Filhos da Noite escrita por CM Winchester


Capítulo 5
Capítulo 4 - SUSTO




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/781711/chapter/5

Resolvi que não fazia mal ir ao cinema, mas me arrependi no mesmo momento. O filme era uma droga. E a companhia de Vee pior ainda. Depois do cinema fomos até a biblioteca.
Vee abriu um pacote de chips coloridos e eu peguei uma bolacha recheada da mochila.
— Quer um pouco? - Vee perguntou para Nora.
— Não obrigada. - Vee olhou para dentro do saco.
— Se você não vai comê-las, eu terei que comer. E eu realmente não quero.
— Se não quiser, eu como. - Respondi.
— Mas você já tem bolacha.
— Como isso depois das bolachas. Ou antes. - Dei de ombros.
Ela estava em uma dieta de fruta. Três frutas vermelhas, duas azuis e várias verdes. Ela ergueu um chip de maça.
— Que cor? - Nora perguntou.
— Verde-maça-de-fazer-vomitar-ovas-de-peixe. Eu acho.
— Por que não come frutas de verdade? - Perguntei e ela fez careta.
De repente Marcie Millar sentou na beirada da mesa. Ela era a única aluna do segundo ano que estava no time de líder de torcida o que era histórico. Ela era uma vadia. Como sempre usando micro roupas e um quilo de maquiagem para esconder as sardas.
— Oi, Gigante. - Marcie falou para Vee.
— Oi, Aberração.
— Minha mãe está procurando por modelos esse final de semana. O pagamento é nove dólares por hora. Pensei que você poderia estar interessada. Ela está tendo muita dificuldade em achar modelos de lingerie plus-size.
— Você tem comida presa nos seus dentes. Na fenda entre os seus dois dentes da frente. Parece com o chocolate... - Marcie lambeu os dentes e levantou da mesa.
Ela se afastou e Vee enfiou seu dedo na boca fingindo que iria vomitar.
Uma coisa que Vee e eu tínhamos em comum, além de Nora era o ódio por Marcie Millar.
— Ela tem sorte de estarmos na biblioteca. - Vee falou. - Ela tem sorte de não termos nos cruzado em um beco escuro. Última chance, quer chips?
— Passo.
Vee se afastou para ir colocar fora os chips. Enquanto eu comia a minha bolacha ficava observando o que Nora ia escrevendo na sua resenha sobre o filme.
— Pensei no que conversamos no almoço. - Murmurei e ela me lançou um olhar.
— Sobre?
— Sobre tocar violoncelo.
— E?
— Você tem razão. Eles ficariam orgulhosos de mim.
— Então você vai voltar a tocar? - Ela se virou para mim me encarando com expectativa.
— É. Eu acho que sim. - Nora sorriu abertamente e se inclinou me abraçando.
— O que eu perdi? - Vee perguntou.
— Nada. - Respondi.
Ela sentou ao nosso lado segurando um livro de romance.
— Algum dia seremos nós. Arrebatadas por caubóis parcialmente vestidos. Me pergunto como é beijar um par de lábios queimados pelo sol e com crostas de lama?
— Sujo. - Nora respondeu voltando a digitar.
— Nojento. - Respondi.
— Falando em sujo. - Vee falou. - Lá está o nosso menino.
Lancei um olhar para Patch parado em pé no outro lado da sala na fila de empréstimo. Ele lançou um olhar para Nora.
— Vamos. - Nora falou fechando o laptop e colocando-o dentro da pasta.
— Estou tentando ler o título que ele está segurando... Espera aí… Como Ser um Perseguidor.
— Ele não está emprestando um livro com esse título.
— É esse ou Como Irradiar Sensualidade Sem Tentar.
— Shh!
— Acalme-se, ele não consegue ouvir. Está falando com a bibliotecária. Ele está indo embora.
Nora voltou para sua cadeira e começou a fingir que procurava algo nos bolsos so para não encontrar com Patch na saída. Muito corajoso da parte dela.
— Você acha que é sinistro ele estar aqui na mesma hora que nós? - Vee perguntou.
— Você acha?
— Eu acho que ele está te seguindo.
— Eu acho que é uma coincidência.
— Pare de ser idiota, Vee. - Falei. - Deve ter sido só coincidência mesmo.
— Patch! - Vee sussurrou. - Você está perseguindo a Nora? - Nora colocou a mão na boca dela.
— Para com isso. Falo sério.
— Aposto que ele está te seguindo. - Ela forçou a mão de Nora a sair do seu rosto. - Aposto que ele tem um histórico disso também. Aposto que ele tem medidas cautelares. Deveríamos entrar escondidas no escritório principal. Tudo deve estar na ficha estudantil dele.
— Não vamos entrar escondidas no escritório principal.
— Eu podia criar uma distração. Sou boa em distrações. Ninguém veria você entrar. Poderíamos ser como espiãs.
— Não somos espiãs.
— Sabe o sobrenome dele?
— Não.
— Sabe alguma coisa sobre ele?
— Não. E eu gostaria de continuar desse jeito.
— Ah vamos lá. Você ama um bom mistério e não fica melhor que isso.
— Os melhores mistérios envolvem um corpo morto. Não temos um corpo morto. - Vee deu um gritinho.
— Ainda não!
— Patético. - Respondi pegando a minha mochila e seguindo para a saída.
Vee estacionou seu carro Neon horrível ao qual eu fui obrigada a entrar hoje. Ela parou em frente à sua casa e estendeu as chaves para Nora.
— Você não vai nos levar para casa?
— Muita neblina. Em algumas "partches" do caminho. - Vee sorriu.
— Ah cara. Ele está tão na sua mente. Não que eu te culpe. Pessoalmente estou esperando sonhar com ele hoje à noite. E a névoa sempre piora perto da sua casa. Me assusta depois de escuro. - Nora agarrou as chaves.
— Muito obrigada.
— Não me culpe. Diga a sua mãe para se mudar mais pra perto. Diga a ela que tem esse clube novo chamado civilização e que vocês deveriam se juntar.
— Suponho que espera que eu te pegue antes da escola amanhã?
— Às sete e meia seria bom. Café da manhã por minha conta.
— É melhor que seja bom.
— Seja boazinha com o meu bebê. - Ela deu um tapinha no carro. - Mas não boazinha demais. Não posso fazê-la pensar que tem melhor aí fora.
Nora deu a ré e começou a dirigir para casa. Coloquei meus fones de ouvido, mas deixei em um volume baixo para o caso de Nora querer conversar. Eu sabia que ela estava mais envolvida com seus pensamentos em Patch.
Começou a chover e abracei meu próprio corpo, pois meu moletom canguru não estava sendo suficiente. Nora acelerou mais.
— Onde é o limpador dessa coisa?
— Aqui. - Falei.
Mesmo assim não dava para ajudar muito. Nora parou no sinal amarelo depois foi para o cruzamento e foi então que algo bateu contra o carro e derrapou pelo capô.
Nora gritou pisando no freio e me segurei na porta. A pessoa bateu no para-brisa e Nora virou o volante para a direita, o neon desacelerou e nós giramos no cruzamento. A pessoa rolou pela beirada do capô.
Olhei na direção da pessoa. Ela estava agachada, mas não parecia estar machucada. Me inclinei para a frente enquanto franzia a testa e tentava ver o rosto dele. Recuei quando vi que ele usava uma máscara de esqui.
Ele ficou de pé e veio para o lado do motorista colocando as mãos na janela. Golpeou a janela.
— Nora. - Falei.
Nora tentou ligar o carro, mas o fez morrer de novo.
Tentou de novo e foi quando ele tentou arrancar a porta. A mão quebrou o vidro e tentou agarrar o ombro de Nora que gritou.
Tirei o cinto e avancei para ele com a palma da mão aberta, só senti a magia verde saindo da palma da minha mão e seu corpo foi arremessado longe. Nora gritou arregalando os olhos.
— Vamos! - Gritei e ela acelerou.
— O que foi aquilo?
— Um lunático. - Gritei tentando colocar o cinto de novo.
— Não. Você... Você lançou algo nele!
— Depois conversamos sobre isso, Nora.
Nora passou a nossa casa e deu a volta, voltando para o centro da cidade enquanto ligava para Vee.
— Algo aconteceu... Eu... Ele... A coisa... Do nada... O Neon...
— Está falhando. O quê?
— Ele surgiu do nada.
— Quem?
— Ele... Ele pulou na frente do carro!
— Ai, cara. Ai-cara-ai-cara-ai-cara. Você acertou um veado? Você está bem? E o Bambi? O Neon? - Nora abriu a boca para responder, mas ela a cortou. - Esquece. Eu tenho seguro. Só me diga que não tem pedaços de veado em todo o meu bebê... Nada de pedaços de veado, certo?
Nora me lançou um olhar. Ela sabia que não tinha como contar as coisas que aconteceram. Era sinistro e ninguém acreditaria nem mesmo se eu concordasse.
— Santa bizarrice. - Vee falou. - Você não está respondendo. O veado está preso nos faróis, não está? Você está dirigindo por aí com ele travado na frente do carro como um trator para evacuar neve.
— Posso dormir na sua casa? - Nora pediu.
— Eu estou no meu quarto. Pode entrar. Te vejo daqui a pouco.
— Você vai contar? - Perguntei
— Eu não sei. - Nora respondeu.
— Conte o que quiser, mas não fale sobre mim a ela.
— O que você fez afinal?
— Essa conversa terá que ficar para outra hora, Nora.
— Eu quero respostas.
— É, mas não as terá ao lado de Vee. Isso é um segredo. Um segredo que eu carrego comigo por anos. E se eu tiver que contar a alguém vai ser só para você.
— Ok. Amanhã você me contará tudo. - Assenti.
Nora estacionou o Neon na entrada da casa da Vee. Ela tentou abrir a porta, mas não conseguiu. Nora colocou o pé e começou a chutar até abri-la. Corremos na chuva até a porta da frente e entramos. Corremos pela escada do porão.
— Eu quero ver o dano hoje à noite, ou devo esperar até ter pelo menos tido sete horas de sono? - Vee perguntou.
— Talvez a opção número dois. - Nora respondeu e Vee fechou o caderno e tirou os fone de ouvidos.
— Vamos acabar com isso logo.
Quando chegamos na rua eu paralisei olhando o carro inteiro. Sem um arranhão. Nada.
— Algo não está certo. - Nora falou.
Ela me lançou um olhar e eu retribui com meus olhos arregalados.
Nora se aproximou do Neon e cutucou o vidro do carro do motorista. Ela fez a volta no carro até parar na frente. A única coisa que tinha no carro era uma fina rachadura no para-brisa.
— Tem certeza de que não foi um esquilo? Olhe para mim, estou chorando lágrimas de alegria. - Vee abraçou o capo do carro. - Uma rachadura minusculinha. Só isso!
Nora forçou um sorriso.
Precisava me sentar. Minhas pernas estavam bambas.
Retornei para dentro da casa e sentei no chão mesmo colocando minha cabeça entre os joelhos. Eu iria vomitar.
O que tinha acontecido?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

N.B.: Eu me arrepio todinha com essa situação, mas a melhor parte é que agora com a Nikki, terão coisas ainda mais interessantes acontecendo. Isso será incrível. Parabéns. Bjs, bjs. Fhany Malfoy

N.A.: Obrigada. Bjs. CM Winchester



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Filhos da Noite" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.