Pokémon Let's Go Eevee escrita por Eu mesma Andrea Melo


Capítulo 2
Tomando decisões


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo para vocês!
Não estou conseguindo inserir imagens no capítulo, então acho que vou mudar a capa da história com o passar dos caps.
Boa leitura! Espero que gostem!



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Mais uma tarde de sábado na Tech Pokémon, momento em que os estudantes aproveitam o tempo livre da melhor forma que podem: se reunindo no pátio para conversar, indo à biblioteca para pôr as atividades escolares em dia, saindo pelo bosque no entorno para capturar pokémon, ou mesmo pegando suas caronas para passar o final de semana em casa.

Naquela tarde, Lucas tinha um compromisso com sua melhor amiga.

— Não, Squirtle, eu não acho que ela me deu um bolo. Só está atrasada 37 minutos - o garoto argumentou com seu companheiro. - Isso não é nada demais.

— Squirtle, Squirtle - respondeu o pokémon, deitando-se na grama.

Os dois haviam chegado na clareira a leste da escola às três em ponto, como combinado. Já Aza, ela devia estar ocupada demais com as demandas que acompanhavam seu título de treinadora promessa do ano. Ela brilhara em sua luta mais cedo, seus pokémons eram mais fortes do que qualquer outro dos alunos do segundo ano porque ela os treinava com muito amor e dedicação. Até sua Kakuna se mostrou um forte combatente. Além disso, ela tem conhecimento estratégico, sabe o que fazer em cada instante da batalha. 

Vê-la em ação neste dia, fez Lucas se questionar sobre o que estava fazendo naquela instituição. Ele não queria fazer seu pokémon engalfinhar-se com outro contra a própria vontade, por puro capricho humano, isso não lhe fazia sentido. Se render nas batalhas em classe e ficar com nota baixa tinha funcionado até então. Seu tempo no simulador, frequência nas aulas e desempenho nas provas escritas compensava sua falta nas “atividades práticas” da escola, vulgo batalhas. Infelizmente, a tática não era mais eficaz, ele estava num beco sem saída.

Por que tinham que chamar os seus pais? Eram pessoas boas, porém projetavam demais seus sonhos frustrados de juventude nos filhos. Eles não faziam ideia de como Lucas estava burlando o sistema escolar para ficar com boas notas sem se submeter às lutas. Conheceram-se na época que rodavam o mundo desafiando ginásios e vivendo aventuras. Sua carreira como treinadores acabou com a primeira gravidez. Tiveram que desistir do seu estilo de vida antes que qualquer um dos dois ganhasse uma Liga. Anos depois, seus filhos foram incubidos da missão de conquistarem o título de mestres pokémon, enquanto os genitores investem em suas carreiras atarefadas na metrópole.

Um arbusto se mexeu tirando Lucas de seus devaneios.

— Aza?! - perguntou, porém um garoto saiu de detrás das moitas, no lugar dela.

— Não, eu só estou procurando meu Meowth. Você o viu?

Era um calouro, um menino cerca de um ano mais novo. Não usava o uniforme da Tech Pokémon, provavelmente porque não era obrigatório após o final das atividades curriculares do sábado, entretanto Lucas o reconheceu, tanto de cruzar nos corredores, quanto por terem se sentado próximos para assistir Aza e Sakura naquela manhã.

— Não vi Meowth algum aqui - respondeu o mais velho.

— Ele sempre foge para correr atrás dos Rattata, não sei mais o que fazer - explicou o primeiranista. - Sinto muito por incomodar.

Terminando suas desculpas, o menino virou as costas e foi embora, deixando o Squirtle dorminhoco e seu treinador sozinhos novamente. Já havia se passado 45 minutos da hora combinada e nenhum sinal de Aza. Lucas começava a achar que ela não viria. 

Sentou-se na grama ao lado de seu pokémon, recostando-se num tronco de árvore. Estava aflito pela batalha da semana seguinte, então tentou desviar seus pensamentos para algo mais feliz e lembrou do dia em que começou sua amizade com a nada pontual treinadora ruiva.

Foi na primeira semana letiva, após uma aula do Professor Rockwell. Quase todos os alunos tinham saído da sala, porém Lucas estava organizando suas coisas dentro da mochila, tinha perdido muito tempo copiando o diagrama que fora exposto no quadro. Ele deixou um lápis cair quando foi guardá-lo, agachou-se para pegar e, quando se ergueu novamente, havia um par de olhos negros o encarando.

— Você é Sakura, não é? - o garoto tentou puxar conversa.

— Eu ouvi que você tem um Squirtle - a pergunta foi completamente ignorada pela dona dos olhos escuros. - Aposto que ele não consegue vencer meu Bulbasaur.

Lucas lembrava de ter sentido um frio na barriga. Não queria batalhar, não mesmo.

— Eu e meu Squirtle não gostamos de lutar, mas obrigado pelo convite - ele tentou recusar gentilmente.

Rapidamente, os outros dois garotos que ainda estavam na sala chegaram perto. Um deles sempre respondia tudo que o professor perguntava, mesmo na primeira semana. O outro era enorme, não tinha o mesmo tamanho nem idade do resto da turma dos calouros.

— Olha só, que patético, - urrou o maior deles - um treinador que tem medo de batalhas!

— Você devia batalhar com ela, - insistiu o sabe-tudo - ou terá que batalhar com a gente.

— Em algum momento você vai ter que batalhar se quiser permanecer na Tech Pokémon - Sakura colocou a mão no próprio queixo, satirizando um ar de pensativa - Por que não agora?

Ao ouvir as ameaças que recaiam sobre si, o rapaz se arrepiou. Estava paralisado, não sabia o que fazer até que a porta abriu num baque, exibindo uma jovem figura feminina com longos cachos alaranjados pendendo sobre os ombros.

— O Professor Rockwell mandou eu vir ver se está tudo bem aqui - Aza, andou até o pequeno aglomerado. - Não estou atrapalhando nada, estou?

— Não - respondeu Sakura. - Eu e os garotos já estamos de saída.

Eles se retiraram a passos lentos. Lucas tentou fazer sua respiração acelerada voltar ao ritmo usual, enquanto Aza esperava calmamente que ele se recompusesse.

— Então Rockwell te mandou aqui? - disse Lucas, ao recuperar o fôlego.

— Ninguém me mandou, bobo - a ruiva riu. - Eu vim porque percebi que você ficou sozinho aqui com eles. Essa tal Sakura não me parece boa pessoa, por isso, eu vim ver se você estava bem.

— Bom… Obrigado.

— Sabe, eu posso sempre proteger você, - garantiu Aza - mas você tem que me fazer uma promessa.

— Que promessa? - Lucas ficou confuso. Todavia não era nada como um contrato ou um pacto de sangue, era um pedido simples aos olhos do garoto.

— Que seremos amigos para o que der e vier!

Com isso, os dois passaram o resto da tarde conversando sobre os pokémon que queriam ter um dia, suas dinâmicas familiares bagunçadas e o que vinham achando da escola. Desde esse dia, o laço dos dois só se fortaleceu, passaram a andar sempre juntos e saber quase tudo um sobre o outro. O que Lucas não sabia era se sua amiga viria a seu encontro ou não.

Os arbustos se mexeram mais uma vez e ele olhou atentamente, esperando que Aza surgisse do meio da vegetação. Contudo, mal sabia ele, o que se aproximava não era humano. O som de um sibilado estranho fez-se presente, fazendo Lucas pôr-se de pé.

— Aza?! - gritou.

Sem resposta. Então, ele se aproximou da planta e procurou enxergar o que se escondia entre as folhagens. Enquanto isso, Squirtle dormia calmamente. O barulho aumentava à medida que Lucas chegava mais perto. Parou a um metro e meio.

— Tem alguém aí?

Uma criatura roxa de olhos amarelos e corpo comprido arrastou-se através do arbusto e parou bem na frente de Lucas. Ela enroscou todo seu corpo em uma espiral e encarou o garoto. Passaram alguns segundos se olhando nos olhos, o jovem e o pokémon selvagem.

— Eu sei o que você é - o aspirante a treinador se manifestou finalmente. - É uma Ekans, um pokémon cobra.

— Ekansssssssss!

— Eu sou o Lucas e o dorminhoco ali é o Squirtle. Você quer se sentar conosco para aproveitar a tarde? - convidou, porém o olhar da nova ocupante de clareira não era muito amigável.

O que aconteceu em seguida foi muito rápido. Ekans investiu em Lucas e o fez cair no chão. Tendo realizado tal ato, tentou mordê-lo a todo custo, porém sem sucesso. Squirtle acordou com a confusão e, ao compreender o que estava havendo, começou a gritar sem parar pedindo socorro.

De repente, um pokémon marrom peludo saltou do mesmo arbusto que a Ekans tinha saído e a atacou com suas garras, afugentando o pokémon selvagem. Era Eevee e Aza estava logo atrás dele. Squirtle pulou em cima de Eevee e o abraçou em agradecimento pelo resgate, enquanto a treinadora do lobinho ajudava o amigo a se levantar e pedia desculpas pelo atraso.

— Tudo bem, você acabou de me salvar.

— Eu disse que ia sempre te proteger, garoto - a ruiva relembrou a promessa. - Mas o que você queria conversar com tanta urgência. Recebi suas mensagens.

— As mensagens não eram porque é urgente, eram porque você se atrasou uma hora pra chegar aqui - esclareceu Lucas. - Mas é bem urgente sim.

Ele contou sobre a batalha que a diretora tinha marcado para a semana seguinte e como ele estava cada vez mais certo de que a Liga Pokémon não era seu destino. Ele queria cuidar dos pokémon, não vê-los se degladiando. Ao mesmo tempo, se escolhesse fazer qualquer coisa da vida que não fosse treinar pokémon para concorrer na Liga, seu pai provavelmente o deserdaria.

— Isso é ótimo! - Aza empolgou-se, deixando Lucas verdadeiramente chateado.

— Como pode ser ótimo?! Você ouviu mesmo o que eu disse?

— Você não entende. Essa é uma oportunidade única.

— De perder para sempre o amor dos meus pais? - Ironizou Lucas.

— Não, bobo, de nós dois fazermos o que sonhamos - Aza escorou-se numa superfície rochosa.

A temperatura estava amena aquela tarde e a leve presença de tons alaranjados nas copas das árvores indicava a chegada do outono. Dentro de poucos dias, várias espécies de árvores iam deixar suas folhas caírem fazendo um grande tapete laranja surgir no chão em diversos lugares e os ventos frios da estação iam começar a soprar fazendo as pessoas tirarem seus casacos dos armários. Entretanto, Lucas não podia aproveitar a vibe do local enquanto sua amiga falava coisas sem sentido. Estava ficando realmente nervoso.

— Sabe o que eu estava fazendo agora? O porquê de eu ter me atrasado? - Aza mexia no cabelo enquanto falava. - A Sra. White me chamou para uma conversa, ela quer me colocar num clube de batalha pokémon, pois ela disse que sou boa o suficiente para treinar com os melhores e garantir um prêmio da Liga para a Tech Pokémon.

Lucas não estava entendendo nada. Como aquilo era uma oportunidade para ele de alguma maneira?

— Mas não é isso que eu quero fazer - continuou Aza. - Há um tempo, eu quero experimentar uma aventura de verdade, não essa versão gourmet de jornada pokémon que a gente chama de escola. Eu quero sair por aí e batalhar nos ginásios, quero montar acampamento nas florestas, conhecer cidades e desafiar treinadores de todas as regiões.

— O que você está querendo dizer? - Lucas tinha uma ideia sobre o que estava por vir, porém não gostava muito do que lhe vinha à mente.

— Que nós podemos largar os estudos e sair juntos em uma jornada.

— E como isso resolve o problema dos meus pais? - lembrou o garoto.

— Não resolve, - admitiu a ruiva - mas você escaparia da luta e você pode aprender como cuidar de pokémon viajando mais do que aqui. Ouvi falar que tem uma escola para enfermeiras pokémon em Celadon e o líder de ginásio Brock, da cidade de Pewter, é um grande criador.

— Aza, você não está entendendo. Eu não posso falar para os meus pais que eu não quero ir para a Liga.

— Então minta para eles. Diga que vai atrás de insígnias como eu. Quando vocês se encontrarem pessoalmente, você revela a verdade e vê no que dá.

Era uma situação muito delicada que, para Aza, parecia simples como contar uma mentira. Ela não sabia o quão delicada uma relação familiar podia ser, dava-se bem com cada um de seus parentes, desde a mãe até a prima de quarto grau que morava em Alola. Lucas, por outro lado, sabia bem como uma família podia ser disfuncional e como podia ser difícil conviver e ter de realizar as expectativas de alguém exigente com quem você sequer se dá bem.

Ele pensou em seu pai e como passou a vida toda fazendo exatamente o que o dito cujo queria. Talvez fosse mesmo a hora de dar um basta. Lucas procurou reunir toda a coragem dentro de si, porém não achou coragem o suficiente. Queria ligar para casa e contar a família que ia largar a Tech Pokémon para virar um criador pokémon, todavia sabia que não era capaz de enfrentar seu pai. 

A jornada parecia uma ótima ideia, então, seria a mentira tão ruim assim? O garoto sabia que seus pais aceitariam se ele fosse lutar para ganhar insígnias em vez de permanecer na escola. Era o sonho deles, na realidade. Lucas que escolheu vir ao internato por medo de sair pelo mundo sozinho. Mas agora ele tinha Aza e Squirtle.

— Pense em tudo que poderemos fazer, nos lugares para conhecer e nos pokémon para ver - Aza encorajou. - Seria tão incrível.

Lucas sabia que iria se arrepender da briga que iria causar com seus pais. Não obstante ele também sentia que viajar com seus amigos através de Kanto era a coisa certa para ele e seu futuro. E se o único jeito de seus pais e a Sra. White largarem do seu pé era mentindo, assim seria.

— Certo, vamos fazer isso! Quando partimos?


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Notas finais do capítulo

QUEM É ESSE POKÉMON?

https://www.pokemon.com/br/pokedex/ekans

É isso. Até breve com mais dessa jornada!



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