O vidro  estava embaçado por mais que ele passasse a manga do casaco para tirar todo o vapor ali acumulado, do outro lado da janela nada poderia se distinguir, se por acaso caísse um meteorito bem no seu quintal ele nem sequer notaria. Já se faziam três dias que chovia ininterruptamente e Asuhi poderia dizer com cem por cento de certeza que odiava a chuva, ela deixava o céu cinzento e dele caiam gotas de água irritantes que o impediam de sair de casa para observar suas amadas estrelas. A chuva mudava todo o clima agradável de uma noite fresca de primavera, mudava o rumo dos astros, tirava do céu noturno todo o seu esplendor em estrelas brilhantes. Asuhi passou mais uma vez a manga no vidro embaçado, os poucos minutos que teve de apreciação foram apenas para constatar que a chuva não pararia tão cedo e ele realmente não gostava de chuva, odiava toda a desordem que ela causava em sua rotina, seu pequeno apartamento ficava uma zona e ele preferia ficar encolhido em sua cama do que organizar suas anotações.

Asuhi gostava das estrelas, de admirar o céu noturno quando estava completamente límpido e decorado com seus pontinhos brilhantes. Admirava as estrelas, eram elas o seu maior tesouro mas ele ainda não gostava quando chovia.

A chuva fazia com que ele sentisse a solidão cada vez mais perto, com o passar dos dias caso ela não cessasse, era como se a sensação de vazio de apoderasse dos cômodos, procurando por ele.

Até que o encontrasse e fizesse dele alguém solitário.

As estrelas eram suas únicas amigas. Só de poder vê-las pelo telescópio já era um grande alívio, pois elas sempre estariam ali para ele - esperando por ele.

Suas amigas distantes.

"Mas você não está mais sozinho, agora você tem a mim", fora o que Eruna lhe disse quando se conheceram.

"Afinal, depois de uma forte chuva, o tempo tende a ficar limpo por um bom tempo", ela continuara com um sorriso no rosto, fazendo o coração do garoto apertar.

Era verdade, ele não estava mais sozinho e as estrelas sempre estariam lá por ele.