuda até então, não se achava mais. Havia perdido ele, e mesmo com o coração em frangalhos, estava feliz por vê-lo feliz.

Embora com o coração submerso em uma tristeza profunda, a morena ficava feliz demais por vê-lo alcançar aquilo que almejou desde sempre. E isso era mais do que verdade. Ela estava triste, mas estava feliz por isso. Contraditório, mas real. Seu melhor amigo e amor secreto, estava bem, ela não podia pedir mais nada. Só torcer pelo sucesso iminente dele, algo que ela conseguia enxergar com clareza sempre que o olhava. 

Deu-lhe um último abraço, um bem forte, apertado. Colocou todo seu coração e amor que sentia naquele aperto. Ficou na ponta dos pés, afundou o rosto em seu pescoço, deitou um pouco a cabeça em seu ombro. Sentiu seu cheiro pela última vez... descobriu seus sentimentos pelo amigo ainda muito nova, e o regou e o guardou por todos esses anos. Anos de ouro, que lembraria com muito carinho, com certeza, mas que agora ficariam pra trás.

Embora promessas tenham sido feitas, ela sabia que suas vidas agora partiriam por caminho distintos, e que no futuro, eles seriam só velhos conhecidos. 

Pensando nisso, começou a chorar outra vez, em seu ombro. Sentindo o abraço apertado do rapaz. Ele não disse nada, apenas a abraçou. Talvez ele enxergasse isso tanto quanto ela, que nada dura pra sempre. Nada. Um dia, ela encontraria alguém e se apaixonaria de novo, se casaria. Ele poderia finalmente encontrar uma garota. Legal, ela esperava. Talvez uma caloura na faculdade, como seus pais. Enfim, suas vidas e momentos seriam só lembranças, e algumas fotos.

Ainda assim, ela agradecia de todo coração por tê-lo tido ao seu lado durante tanto tempo.

— Vê se não se atrasa, tá!? — pediu o rapaz, ainda abraçado a garota. Ela percebeu sua voz mais grave, mesmo duvidando que ele estivesse chorando. Assentiu.

Ela respirou fundo, controlando o choro. Afastou-se rapidamente, virando-se antes que ela pudesse ver seu rosto mais uma vez. E ela sentiu como se algo muito importante lhe fosse tirado naquele momento. Seu coração, talvez.

O Hyuuga deu um último aceno, as caixas de som ressonaram a última chamada pra Massachusetts. Ela acenou mais uma vez, mesmo que ele não pudesse vê-la, vendo-o se afastar cada vez mais. Cada passo dado pra mais longe era mais doloroso pra morena, era mais difícil respirar. Você vai ficar bem. Lembrava-se da mãe dizer. Sua mãe e sua confidente, a única que sabia do amor secreto que cultivava pelo amigo desde o fundamental. Não, mãe. Ela não sabia se ficaria.

Os pés nervosos, uma inquietação incomum dentro do peito que agoniava todo seu corpo. Com os olhos cheios d'água e o rosto banhado pelas lágrimas. Queria pedir pra ele não ir ou talvez levá-la com ele. Mas ela sabia que seu lugar era ali, porquê finalmente, graças à ele, ela teve coragem de dizer aos pais que seu sonho era ser uma escritora famosa, e não cursar Física. Graças a ele, tudo graças a ele. E agora, seria graças a quem?

O Hyuuga moveu a cabeça, e parou, ela não conseguia ver sua expressão já que estava de costas. E mesmo que não, ela duvidava enxergar algo com a visão tão embaçada assim. Limpou com as costas das mãos as gotas salgadas, bem a tempo de ver o moreno girar os calcanhares e vir em sua direção.  Apressado. Tenten achou que ele fosse dizer algo, talvez houvesse esquecido alguma coisa.

Mas ele a beijou.

O mundo interno da morena parou. O pequeno mundinho de Mitsashi Tenten parou naquele momento. Uma explosão aconteceu dentro de si. Ele, Hyuuga Neji, o cara mais incrível e bonito que já havia conhecido em sua vida e seu amor há mais tempo que lembrava, lhe beijou. Era um selinho apenas, mas era importante. Ele estava de olhos fechados e ela podia ver seu cenho franzido, fechou os seus lentamente ao sentir o toque quente da mão do rapaz em seu rosto e a outra em sua nuca. Seus lábios lhe tocavam com carinho, apaixonado. Como toda garota sonhava. Foi seu primeiro beijo. Seu primeiro e melhor beijo da vida, porque nem em seus maiores sonhos, ela pensou ter um beijo tão bom assim. Mesmo com ele. Porque foi ele quem a beijou, foi ele. Ela pouco podia aguentar. 

Sentia sua língua tocando a sua, assim que abriu a boca lentamente, o hálito de menta e o roçar suave de um lábio no outro. Em êxtase. Sua única reação era corresponder. Correspondeu como pôde. 

Suas mãos tremiam, as pernas estavam moles e o estômago do avesso. Toda aquela conversinha clichê que ela via em filmes românticos, era real. E era maravilhoso.

Ao fim do beijo, ele se afastou lentamente, e ela abriu os olhos assim que o contato se desfez. Talvez quisesse se certificar de que não estava louca, e não estava. Via o rosto de Neji ainda bem próximo ao seu, se afastando devagar. A expressão dele era calma, feliz, seus dentes se mostravam num sorriso bem preguiçoso que ela nunca tinha visto antes. E que já havia se tornado o seu preferido, o mais lindo. De olhos fechados, como se não acreditasse no que havia acabado de fazer.

Respirou fundo, aspirando seu cheiro... e quando os abriu, encontrou os castanhos de Tenten fitando-o intensamente. Sentindo o próprio coração acelerado. Ele não podia, em hipótese alguma, entrar naquele avião sem fazer isso. Sem mostrar pra ela um pouco do que, há muito tempo, vinha guardando em seu peito. Mas que nunca soube expressar em palavras. Então apenas cuidava dela, cuidava como podia. Era sua forma de se expressar. Finalmente.

O tempo era curto, mas ele queria que ela ficasse ciente que uma parte dele também ficava ali. Da mesma forma que levaria um pedacinho dela.

Tocou sua testa na dela, sorrindo mais.

— Me espera, tá? — olhou no fundo de seus olhos, pedindo.

Deu um beijo em sua testa, e partiu.