O Sacrifício Doloroso escrita por Miss Siozo


Capítulo 4
Adaptação


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente gostaria de agradecer ao apoio que venho recebendo por aqui (Spirit), eu estava bem desanimada e estou dodói esses dias, acho que a minha maior motivação para continuar a semana foi escrever e postar um capítulo novo para vocês.
Eu adoro quando fazem teorias sobre a fic, elas me ajudam a ver outras perspectivas para a história e algumas coisas eu até "costuro" nela.
Enfim, boa leitura :)



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Tatsumi e Saori chegaram para buscar os rapazes, a jovem deusa conversou com o médico enquanto o mordomo resolvia a parte burocrática na recepção. Ela recebeu do médico uma lista de recomendações sobre o tratamento de seus cavaleiros e a alertou a necessidade de atendimento de Shun na parte de psiquiatria para que seu caso fosse melhor avaliado para ter um diagnóstico e tratamento precisos. Athena encontrou seus meninos no quarto do hospital prontamente arrumados, conversou alegremente com eles, por mais que soubesse da situação em que se encontravam e todo trabalho que teriam para reconstruir o santuário, todos ali precisavam de leveza, acolhimento e risos.

Seguiram para a mansão em carros separados e chegando lá logo tomaram um café da manhã bem farto, o que agradou por demais um certo sagitariano, e foram se acomodar nas instalações preparadas para eles. Ikki ainda não havia aparecido, tudo o que Shun gostaria naquele momento era abraçar forte o seu irmão mais velho e contar o que via enquanto dormia para seu irmão responder-lhe que eram apenas pesadelos bobos que logo passariam, que ficaria bom novamente.

Com os cavaleiros separados em cada cômodo, muitos pensamentos brotavam na mente deles. Shiryu queria retornar ao Monte Rozan e reencontrar uma certa Shunrei, mas, sabia de seus deveres como cavaleiro e ainda precisava cuidar-se e a preocupação com o seu amigo mais gentil o faria ficar o tempo que fosse necessário. Algo similar acontecia a Hyoga, queria retornar ao frio de sua amada Sibéria, porém mais do que cumprir com seus deveres que carrega com o peso de sua armadura de Cisne, a preocupação que sentia em relação a Andrômeda tendo em vista tudo o que observara e soube pelo relato de Shiryu encararia o calor que não gostava. Seiya queria rever Miho e as crianças do orfanato, voltar ao seu apartamento para quem sabe tentar pela primeira vez organizar a bagunça em sua mente e tomar seu objetivo de reencontrar sua irmã Seika. E Shun foi ao jardim que tanto lhe fazia bem.

“Preciso aproveitar enquanto posso ver e tocar as flores, sentir o calor do sol tocar-me a pele” – pensou o menino de cabelos esverdeados – “Preciso aproveitar o quão bem-disposto* estou para buscar respostas” – aproveitando-se da autorização que tivera da anfitriã para utilizar as dependências da mansão, ele partiu para a biblioteca vasta.

Quando entrou ouvia Tatsumi e Seiya discutindo bobagens até que a senhorita Kido interferiu na briga. Shun se aproveitou da distração para seguir seu caminho despercebido e acabou encontrando Shiryu por lá.

—Então veio juntar-se a mim em uma leitura calma Shun? – perguntou ao amigo que apenas anuiu sorrindo – Boas leituras então – o libriano voltou-se a sua leitura e observava por cima de seu livro disfarçadamente o que seu amigo estava fazendo.

O cavaleiro mais novo aproveitou para explorar as prateleiras de livros que estavam muito bem categorizados. Pegou dois livros sobre mitologia grega, afinal precisava entender melhor o tipo de situação que estava metido, ainda havia esperança para vencer o imperador do submundo em seu próprio jogo se tivesse o conhecimento para tal. Também havia pego livros de fisiologia e estudos recentes sobre o sono para saber por quanto tempo poderia livrar-se das torturas prometidas por Hades antes de seu corpo e mente perecessem, ele precisava ganhar tempo para encontrar respostas. E por último pegou um livro de ensinamentos budistas, após ter pensado em como Shaka, o cavaleiro de ouro do signo de virgem, poderia ajudá-lo se estivesse vivo, isso se ainda não o odiasse por ter o atacado quando estava sobre a posse de Hades.

Shun pegou um bloquinho que carregava em seu bolso e pegou uma caneta para anotar a marcação dos capítulos que pareciam que o ajudariam com suas questões. A escrivaninha que usava estava abarrotada de livros e o cavaleiro de dragão notou isso. O menor parecia ao ver dele interessado em fazer pesquisas e não uma leitura para distrair-se. Então teve uma ideia para descobrir o que seu amigo tanto pesquisava ali.

— Shun – chamou-o – Você está com sede? Acho que vou pegar uma água na cozinha, você quer?

— Não precisa se incomodar Shiryu. Se bem que preciso de um pouco mais de café. Posso ir buscar sua água.

— Eu não queria lhe atrapalhar.

— De modo algum – bocejou levemente – Eu preciso me movimentar um pouco.

— Ainda não dormiu?

— Depois – respondeu seguindo para a direção da porta – Volto logo.

Assim que o virginiano saiu pela porta o libriano levantou-se para espiar as leituras de Shun. Ele estranhou por ver livros de assuntos tão diferentes e as anotações do amigo não diziam muito, apenas o nome dos livros e as páginas dos capítulos anotadas. Ele abriu um livro de fisiologia que falava sobre o corpo e o sono.

“Depois de uma primeira noite sem dormir, o sistema mesolímbico é estimulado e a dopamina é liberada, por isso nos sentimos com mais energia, motivação, otimismo e desejo sexual. Mas, claro, essa sensação positiva é enganosa” **

“Então essa “boa” disposição do meu amigo é na verdade seu próprio sistema o enganando após a noite que se privou de dormir” – pensou – “Será que ele quer saber o quanto o corpo dele aguenta sem dormir? Por quê?” – quando ouviu os passos no corredor voltou para onde estava.

— Aqui sua água Shiryu – seu amigo que o avisava com um tom doce entrava com uma bandeja.

— Obrigado amigo – Pegou a garrafa e o copo para se servir – Vai beber todo esse café? – perguntou.

— Acho que não – deu um breve riso – A governanta me liberou essa garrafa térmica após ter repreendido o Tatsumi por querer brigar comigo. Ela me fez prometer que eu beberia no jantar um suco de maracujá reforçado no jantar para que eu conseguisse dormir “o sono dos justos”.

— Eu concordo com ela. Precisa mesmo descansar.

— Eu estou bem. Acho que aguento até uma corrida após minhas leituras – brincou.

— Não acho aconselhável, precisamos pegar leve ainda. Acabamos de ser liberados de um hospital.

— Uma caminhada leve então. Se quiser me acompanhar estarei no jardim após o jantar.

— Acho melhor deixar para uma próxima oportunidade, eu ainda me sinto cansado, acho que dormirei após o jantar.

— Tudo bem Shiryu – serviu-se de café esboçando um sorriso tímido em compreensão ao estado do amigo.

...

Após um jantar de clima aparentemente leve, Seiya foi ver televisão mesmo depois dos resmungos do mordomo. Saori foi a biblioteca de seu avô rogando-lhe por um sinal que pudesse auxiliá-la a ajudar seu amigo e cavaleiro Shun. A virginiana procurou focar-se em energias de positividade, o ambiente estava carregado desde o retorno de seus cavaleiros, por mais que tudo estivesse em uma aparente paz, o período de pós-guerra nos leva a momentos de luto e reflexão.

“Vovô, por favor, eu estou a te pedir mais um favor, preciso de um sinal que possa a me ajudar a compreender a situação de meu amigo. Sinto que é algo diferente do que já vivenciei em minhas vidas como a deusa Athena” – aproximou-se da sessão de mitologia grega de olhos fechados e deixou seu braço ser guiado por sua intuição – “Um livro sobre os deuses? O que quer me dizer vovô?” – esbarrou na mesinha distraída por seus pensamentos e deixou o livro cair no chão – “O livro abriu na parte que fala sobre  o submundo” – ela lia mais um pouco a respeito de seu tio e cada vez mais pensava que ele tinha ligação com o que estava a passar com Shun que manifesta um cosmo diferente da guerra – “Então minha intuição estava correta. Se meu tio tem mesmo relação com o que acontece com Shun, eu só poderia chamar minha irmã Koré, seria a única que ele ouviria no momento” – eles já estavam no outono, sua irmã era Perséfone e deveria estar cuidando de um submundo ruído – “Será que ela vai querer me escutar? Zeus meu pai acuda-nos, dê-me tua benção e auxílio”.

...

Shun lutava contra seu próprio cansaço que se manifestou após a refeição e do suco que a governanta fez questão de acompanhar de perto até ver que ele bebesse a última gota. Sua ideia da caminhada noturna não seria suficiente para mantê-lo acordado por mais uma noite. Então decidiu por correr, por mais que sentisse uma dor ou outra ele corria pela floresta escura segurando uma pequena lanterna. Aos poucos a endorfina era liberada, o jovem sentia-se bem praticando aquele exercício, sua mente estava focada apenas em correr e aquilo o relaxava. Parou ofegante, precisava descansar um pouco, havia dado algumas voltas e sua lanterna começava a falhar, ele precisaria retornar à mansão, estava ficando tarde. Ele olhou para o céu sem lua e as estrelas que aprendeu a reconhecer, conseguiria se guiar sem perder, afinal não estava acostumado a caminhar por aquela área durante a noite. Durante o dia é tudo bonito aos olhos do cavaleiro, mas, a noite aquela floresta soava sombria e melancólica.

“Eu não aguento correr mais” – caminhava ofegante – “Eu não lembro de a floresta ser tão sombria assim” – fechou seus olhos tentando se acalmar – “Não estou longe da mansão, eu consigo voltar sozinho” – caiu após tropeçar em uma raiz alta de árvore – Ai! – levantou-se devagar – “A dor mantém minha cabaça no lugar. Talvez eu deva utilizar desse recurso para conseguir chegar lá” – pressionou a mão enfaixada – Isso... – a dor o conseguiu deixar alerta e menos sonolento, mesmo assim sentia o seu corpo pesar mais e mais – Falta pouco – vislumbrava a entrada dos fundos da mansão – sentiu que iria cair, mas, seu corpo foi suspenso.

— Mais que porra Shun! O que aconteceu com você?

— Ikki?

— Já se viu no espelho? Está parecendo um moribundo! – apoiou o braço do irmão por cima do seu – Mal se aguenta de pé. Vamos entrar, vai tomar uma chuveirada e dormir, entendeu? Amanhã você me explica que merda estava passando por sua cabeça.

— Eu não... quero dormir...

— Vai dormir nem que seja na marra, está me ouvindo?

— Por favor, meu irmão... não me deixe dormir – lágrimas silenciosas em desespero escorriam pela face de Andrômeda – Eu vou descobrir... eu vou conseguir... – já falava coisas que soavam desconexas aos ouvidos do cavaleiro de Fênix.

— Isso não está em discussão – pegou o irmão no colo e carregou-o escada cima – Obedeça ao seu irmão mais velho o seu bem.

O mais novo não respondeu, os pensamentos já se encontravam confusos, o cansaço finalmente o abatera. O irmão entrou silenciosamente no quarto que dividiriam naquela grande casa, tinha um pequeno banheiro dentro do quarto. Ele sentou Shun na privada enquanto enchia a banheira, pois naquele estado quase sonâmbulo que o mais novo se encontrava poderia cair e bater com a cabeça.

— Irmão... eu consigo sozinho – protestava para ter aquele momento de privacidade sozinho.

— A porta ficará entreaberta – aquilo não foi uma sugestão e o menor anuiu.

Shun banhou-se, ele sentia seu corpo cada vez mais pesado e travava uma batalha contra suas próprias pálpebras que insistiam em querer permanecer fechadas por algumas horas. Vestiu-se lentamente e saiu cambaleante tentando não esbarrar nos móveis do quarto. Seus amigos sentiam a inquietação no cosmo dele, mas, ao sentir a presença do cosmo de Ikki sabiam que poderiam relaxar aquela noite. O virginiano pensou que poderia tentar meditar ao invés de realmente dormir, porém o estado de exaustão física e emocional não o permitia se concentrar, ainda mais com um certo leonino que velava o seu sono e falava baixinho ao ouvido de seu irmãozinho histórias de suas lembranças mais remotas e felizes de sua infância ao lado dele.
Aos poucos o coração do cavaleiro aquietou-se junto de sua respiração, o corpo finalmente relaxava em seu descanso necessário e sua mente adentrava a camada mais profunda do sono, uma camada dominada por um inimigo declarado que o aguardava ansiosamente.


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Notas finais do capítulo

* O estado de disposição que Shun tomei como base a reportagem do link abaixo.
** https://brasil.elpais.com/brasil/2015/05/29/ciencia/1432898039_628070.html
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Ikki acabou entregando o "ouro" ao "bandido" sem querer e veremos o que acontecerá com Shun enquanto dorme.

Procurei bastante referências sobre o ato de privar-se do sono, até em artigo científico pesquisei, mas, esse link explica de forma mais acessível e resumida. Vários estudos foram feitos e os efeitos em cada organismo é diferente. Algumas pessoas não aguentam mais de 48 horas de privação de sono sem entrar em colapso (vindo a óbito) e há casos de duas ou mais semanas registrados sem grandes danos. Então tomei uma base para dar coerência ao que Shun sentia ao privar-se do sono, o cansaço e a desatenção no capítulo passado, o vigor do início do capítulo e um estado breve de alucinação no final.

~Aviso: Semana que vem estarei em semana de provas na faculdade, previsão de postagem do próximo capítulo: (22/09). Se eu conseguir antes tranquilo ^^ ~

Bjos e até a próxima ;)



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