Em um bairro pobre de Buenos Aires 

Adrian

Acordo cedo, levanto, tomo um banho, coloco uma bermuda, uma camisa branca e um chinelo, tomo meu café da manhã que é um copo de café e um pão com margarina e vou trabalhar.

Tenho 14 anos, moro em um barraco em uma favela sozinho, meu trabalho é vigiar as pessoas que entram na favela para comprarem drogas.

Desde pequeno tenho contato com os traficantes de drogas, afinal meus pais eram contrabandistas e há três anos foram mortos em troca de tiros com a polícia, se bem que se não tivessem mortos, com certeza eles estariam presos, de qualquer forma não viveríamos mais juntos.

Estudei muito pouco, pois isso para mim é perda de tempo, tantas pessoas fazem faculdade e não ganham bem, outras sequer conseguem empregos de acordo com a sua qualificação.

Eu vivo bem aqui, conheço todas as pessoas, ganho um bom dinheiro por mês, mas não sou burro, sei que drogas fazem mal a saúde e jamais usaria isso.

Mesmo sendo menor de idade sei atirar com perfeição mas prefiro luta corporal, sou ótimo brigas, também desde os seis anos meu pai me ensinou ataque e defesa.

Nos últimos meses desenvolvi uma técnica maravilhosa, consigo desarmar uma pessoa mesmo que seja mais velho e tenha mais resistência física que eu, faço isso com as mãos livres, pois de alguma maneira consigo enxergar onde a pessoa atirará e a pego desprevenida.

Não tenho a menor intenção de largar a vida de crime, pois esse é o único mundo que eu conheço, o meu sonho é que em breve eu me torne um contrabandista famoso e sei que estou no caminho certo, só preciso ficar mais velho para atingir esse objetivo.

Meu coração é repleto de sentimentos ruins, não tenho pena de ninguém, não sinto do quando alguém morre porque consumiu muitas drogas ou quando o traficante mata quem está lhe devendo.

Não acredito em nenhuma religião, para mim isso é uma besteira, um perda de tempo pois não dá lucro para os seus seguidores.

Não penso no futuro, já que posso morrer hoje em uma troca de tiros.

Se alguém me perguntasse se eu gostaria de ter uma vida diferente, eu não saberia lhe responder, mas não me iludirei, não sonharei com algo que nunca se realizará, eu nasci nesse mundo cruel, triste e é aqui que viverei até o meu último dia de vida.

A vida é difícil, dolorosa mas infelizmente é a nossa realidade e temos que nos acostumarmos com ela.