Instituto Secreto de Super-heróis - INTERATIVA escrita por Giovanna


Capítulo 8
Collision of Worlds


Notas iniciais do capítulo

A colisão de mundos finalmente chegou!

Boa leitura!



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[Instituto, sala de aula, aula de química, 25 de janeiro, 10:10 AM]

Em seu segundo ano de Instituto, Frigga já havia se acostumado com o ritmo das matérias, a quantidade pesada de tarefas e o trabalho duro que tinham que fazer em campo de batalha, mas nada disso lhe garantia interesse sobre as aulas mundanas.

Jane Foster mais do que ninguém tentava fazer Frigga se interessar pelas aulas. Química, física e até mesmo biologia se fosse o caso, mas tudo parecia impossível em comparação a mitologia nórdica e aulas de combate, por isso, Bruce Banner sempre sofria para manter a atenção de seus alunos em classe.

Com aproximadamente dois metros de altura, 180kg e uma pele verde abacate, o antigo senhor destruição, agora, usando suas roupas de “hippie”, tentava enfiar algum conhecimento básico nas cabeças de seus alunos.

Após o estalo, foi ainda mais requisitado para trabalhar em seu laboratório quando Maximoff dividiu a realidade em quinze milhões de pedacinhos. Sendo um dos maiores cérebros que conheciam, dividia palco com Shuri e Tony para tentar concertar o que a bruxinha havia causado, mas de longe aquilo havia concerto, eles haviam no máximo arranjado uma maneira do Mago Supremo colocar um super band-aid em cima da ferida esperando que não infeccionasse.

Trabalhando aos pares, Bruce recebia diferentes tipos de humores dos adolescentes todos os dias. Algo engraçado de se ver. O cara que vivia irritado, enfurnado em uma sala com 20 adolescentes exalando hormônios pelos poros tentando estudar as graças da química da vida.

No início, Bruce achou que talvez não fosse uma boa ideia.

Era um grande segredo para a maioria, mas ele jamais poderia ter aquilo. Filhos, crianças, formar uma família. Todo aquele assunto sempre o lembrava de Natasha e de certa forma o entristecia, mas os primeiros anos se mostraram diferente do imaginado.

Acolhido e amado como professor, se tornou um mentor, mas também pai de muito deles.

Apesar do trauma que sentia da própria infância, acabou descobrindo que família não tem nada a ver com sangue. No fim do dia, todos seus alunos sempre seriam seus filhos ao qual ele tentou ensinar alguma coisa.

— Frigga, você está prestando atenção? – O professor chamou atenção novamente.

— Desculpa, pai. – A menina saiu de seu transe e todos os alunos soltaram risinhos. – Quer dizer, professor.

Ela sorriu desconcertada.

Era difícil ver Bruce como professor, eles tinham uma relação muito maior do que isso. O cara literalmente frequentava sua vila para ver Brunnhilde sempre que podia e de quebra passava os fins de semana na casa de seus pais, sendo o grande amigo que era de ambos os pais.

Frigga não se cansava de ouvir da grande batalha que Thor e Hulk tiveram antes do Ragnarok, seus dois “pais” nunca entravam em consenso sobre quem realmente havia vencido a luta.

A loira gostava muito do professor, era verdade. Sempre recorria a ele quando seu pai, Thor, estava sendo extremamente injusto por ser protetor demais, o grandalhão sabia como ser parcial, por isso era tão estranho ter que chama-lo de professor para lá e para cá.

Mas não que ter o verdinho na família a ajudasse a se concentrar na aula.

Hiperativa como nunca, qualquer coisa a distraída da explicação de prótons e nêutrons, se uma explosão não ocorresse lá na frente, ela nunca entenderia a matéria. Ainda mais podendo ter a visão de Watson completamente inconfortável fazendo dupla com Morgan naquela manhã.

Graças a Raven, sabia exatamente o que havia acontecido na semana passada e os pombinhos não se falavam desde então, criando uma aura extremamente esquisita entre a antiga dupla dinâmica na aula de química que até mesmo estava sendo notada por Bruce Banner.

Com uma ideia em mente, Frigga resolveu quebrar o gelo. 

Morgan chamou a atenção de todos quase derrubando os utensílios de sua mesa ao cair da cadeira de maneira majestosa, Watson a segurou a tempo fazendo a castanha ficar vermelha como uma pimenta.

— Desculpa... Eu... – Morgan não sabia onde enfiar a cara.

— Está tudo bem, Srta. Stark? – Banner perguntou enquanto segurava os protótipos de vibratium de prótons em sua mão.

— Não, está tudo bem. – Ela se sentou de novo. – Eu só me assustei.

Frigga tentava segurar com toda sua força a risada presa na garganta pela cena que tinha observado, uma aula de química nunca tinha sido tão interessante. Alguns alunos se mantinham perdidos, enquanto outros sabiam exatamente o que estava acontecendo e aproveitavam para rir da situação como a deusa da lua.

Watson olhou de soslaio para Frigga ao seu lado, ela claramente não conseguia disfarçar o que havia feito de propósito. Apesar do sol correr para ficar acima deles, a lua não havia desaparecido. A lua nunca desaparecia. Os poderes de Frigga continuavam ali, mas reduzidos.

Com o simples deslizar de dedos, Frigga conseguia induzir qualquer pessoa provocando visões psíquicas, muito similares a sonhos. No caso de Morgan, o tão famigerado, sonhar acordado. Algo que só devíamos fazer pela noite, acompanhados da lua, mas com o incentivo certo, poderíamos fazer em qualquer lugar.

Frigga não sabia ao certo o que havia induzido na mente de Morgan, mas o que quer que ela tivesse visto, havia feito a castanha cair da cadeira para os braços de Watson.

— Ok, ok. Foco pessoal. – Bruce pediu pela terceira vez naquele dia e as risadas cessaram aos poucos.

Frigga não podia negar, tinha um ótimo senso de humor. Gostava de brincar com as pessoas, de um jeito saudável e que no final todos pudessem aproveitar. Porque qual era a graça da vida se você não sorrisse?

Ela gostava de se manter positiva, a história de seu pai era triste o suficiente para cinco gerações e ela estava simplesmente cansada demais desse papinho de heróis sofridos.

Porque não, heróis felizes que salvam a Terra? Era pedir demais?

E como um sinal mandado dos Deuses, aconteceu.

Uma batida estrondosa foi ouvida por toda Wakanda. Todos pararam o que estava fazendo para ver; algo havia se chocado contra a barreira de proteção da cidade e entre fogo e fumaça, escorreu até as florestas.

Um sinal muito bem conhecido pelos alunos soou, a voz de Tony Stark tomou todos os altos falantes, aquilo não era um treinamento, todos eles deviam ficar em estado de alerta. Aquilo podia ser um ataque.

Frigga e seus companheiros de classe se levantaram, sabiam que não deviam levar nenhum objeto, era como um treinamento de incêndio. Bruce ficou atento, esperando por uma segunda explosão ou alarme, mas ele não veio.

A loira mordia o lábio, ansiosa, uma das mãos agarrada ao colar pendurado no pescoço pensando imediatamente na família em New Asgard, eles sempre seriam sua prioridade. Watson se matinha calmo em situações assim, se assemelhava muito a um médico prestes a entrar em cirurgia. Morgan nem mesmo parecia aquela pimentinha vermelha de cinco minutos atrás, as engrenagens rodando a mil em sua cabeça pensando nas alternativas do que aquilo poderia ser e claro, desejando que fosse escolhida.

A quem queriam enganar? Todos naquele maldito instituto ficavam felizes quando algo ruim assim acontecia, isso significava batalha, guerra, finalmente algo para demonstrarem todas as suas habilidades, todo o seu aprendizado e liberarem todo o seu poder.

Como em um pedido silencioso, a pulseira de vibranium de Frigga vibrou em seu pulso e brilhou em roxo, ela comemorou internamente e todos os outros alunos a olharam com inveja.

— Ele te escolheu de novo? – Morgan reclamou baixinho. – Eu vou matar ele.

— Se nem ela que é filha tem favoritismo, imagina a gente. – Algum outro aluno reclamou.

— Não se preocupem, eu luto por vocês. – Frigga sorriu adorando aquilo e o teto da sala passou a se abrir.

Os alunos remanescentes ainda encaravam suas pulseiras na esperança de vê-las brilhando antes de sentirem a vibração, mas nenhum deles parecia ter muita sorte. Frigga prendeu os longos cabelos loiros com a mesma pulseira e olhou para o professor pedindo permissão.

— Você não vai a nenhum lugar sem mim. – Ele levantou o pulso e sua pulseira também brilhava.

— Como nos velhos tempos então. – Frigga sentiu uma onda de energia preencher suas veias aos raios de sol a tocarem.

Logo, a garota voava em direção aquela primeira explosão na barreira de Wakanda, sendo acompanhada de seu Professor Hulk e seus pulos “mágicos”, mas aquilo não durou muito, pois eles ficaram extremamente surpresos ao perceberem que uma aurora boreal se espalhava por toda a extensão da floresta.

Frigga sentiu um calafrio de ansiedade atingir seu corpo ao perceber resquícios da lua naquela área. O que quer que tenha atingido Wakanda, levaria a maior surra do universo.

[Wakanda, lado externo da barreira, floresta, 10:56 AM]

De todas as pancadas que já havia levado, acertar o que quer que aquela coisa invisível fosse, foi a mais difícil delas.

Ser eletrocutada, queimada e feita de churrasquinho sem o menor aviso prévio, não era nem um pouco divertido.

Quem colocava uma barreira dessas no meio do nada?

Porque eles estavam no meio do nada, não era?

Precisou de pelo menos 5 minutos para recobrar a consciência e perceber que havia caído em algum tipo de floresta. As roupas já não aguentavam mais qualquer clima hostil, as botas queimadas na explosão, a maquiagem de guerra arruinada em um dos planetas anteriores, o cabelo completamente chamuscado, mas devia ser um corte legal se parasse para analisar.

A fome, o frio, o calor, o medo, a raiva, o desespero, ela já não sabia mais no que se concentrar. Por sorte havia passado tempo o suficiente naquela realidade para se acostumar com aquele sol, mas o início havia sido pior do que imaginado.

O Líder Supremo nunca os preparou para isso.

Queen Danvers cuspiu o sangue acumulado na boca, precisava achar os companheiros que ainda estavam vivos. Ah, ela jamais achou que isso fosse acontecer.

Em 10 dias tentando penetrar as proteções da Terra, havia perdido 4 companheiros de batalha. Havia sido mandada para pelo menos 5 planetas diferentes nas inúteis tentativas de Auradon ao tentar atravessar a barreira de proteção da Terra.

“É forte. “ A loira sempre dizia. “Mas não é impossível. “

E com a demora, quatro deles haviam morrido. De 13 soldados, haviam sido reduzidos a nove e Queen sabia que se não os achasse rápido dessa vez, podia acabar encontrando o corpo de algum deles por ai.

Seu estômago roncou, mas ela o ignorou com maestria. Podia se alimentar depois de encontrar o grupo. Já haviam ensaiado a mentira das “crianças órfãs” tantas vezes, que podia ser indicada a atriz do ano. Conseguia até mesmo forçar algumas lágrimas.

Se apoiava em algumas árvores, o cansaço realmente era maior naquele planeta, como se a gravidade de alguma forma a puxasse para baixo. “Onde quer que estivermos, quero sair logo daqui. ” Queen pensou, olhando para o céu pode avistar a única coisa que lhe trazia paz depois de sofrer uma queda como aquela.

A aurora boreal que Auradon criava.

Sempre caindo em lugares separados, Auradon mantinha a aurora boreal no céu até que todos estivessem juntos. Como um sinal de que precisavam se reunir, porque juntos eram mais fortes.

— Olha, acho que ela não está tão longe.

Queen analisou de onde as listras verdes e prateadas saiam, muito cansada para perceber a aproximação do inimigo. Uma explosão logo ao seu lado, o corpo da morena voa alguns metros e se choca com as árvores.

Lupita e Katherine aterrissam em terra firma em suas roupas de batalha, os olhos brilhando em pura energia mágica. A negra não parece nem um pouco feliz de ter alguém afetando as barreiras de sua casa.

— Você acha que ela morreu? – Katherine pergunta a parceira.

Uma rajada amarela atravessa o espaço entre elas, elas se separam e olham a intrusa, de pé como se a explosão de Lupita não fosse nada. Queen balança a cabeça levemente atordoada, a fome e o cansaço a atrapalhando de pensar direto, mas a raiva e a adrenalina a mantendo de pé.

— Ninguém tem modos por aqui? – Queen disparou.

— É assim que recebemos, quem chega com o pé na porta! – A voz alta de Frigga atravessa o ar quando um ciclone vem em direção máxima na direção de Queen.

A mesma bate as mãos em palmas, que brilhando expandem energia e desfazem o ciclone jogando o ar contra o professor e sua aluna.

Queen fica em posição de batalha. Quatro contra um, aquilo não era justo em nenhuma terra. Bruce Banner não aprova a introdução de suas alunas, mas sabe que elas estavam loucas para liberar um pouco do que estavam sentindo.

— Você tem uma chance de contar quem é e o que está fazendo aqui. – Katherine iniciou com o protocolo de reconhecimento. – Não faça joguinhos ou vamos incinerar você a pó.

A morena trocava olhares com os quatro. Um grande monstro verde, uma loira que cria ciclones, uma negra com olhos de tempestades e uma evidente feiticeira. Quais seriam suas chances? Ela sorriu.

— Meu nome é Queen Danvers. – Ela estendeu as mãos para o alto como em sinal de rendição. – Eu sou de outro planeta e...

Sem avisou prévio, Katherine esticou a mãos prendendo morena em uma áurea vermelha de magia, todos a olhavam atónitos, que tipo de reação era essa.

— Katherine, solta ela. – Bruce ordenou.

— Ela está mentindo. – Katherine retrucou. – É impossível atravessar a barreira.

A loira apertava o punho aos poucos querendo acabar com aquilo logo, nunca ninguém seria capaz de atravessar a barreira do Doutor Estranho. Eles estariam protegidos, para sempre. Ninguém poderia dizer jamais que sua mãe os colocou em perigo, eles haviam protegido a Terra disso.

Queen sentia a magia da loira formigar a sua pele já danificada, estava cada vez mais difícil de suas células se regenerarem daquela maneira. Com o punho pressionando com mais força, a dor aumentava, ela grunhiu, bastava. Teria que estragar o plano.

De seus poros o poder do cosmo fluiu, em um segundo a magia vermelha de Katherine foi consumida pelo clarão amarelo que Queen se tornou e a jovem disparou pelo céu. Assustando os presentes que não imaginam ver algo assim.

— Impossível. – Bruce se sentia desafiado. – Carol Danvers devia ser a única.

— Ela disse ser uma Danvers. – Lupita lembrou.

— Ela está voltando. – Frigga apontou pro céu.

Jatos fotônicos rumaram na direção dos quatro heróis, Bruce defendeu as três jovens surpresas com a revanche. Lupita voou aos céus trazendo nuvens negras e tempestades dificultando a passagem de Queen pelos céus, mas ela tinha pernas muito boas.

Pela terra, as árvores passaram a queimar entre os golpes trocados de Katherine e Queen, nenhum bem-sucedido em direção a seus alvos. Frigga interceptou a jovem pelo riacho, seria o fim da fuga.

— Fim da linha, intrusa. – Frigga declara. – Se entregue.

Cercada pelas três heroínas e cansada demais para continuar a correr, Queen encarava qual seria seu plano louco dessa vez, até perceber que estavam no centro da criação da aurora boreal.

Como um predador, Auradon saiu de trás da cachoeira surpreendendo seus inimigos, o time previamente formado por Tony Stark para ter completo sucesso na missão segundo seus algoritmos, jamais imaginaria o que estaria os esperando. Por isso, um professor sempre os acompanhava.

Encostando sua mão na cabeça de Frigga, Auradon pareceu sugar a energia vital da moça, que caiu como um boneco na água. Queen aproveitou o momento de distração, acertando Lupita que havia lhe tirado do sério com aquelas tempestades e com sua explosão a mandou para longe.

Bruce Banner interferiu, domando Queen com ajuda da tecnologia de Wakanda, Katherine manteve Auradon em sua mira, pronta para manda-la para o espaço se preciso.

— Por favor, não queremos brigar. – Auradon mantinha suas mãos levantadas. – Posso acordar sua amiga se quiserem.

Com um aceno de permissão, ela se aproximou de Frigga e a loira voltou a vida na mesma hora. Tinha literalmente sido tirada do seu corpo, sua aura estava vagando enquanto eles batalhavam, algo horrível diga-se de passagem.

— Eu só vou repetir isso uma vez. – Katherine parecia bem irritada. – Quem caralhos, são vocês?

— Eu me chamo Auradon. – A loira apontou para si mesma. – Essa é Queen, viemos de outro planeta.

— Impossível. – Katherine cortou.

— Não, não é. – A imagem de Shuri apareceu sobre eles como um holograma saindo da pulseira do professor. – Sete outros corpos foram identificados entrando na camada da Terra, alunos já foram designados, tragam-nas ao Instituto.

Katherine e Frigga se entreolharam, isso queria dizer que algo sério estava prestes a acontecer.

— Frigga, vá atrás de Lupita. – Bruce ordenou. – Katherine, me ajude a escolta-las.

Katherine olhou com certo receio para as duas meninas, sem saber ao certo se devia confiar em alienígenas que simplesmente adentraram seu planeta sem aviso prévio.

— Eu estou de olho em vocês.

[New York, Times Square, 10:45 AM]

Nada mais do que três minutos depois do primeiro alarme ser soado no Instituto, Tony Stark já havia selecionado todos os alunos a serem enviados em batalha.

Abel nunca se sentiu confortável em ser uma professora acompanhante, ficar assistindo os alunos sem poder realmente interferir não era sua praia, mas ela fazia o que lhe mandavam.

Conhecia um pouco de New York City o que facilitaria todo o alarde que aquela missão causaria, aquela hora da manhã, a Times estaria lotada e ser acertada em cheia por dois corpos estranhos havia virado notícia na hora.

Tony e Shuri sempre agradeciam aos telefones celulares nesses momentos. Sendo facilmente hackeados para que a dupla de gênios tivesse acesso ao que tivesse acontecendo, as informações se empilhavam com mais facilidade além do que as notícias podiam lhe passar.

— Um menino e uma menina, moreno e castanha. – Tony instruía Abel. – Não sabemos o que eles querem, não existe informações no banco de dados, por isso façam o protocolo de reconhecimento.

— Se lembre de deixar as crianças fazerem isso. – Shuri alertou enquanto deslizava pela sala em seus tênis/patins.

— Eu só estou lá para monitorar, já sei, já sei. – Abel rolou os olhos, mas estava preocupada com a invasão. – Quem está comigo?

— Nós. – Raven e Morgan se aproximaram.

As duas morenas trajavam seus uniformes de batalha. Sem conhecer de fato o perigo que enfrentariam, as estatísticas de Tony deduziam que a combinação da armadura de defesa de Morgan e as estratégias alienígenas de Raven trariam a vitória para a dupla.

— Onde nós vamos? – Dylan questionou em seu uniforme de aranha de ferro.

Herdando os poderes do pai, acabou por também não ter privacidade de sua identidade ao nascer. Mysterio havia revelado ao mundo que Peter Parker era o Homem-Aranha e anos depois, dois deles existiam agora.

Peter havia presenteado o filho com a roupa que havia ganhado do mentor a muitos anos atrás, e com alguns ajustes feitos por Morgan, ela estava mais do que preparada para batalha.

— Um outro corpo caiu próximo a Nova Asgard. – Shuri informou lhes entregando o relatório. – Thor vai encontra-los lá.

— Dois contra um, isso não parece necessário. – Watson contestou, não estava necessariamente animado em ir a uma missão com Dylan.

— A energia de calor desse corpo é mais poderosa do que os de New York. – Tony explicou. – Formalidades, Harry Potter.

Morgan rolou os olhos pela atitude infantil do pai naquela situação de crise, mas ainda assim tentou se concentrar. Estava na hora de agir como uma heroína e esquecer o que havia rolado na semana passada, beijar Watson havia sido repentino, mas agora fazia parte do passado.

— Vamos lá. – Abel se dirigiu ao enorme portal que a sala esbanjava.

— Vocês sabem que eu posso criar um desse, certo? – Watson questionou.

— É tecnologia nova. – Shuri explicou. – Vocês vão ser teletransportados sem a ajuda de magia.

Raven que provavelmente era a que mais conhecia a galáxia naquela sala, não se sentiu confortável em atravessar o gigantesco buraco negro que aquilo parecia, mas ela era uma mulher da ciência. Fazia tudo pela tecnologia.

Enviados para locais diferentes, em um piscar de olhos, Raven pode ouvir o barulho da intensa cidade de Nova Iorque encher os seus ouvidos. Shuri havia conseguido.

— Ai, minha perna. – Morgan caiu no chão sem uma das pernas.

“Sinto muito.” A voz um pouco adolescente da negra soou em seus ouvidos. “Ainda estamos em fase de teste.”

Abel ajudou sua aluna a ficar de pé enquanto sua perna reaparecia, mexer com tele transporte não parecia a coisa mais fácil ou segura do mundo, mas pelo menos eles estavam inteiros.

Elas desviavam de alguns cidadãos amedrontados, a polícia havia demarcado um perímetro e seus alvos pareciam pequenos passarinhos enjaulados dentro dela. As armas apontadas para cima, esperando o momento para agir.

A loira precisou repassar as informações na mente. “Shuri havia dito jovens, certo?” ela pensava “então porque eles pareciam ter menos de 18 anos de idade?” Apesar de seus corpos serem malhados e muito fortes, Abel trabalhava com aquele tipo de criança a muito tempo. Ela sabia reconhecer um jovem assustado quando o via.

— Protocolo de reconhecimento, meninas. – Abel ordenou com a mão em cima da arma.

A polícia não interviu quando Raven e Morgan entraram em seu perímetro, os heróis trabalhavam muito melhor com as autoridades agora. Salvar o universo resultava nisso.

— Não estamos aqui para machuca-los. – Morgan levantou as mãos em sinal de rendição. – Só queremos informações.

Os dois jovens nem mesmo se olharam, continuavam de costas um para o outro atentos a qualquer movimento brusco que alguém fizesse. Raven não sabia de onde eles eram, mas não reconhecia aquelas roupas de nenhum dos planetas que havia visitado.

— Abaixem as armas e nos digam seus nomes. – Morgan prosseguiu.

Um silêncio incrivelmente mortal se seguiu, apesar das pessoas, dos helicópteros e das diversas câmeras que os gravavam, Morgan continuava de forma profissional. Ela sempre lidava melhor como negociadora.

Zack finalmente trocou um olhar com Lauren. Ambos não reconheciam onde estavam, haviam atravessado paredes de vidros de um prédio gigantesco no meio da cidade e todo o alarde havia começado novamente.

O menino havia perdido as contas de quantas vezes passou por aquela situação de tensão até agora. “Tentar entrar na Terra está sendo mais difícil do que imaginamos.” Ele pensou sentindo a pele fria de Lauren em contato com a sua. As antigas roupas pretas e verdes da Hydra praticamente extintas de seus corpos.

Haviam roubado, matado, lutado e torturado muitas pessoas até aquele momento. Lauren estava com fome, frio, cansada e com muito sono. Para um super-soldado como ela, aquela missão rápida de busca ao Tesseract realmente estava cansando.

As sirenes pareciam mais altas do que o necessário, o que era aquilo que eles seguravam? Blocos coloridos com flashes em seus rostos, eles eram idiotas? Lauren iria matar todos eles. Se eles fossem espertos, fariam como aqueles soldados, segurando as armas como suas próprias vidas.

Alguma buzina tocou na rua atrás deles, Lauren e Zack se desvencilharam um do outro atirando. Raven correu em direção ao menino, as armas de seu pai atirando, mas passando de raspão pelo homem.

As pessoas passaram a correr e os policiais a tirarem elas dali. Morgan voou em direção de Lauren, ela não podia deixa-la escapar. Abel ajudava os policiais a retirar os civis da cena, tinha que confiar que seus alunos saberiam como lidar com aquilo.

Utilizando uma das paredes do prédio, Zack deu um mortal e chutou Raven que vinha logo atrás de si. Perdendo uma das armas, a menina atirou com a que lhe restava, mas ele simplesmente parecia muito rápido ou não sentir dor. Zack sacou uma faca e atacou a menina.

Lauren não sabia ao certo quantos daqueles soldados desconhecidos havia acertado, mas o suficiente para que eles abrissem caminho. A aurora boreal balançando sobre o céu de New York lhe mostrava que pelo menos Auradon estava viva e ela tinha onde ir, nem mesmo que isso lhe custasse o restante da semana para se reagrupar.

— Vai a algum lugar? – Morgan alcançou a loira e Lauren sentiu seus pés saírem do chão.

Com o peso de seu corpo, impulsionou para cima e segurando os braços da menina máquina, Lauren sentou em cima dela. Não sabia se ela tinha sido sua melhor decisão. Morgan rodopiou com a menina em suas costas, se sentia um brinquedo desviando dos prédios da cidade enquanto tentava se livrar da intrusa em suas costas.

Lauren se segurava com toda a força para não virar panqueca no chão daquela cidade, prendendo as pernas na moça agarrou a placa mais próxima e lutou contra os propulsores de Morgan.

“Ela é a Mulher-Maravilha?” Morgan pensou enquanto forçava Resgate a tentar sair daquele aperto.

— Ah, sai do meu pé chulé! – Jatos de um soro dormente foram jogados no rosto de Lauren, seus músculos amoleceram e ela se soltou.

“Morgan, pegue a menina!” Abel gritou no ouvido da menina.

— Ah, claro! – A castanha se atrapalhou e desceu com toda a intensidade para resgatar o corpo que caia.

Lauren queria muito levantar e lutar, abrir os olhos e mata-los, orgulhar seu pai. Mas ela estava tão cansada, com tanta fome, queria tanto dormir... sua visão escureceu com uma última imagem da aurora boreal.

Raven sentiu o sangue escorrer de seu nariz. O garoto era bom. Ela apoiou as mãos na calçada para se levantar, mas ele a acertou de novo. Não havia misericórdia em seus olhos, ela tinha plena certeza de que morreria ali.

— Socorr... – Ela tentava pedir ajuda pelo fone em seu ouvido.

“Raven?” Abel respondeu. “Raven, na escuta?”

— Beco... – Raven sussurrou enquanto se arrastava, não conseguindo acreditar na força que ele possuía.

Zack se aproximava, visivelmente cansado de tudo aquilo. Ele respirou fundo uma ultima vez, olhando para o céu. “ A aurora boreal já estava vista, pelo menos uma boa notícia naquele dia.” Pensou, agora só precisava matar aquela menina e sumir dali antes que alguém voltasse.

Raven se segurou nos dois latões de lixo um de cada lado para ficar de pé, se fosse para morrer, que pelo menos fizesse isso com honra. Seus pais saberiam que teria lutado até o último minuto, teria rido na cara do inimigo e teria um funeral digno de rainha da galáxia com fogos de artifício por toda a parte.

— Você é um bom lutador. – Raven sentiu uma pontada porte no pulmão, devia tê-lo perfurado. – Quem sabe possa me ensinar na próxima vida.

— Eu não acho que iremos nos ver quando você morrer. – Zack se aproximou ainda mais de sua vítima pronto para terminar o trabalho, uma de suas mãos indo para o pescoço da jovem.

— Eu não estava falando sobre mim. – Raven sorriu, os dentes completamente vermelhos de sangue.

Por um segundo, Zack se manteve confuso, até olhar o dispositivo que Raven carregava, ela o apertou. Raios os atingiram fazendo Zack cair no chão, mas nada além de cocegas na já danificada meia-alienígena.

— Sou meio-alienígena, meio-planeta, meio-humana, nada pode me matar. – Ela contou vantagem vendo seu inimigo tremer no chão.

— Raven! – Abel gritava no começo do beco.

A morena acenou como se estivesse tudo bem, mas caiu de joelhos claramente não aguentando a dor que seus pulmões estavam sentindo. Ela nunca se sentiu tão feliz por ter um adulto por perto.

E apagou.

[Instituto, sala de recuperação, 17:23 PM]

— Onde eu estou? – Raven abriu os olhos devagar sendo atingida pela luz fraca da sala.

— Sala de recuperação. – Abel se mantinha sentada em uma cadeira próxima, observando a aluna enquanto brincava com uma faca.

— Professora Maximoff? – A menina tentou se sentar.

— Seus amigos devem estar aqui em breve. – A loira explicou. – Mas como a professora responsável da missão, gostaria de ser a primeira a lhe informar.

Raven balançou a cabeça de um lado para o outro, os cortes praticamente curados, a recuperação do Instituto era mágica. Poções, encantamentos, cirurgias, tecnologia, todos os atributos combinados para salvarem seus alunos.

A morena sentia como se tivesse dormido por um longo dia, o que realmente havia feito, mas não havia vestígios em seu corpo de que havia sido pisoteada pelo gigantesco menino de cabelos pretos e olhos verdes a algumas horas atrás.

— Me informar do que?

— Os corpos que adentraram a Terra. – Abel levantou-se, não sabia como ela reagiria a aquilo, todos pareciam ter diferentes reações. – São sobreviventes de um massacre de outro planeta.

— Um massacre? – Raven vasculhou sua mente por informações. – Isso deve ser novo.

— Existem algumas evidências de que planetas foram massacrados antes, mas sem sobreviventes. – Abel continuou. – Eles possuem uma história, porém os Guardiões vão chegar.

— É por isso que você está me contando? – Raven questionou.

— Sim. – Abel nunca se sentiu bem falando da família dos outros daquela forma, porque tinha evidentes problemas com a sua, mas aquilo fazia parte do trabalho. – O Conselho de Professores sabe que você mantem contato com seus pais e padrinhos e isso é ótimo, mas pedimos que você não busque informações sobre a investigação deles.

Raven era uma mulher grandinha, tinha dezoito anos, sabia guardar segredo.

Seus pais sempre foram muito abertos e comunicativos sobre as missões, por isso era algo que eles até mesmo conversaram durante o café da manhã na nave, então agora com esse gigantesco aviso sobre seus ombros ela fingia não se importar, mas seu instinto de curiosidade gritava para sair correndo e perguntar a Groot ou Rocket o que eles sabiam sobre os massacres de outros planetas.

— Mas espera, se eles são prisioneiros, porque saber sobre a história deles é tão importante? – Raven questionou, claramente confusa.

— Eu nunca disse que eram prisioneiros. – Abel a corrigiu.

— Espera, o que?

E com isso, Abel se levantou e saiu dali.

— Professora, se eles não são prisioneiros, o que eles vão ser?! – Ela ouvia os gritos de Raven pelo final do corredor.

Abel não sabia se aprovava a decisão do conselho.

Pedir aos Guardiões da Galáxia que investigassem os massacres? Ótima ideia. O Doutor Estranho dar uma olhadinha na mente daqueles adolescentes perturbados? Melhor ainda. Mas abriga-los porque eles aparentemente estão sem lar? Abel não gostava nem um pouco disso.

Em um total de nove novos membros para o Instituto, a professora Maximoff podia pressentir que alguma coisa não estava certa.

Ela havia vindo de outra dimensão, sabia como ser a “novata” funcionava e pela cara daqueles adolescentes, eles estavam muito longe de serem somente crianças perdidas e Abel estava disposta a descobrir o que eles realmente queriam.


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Notas finais do capítulo

Agora os capítulos vão ser mais focados em cada ciclo dos personagens, já que não tem mais a separação Hydra vs Instituto.

Gostei muito de usar diferentes estilos de apresentação de batalha, pra não deixar tudo muito entendiante pra vocês.
Espero que tenham gostado.

O próximo capítulo é como uma continuação desse, por isso prestem sempre muita atenção a datas e horários. Elas ajudam a situar vocês na cena.

Beijinhos



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