O Sacrifício Doloroso escrita por Miss Siozo


Capítulo 12
Sopro de Vida (season finale - parte 1)


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Cheguei mais cedo do que eu esperava. Estou aproveitando as férias da faculdade para escrever mais. Chegamos a primeira parte do final, como puderam perceber pelo título. Ainda não terminei de escrever e o capítulo estava muito longo, então por questão de andamento e até para o entendimento dos acontecimentos da história dividi-lo em duas partes se tornou a melhor opção em minha opinião.
Venho agradecer o apoio que venho recebendo, toda vez que eu desanimo eu procuro abrir os comentários nas plataformas que eu posto essa história e isso me ajudou a continuar. :)
Sem mais delongas, boa leitura!



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Após dois dias, Saori e os cavaleiros de bronze deram andamento no plano de Ikki para retirar o irmão do hospital. O médico Oshida foi muito resistente em querer liberar o paciente para outro hospital, pois ele mesmo queria cuidar do caso do menino junto a sua equipe médica, mas, não poderia rejeitar que Shun fosse atendido em um dos melhores hospitais do Japão e se continuasse a insistir na permanência do paciente não tinha dúvidas que a senhorita Kido apelaria à justiça. Então a liberação para a transferência foi realizada e ambulância já estava a postos.

A parte burocrática do plano já havia sido realizada e o que estava por vir, com certeza, era a parte mais difícil de ser cumprida. Shun continuava inconsciente atravessando os corredores deitado em uma maca. O motorista já aguardava do lado de fora da ambulância para ajudar e a equipe composta por um médico e duas técnicas enfermeiras já estavam a caminho com o paciente.

Enquanto isso do lado dos cavaleiros de Athena, Ikki estava de motocicleta esperando o veículo sair, a missão de fênix era fechar o caminho da ambulância. Seiya e Shiryu estavam também próximos ao hospital dentro de um carro com Tatsumi que precisou aceitar que eles cometeriam tal conduta grave. Já Hyoga estava no trecho combinado no mapa com a outra ambulância, um enfermeiro e motorista para a troca de veículos.

A ação dos cavaleiros precisava ser rápida e para não serem reconhecidos teriam que se utilizar de máscaras, com exceção de Ikki que estava utilizando o capacete por pilotar a motocicleta. Não demorou muito para a ambulância que transportava Shun deixar o hospital e seguir com o trajeto. Saori havia encomendado uma pequena confusão no trânsito para fazer com que a ambulância desviasse para uma rota de menor fluxo de veículos e foi exatamente o que aconteceu. Em poucos minutos Ikki acelerou com a moto e conseguiu interceptar o veículo onde se encontrava seu irmão. Seiya e Shiryu tiveram que agir rápido e nocautear a equipe médica e o motorista antes que eles pudessem visualizar algum detalhe passível de denúncia, então com muito cuidado colocaram o amigo no banco de trás do carro onde em poucos quilômetros havia uma outra ambulância onde seria examinado o seu estado de saúde, pois temiam que algo ruim acontecesse durante o seu “sequestro”.

— Então, como ele está? – Ikki perguntava aflito para o enfermeiro – Esse “resgate” afetou o meu irmão?

— Seu irmão se encontra estável, não se preocupe – acalmou-o – Ele será assistido durante a viagem e... – o enfermeiro se interrompeu ao ver a movimentação na maca – Eu preciso ver o que aconteceu, com licença – foi até o paciente com urgência.

— Onde estou? O que está acontecendo? – o jovem estava atordoado se remexendo na maca.

— SHUN!!!MEU IRMÃO!! – Fênix foi afoito em direção ao caçula.

— Por favor, eu peço que se acalme ou vai deixar o paciente ainda mais agitado.

— Paciente? – coçava os olhos aparentando cansaço – Podem me explicar, por favor, o que houve.

— Eu explicarei direitinho, mas, peço que tenha calma e colabore com os exames – pegava o prontuário – Vamos até o jato para que o médico possa fazê-los.

O virginiano anuiu ainda confuso, ele foi colocado dentro da ambulância e seguiram para o local onde estava o jato particular. Depois o mesmo era levado sentado em uma cadeira de rodas e logo adentrava o veículo. A luz do sol incomodava os olhos esmeraldinos do menor que ainda tentava se acostumar com a luminosidade. Shun tentou se pôr de pé para subir as escadas do jato e mesmo com auxílio quase caiu por sentir as pernas fracas pelo tempo que esteve deitado em estado de coma, logo foi acudido e carregado para dentro da estrutura. Demoraram alguns minutos para que ele fosse novamente avaliado, uma eternidade na opinião dos demais presentes ali. O médico fez um sinal permitindo a entrada e já deixou um alerta.

— Peço que vão devagar com o rapaz. Aparentemente ele não sofreu nenhuma sequela da convulsão que teve antes de dar entrada no hospital e mal dá para acreditar que sua consciência conseguiu evoluir na Escala Glasgow, mas, não podemos abusar – entregou os papéis para Saori – Shun se encontra confuso, o que é normal para quem desperta de um coma, mas, sua última lembrança de acordo com ele é de quase uma semana antes de ter a convulsão. Pode levar algum tempo para o paciente conseguir organizar os esquemas mentais de sua própria memória, então peço paciência que será fundamental nesse momento.

— Doutor, eu o vi quase cair enquanto entrava no avião, tem certeza de que o Shun está bem? – perguntou o loiro.

— Aquilo foi perfeitamente compreensível, por mais que ele tivesse os músculos dos braços e pernas estimulados enquanto esteve internado há um bom tempo que o rapaz não se movimenta. Com uma boa fisioterapia o Shun poderá andar e fazer suas coisas normalmente, não há preocupações quanto a isso.

— Obrigada doutor por ir nos acompanhar nessa viagem – a menina Kido tentava transparecer calma apesar de estar aflita para entender o que aconteceu – Podemos conversar com o Shun?

— Acho que quanto menos pessoas ele tiver contato de uma só vez é melhor. Sugiro uma ou duas pessoas por vez – olhou para o relógio – A viagem até a Grécia será longa e sugiro que o deixem descansar, então sejam breves e não entrem em assuntos que possam deixá-lo muito agitado.

— Certo – respondeu o grupo.

— Eu vou primeiro – Ikki saiu impulsivamente até onde seu irmão estava.

— Acho melhor eu ir também – disse Saori já seguindo Ikki – Estamos em uma situação complicada e não podemos forçar o Shun demais.

— Ela tem razão, acho que o Ikki não vai conseguir se conter o suficiente perto do irmão – o cavaleiro de dragão acomodou-se na poltrona do jato – Acho melhor o restante de nós deixar a conversa para quando pousarmos na Grécia.

— Por quê, Shiryu?

— Deixa que eu respondo o pangaré – Hyoga sentou-se ao lado do libriano – O médico disse para não sobrecarregarmos o Shun. Não se volta de um coma com energia para correr em uma maratona, ele vai se sentir cansado só de falar e ainda tem o efeito dos remédios que ele consumiu no hospital agindo no organismo dele – explicou – O Ikki é o irmão mais velho e está preocupado e Saori é a nossa deusa, por certo quer conversar um pouco sobre o que está acontecendo. Então por mais que eu queira conversar com ele também, eu entendo que preciso confiar que o Shun vai ficar bem durante a viagem e vamos conversar em outro momento.

— Ok Hyoga, já deu de sermão pra mim! – levantou as mãos rendido e dirigiu-se a poltrona – Espero que não demore muito para trazerem algo pra gente comer, esse resgate me deu uma fome!

— Pelas condições estava mais para sequestro – respondeu o russo – E dessa vez preciso concordar com o Seiya, também estou com fome.

...

A viagem seguia como se era esperado. O clima de tranquilidade pairava no ar, pelo menos para a maioria dos presentes. A única ali que sabia das condições que se encontra a alma de Shun era Saori e estando a par desse conhecimento deixava mais difícil manter sua aparência serena. A virginiana conseguiu conter o irmão leonino do cavaleiro de andrômeda que estava com dificuldades de se conter e seguir as recomendações médicas.

— Shun, meu irmão! Nunca mais nos assuste desse jeito! – Ikki abraçava o irmão que estava deitado em uma cama de solteiro que o jato possuía – Eu fiquei ainda mais preocupado quando soube que... – se interrompeu.

— Quando soube o quê, irmão? – o garoto que estava com a pele mais alva do que de costume se pronunciou com sua voz doce – O médico disse que é normal acordar confuso quando se sai de um coma, mas, vocês podem me ajudar a lembrar.

— Nós tivemos uma semana bem difícil quando retornamos a mansão, principalmente para você Shun – Saori explicava no lugar do cavaleiro de fênix – Então após um treino você acabou passando mal e teve que ser levado às pressas ao hospital.

— Eu realmente não consigo me recordar disso, eu lembro de ter visto o Seiya muito mal no hospital depois que voltamos do submundo e... – colocou a mão sobre a cabeça que começou a doer – Aparecem algumas imagens que não fazem o menor sentido.

— Tente não se esforçar tanto agora – o irmão segurava a mão do outro – O importante é que você está bem e seguro. Estou feliz em poder falar contigo novamente – uma lágrima teimosa escorria pelo rosto do leonino deixando Shun surpreso.

— Eu estive tão mal assim? Por quanto tempo?

— Sim, dessa vez o coma durou nove dias, mas, foi muito assustador a forma como aconteceu – Saori se aproximou mais dos irmãos – Ikki, por favor, me deixe conversar mais um pouco com seu irmão a sós, ele precisa descansar e alguém precisa acalmar nossos amigos.

— Tudo bem – afagou os cabelos do caçula – Quando pousarmos eu não desgrudarei de você meu irmão, serei mais grudento do que chiclete – arrancou risos do menor – Até logo.

— É difícil ver o Ikki desse jeito, parecia que ele iria me perder – tentava se colocar sentado na cama e Saori o ajudou – Obrigado.

— Foi um período difícil, principalmente para ele que é o seu irmão mais velho – sentou-se ao lado dele na cama – Por acaso não consegue se lembrar de mais nada? Esteve acordado conosco por uma semana antes do incidente. Pode se abrir comigo – transmitia segurança com seu sorriso amável.

— Eu realmente não recordo do que aconteceu, apenas tenho algumas sensações quando essas imagens confusas passam pela minha cabeça – tirava seu cabelo que caía sobre o olho – É algo muito intenso.

— Intenso?

— Começa com uma dor e depois é como se eu precisasse fazer algo importante – os olhos verdes puros estavam ali novamente e isso dava um alívio para a jovem deusa – Isso tem alguma relação com essa viagem?

— Tem sim – emanava seu cosmo calmo pelo pequeno ambiente – Nós vamos reconstruir o santuário e precisamos da sua ajuda – levantou e tocou no ombro do cavaleiro franzino pela debilidade – Agora descanse, a viagem até a Grécia demora, precisamos de você bem, meu amigo querido.

— Tudo bem... – as pálpebras do cavaleiro começavam a se fechar involuntariamente pelo contato com aquele cosmo acolhedor de sua deusa – Sinto muito pelo o que passaram por minha causa – deitou-se devagar no leito se cobrindo.

— Não precisa se desculpar, não teve culpa de nada – sorriu – Pense no quanto estamos felizes por tê-lo de volta – o rapaz já havia adormecido pelo cansaço – “Hades, o que está planejando?” – pensava.

...

Já em seus sonhos o cavaleiro de andrômeda se encontrava em tranquilidade. Ele sonhava com o Santuário que brilhava em sua glória de tempos distantes que nunca havia presenciado. O jovem de cabelos verdes subia as escadarias das casas, imaginava que talvez aquele sonho fosse algum presságio do que estava por vir. Mesmo estando ciente de que aquilo era um sonho, ele inconscientemente pedia licença ao passar pelas casas zodiacais.

“Eu sinto uma energia me chamando, para que eu siga até o final” – já passava pela casa de leão – “Como é possível sentir dor de cabeça nos sonhos? Eu sei que estou sonhando já que minha última lembrança era estar conversando com a deusa dentro do jato” – refletia.

Hades estava no templo de Athena, o deus encarava a estátua de sua sobrinha e ponderava sobre os últimos acontecimentos e seu comportamento passional demais para o gosto do imperador do submundo. A convivência com seu receptáculo o tirava do eixo e até sua esposa Perséfone estava envolvida nessa situação por sua causa. Ele sabia que Shun estava ali e queria avaliar o estado dele, ao ter dado a “melhora da morte” ao cavaleiro o deus sabia que era questão de tempo para a alma do virginiano voltar a ruir. Hades pensava em como apareceria, já que para reparar parte do mal que causara a alma do jovem precisou “borrar” suas memórias temporariamente. No final acabou decidindo se passar por um ancião, já que se escolhesse alguma figura conhecida do rapaz não julgava como correto.

— Finalmente tu chegaste meu jovem – disse o senhor que usava uma capa preta – Nós precisamos conversar.

— Quem é o senhor? Eu sinto que estou em um sonho – aproximou-se mais do ancião – Estou tão confuso – confessou.

— Esse não é o momento para afligir-se criança – estendeu a mão para tocar o rosto do cavaleiro, mas, decidiu recuar na última hora – Eu sou alguém que lhe quer ver bem, apenas isso que tu precisas saber. Sente-se – apontou a bengala para a esquerda onde duas cadeiras se materializaram – Estás em um sonho realmente e preciso que prestes atenção em tudo o que direi para que lembres quando despertar.

— Tudo bem, eu acho que posso te dar esse voto de confiança já que é alguém que me quer ver bem – sentaram-se nas cadeiras – A minha primeira pergunta é por quê? Por que me quer bem? Nós nunca nos vimos, não conhece a minha história, meu passado e meus erros. Então, por quê?

— Conheço-o melhor do que imaginas criança – deu um breve sorriso carregado de pesar – E por conhecê-lo eu sinto a necessidade de fazer algo por ti, não sabes do perigo em que te encontras.

— Qual perigo? – o jovem sentiu outra pontada na cabeça – Ai! Como é possível sentir dor nos sonhos? Eu não compreendo – resmungou baixinho.

— O mundo dos sonhos funciona de forma parecida quanto ao mundo humano nesse quesito, por isso temos que tomar cuidado – sanou a dúvida do menor – Há um período o qual tu não te lembras, mas, que retornará quando a hora certa chegar. Então eu peço para que aproveite bem essas horas e dê tudo de si no ritual que precisarás fazer.

— Para reconstruir o santuário, não é? A minha deusa comentou isso comigo – deu um sorriso ao se lembrar, parece não ter entendido bem o restante do que o ancião falou – Mas, por que o senhor disse horas?

— Porque nós esperamos por um milagre, eu sei que tu não te recordas agora... – o deus achava aquela conversa estava tomando um rumo difícil – Apenas desfrutes o máximo de tempo que dispor para estar próximo as pessoas queridas por ti. Caso o plano não tenha êxito precisas alegrar tua alma.

— Eu estou para morrer? – as lágrimas caíam pelo rosto do cavaleiro – Eu sei que voltei de um coma, mas, não me sinto doente.

— Teu corpo realmente não está enfermo ao ponto de morrer, mas, tua alma... – levantou-se para consolar o garoto – Ocorreu a tua alma um mal irreparável e após o ritual teu corpo dificilmente resistiria. Estamos em uma luta contra o tempo pobre criança, eu sinto muito – o ancião começou a derrubar suas primeiras lágrimas durante aquela conversa – Então eu peço para que vivas com toda a intensidade o dia assim que abrir seus olhos e ajude a sua deusa a reconstruir o santuário, será o último sacrifício doloroso que cumprirás como cavaleiro.

— Obrigado senhor, eu tentarei me lembrar de tudo isso – abraçou o “idoso” ainda aos prantos – De qualquer forma ainda torcerei pelo milagre.

— Eu também minha criança, eu também... – correspondeu ao abraço.

...


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Notas finais do capítulo

*Jet Lag - é uma palavra que representa aquele mal-estar causado pela troca de fuso horário, ou melhor, fadiga de viagem. O jet lag ocorre por diferentes tipos de sintomas. Dentre os mais comuns estão enjoo, irritação, fadiga, insônia ou sonolência, variações de humor entre outros problemas fisiológicos. https://segredosdomundo.r7.com/jet-lag/
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O que acharam dessa primeira parte?
Escrever sobre o resgate/sequestro do Shun foi difícil, o plano idealizado por Ikki e executado por Saori e seus cavaleiros. Pensar nos detalhes do plano me fizeram sentir como uma mente criminosa kkkk (como se já não bastasse ser a "autora má" rs).
Os sentimentos de Saori e a relação entre Hades e Shun foram as partes que eu mais gostei de escrever, além da interação entre irmãos que será mais explorada na segunda parte.
Estou pensando aqui sobre o que posso adiantar sobre a segunda parte além de que ela vai mexer com os corações de vocês. Se tiverem alguma dúvida ou teoria estarei aberta a responder nos comentários, dentro do possível para não entregar o "ouro" da história rs
Até a próxima ;)



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