Mar de Cores escrita por Biazitha


Capítulo 3
Vermelho




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Parada como uma estátua pelo sexto dia consecutivo e mesmo assim não estava nada cansada. As horas ao lado de Neji pareciam voar e conversávamos sobre tudo; cada aspecto das nossas vidas era discutível e causava algum riso. Ele tinha um humor incrível, não me vi séria por momento algum que fosse.

Por vezes questionei se deveria me manter mais em silêncio e menos risonha, mas o pintor de longos cabelos escuros cortava-me exasperado, implorando para que eu continuasse sendo o mais natural possível. Bom, por mais que eu quisesse não conseguiria manter-me calada junto à ele. 

Os seus belos olhos claros fitavam-me a todo instante, meticulosos e concentrados, como se pudessem ver mais do que eu conseguia explicar. Neji dizia que queria captar cada centímetro meu com perfeição e por mais que eu me esticasse não era permitida visualizar como estava ficando desenhada naquela tela colorida.

No primeiro dia fiquei constrangida e um tanto incomodada com tamanha atenção voltada para mim; eu parecia borbulhar sob o seu olhar. Agora eu me sentia irrequieta quando o seu rosto respingado de tinta não estava virado para mim e quando o seu sorriso galanteador não moldava os lábios ao me avaliar. 

— Representar a sua beleza em cores está valendo cada segundo. — comentou enquanto balançava minimamente o braço, parecia estar fazendo algum detalhe pequeno, visto sua concentração e o enrugar da testa. — Mas o meu cérebro já está cogitando comer estes pincéis. O que acha de darmos uma pausa?

Ri com a sugestão, concordando prontamente. O Hyuuga dispôs-se à minha frente com a mão estendida. Azul, verde, laranja, marrom e branco misturam-se em seus dedos, como uma palheta humana. Segurei-a sorridente, pouco me importando com as manchas que também me coloriram.

Ter a sua pele quente contra a minha já tornava-se um hábito. Mal me lembrava de quando o primeiro contato físico aconteceu, foi natural. Começou com aperto de mãos, depois um breve abraço, em seguida um enlace em volta dos ombros e, enfim, os dedos entrelaçados. Os nossos corpos pareciam puxar um ao outro para perto, cada vez mais perto...

Eu não temia me perder naquele labirinto de sentimentos e pensamentos que era Hyuuga Neji, eu era uma ótima Navegadora, o meu senso de direção era impecável.

Largar-me em seus lábios devia ser tão magnífico quanto em seus braços. 

Sentamos na beirada da varanda com os pés descalços balançando um pouco acima do nível da areia. Ele morava sozinho, afastado do centro da ilha e próximo ao pedaço de Paraíso que eu mais gostava. Uma casinha de madeira muito simples e aconchegante, com mais tintas e telas do que móveis.

Tomávamos chá de hortelã enquanto a sopa de carne esquentava no fogo. O dia começava a escurecer e, da onde estávamos, um pedacinho da lua espreitava no céu, ainda tímida e esmaecida. 

— Amanhã te levarei até a casa dos meus pais, como havia prometido. — Neji informou com a voz baixa, bebericando um pouco mais do líquido quente em seguida. Eu estava ansiosa para conhecer a família Hyuuga, pequenos comerciantes de tecidos. Queria ver, provar e comprar o máximo de vestimentas e panos que pudesse, já que não saberia dizer com certeza quando a nossa próxima parada seria. — Eles ficarão contentes em conhecer a capitã Mitsashi.

— Pare com essa bobagem. — reclamei empurrando-o com o ombro. Ele passou o braço direito atrás de mim, segurando minha cintura com a mão quente. — Eu nunca serei capitã, é um desvio do destino que eu esteja com esta tripulação. 

— Você seria a mais bela capitã que o Japão já viu.

— Dizem que mulheres trazem má sorte no mar, muitos até se jogam na água quando olho para eles. — virei o rosto para o admirar, não contendo o sorriso travesso com o que havia acabado de confidenciar. As minhas palavras não passavam de um sussurro, nossa proximidade era tanta que eu nem precisava me esforçar para que ele me escutasse com perfeição.

Um suspiro mais alto poderia acabar com a densa tensão que começava a se formar.  

— Para mim, você traz a mais pura ventura aos olhos. Tolo o homem que a deseja longe de si. 

A sua boca juntou-se à minha com uma rapidez inesperada, porém repleta de sutileza. Fechei os olhos por completo, entregando-me aos seus encantos. Aprofundei o beijo sem demora, rodeando-o com os meus braços e quase o fundindo junto a mim.

O nosso beijo tinha gosto de chá de hortelã e eu senti que nunca cansaria daquilo. Parecia tão aconchegante, tão intenso, tão certo... Tão nós.

Neji segurou-me até dentro da casa, as minhas pernas em volta da sua cintura e a boca ainda colada à sua; os meus dedos faziam nós em seus cabelos compridos e eu sentia o seu suspirar deleitoso com aquilo.

Deitamos juntos na cama e nos separamos por um breve momento. A luz da lua estava mais fraca naquela noite, no entanto eu fui capaz de observar todos os nuances daqueles olhos perolados.

Branco, cinza e preto. Cores que antes eu achava serem tristes e sem vida, ganhavam um novo significado.

Arrepiei-me quando os seus lábios desenharam cada curva do meu corpo com carinho e também quando pude sentir por completo a sua pele grudada na minha, sem roupa nenhuma nos separando. A língua quente provocava as minhas áreas mais sensíveis, deixando rastros molhados e dormentes para trás. Os seus dedos apertavam e acariciavam toda parte que podiam alcançar, deixando-me nas nuvens.

Mas foi quando a sua voz rouca gemeu baixo o meu nome pela primeira vez que jurei explodir ali mesmo, entre os seus braços, incapaz de conter a satisfação para mim mesma. Neji tinha certeza do que fazia e os seus movimentos confiantes me enchiam de efervescência.

Os nossos sons já se misturavam, assim como o nosso gosto; eu não queria assumir o controle, queria me deixar levar pela maré daquele homem rumo ao paraíso afrodisíaco de prazer que nos esperava. Eu não queria pensar no amanhã, apenas me concentrava no desejo lascivo que nos arrebatava.

Desejo, atração e... Carinho. 

Porque antes mesmo do ato ser consumado eu já era dele e ele já era meu. Mesmo que não houvéssemos dito aquilo em voz alta ainda.


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