Capítulo 19

Partidas e arrependimentos

I

Cemitério de Montjuïc, Barcelona, Espanha, 13 de dezembro de 2010

Uma flor amarela caia lentamente sobre um tampão de madeira. Lá, havia uma bandeira colorada, símbolo do Girona FC, time de coração de William Recorder. O pequeno Pere se afastou da cova onde estava o caixão do pai e foi dar um abraço na mãe. O rapazinho não chorava. Os coveiros terminaram de jogar terra no féretro, e sete agentes dos Mossos d'esquadra dispararam 21 tiros no solo, sob a ordem dos toques de trombeta. Fazia um dia de sol bonito e sem nuvens na cidade condal naquele começo de tarde. 

Há alguns metros do cortejo, Larissa e Tomoyo assistiam a cena, de sobretudos e óculos escuros.

— Eu podia ter salvado eles, essa é uma coisa que eu não consigo tirar de mim… — disse Tomoyo, com o rosto abatido.

— Você não precisa ficar se lamentando, Tomoyo… Eles não pediram a sua ajuda, você não precisa atuar junto com a gente… — respondeu Larissa. Tomoyo olhou espantada para a policial.

— Você não pensa nisso, Larissa? Vocês estão arriscando a vida de vocês! 

— Sim, Tomoyo, pensamos! Mas nossos testamentos já estão escritos antes que você me pergunte mais! 

— Como assim!?

— Entenda: a gente escolheu de livre vontade doar nossas vidas em troca da segurança de um monte de gente! Inclusive você! Portanto, não se lamente pelo que você não fez! Agradeça por você estar vida e as cartas longe deles! Custou uma vida? Custou! Mas também custou uma vida pra eles também! 

Tomoyo não reagiu. Estava chocada e não entendia o que ela queria dizer. A agente dos mossos continuou a explicar:

— Você sabe que se você for pega, eles vão ficar mais perto de ter o domínio da energia Clow dentro dentro das cartas, não sabe?

— Me desculpa, Lari, mas eu não penso como você… — disse Tomoyo. Ela tornou a colocar os óculos escuros e saiu do lado dela. Chegou perto da tumba de William e depositou um pequeno bolo de flores recheado de magnólias.

— Muito obrigado, cara! Eu não vou deixar que eles peguem as cartas!

Continua…