O fio vermelho através do poço escrita por Agome chan


Capítulo 1
O poço dos desejos


Notas iniciais do capítulo

Essa fanfic fica como continuação da fic "Acho que ouvi sua voz" https://fanfiction.com.br/historia/781385/Acho_que_ouvi_sua_voz/

e antes de "O Poço" https://fanfiction.com.br/historia/758766/O_Poco/

Resolvi explorar a ideia do poço-come-ossos finalmente numa curta fanfic desse ship.
Essa fic vai ter minhas teorias do anime/mangá de base.



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O poço-come-ossos possuía seu mistério e nem sempre foi reconhecido desta forma.

Muito anos atrás havia sido construído por um monge, uma sacerdotisa e o youkai amigo. Era num local próximo ao vilarejo e em frente ao templo, não distante da arvore sagrada. Se dizia que por isso a água era purificadora, excelente para os doentes melhorarem e na realização de extermínio de miasmas.

Os youkais que não possuíam intenções malignas e pediam ajuda para a sacerdotisa e ao monge, podiam utilizar da água para lhes dar força. Permitia uma convivência entre humanos e youkais. Poço não fazia distinção de humanos como bons e inumanos como maus, assim como aqueles que o constituíram.

O povo passou a crer que os poderes mágicos do poço realizava desejos. Rezavam em frente a ele, o que o alimentava e pediam o que estava em seus corações. Era como se o poço se torna-se um organismo vivo, uma misteriosa divindade.

E assim se passou o tempo.

Secou-se. Ficou abandonado.

Com os ataques de youkais a aldeia, tiveram a ideia de jogar os ossos nele, enquanto rezavam o que fazia sua energia purificadora se expandir e com o tempo os ossos passaram a sumir. Se tornou de conhecimento público que estava “ativo”.

De poço dos desejos, dos milagres ou sagrado, passou a ser poço-come-ossos. Por esse nome que Kikyou o conheceu, usando-o após suas lutas.

O povo tinha medo dele, mas Kikyou sentia sua áurea e se perguntava se na verdade diferente dos humanos e outros seres, aquele poço era incapaz de se corromper mesmo devorando ossos. Ela era mais possível de ser corrompida, pensava. Ainda se sentia errada, suja por derramar tanto sangue youkai e por querer deixar a vida de sacerdotisa.

Se fosse imutável como um poço, talvez…

E esquecia do assunto.

O poço, como dito, não faz distinção de humanos e inumanos. Ele purifica, auxilia aqueles desejos das almas que o alimentam.

O desejo da sacerdotisa era de estar de volta com seu amado que a mesma lacrou. E a joia de Quatro Almas era de retornar a época que poderia ter poder do bom e do maligno, abrindo até o desativado poço para o youkai centopeia passar.

Mas o poço precisa de desejos das almas.

A alma da sacerdotisa já não era a mesma e demorou-se a reencarnar, por causa da joia e por ser uma alma tão grande de tanto poder que possuía, de tantas figuraras sacerdotais que já havia sido.

Por ter mudado tanto a alma precisava retornar a era que a joia desejava, concluir o ciclo do desejo de Kikyou, de vê-lo mais uma vez.

Só havia um porém, a linha do destino que ligava aquelas almas estava extremamente forte, como se precisasse passar por isso para que se tornassem compatíveis, assim serem unidas finalmente.

O destino delas era o maior pedido acima de todos os outros anteriores. E com o passar do tempo quanto mais os donos dessas almas queriam se ligar, mais poderoso o poço ficava. Ao ponto de InuYasha e Kagome não precisarem mais dos fragmentos para atravessarem as eras.

Mesmo com o fim da joia e o poço não permitindo mais a viagem entre as eras, ele ainda possuía seu poder, ainda estava a ser alimentado.

Kagome podia jurar ouvir a voz do InuYasha as vezes e ele o mesmo. Se sentou no poço uma noite com o seu gato Buyo encarando o poço com curiosidade, o que a fez rir:

— O que foi, Buyo? Está assustado?

Kagome? — Ouviu e se assustou olhando rapidamente para dentro do come-ossos.

Não havia ele ali.

— I-InuYasha? — Perguntou incerta.

… eu posso te ouvir.

Seu coração chegou a errar uma batida. Estaria enlouquecendo de saudades?

— Não é possível… — pensou alto.

E ouviu o típico “Keh!” dele resmungando soar em seus ouvidos.

Se eu consigo te ouvir e você consegue me ouvir é o que importa, Kagome! Quando é que tudo isso fez sentido, hã?

Ela riu.

Riu entre lágrimas ouvindo aquele linguajar atrevido.

— Idiota… — respondeu ela num tom doce.

InuYasha de pé, os braços cruzados cobertos pelas mangas da sua veste vermelha, olhava o poço sem sinal de ver algo além da terra do solo, sorriu ao ouvir a típica ofensa. Se sentou apoiando o braço na beira do poço, escondendo seu rosto na manga da rata-de-fogo. Não havia ninguém ali, mesmo assim escondia seus olhos marejados.

Pensava:

“Kagome está bem. Está a salvo. Que bom, que bom…” — Era o que mais vinha lhe preocupando.

Ao mesmo tempo que se corrigia, afinal era claro que ela estava bem naquela era dela. Era muito mais segura que esta sua.

Ela correu tantos perigos ali, ele quase a perdeu tantas vezes, a família dela a perderia também. Tinha sido egoísta em querer ela por perto apesar dos perigos que ela corria, se esquecia que Kagome sempre escolheria ficar ao seu lado. O medo o aterrorizava demais.

Ele já perdeu a mãe quando era pequeno para aquele mundo e Kikyou também, duas vezes. Na primeira vez foi por sua culpa, por ter se envolvido com ele, Naraku conseguiu por um contra o outro. E Izayoi, sua mãe, poderia ter tido uma vida mais longa se não fosse por ter escolhido forma uma família com o daiyoukai, então era sua…

Era melhor Kagome estar lá.

Por mais que sentisse sua falta, lá ela estava a salvo e segura. Teria a vida plena como uma garota humana comum entre aqueles humanos esquisitos e o mundo esquisito que vivia. Nessa ela seria uma sacerdotisa e seria perigoso. Ela era forte, mas…

Suspirou. Não queria arriscar.

Fazia meses e a saudade estava lhe devorando por dentro. Estremeceu ao poder sentir o cheiro dela no ar. Era como se ela estivesse sentada ao seu lado.

Eu… — ouviu Kagome começar a dizer. — … eu achei que era loucura minha, mas senti seu toque no dia dos namorados… — Ficou extremamente vermelha ao confessar.

Ele só enrugou o cenho:

— Dia do q…? — mas se lembrou de uma noite que nevava, encarando a palma de sua mão. Achava que havia sonhado em abraçar Kagome. — Eu… senti que te abracei…

— Sinto sua falta! — ela o interrompeu gritando de súbito, o surpreendendo. — Todos os dias.

Ele passou os dedos pelo kotodoma em seu pescoço, abaixando suas orelhas caninas. Num tom arrastado lhe disse:

— Venho aqui desde aquele dia. Todos os dias… — confessou sentindo o seu rosto esquentar.

Se sentiu ainda pior ao ouvi-la chorar.

Com a voz tremula tentando limpar as lágrimas que não cessavam, ela lhe disse:

— Eu quero te ver.

Preocupado, naquele tom de sempre, ele tentou a acalmar:

— Kagome, não chora.

Ela achava adorável como ele continuava sem saber lidar quando ela se desfazia em lágrimas.

E por um curto tempo ela o viu.

Os dois se encararam em pânico e sem pensarem muito suas mãos procuraram se tocar e por segundos conseguiram sentir, apertar as palmas uma na outra, entrelaçar os dedos. Até que como miragem a solidez do outro se desfez, a visão se dissipou, perderam ambos o equilíbrio e com o apoio do outro que se foi, foram ao chão.

Passaram a chamar um pelo o outro, mas não se ouviam mais.

Kagome se encolheu em frente ao poço chorando compulsivamente.

InuYasha pulou lá dentro, a procurando desorientado, cavando com a outra mão que não tinha a tocado e socou o solo pela falta de sucesso, xingando e socando várias vezes até sangrar. Os olhos âmbares se inundavam, enquanto os azuis de Kagome já estavam mergulhados em lágrimas.

Ambos mantinham a mão que sentiram o toque contra o peito, segurando-a com a outra, para lembrar o cheiro, o calor.

O calor da mão delicada e macia de Kagome na sua.

O calor da mão grande e acolhedora de InuYasha na sua.

Passaram dias tentando qualquer contato sem sucesso, até na outra semana;

Kagome abriu a porta do cômodo do poço e viu InuYasha ali de pé. A encarou surpreso. Ela estava ali na sua frente no dia ensolarado andando na grama com um uniforme azul, uma roupa que ele nunca tinha visto nela antes. Na visão dela não havia grama, só ele de pé no piso amadeirado.

Foram até um ao outro e se abraçaram forte. Fechando os olhos, sentindo o contato. Ele encostou a testa na dela para se encararem intensamente, decorar como é aquele rosto na memória.

— Bom dia, InuYasha!

— Bom dia, Kagome…

Era mesmo um bom dia, pensaram.


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