Between Smiles And Regrets escrita por Boca de Netuno


Capítulo 3
capítulo três.




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    Patrick não tinha certeza se devia agradecer à Pete ou se queria degolá-lo. Lilly aparecia em todos os shows possíveis, e ele não conseguiu admitir para mais ninguém além de si mesmo sobre o intenso ciúme que o corroía ao ver a proximidade da garota com os integrantes da banda, em especial Wentz.


    Ele não fazia idéia de como Lilly conseguia manter seus estudos em ordem com as constantes viagens, apesar de ela garantir que estava tudo nos conformes.


    Chegava a ser estranha a falta de desconforto da parte dela ao se ver perto dele. Mal ela sabia que Patrick se esforçava para transpassar a mesma tranqüilidade que ela aparentava. Mas essa preocupação desaparecia ao vê-la sorrir, e perceber que sentira falta daquela proximidade, e das conversas que um dia tiveram.


    "Você ainda está namorando?" ele a ouviu perguntar a Charlie.


    "O que, com o Matty?" Lilly assentiu. "Sim, mas não por muito tempo. Ele mudou pra caramba." Charlie suspirou. "E quanto ao Jeremy? Ele esqueceu o aniversário de vocês?"


    Patrick esticou-se involuntariamente em direção às garotas, segurando a respiração para ouvir a resposta de Lilly. E, para seu grande pesar, ela respondeu à amiga com um sorriso, dizendo: "Ele lembrou desta vez. Não teve o menor bom senso em escolher um presente,  mas valeu a intenção."


    Isso destruía por completo qualquer esperança que o rapaz ainda tinha. Não achou que poderia ficar muito pior do que aquilo, até a noite cair. Eles subiram ao palco e Patrick levou alguns segundos para localizar Charlie, tentando contornar as pessoas à sua frente para  chegar mais perto das luzes e dos amplificadores.


    Duas músicas se passaram, e ainda assim, Lilly não estava em lugar algum.


To the love

I left  my conscience pressed

Between the pages of the

Bible in the drawer

What did it ever do to me, I say


    Ele sabia que ela gostava daquela música. Lillian mesma disse a ele que era uma de suas favoritas. Talvez ela tivesse saído, ou algo do gênero. O lugar onde estavam tocando era fechado, ela podia muito bem ter ido ao banheiro.


    Sua voz morreu ao término da canção, e ele vasculhou o salão com os olhos, finalmente a avistando, quando ela virou o rosto. O sorriso de Patrick durou apenas um momento, até que ele percebesse a quem pertencia a mão que envolvia a cintura da garota que fora sua um dia.


    O sangue do ruivo ferveu ao distingüir Jeremy no meio da multidão. Stump viu Joe o olhar de soslaio, e Pete anunciar o nome da música seguinte. Sentiu o suor escorrer quente por seu rosto, e riu nervosamente antes de se preparar para cantar 7 Minutes In Heaven.


    Patrick passou o show quase inteiro os observando, vendo Lilly cantar junto, rindo ao ser interrompida por carícias e beijos intercalados. O vocalista tentara não olhar, mas o sorriso dela era como um imã, e ele não conseguiu desviar sua atenção, chegando a errar a letra de uma das últimas músicas.


    Foi apenas quando o nome da última música foi revelado que ele voltou seu olhar para Charlie, quem gritava histericamente, chamando o bateirista sem parar.


 I'm good to go

And I'm going nowhere fast

Could be worse

I could be taking you there with me


    Ele sorriu ao vê-la cantando junto sem ao menos piscar, para não perder um segundo sequer. Pete indicou-a com a cabeça, e Patrick inclinou a cabeça quase imperceptivelmente. O rapaz olhou novamente para a platéia, vendo Lilly cantar animadamente por alguns segundos antes de cerrar as pálpebras, se concentrando somente na letra.


    Tornou a abrir os olhos apenas quando ouviu garotas gritando, e viu que Charlie fora puxada para o palco, onde ela pulava e cantava o mais alto que conseguia. Wentz largou o baixo, pegando seu microfone do pedestal, e chamou-a para junto dele.


I read about the afterlife

But I never really lived


    Stump sorriu sem notar, vendo que Jeremy sumira de seu campo de visão, não ousando levar Lillian consigo. Ela estava parada mais atrás, onde as pessoas se dispersavam. Parecia estar rindo, vendo a animação da amiga, ao mesmo tempo em que seus lábios se moviam conforme a música.


    Naquele instante, ele desejou ter voltado dois anos no tempo, e lamentou não ter contado o que acontecera. Às vezes, o que pensamos ser o melhor a fazer não é a melhor decisão.

 

 


    "Vocês terminam sempre com Saturday?" perguntou Charlie, cerca de uma hora depois de saírem do show. Antes que fosse respondida, ela acrescentou: "Não interpretem errado, é a minha música favorita. Empatada em primeiro lugar com todas as outras." riu, fechando o sobretudo.


    "Aposto que ela sabe mais sobre suas vidas do que vocês mesmos." disse Lilly, sem deixá-los responder.


    "Seu namorado estava com você até agora a pouco, não?" Andy perguntou, bebendo um líquido verde contido numa garrafa grande e amassada.


    "Nah, ele foi embora antes de terminar." ela sorriu discretamente. "O que você está bebendo?"


    "É absinto." respondeu Pete prontamente.


    "É chá verde." o outro o corrigiu. "Você deveria tentar tomá-lo." apontou para o moreno.


    "Não bebo plantas, perdoe-me." debochou Wentz.


    "Meu! Ela sabe meu tipo sangüíneo! Nem eu sabia!" exclamou Joe, sem saber se considerava o fato interessante ou assustador.


    "Pat?" Lilly pousou uma mão no braço do ruivo. "Você está quieto demais. Aconteceu alguma coisa?"


    Ela estava preocupada, e Patrick sorriu diante da expressão no rosto da garota. "Não. Está tudo bem." mentiu, ainda submerso no vazio de sua mente.


    "Tem certeza?" ela insistiu. Hesitando um imperceptível segundo, ele assentiu.


    Lillian enganchou seu braço no dele, apoiando sua cabeça no ombro de Patrick, suspirando alto. Dando passos menores, acabaram por andar atrás dos outros quatro, que conversavam animadamente.


    "Lilly. As coisas podem mudar tanto, passados apenas dois anos?"


    "Às vezes." foi tudo o que ele recebeu como resposta.


    A noite úmida e fria os forçara a se agasalhar melhor, o que impedia Patrick de sentir o calor da garota ao seu lado. Procurou a mão de Lilly quase instintivamente, sentindo o contraste da pele fria com a sua. Ele achou que ela se afastaria, ou, ao menos recusaria o  toque. Mas ela sequer levantou a cabeça, e entrelaçou seus dedos juntos.


    Talvez tê-la novamente ao seu lado não fosse tão difícil quanto ele pensara. Talvez ela ainda partilhasse dos mesmos sentimentos.


    "Como é? Vocês vêm ou não?" Charlie falou alto para que eles pudessem ouvir. Sem notar, eles estavam bem atrás.


    Lilly apressou o passo, desenroscando-se do rapaz. A mão dele continuava fria do toque dela. Pete observou o rosto perplexo de Patrick por alguns segundos, antes de sinalizar para que o outro andasse mais rápido.

 

 

 


    Jogado em sua cama, Stump cobriu o rosto com as mãos, as pálpebras cerrados e a respiração descompassada. O relógio pendurado na parede do corredor teimava em não passar das onze horas da manhã; e, apesar de ainda ser cedo num domingo, Patrick estava  incrivelmente entediado.


    O leve som do violino atingiu os ouvidos do ruivo, complementando o pesado silêncio. Ele estava cansado demais para se levantar, e a música o induzia a permanecer deitado.


    Kevin estava tocando bem, Patrick tinha que admitir. Porém, seu mau-humor não o permitiu ouvir por muito mais tempo, quando o mais novo começou a tocar uma música bem mais rápida.


    "Kevin!" ele chamou alto, tendo como resposta o barulho da porta do quarto do irmão ao ser fechada violentamente, enquanto continuava a tocar. "Obrigado!"


    Ele precisava checar seus emails. Provavelmente Pete já mandara as novas letras, para que ele compusesse a melodia.


    Sem criar coragem para se levantar, adormeceu; o som do violino diminuindo conforme seus pensamentos divagavam para lugares desconhecidos e obscuros.


    O tempo passou de tal modo que ele poderia jurar que os preciosos minutos de sono não passaram de um piscar de olhos. Parou no batente de sua porta, fitando o relógio de moldura preta, o qual indicava que ainda não passara das onze horas.


    "Kev, que horas são?" perguntou em meio a um bocejo. Ninguém o respondeu. "Kevin?"


    Patrick olhou para a minúscula sala, avistando um pedaço de papel colado na tela da televisão. Estava escrito: 'Pete ligou, disse para checar seus emails. Volto mais tarde.' com o manuscrito bem desenhado do irmão.


    "Como se Pete precisasse me lembrar dos emails." falou sozinho, voltando para seu quarto.


    Puxou o notebook para seu color ajeitou-se na cama, com as costas na parede. Cinco email de Pete apareceram na caixa de entrada, juntamente com diversos spams. Três deles eram de letras das novas músicas, cada um com suas respectivas anotações, um com detalhes que ele esquecera de mencionar, e o último era sobre uma festa da semana seguinte.


    Deixando este último de lado, ele começou a ler, pausando para pegar seu violão e tentar criar a melodia que combinasse perfeitamente com aquelas palavras.


    A última melodia foi terminada em dez minutos, e ele anotou sobre a bateria na introdução.


    Só então permitiu-se abrir o email sobre a festa, não prestando muita atenção no que estava escrito. Uma vez que Wentz decidia algo, seu poder de persuasão tornava-se incrivelmente aguçado, e Patrick não teria outra opção além de aceitar o convite.




    "Finalmente!" disse Hurley, fechando a porta da frente ao que o amigo adentrou no corredor.


    "Vim o mais rápido que pude, teve um acidente na via rápida." Patrick ofegou, rumando à cozinha, pegar algo para beber.


    "Legal! O que aconteceu?" o sorriso de Joe se esvaiu quando ele percebeu os olhares que caíram sobre ele. "Quer dizer, que horror. É um desastre."


    "Pete foi ao banheiro." Andy disse a Patrick, antes mesmo do ruivo perguntar.


    "Vai me deixar tocar sua bateria hoje?"


    Andy concordou, com um pé atrás, e então eles desceram para o porão bem ajeitado, onde residia parte dos instrumentos usados nos ensaios.


    Dada a permissão do baterista, Patrick sentou no banco atrás da bateira, tomando as baquetas e testando um dos ritmos que criara para aquela música. Estava pensando consigo mesmo sobre a segunda batida que tocava, quando ouviu a voz de Pete.


    "Podiam ter me esperado." reclamou o moreno.


    "Prefiro a anterior." disse Andy, ignorando por completo o baixista.


    "Ótimo. Me dê a mesma batida." pediu Patrick, soltando as baquetas e pegando sua guitarra, conectando-a ao amplificador.


    A bateria continuou com o improviso de Hurley, enquanto o outro tocava o que conseguia lembrar, cantando a letra do baixista, parando logo antes do refrão.


    "O que vocês acham?"


    "Vamos precisar de um clipe para essa aí." disse Joe, deixando claro seu contentamento.


    Patrick sorriu ao ver os outros dois concordam com Trohman, e pediu para tocar até o final desta vez, contando com Andy na bateria para acompanhar a guitarra, enquanto cantava Sugar, We're Going Down.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Notas finais do capítulo

N/A: mimimi, para as pessoas que me deixaram review, me motivando a postar mais um capítulo de BSAR

N/A.2: CANTINHO JACU DA MOONI
fazia tempo que eu não fazia meu cantinho, nunca tive histórias grandes o suficiente para fazer :B ENTÃO. qualquer dúvida ou inconsistência na história, assim como erros de digitação, me avisem e_e'
eu não sei se consegui capturar a essência do Andy ou do Joe, mas o Pete está bem do jeito que eu imagino que ele seria, teehee. é meio difícil escrever sobre os outros dois quando eu não tenho tantas informações sobre eles :/
eu estou pensando em reescrever o final [sim, já tem um final], porque achei que ficou meio "GAH " mas veremos o que vai acontecer :B

REVIEWS SE QUISEREM MAIS CAPÍTULOS :*



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