A canção de Sakura e Tomoyo: melhor chamar Sakura escrita por Braunjakga
Capítulo 32
O interventor da Catalunha, parte 2
I
O homem de armadura vermelha como sangue levantou as mãos e fez o livro das cartas Sakura flutuar no ar. Chitatsu e o corpo de Zhang flutuaram também. Ele fechou uma das mãos e o corpo do chinês explodiu. Todos cobriram a cara com o horror da cena. Era o fim dele:
— Zhang… Você sempre foi um cara muito ambicioso… — comentou Syaoran.
— Uma ambição que não levou à nada! Olha pra ele agora! — disse Meiling.
Ele fechou a outra mão. Chitatsu e as cartas desapareceram da frente de todos.
— Chi!!! — Sakura gritou. Ela se ajoelhou no chão tremendo, desesperada.
— Sakura! — disse Fujitaka. Ele e Touya correram para segurá-la. Todos os magos ficaram atônitos, pois nem a energia mágica das cartas, nem a energia vital de Chitatsu davam para serem percebidas. Desesperado, Syaoran correu com a espada em mãos para atacar o homem.
— Polaridade reversa! — disse o Interventor. O Chinês foi alçado no ar e jogado com tudo contra uma viatura.
— Syaoran! — gritou Meiling, preocupada, correndo para acudir o primo.
— Eu acho que eu devo ser escutado agora… Float! — disse o Interventor. Ele levantou as mãos mais uma vez. As armas dos policiais foram arrancadas de súbito das mãos deles e flutuaram na frente de seus olhos. O homem de armadura vermelha como sangue fechou as mãos e as armas foram vaporizadas em instantes.
II
— Marcela! Corre lá atrás e pegue nossa arma de assalto! — disse o ministro Alfredo.
— Pode deixar! — disse Marcela. A sósia de Sakura agarrou Tomoyo pela jaqueta e a encarou. — Não faça nenhuma besteira enquanto eu tiver fora, tá? Eu te conheço, viu?
— Eu vou tentar, Marcela, eu vou tentar… — respondeu Tomoyo.
III
— Hikaru, o ministro Alfredo vai usar equipamento pesado! Ajude a menina Marcela no que ela precisar! — disse a Princesa Hinoto.
— Pra já! — disse Hikaru. Depois, ela se voltou para Sakura e tocou nas costas dela. — Vai ficar tudo bem, Sakura!
— Os céus te ouçam… — respondeu Sakura, com lágrimas nós olhos.
Marcela correu para o fundo do anel viário e Hikaru atravessou o umbral e acompanhou a espanhola.
IV
— Por muito tempo, a gente buscou as cartas Clow como legítimo direito da Ordem do Dragão… Agora, elas foram despertadas nessa era e estamos tentando ter o que é nosso de volta! — disse o Interventor.
— Seu cretino! — gritou Kerberos.
— Diga à eles, Kerberos! Diga que as cartas são nossas! O Clow assinou e você estava presente quando ele assinou isso! — disse o Interventor. Ele fez aparecer um pergaminho branco no ar. Era totalmente feito de escamas e estava escrito e com sangue. Nele dizia:
“Eu, Mago Clow Reed, cederei voluntariamente as Cartas Clow para a Ordem do Dragão para que elas sejam usadas à serviço da Coroa da Espanha em todas as partes do mundo que ela desejar, para os fins que ela achar melhor.
“Para isso, eu cedo todos os conhecimentos e tecnologias para o uso e manuseio das Cartas.
“Caso eu não cumpra a minha promessa, que a Ordem do Dragão use todos os meios disponíveis para que cumpra e faça cumprir esse acordo.”
Um espanto geral surgiu no meio de todos.
— Então me diz, pra que você quer as cartas, para quê você quer as cartas nessa era, depois de tanto tempo? — perguntou a princesa, desesperada. Todos ficaram espantados com a forma que ela reagiu.
— Isso não é do seu interesse… — disse o Interventor.
— É do meu interesse, sim! Você atacou uma cidadã do meu país! Você tentou matar ela e a família dela! Como não é do meu interesse? Pra coisa boa que isso não deve ser!
— Eu não estou interessado no seu julgamento, Mulher! Você sabe muito bem que acordos entre magos devem ser cumpridos! Não importa se passaram trezentos, quinhentos anos… Eu vim atrás do que é meu e eu quero agora! — disse o Interventor.
Do outro lado da praça, Sakura estava inconformada. Chorava como nunca e não entendia nada daquilo.
— É verdade, né, Kero-chan! Eu não sou a dona das cartas, é isso? — perguntou a cardcaptor. Nem Fujitaka, nem Touya conseguiam dizer nada. Eles olhavam para Nakuru e Kero com dúvidas e preocupações.
— Isso é mentira, Sakura! As cartas são suas! O Eriol quem falou! — gritou Nakuru, se transformando em Ruby Moon.
— Quem é esse Eriol que eu não conheço? — disse o Interventor. — Quem é ele pra dizer de quem são as cartas? Eu já disse e repito: Acordos entre magos devem ser cumpridos até o final! É um voto perpétuo! Vocês, que sempre viveram entre os comuns, nunca vão entender isso!
— Pois eu vou dizer uma coisa desse acordo, meu chapa! Vocês me prenderam, me amordaçaram, me torturaram há trezentos anos pro Clow assinar essa porcaria! Não venha me dizer o que é acordo entre magos quando vocês não são exemplo nenhum disso! — disse Yue. O anjo prateado foi logo sacando o arco e disparando algumas flechas de prata contra o homem. Ele repelia todas com um simples movimento de mãos. Sakura, Fujitaka e Touya olharam para Yue com estranheza. — Vamos Kero!
— Esperem! — disse Alfredo Bosch, batendo com seu imenso cajado no chão, silenciando todos. — Eu também estou de acordo com a princesa Hinoto. Pra coisa boa é que essas cartas não vão ser usadas! Vocês estão falando de fatos que aconteceram no meu país há trezentos anos! A responsabilidade desse caso também é minha!
— Se você é tão bom pra valer a sua autoridade sobre mim, ministro, então faça-a valer! — disse o Interventor, desafiando-o.
Enquanto dizia isso, um brilho dourado apareceu no ar como um relâmpago. Ele pousou no chão da praça, e todo mundo ficou intrigado com aquilo. Era um homem cabeludo, de armadura dourada no corpo todo e capa escarlate. Seus cabelos escorriam pelos ombros, tinha uma barba volumosa e olhos claros azus bem destacados. O Interventor sorriu por trás do capacete e deu alguns passos até ele.
— Meu rei… Aqui estão as cartas e a criança fruto da união do poder de Clow… É hora de a gente cumprir finalmente nosso papel na história interrompido por longos trezentos anos! É hora de restaurar o nosso império, majestade, Felipe da Casa Bourbon, sétimo de seu nome, rei dos catalães, dos bascos e dos galegos! — disse o Interventor da Catalunha, se curvando perante o homem. El Rey só ficou olhando, com a capa ondulando ao vento.
Todos arregalaram os olhos, principalmente o ministro.
— Majestade, não dá pra acreditar! O legítimo rei da Espanha por trás de um bando de bandoleiros! — disse o ministro, indignado.
— É verdade, Alfredo! Eu sou o comandante geral da Ordem do Dragão! Todos os interventores da Ordem estão sob meu controle direto! — disse El Rey.
Uma onda de decepção circulou entre os agentes dos dois países.
— Não consigo esconder a minha repugnância perante essa situação toda! É por isso que a Catalunha e o País Basco quer independência! — esbravejou Alfredo. Todos os agentes dos mossos d'esquadra levantaram a voz concordando com o ministro.
— Acalmem-se! — disse o monarca. Todos pararam para prestar atenção nas palavras dele. Um silêncio total pairou sobre a praça. Sonomi sussurrou para Tomoyo:
— Filhota, você não tá achando essa voz meio parecida com a de alguém não?
— Mamãe… Eu não queria falar, mas… Não dá pra acreditar… — disse a roxinha, com a mão na boca, fazendo não com a cabeça. No centro da praça, Dom Felipe continuava:
— Eu entendo a indignação de vocês. Essa questão da independência é um problema político que vai ser resolvido de forma política, o que não vem ao caso agora… Eu posso ser o Comandante da Ordem do Dragão, mas… Há um interventor que não segue as minhas ordens! Nem nunca seguiu! Esse interventor é você! Eu nunca ordenei nem sequestros, nem roubos! Não ouse me colocar no meio dos seus crimes! — disse El Rey, furioso, apontando para o comandante da Ordem ajoelhado aos seus pés. Por trás do capacete da armadura, os olhos do homem brilharam em vermelho e o sorriso em seu rosto desapareceu, dando lugar à uma cara fechada de ódio.
— Você não é Rei! Bastava uma palavra sua e toda a Ordem do Dragão te entregaria esse país aos seus pés! Mas você prefere brincar de comum! Continue brincando!— disse o Interventor.
— Eu não quero fazer Espanha se ajoelhar aos meus pés! Ei não estou brincando de comum! Isso é vida real! O que eu mais quero é unir meu reino dividido como um único estado de várias nações! Um reino de Catalães, Bascos e Galegos! Se eu sou fraco pra unir meu reino, eu não mereço essa coroa que eu estou usando! — disse El Rey, com veemência. Os agentes começaram a cochichar entre si.
— Você vai perder essas nações que você quer tanto reunir, Felipe! — disse o Interventor.
— E também… — El Rey olhou para Tomoyo e andou até ela. — Dizer toda a verdade para a mulher que eu amo… — De repente, os cabelos e a barba de El Rey sumiram em uma nuvem de poeira, dando lugar à um cavanhaque bem feito e um cabelo bem aparado. Ele não era mais El Rey de Espanha, mas sim, Felipe, o namorado de Tomoyo.
— Sabia! — disse a morena, indignada, com a mão no rosto.
Sakura se levantou na hora do chão onde estava quando ouviu a amiga querida sendo envolvida nesse rolo todo.
— Fe… Felipe? É você? Que brincadeira é essa? — disse a costureira, segurando a vontade de chorar.
— Sou eu mesmo, Tomoyo. — disse o monarca.
— Mas seu nome não era Felipe Ferrer i Lekuauribe? — perguntou a costureira.
— O nome dele é Felipe Ferrer de todos os Santos de Bourbon i Lekuauribe! Ele omitiu de propósito o sobrenome real! E sabe por que? Pra se divertir com você, pra se divertir fora das paredes do palácio real de Madrid! Você não passa de um chiclete que ele mastiga e joga fora quando perde o gosto! — disse o Interventor.
— Já chega! — gritou Tomoyo, chorando, interrompendo o comandante da Ordem. Ela tirou os dois floretes da maleta e acionou-os. Um parecia uma espingarda, o outro parecia um guarda-chuvas aberto. — Felipe, depois eu quero falar com você, mas agora… — A garota deu alguns passos para frente na direção do homem de armadura vermelha como sangue apontando o florete para ele.
— Tomoyo! — gritou El Rey.
— Tomoyo! — gritou Fujitaka.
— Tomoyo-chan! — disse Sakura.
— Tomoyo! — gritou Sonomi. Ela tentou correr, mas Alfredo colocou o cajado dele na frente dela, impedindo que ela continuasse.
— Espere! — disse ele.
Tomoyo continuou a caminhar, sem hesitar.
“Ninguém está vindo me acompanhar… Está todo mundo com medo! Perderam suas armas… Mas eu não posso parar, não agora… mesmo que custe a minha vida, eu tenho que deter esse cara…”, pensou Tomoyo.
— O que você pensa que tá fazendo? — perguntou o Interventor.
— Eu exijo que você devolva o Chitatsu e as cartas Sakura! Agora!
— Você sabe com quem está falando?
— Eu estou falando com um marginalzinho barato que acha que é Napoleão! Disse Tomoyo. O Interventor apertou o arco em sua mão e disparou uma flecha contra Tomoyo. Ela foi rápida e colocou o escudo na frente antes de ser atingida. O homem atirou mais e mais, e Tomoyo só se defendia com o escudo, avançando contra ele. Ela estava tão perto dele que que chegou a dar um, dois golpes contra o homem só com o escudo.
— Sua vida já era, Tomoyo!
— Eu vou lutar por ela até o fim!
Tomoyo apontou o florete contra ele, disparando uma bola de energia. A esfera bateu no corpo dele e eletrocutou a armadura. Com dificuldade, o homem abriu e fechou a mão. De repente, linhas vermelhas brilhantes circularam todo o perímetro da praça de Les Glòries e uma parte da calçada da Estação Cosmosquare.
— O que vocês estão esperando? Ele tá criando uma barreira! — gritou a Princesa Hinoto.
— Todo mundo, a postos! — disse o ministro Alfredo.
Os agentes dos mossos com poderes mágicos correram para a barreira e foram empurrados para trás por ela. Os agentes da polícia nacional japonesa tentaram atacar a barreira com mágica, mas suas magias foram mandadas de volta para eles. Todos se feriram. Finalmente, Syaoran despertou do choque que levou. Só de ver Tomoyo lutando contra o homem de armadura vermelha como sangue, Sakura e Syaoran correram para a barreira. O chinês tocou a barreira com a espada e recebeu um choque. Meiling ficou preocupada.
— Shoran, cuidado! você não tá recuperado ainda!
— Pelo visto, essa barreira é coisa de outro mundo… — comentou o jogador.
— Ela tá lutando por mim! Ela tá lutando pelo meu filho! Eu não vou deixar ela sozinha! Me espera, Tomoyo! — disse Sakura. Ela não se importou com os comentários deles. Começou a descer o báculo contra a parede transparente vermelha brilhante vez após vez. Sentiu o choque das primeiras vezes, mas não se importou, nem se deixou abalar. Continuou batendo e batendo o báculo da estrela quantas vezes fosse possível. Kero e Yue se olharam confusos.
— O que a gente faz? Vamos ficar só olhando? — perguntou Yue.
— Eu vou atacar! — disse Kero.
— Mas a barreira repele ataques! — disse Yue. — Se eu acertar uma flecha aqui, pode pegar nos agentes!
— Eu não estou nem aí. Se a Sakura acredita que pode vencer isso, eu também acredito! E outra: meu corpo absorve meus próprios ataques. — disse Kero. O leão dourado acompanhou Sakura e soltou um jato de chamas contra a barreira.
— Eles tão tentando derrubar a barreira na base do grito! Droga, isso não deu certo! — disse Touya, desesperado.
— Que sugestão você dá, meu filho? A Sakura e o Syaoran quase perderam a vida por conta desses caras, o que aquele ali não pode fazer com a Tomoyo? Ele pulverizou a arma dos policiais, eles têm que ser rápidos pra salvar a Tomoyo antes que seja tarde! — disse Fujitaka.
Do outro lado da barreira, Tomoyo batia e batia com o escudo contra o homem. Quando ele cambaleava e se distanciava um pouco mais, ela disparava um pulso e magia com o florete.
— Entendi… Você tá atacando o máximo que você pode pra me desconcentrar e evitar que eu conjure um feitiço! Você tá ganhando tempo até eles quebrarem a barreira! — disse o Interventor. Tomoyo se assustou vendo seu plano ser exposto.
— Eu só queria que eles me acompanhassem até aqui e não perdessem a coragem! — disse a moça.
— Uma pena, pois eles não pensam como você. Mas eu não seria o comandante da Ordem se eu não tivesse uns truques na manga… — disse o Interventor. Asas transparentes vermelhas apareceram atrás de suas costas e ele voou, para longe dos socos de Tomoyo.
— Venha me pegar daqui… — disse ele, dando um rasante contra a moça.
Continua…
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