Between Smiles And Regrets escrita por Boca de Netuno


Capítulo 4
capítulo quatro.




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   Patrick tentou virar-se na cama, mas seu braço estava preso. Olhou para o lado, afundando seu rosto em um mar de madeixas castanhas, sem ter certeza a quem pertenciam. Movendo o cabelo delicadamente, ele decifrou o rosto sereno da garota ainda adormecida. Os olhos de Lilly estavam borrados, e ela estava usando uma camiseta estranha, que não pertencia a ele e muito menos a ela.

   A cabeça dela repousava confortavelmente no ombro do rapaz, e uma de suas mãos estava fechada, apoiada no tórax de Patrick. Ao tentar se lembrar da noite anterior, sua cabeça girou, latejante, não o permitindo recordar nada. Com movimentos quase imperceptíveis, ele tentou retirar-se, sabendo que caso ela acordasse naquele momento, não aceitaria bem a situação.

   Porém, como a vida é repleta de momentos de azar, é desnecessário dizer que, de fato, Lillian acordou, encontrando-se nos braços de Patrick. Lilly ruborizou de imediato, ficando furiosa ao vê-lo sorrir, mesmo que por outros motivos. Ela levantou-se de um salto, ajeitando o cabelo, obviamente preocupada com a falta de memória.

   Depois de respirar fundo algumas vezes, ela perguntou: "Onde nós estamos?"

   "Na casa do Joe, acho eu." ele respondeu, olhando em volta. Lilly abriu a boca para perguntar, mas Patrick a cortou. "Te diria se soubesse. Não lembro de nada."

   "Não creio!" ela exclamou, cobrindo os olhos com força. "Banheiro?" suspirou por fim.

   "Segunda porta à esquerda."

   Ela o deixou sozinha no quarto, enquanto ele continuava tentando lembrar da noite anterior. Lilly não parecia estar com tanta raiva quanto ele imaginara. Ou foi o que ele pensou.

   A porta se abriu violentamente, e ela marchou pelo quarto, recolhendo seus pertences. "Idiota!" murmurava para si mesma.

   "Li-"

   "Não fale comigo!" ela esbravejou. "Tudo isso foi um erro. A última coisa que eu lembro da festa de ontem foi Jeremy com uma loira oferecida - o que estragou por completo minha noite - , e agora, eu acordo com você, sem ter idéia do que aconteceu e com a camiseta de alguém, porque a minha blusa está coberta por algum tipo de bebida." disse, levantando a blusa azul escura até a altura dos olhos e a soltando novamente.

   "Eu-"

   "Devia ter terminado isso no momento em que começou." ela suspirou, não o deixando falar. "Pensei que daria certo dessa vez, se permanecêssemos apenas na amizade."

   "Por que está tão nervosa? Não sabemos se algo realmente aconteceu." ele se levantou, calçando seus tênis.

   Lilly ficou muda por alguns segundos, abrindo a boca e fechando-a, sem ter o que dizer. Seus olhos brilharam com as lágrimas que se formavam enquanto ela o fitou. "Acho que é difícil perdoar alguém que te quebrou por dentro." ela disse sem sorrir sarcasticamente, se esforçando para não chorar. Sem mais uma palavra, Lillian pegou seu par de botas e foi embora.

   Derrotado, Patrick foi ao encontro dos outros três, certo de que eles estavam por perto. "Vai nos contar o que aconteceu?" ele ouviu a voz de Pete vindo de um dos cômodos. O moreno estava em pé, sem calçados, comendo um muffin, enquanto Joe e Andy estavam largados no grande sofá cinza. "Quer? É de mirtilo." ofereceu, estendendo o bolinho.

   "Desde quando você é uma pessoa agradável pela manhã?"

   "Deve ser efeito dos três muffins que eu comi até agora, eles são gigantes." Pete sorriu, lembrando algum tipo de criança maníaca.

   "Agora pergunte onde ele achou isso aí." disse Andy, com a cabeça apoiada em ambas as mãos. "Ou melhor, não pergunte. Graças a esse retardado, ninguém se lembra de nada que fizemos ontem." reclamou.

   "Vocês que são fracos."

   "Sério? O que aconteceu ontem?"

   "Não tenho idéia." riu Wentz. De repente, ele ficou sério e encarou fixamente a parede.

   "Do que vocês estão falando?" perguntou Patrick, sem entender.

   "Ele colocou algo nas nossas bebidas."

   "Eu não coloquei nada, era um drink especial. Mas não se preocupem, é super seguro." Pete se defendeu, sem ao menos desviar os olhos da parede. "Vocês estão vendo aquilo?"

   "Acho que chega de muffin de mirtilo para você." Patrick tirou o bolinho pendente das mãos do amigo.




   O ruivo acabou por desistir de contatar Lilly, uma vez que ela o ignorava inteiramente. Ele não tinha muita certeza do que acontecera, apenas ficou claro que ela ainda guardava as palavras que tanto a machucaram. E Patrick não podia culpar a mais ninguém a não ser ele mesmo. A pequena praça corroborava com seu silêncio zombador.

   "Estranho como ter dezoito anos nos dá uma falsa impressão de maturidade, não acha?" perguntou Pete, sentando ao lado do outro no frio banco de metal. "Pensamos poder tudo, ter direito a tudo, eu sei muito bem disso. Mal vemos que somos um bando de crianças ligeiramente mais velhas."

   "Bela filosofia." sorriu Patrick. "Como me encontrou aqui?"

   "Kevin." explicou. "Hum, o estúdio já foi agendado, vamos gravar as músicas novas." continuou, num tom quase indiferente.

   "Sinto que não veio aqui para me falar da gravação."

   O moreno suspirou, virando de lado para encarar o amigo diretamente. "Estou ficando preocupado com você. Parece sempre absorto em seus pensamentos, e parou com as piadas e as brincadeiras."

   "Se eu pudesse ao menos falar com ela..."

   "Ela não vai atender. Lilly disse que não quer vê-lo na frente dela."

   "Como sabe?" indagou Patrick.

   "Foi o que ela disse no último e-mail que me enviou."

   "Ótimo. Me sinto muito melhor agora." reclamou.

   Fingindo que não o ouvira, continuou falando: "Mande flores a ela. Não conheço uma garota que não goste de flores."

   "Não vou tentar ser romântico agora." disse ele, tendo uma boa idéia do que Lilly pensaria.

   "Tarde demais." Pete sorriu de lado, satisfeito consigo mesmo. "Já mandei."

   "Você é uma besta." disse Patrick, sem alterar seu tom de voz. "Só vai piorar, sua anta!"

   "Pare de reclamar. Aposto o que quiser que ela irá gostar das flores."

   Na manhã do dia seguinte, as flores voltaram intactas. Atrás do cartão que Pete mandara, podia ser lida apenas uma frase. "Clichês não contam pontos."

   "O que ela quis dizer com isso?" perguntou o moreno, lendo o escrito pela terceira vez, tentando decifrar uma mensagem escondida naquela linha.

   Patrick limitou-se a suspirar, observando as onze rosas brancas, ainda perfeitamente arrumadas no buquê. "Quantas rosas você mandou?" ele estranhou.

   "Doze." respondeu o outro, baixando o cartão.

   "Ela pegou uma rosa." Patrick sorriu. Lilly acabara de se contradizer com aquele simples detalhe.

   "E isso quer dizer...?"

   "Não tenho certeza. Mas não pode ser algo ruim." O rapaz se viu novamente com o telefone na mão, quase certo de que ela atenderia, mas foi interrompido pelo interfone.

   "Posso subir?" soou a voz de Liam. Surpreso com a repentina visita do amigo, destravou o portão e esperou que ele subisse.

   "Onde esteve você nesses dois anos?" ele perguntou ao moreno, depois de se soltar do apertado abraço. "Seth não veio com você?"

   Liam meneou a cabeça. "Aproveitei que ele foi visitar a Lilly."

   Pete pigarreou, parado do outro lado da sala. "Ah, desculpe. Peter, Liam, Liam, Peter." disse Patrick, esperando que se cumprimentassem propriamente para continuar a falar. "Então você está a par da situação?"

   "Seth ainda é o maior confidente da Lilly. Naturalmente, me mantenho informado."

   "Alguma informação relevante vinda do outro lado do espelho?" perguntou Pete.

   O outro moreno riu da expressão. "A última coisa que eu soube foi sobre a festa. Não acho que tenha nada novo a reportar."

   "Ela continua dizendo que me odeia?"

   "Por enquanto, sim." disse Liam, vendo as feições do rapaz à sua frente congelar. "Mas você sabe que é uma grande mentira."

   "Sei?" suspirou o ruivo.

   "Se não sabe, está perdendo tempo. Sua chance de ser lerdo acabou há mais de dois anos. Terá que agir dessa vez, se quiser Lilly de volta."

   "Okay, farei algo." ficou quieto por alguns segundos, vendo os dois outros rapazes se largarem no sofá. "Como estão as coisas com Seth?"

   "Melhor, impossível." Liam sorriu. "Conseguimos alugar uma espelunca, -um cubículo, mas dá para dormir- e Seth foi chamado para começar a faculdade no segundo semestre."

   "No que ele passou?"

   "Psicologia. Eu sei, fiquei tão chocado quanto você. Mas, por enquanto, ele conseguiu um emprego numa loja de roupas, no shopping."

   "Você não está trabalhando?" perguntou Patrick.

   "Loja de cosméticos. Contra minha vontade, mas tenho um salário decente com a comissão. Nunca pensei que tantas senhoras da terceira idade comprassem tanta maquiagem."

   Liam começou a contar brevemente sobre o apartamento de um quarto e banheiro, e como eles tinham que dormir no sofá-cama, e sobre como Nigel teve de passar uma semana com eles depois de ser expulso de casa.

   "Onde é o banheiro?" ele perguntou por fim. Lhe foi indicada a porta à direita, e em poucos segundos, ouviram a porta ser fechada.

   "Ele é gay?" Pete perguntou baixo, olhando para a porta do banheiro.

   "Sim, eu já tinha dito isso antes." Wentz apenas meneou. "Eu lhe mostrei uma foto!"

   "A garota de cabelo castanho era um garoto?" Patrick assentiu, rindo.

   "O que foi?" indagou Liam, voltando à sala.

   "Pete... Ha, Pete confundiu Seth com uma garota!" ele disse entre risos descontrolados.

   O moreno tentou se justificar, mas Liam o cortou. "Não se preocupe. Garanto que não é a primeira vez que isso acontece."




   "É uma pena que você não possa ficar mais. Vamos gravar essa semana, eu queria te levar no estúdio." disse Patrick, pegando outro pedaço de pizza da caixa aberta, a televisão ligada num filme qualquer enquanto conversavam. "Nunca me mandou o CD demo que eu pedi."

   "Estamos trabalhando nisso." sorriu o outro. "Adoraria poder ficar mais, mas não posso deixar que Seth arque com o aluguel sozinho. Sem contar que ele disse para voltarmos hoje."

   "Achei que ficaria hoje. Ah, qual é. Um dia não fará mal." pediu ao amigo.

   "Vou ligar para Seth." cedeu, observando-o de soslaio. "Sinta-se privilegiado, Stumpy. Não aceitaria se fosse qualquer outra pessoa." disse em meio a um sorriso, apanhando o telefone. "Seth? Sim, eu- é, bem isso. Certo, mande um beijo para ela." Liam permaneceu calado por um momento, e a ligação terminou com um alto "Não!" vindo do outro lado, alto o suficiente para que Patrick pudesse ouvir.

   "Qu-?"

   "O quê?" perguntou o moreno, indiferente. Apenas sorriu ao ver seu celular tocando, ativando o alto-falante ao atender.

   "O que disse a ele?" a voz de Lilly ecoou pela sala. "Liam, eu juro-"

   "Não disse nada." ela bufou. "É sério! Patrick, eu disse algo?" ele disse propositalmente, calando-a de imediato.

   "Sobre o quê?" perguntou Patrick, curiosidade despontando em sua mente.

   Lilly terminou a chama sem pronunciar uma palavra sequer, obviamente constrangida demais para tal coisa.

   "Qu-?" ele repetiu.

   "Isso? Deixe para lá, não é nada." mentiu o outro. "Mas me faça um favor: seja um pouco mais rápido."

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Notas finais do capítulo

N/A: erros de digitação, avisem, eu não reviso
REVIEW = CAPÍTULO NOVO
pronto, falei.

obrigada a todas as pessoinhas limds que me deixam reviews e me fazem uma garota mais feliz :}



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