[Brooklyn, casa dos Parker’s, 23 de Setembro de 2024]

Peter Parker estava condenado.

Sua identidade secreta havia sido revelada e seu mundo – já bagunçado – havia sido revirado de ponta cabeça. O garoto do Brooklyn não havia tido sequer tempo de superar a morte do mentor e precisou lutar contra uma nova ameaça.

Ah, como Peter se arrependia de ter confiado em Mysterio. Ele daria qualquer coisa para voltar no tempo e poder concertar o que havia feito. O garoto já fora de suas roupas de homem-aranha, segurou os óculos que haviam iniciado toda aquela cruzada.

— Edith. – Peter sobrou com um suspiro.

— Sim, Peter? – a voz robótica se manifestou ao encontrar os olhos castanhos do garoto de 16 anos.

— Tudo está tão confuso. – Ele desabafava com a inteligência artificial. – Eu queria que o Sr. Stark estivesse aqui.

— Ativando Protocolo Gênio da Cadeira. – Edith manifestou como resposta criando uma maior confusão ainda na mente do menino.

— Eu não pedi por isso, Edith... – A voz do garoto morreu em sua garganta.

Ali, bem na sua frente, estava a imagem que ele nunca achou que veria outra vez. Ele sorria acalentador e isso gerava lágrimas instantâneas em Peter. Ele parecia tão real... Mas era impossível.

— Ei, garoto. – A voz inconfundível de Tony Stark invadiu o quarto, sua imagem azul e holográfica tremeluziu sob a luz branca que os óculos emitiam. – Sentiu saudades?

Peter levou a mão aos cabelos, era a voz dele. A imagem de seu mentor tremeluzia sobre sua frente e ele não sabia como reagir. Ele queria muito acreditar que aquilo fosse real, mas já passará por ilusões antes.

O castanho sentiu suas bochechas se molharem e seu peito se comprimir com a dor ao se lembrar da morte de Tony no campo de batalha.

— É só uma ilusão. – Ele passou a repetir para si mesmo. – Mysterio criou tudo isso.

Peter fechou os olhos sendo incapacitado de ver a expressão confusa em Tony. Ele era real, ou pelo menos tinha tentado ser. A ideia de morrer e ficar longe dos seus bens mais preciosos o consumira antes da batalha contra Thanos.

Virar uma inteligência artificial nunca foi sua ideia preferida, mas pareceu perfeita no ano anterior. Em suas avaliações para as reações possíveis de Peter, ele nunca imaginou que essa seria uma dessas.

— Peter, sou eu.  – Tony chamou. – Ou pelo menos parte de mim.

O garoto se mantinha distante, a incredulidade presente em seu olhar. Tony não podia deixar de imaginar o que o teria deixado daquela maneira, o brilho distante de si.

— Fiz um backup das minhas sinapses neurológicas antes da batalha. – Tony explicou. – Coisa simples, ou você achou que se livraria de mim tão fácil?

Eu acabei com o Mysterio. Peter passou a repetir para si mesmo, ele foi derrotado na ponte, seria impossível ele ter arquitetado tudo aquilo. Além disso, seu mentor era o maior gênio do planeta, ele daria um jeito de voltar à vida. Peter não sabia se confiava no holograma, mas a sua vontade era tremenda.

— Eu o assisti...morrer. – Peter sussurrou, as lágrimas embaçando a visão que ele tinha de Tony. – Isso é impossível.

— Inteligência artificial, garoto. – Tony piscou demonstrando como era simples. – Como dizem mesmo? Sem corpo, porém com alma?

Peter sentiu sua mente se dar por vencida. Se aquilo era um truque, era o mais malvado de todos, mas algo em seu coração mantinha a chama da esperança acessa.

Aquele podia sim ser o Sr. Stark e Peter só queria poder abraça-lo agora.

Um sorriso escapou de seus lábios e Tony sentiu seus programas internos se desmancharem. Aquele era o seu garoto.

— Agora que você finalmente me ativou, que tal darmos uma volta? – Tony sugeriu. – Preciso de alguns minutos pra me atualizar e adoraria me conectar a algo maior do que a programação de Edith.

Peter imaginou que deveria levar aquilo a Pepper Potts. Como a loira reagiria sabendo que parte do marido estava vivo? Ou quem sabe ela já soubesse? Peter se sentiu sendo arrastado para a normalidade novamente – se é que existia normalidade com Tony Stark.

[Wakanda, Instituto Secreto de Super-heróis, 2 de fevereiro de 2034]

10 anos após a descoberta de Peter sobre Tony Stark ser uma tecnologia – literalmente – agora. Ele havia passado por muita coisa.

A humanidade havia se reerguido após o estalo que salvou a todos. O mal ainda residia sobre os seres humanos, entretanto a ideia de Stark havia sido acatada. Agora que a mente mais brilhante da Terra era usada em sua potência máxima, o Instituto de Super-heróis havia sido criado.

Sendo escondida em Wakanda, jovens eram treinados para lidar com os perigos que circundavam a Terra. Sendo um planeta que demonstrava estar disponível para uma força de ataque superior, eles precisavam da nata da elite protetora e não há nada melhor do que os filhos dos grandes heróis que um dia salvaram o universo.

A ideia era nova, porém já demonstrava grandes feitos. Cassie Lang, era uma heroína e tanto, assim como Harley e Morgan Stark, que atuavam como a memória viva do Homem de Ferro sobre a população. Nathaniel Pietro Barton, que havia assumido a identidade do aposentado pai, Gavião Arqueiro, demonstrava ser tão bom quanto o progenitor.

Heróis formidáveis estavam sendo formados e treinados, a esperança era que nunca mais a Terra seria pega desprevenida sob um ataque. O medo havia se instaurado de diversas formas e levado alguns deles a loucura.

O que dizer de Wanda Maximoff? Uma garota poderosa e que havia perdido tudo. Em um ato de desespero criou realidades e universos alternativos sobre a linha do tempo. Stephen Strange, o famoso Doutor Estranho tentou ajuda-la, mas seu erro era irreparável.

Agora mais do que nunca os heróis mais poderosos da Terra se mantinham alerta, pois o perigo podia se esgueirar de qualquer realidade que poderiam imaginar.

[Realidade Alternativa, Sede da Hydra, 2034]

Acima de tudo e de todos a Hydra prevalecia.

Tendo o famoso Capitão América como seu comandante, a sociedade maligna muitas vezes comparadas aos nazistas se mantinha de pé. Aqueles denominados heróis revolucionários tentavam em vão acabar com o Império de Terror que se alastrava pela Terra.

Eles viviam em guerra. Não havia descanso, não havia vitória.

Por isso, ao primeiro parecer de uma fenda do tempo em sua realidade, oito crianças foram escolhidas para serem mandadas para explorar a realidade de outros. Todos altamente treinados e filhos da alta sociedade da Hydra.

— Estamos contando com vocês. – O Comandante Rogers mantinha seus olhos azuis compenetrados em sua própria criação, que seria mandada a outra realidade.

— Não vou te decepcionar, pai.

— Hail Hydra! – Os oito jovens esticaram seus braços para o alto, saudando seus pais e comandantes.

Eles só possuíam uma única missão, se infiltrar e conquistar. Mas diante de um mundo tão diferente da realidade que conheciam, eles não podiam sequer imaginar que o plano sairia de controle.

Uma batalha seria travada. Laços seriam criados e corações quebrados.

Mais uma vez, sacrifícios devem ser feitos e alianças formadas.

A Terra clama por seus heróis, você atenderá ao chamado?