A canção de Sakura e Tomoyo: melhor chamar Sakura escrita por Braunjakga


Capítulo 36
O Interventor da Catalunha (parte IV)




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Capítulo 34

O Interventor da Catalunha, parte 4

 

I

 

Estação Cosmosquare, Osaka/ Praça de Les glòries, Barcelona.

21/22 de dezembro de 2010

 

I

 

De dentro da barreira, o Interventor da Catalunha se soltou da barreira e caiu no chão, batendo a poeira. Ele olhou com fúria para Tomoyo.

— Agora é hora de eu levar a sério isso aqui! 

— Então pode vir! — disse a costureira, chamando o homem para a porrada em um gesto com as mãos.

Os dois voaram um contra o outro numa velocidade brutal. Tomoyo deu um soco contra ele, e o Interventor se defendeu com o braço, contra-atacando logo em seguida. Chocaram-se ainda com os pés próximos ao chão e foram subindo sem perceber, em uma espiral de chutes e socos contra o outro até a altura da Torre Glòries de Barcelona ou um pouco mais acima do globo de vidro da estação. Tudo era tão rápido que pareciam dois raios de luz, um vermelho e outro dourado. 

O único momento onde se pode ver com mais claridade cada um foi quando subiram aos céus: as asas transparentes da armadura dourada que Tomoyo usava ficaram brancas como se de anjos fosse, brilhando sobre todos tão claras e reluzentes quanto as nuvens. As asas transparentes vermelhas do Interventor da Catalunha emanava um brilho vermelho sinistro, complementadas pela cor negra e densa das nuvens por conta da transparência, como se de morcegos fosse. Depois, se embolaram em uma nova tempestade de golpes, sem conseguir debilitar o adversário.

 

II

 

No chão, Sakura não deixava de se preocupar com a amiga querida, lutando dentro da barreira. Mesmo com as mãos presas naquela corrente, sua voz era livre para chegar nos ouvidos de Felipe.

— Rei Felipe! O que é que você fez com a Tomoyo? — perguntou a cardcaptor.

— Eu salvei a vida dela.

— Como é que você diz um negócio desses? — indagou a estudante, indignada.

— Essa é a armadura da rainha, da mesma forma que a minha é a armadura do rei. Graças aos céus, ela não sofreu rejeição!

— Majestade, os custos não são um pouco altos pra uma comum como ela usar um objeto mágico desse nível? — perguntou o Ministro. 

— Sim, são. Ela pode se cansar, mas até lá, eu tenho a certeza que vocês vão quebrar a barreira. — El rey olhou para o horizonte e viu que feixes de luz vermelha se aproximavam. — Olha só, a cavalaria chegou.

— Como é que você tem tanta certeza disso? — perguntou Sakura, ainda desconfiada dele.

— Não era você quem sempre diz o mantra invencível? Vai dar tudo certo, não é, Sakura? — disse El Rey, sorrindo para ela com um misto de gracejo. Sakura sorriu de leve com o canto dos lábios e focou em quebrar a barreira junto com os demais magos. 

— É agora, gente! Levante suas armas mágicas! Dispel! — disse a princesa Hinoto. 

— Dispel! — disseram todos. Sakura levantou seu báculo, Syaoran, sua espada, Kero, suas asas e Yue, seu arco. Os demais que não tinham armas mágicas, como Touya, Fujitaka, Nakuru e Meiling, apenas levantaram as mãos e já era o suficiente. Um tremor comum surgiu tanto em Barcelona, quanto em Osaka. Um brilho branco apareceu no chão como uma rachadura e foi caminhando ao redor da barreira, como uma linha de luz. Quando ele terminou de circundou o bloqueio, ela se rachou em mil cacos transparentes vermelhos. 

— Agora! — gritou o ministro Alfredo, levantando o seu cajado.

 

III

 

Nos céus, o Interventor percebeu que sua ferramenta mágica foi para o espaço. Tomoyo parou um pouco de atacar e sorriu vendo os cacos do domo de energia mágica caírem no chão. 

— Agora você está com um problemão… 

— Se não fosse esse terço, esse maldito terço que você tá usando… — O Interventor fechou o punho, e seu corpo tremeu. Um brilho alaranjado surgiu por entre seus dedos, e ele gritou: 

— Flare! 

Um feixe de luz vermelha apareceu na cintura de Tomoyo. Foi como se uma bomba explodisse de dentro dela, irradiando uma luz como a do sol por um breve instante. A costureira foi arremessada dos céus com violência. Todos os policiais em terra pararam de avançar para acompanhar a situação.

— Tomoyo! — gritou El Rey.

— Tomoyo! — exclamou Sakura. 

O monarca foi mais rápido e pulou para pegar Tomoyo no colo. Ela estava de olhos fechados, mas foi abrindo os olhos aos poucos.

— Felipe… O que aconteceu? — perguntou a estudante de arquitetura.

— Graças aos céus! Você está bem! A armadura de Helena te salvou! — exclamou, abraçando a roxinha na frente de Sakura. A cardcaptor olhou com olhos estreitos para os dois, com um sorriso falso no rosto. 

— Sakura, pessoal, você tá aqui… — disse Tomoyo.

 Do nada, quatro raios vermelhos partiram para cima do Interventor da Catalunha. Eram quatro soldados de armadura vermelha como sangue. O comandante da Ordem foi acertado no ar de cima a baixo com um golpe de uma espada longa de duas mãos, feito por uma soldado. Ainda atordoado no ar, a segunda soldado acertou uma maça estrela e perfurou sua barriga. Ele caiu no chão com o golpe, mas antes de cair completamente, um terceiro soldado com um machado rasgou o corpo dele e retardou sua queda. Para finalizar, uma quarta soldado acertou-o com uma alabarda. Todo mundo ficou surpreso e boquiaberto com a ação deles. O ataque foi o bastante para tombar o comandante da Ordem no chão. Os Interventores se aproximaram de Felipe sétimo e Tomoyo, curvando-se para eles. 

— Permissão, Majestade! Gotzone Bengoetxea, interventora de Euskadi. — disse a moça de cabelos loiros trançados, cravando a espada no solo. Ela levantou-se em seguida e os demais a acompanharam.    

— Godizone… Ela apareceu de novo! — disse Sakura, olhando séria para ela. Syaoran deu uma recuada e Meiling não deixou de reparar. 

— Majestade, Nerea Sagastizábal de Navara, me apresentando! — disse uma mulher jovem, colocando a alabarda no chão. Ela tinha cabelos curtos e brancos como a neve. 

— Meu rei, minha rainha… — disse um rapaz com um machado na mão.

— Rainha? — surpreendeu-se Tomoyo. 

— Lorenzo Mata das Canárias! — disse o jovem de cabelos castanhos claros e barba por fazer, fazendo uma continência para eles. El Rey respondeu com o mesmo gesto. 

Por fim, uma mulher de cabelos claros, segurando uma maça estrela, se curvou diante deles.

— Agatha Santiago de Leão, às suas ordens, majestade. 

Dom Felipe colocou Tomoyo no chão e ficou olhando para o homem inerte na armadura. 

— Bom ter vocês aqui, mas não pensem que está acabado… — disse o monarca. Os policiais andaram até o corpo do interventor no chão, mas quando se aproximaram, outros dois raios vermelhos chegaram até a praça e pararam na frente do comandante da Ordem, bloqueando a passagem deles. Era um homem de cabelos negros e barba densa segurando uma lança e uma mulher de cabelos curtos grisalhos. Os olhos dela eram claros como os olhos do rei e segurava um escudo como arma. O homem estendeu a lança que carregava para os policiais, ameaçando-os:

— Nem pensem em chegar mais perto ou vão sofrer as consequências! 

— Victor! — gritou Ágatha.

— Maitê! — gritou Dom Felipe.   

 

IV

 

Do outro ponto da praça, Gotzone olhava a chegada deles com perplexidade.

— Você está me desafiando, não é, Victor? — disse a jogadora. Ela voou com suas asas transparentes invisíveis até ele e acertou um golpe muito forte contra o homem, mas ele se defendeu com a lança. De repente, o escudo de Maitê bateu contra a jogadora. Ela perdeu o equilíbrio e saiu cambaleando pelo chão. Victor sorriu, mas tanto ele como a mulher de olhos azuis claríssimos receberam um golpe de maça estrela na cintura. Era Ágatha. Ela saiu voando de onde estava para golpear os dois. A mulher o olhava com ódio no olhar, ele apenas sorria. Os dois tiveram a barriga dilacerada na hora e se ajoelharam no chão, por causa da dor intensa que sentiam.

— Parem! Vocês estão presos! — disse Alfredo Bosch, correndo com um pelotão de mossos au seu lado. 

De repente, um brilho vermelho apareceu na ferida dos dois Interventores. Estavam curados e se levantaram imediatamente. O Interventor da Catalunha, atrás deles, levantou-se também, como se nada tivesse acontecido.

— Você levaram um ferimento muito idiota, Victor! Maitê! Vocês se deixam levar muito fácil pelas emoções… — disse o comandante. 

Do outro lado do campo de batalha, El Rey e Ágatha tremiam de raiva. O ministro percebeu e ficou diante do monarca antes que ele desse um passo a mais. Tanto Sakura, quanto Tomoyo e o resto do pessoal não entendia mais nada do que se passava lá. 

— Infanta Maitê, muito eu me surpreendo em encontrar a senhora por aqui, a irmã mais velha do rei! O que está acontecendo? Isso é muito mais que uma briga de família, eu suponho… — indagou Alfredo Bosch.

—  O senhor supôs bem, ministro. Isso se trata de uma luta pela sobrevivência de nós, magos, contra os comuns. Durante milênios, muitos magos nasceram em ambientes comuns e tanto nosso sangue, quanto nosso poder foram diluídos. Se a gente deixar isso acontecer, eles mesmos vão destruir o planeta! Mas meu irmão é tão idiota que dá um objeto mágico de alto nível sem pensar para uma das rameiras dele! — disse a mulher, olhando para Tomoyo. 

— Eu me recuso a ouvir isso, Maitê! Eu aceito você ter me chamado de fraco junto com meu irmão Jordi esses anos todos que eu estive na guerra, mas vir com uma ideia dessas? Isso é um absurdo! — gritou Felipe sétimo. Tomoyo sentiu que ele estava agoniado com a aparição súbita da irmã e se aproximou dele.

— Agradeça por eu ter renunciado ao trono, meu irmão, quando os militares ainda estava no poder nesse país e os republicanos quase nos engoliram! Se não fosse por isso, você não estaria sentado nele! — disse Maitê. 

No meio da discussão dos dois, Ágatha voou com suas asas vermelhas transparentes e tentou golpear Victor com a maça, mas Gotzone levantou-se do chão e agarrou-a no ar antes que pudesse fazer isso. 

— Victor! Você é um canalha! Você pensa que tá lutando só por você, é? Você abandonou seus filhos, sua família, pra ir atrás dessa doença!

— Não é uma doença, Ágatha, é a realidade! Os comuns criaram um mundo de dor, desemprego e precariedade laboral! Onde ninguém é respeitado! As leis são frouxas e os culpados não são punidos! É esse o mundo que você quer dar pros nossos filhos? Um mundo de miséria?

— Meus pais são comuns, Victor! Vai ter que passar por cima de mim antes de tentar matar eles de novo! — gritou Ágatha, se contorcendo nos braços de Gotzone.

— Acabou o papo furado! Rendam-se! — gritou Hikaru, de um megafone no final da praça.    

 

V

 

Em instantes, um furgão dos mossos correu pela praça e os agentes abriram espaço para ele passar. Em cima dele, estava acoplada uma espécie de metralhadora controlada por Marcela. Hikaru dirigia o veículo e falava por um rádio para todos escutarem. Ela freou diante deles e falou:

— Aqui é a autoridade mágica global! Vocês estão presos por sequestro e extorsão! 

— Você está me desafiando, japa! — disse Victor. Quando ele levantou a lança Marcela não pensou duas vezes antes de atirar. Disparou contra os três interventores da Ordem do Dragão no centro da praça.

— Protejam El Rey! — disse Gotzone. Os outros três interventores que estavam com ela fizeram um cordão de isolamento em torno do monarca e de Tomoyo.  

Maitê tentou proteger o comandante da Ordem com o escudo, mas apenas consegui receber mais tiros ainda. O escudo enorme que carregava ficou furado como uma peneira. Ela acabou sendo alvejada pelos disparos e terminou por desmaiar. Victor foi o próximo a receber os disparos de Marcela. A cara dele ficou tão baleada que virou uma massa disforme de carne e sangue. Ele caiu no chão em instantes. Quando Marcela mirou no Interventor da Catalunha, ele fechou as mãos como se fosse dar um soco. Um brilho roxo enegrecido atravessava os punhos cerrados. Marcela percebeu que ali havia perigo. Ela arregalou os olhos e gritou:

— Vamos cair fora, Hikaru!

— Trevas profanas! Unholy Darkness! — disse o comandante. 

 

Continua… 


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