A canção de Sakura e Tomoyo: melhor chamar Sakura escrita por Braunjakga


Capítulo 11
As coisas que ele deixou




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Capítulo 9

As coisas que ele deixou

 

Mollet del Vallès, Espanha

8 de setembro de 2010

 

O celular de Tomoyo recebia mais uma mensagem de Sakura. Já era a décima naquele dia. Bastou contar para ela do sequestro que até mesmo Hikaru, do outro lado do mundo, entrou em contato com os agentes da Catalunha. Na mensagem que recebeu, Sakura disse que se necessário fosse, ela mandaria Yue para a Espanha para protegê-la. Tomoyo respondia que não precisava, que estava bem escondida nas instalações do Instituto de segurança pública da Catalunha há quase três dias, cercada de policiais por toda parte e que ainda conversaria com uma pessoa muito importante da comunidade mágica local naquele dia mesmo.

Estava em uma sala fechada e isolada de tudo, localizada há muitos e muitos metros debaixo da terra. Só havia um elevador por onde entrar e sair daquele cômodo. As paredes e o teto eram rocha pura. Mesmo dentro daquela cova, ela estava recheada de computadores e fios para todos os lados. 

Sentada em uma cadeira e mesa de metal, Tomoyo esperava. Sobre aquela mobília, estavam as coisinhas de Fernando que foram achadas com o corpo dele. Tomoyo passou o olho pelo documento nacional de identidade (DNI) com o nome completo do agente que a salvou: Fernando Falcó i Guillot, natural de Vielha, no Vall d'Aran. Tinha 35 anos de vida quando sua vida foi interrompida. Depois, olhou outro objeto da mesa: uma foto que carregava na carteira, ele com a mulher e os dois filhos que sequer eram dele, mas ele os criava com muito amor. A morena pegou o distintivo dele e viu que ele era policial há mais de dez anos. Já era sargento e já consideravam passá-lo para subinspetor. Tomoyo olhou mais um pouco e seu olhar se deteve numa carteirinha vermelha de membro do partido dos socialistas da Catalunha. Lá, constava que ele era militante do partido havia mais de vinte anos.

Por fim, levantou-se da cadeira e tocou no último legado dele: os dois floretes que Fernando levou para lutar contra David Bel. Um deles era fino e leve como uma agulha sem fio de corte, o outro se parecia mais com um guarda-chuva do que um florete. Bastava apertar uma saliência no punhal da arma que ela se abria como um. 

— Será que isso é um escudo? — pensou a roxinha. Se era um escudo, duvidava, pois aquilo se abria em quatro partes como um bambu partido em quatro bandas a partir do caule. — Quem sabe eu não saiba usar isso ainda… — Tomoyo apertou a saliência e o florete se fechou. Ficou analisando o material por um tempo até que descobriu alguns pontos em comum com uma coisa que já conhecia.

— Estou vendo que esse material aqui é muito parecido com o material que é feito as armaduras da Ordem… o Kenji, o meu pai, o Zigor… Esse florete é muito parecido com elas.

— Vejo que já está usando sua inteligência prodigiosa pra adivinhar o que são essas coisas… Você está certa, minha garota! — disse uma voz que apareceu do nada naquela sala. Tomoyo se virou com o susto que levou e viu um homem de cabelos e barbas grisalhas, usando sobretudo bege com um distintivo dourado no peito, e uma mulher na frente do elevador também de sobretudo bege e distintivo. O homem nunca viu antes, mas a mulher, para sua surpresa, era Marcela.

— Marcela? O que você está fazendo aqui? Você não é design de jóias? Como foi se meter com a polícia? — perguntou Tomoyo, freneticamente.

— Você não entendeu ainda, sua boba? Eu tô fechada com a polícia! — respondeu Marcela, sorrindo para ela.

— Eu não entendi mesmo! — Surpreendeu-se Tomoyo.

— Nós podemos te explicar tudo. A sua presença aqui faz três dias, o ataque que você sofreu, tudo está relacionado… — disse o Homem.

Tomoyo olhou para Marcela indignada, como se ela tivesse revelado um grande segredo.

— Tomoyo, não faça essa cara. Sei o que você está pensando. Mas eu te aviso desde já que você foi injusta com a gente. A Ordem do Dragão já conhece mais sobre as cartas Sakura do que qualquer um de nós. Se você tivesse nos avisado deles antes, teríamos adiantado muita coisa… — terminou o homem.

Tomoyo olhou para baixo um pouco antes de continuar a responder:

— Primeiro, eu tenho que saber quem é o senhor! 

— Com certeza, desculpe os meus modos… Sou Alfredo Bosch, valenciano de nascimento e presidente de governo da comunidade mágica espanhola. — respondeu Alfredo.

— É o que? — assustou-se Tomoyo.

— É ele quem responde pelos crimes cometidos pela Ordem aqui na Espanha pra Comissão Europeia, tá? Mais respeito! — A moça de olhos verdes com a cara de Sakura fez uma cara engraçada para ela, com as bochechas cheias de ar. Tomoyo ficou olhando para eles desconfiada, com o queixo apoiado entre o indicador e o polegar.

— Senhor Presidente, eu estou vendo que vocês já conhecem da Ordem há muito tempo… Mas entenda: eu não sei em quem confiar no meio dessa guerra suja pelas cartas… 

— Eu entendo a sua desconfiança e o seu medo, sei também que eles já tentaram atacar duas vezes a Sakura em busca das cartas… — disse Alfredo. Tomoyo olhou para Marcela com olhos estreitos de raiva, e a moça apenas ficou assobiando para o alto, olhando para as rochas do teto, como se aquilo não fosse com ela. O presidente se aproximou de Tomoyo e tocou gentilmente em suas mãos. — Mas entenda! Pelo que pude ver nos nossos arquivos, a Ordem do Dragão nunca demonstrou ter interesse em itens mágicos para ganhar poder, pelo contrário, eles sempre fizeram suas próprias armas, sempre foram perseguidos por uma outra organização rival chamada de "A Torre". Esse comportamento, de uns tempos para cá, tem nos preocupado bastante… 

— Uma organização rival? — indagou Tomoyo.

— Tomoyo, Tomoyo, nem sempre todo mundo que usa magia é um bom samaritano, prestando ajuda pra todo mundo. Pra isso o Dom Alfredo aqui! A gente é uma comunidade, ajudando todo mundo! Mas tem uns que querem viver isolados da gente. Daí, nesse mundo, é a lei do mais forte que manda… — Explicou Marcela, mordiscando uma maçã que ela fez aparecer do nada

— Estou vendo que isso é uma luta de gangues e eu e a Sakura estamos no meio disso tudo...

— Muito mais que uma luta de gangues, eu conheço cada organização mágica não regular desse país e mantenho todas sob controle. O problema é que a Ordem do Dragão saiu dos limites que ela mesma estabeleceu. Estamos preocupados com isso e quero saber o que está acontecendo, essa mudança súbita de comportamento deles… Não sei se é por causa dessa "Torre" que a gente nem conhece direito ou outro motivo, mas eu quero descobrir, eu quero ir a fundo nisso… — Finalizou Alfredo.

— Fora que a gente nem sabe quem é essa "Torre", a gente nem sabe se ela é real… — disse Marcela.

— Pois é, por isso, eu peço sua ajuda e compreensão, Tomoyo, você entende nossa urgência? — disse Alfredo, afagando gentilmente as mãos dela. 

Pela primeira vez na vida, Tomoyo não soube o que fazer.

 

Continua…

 


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