Passado Doloroso escrita por ImperatrizPersefone


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Esse é o segundo oneshot que escrevi sobre as famílias dos dourados segundo a fanfic vida dos golds.



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Inglaterra Londres 1990
 

Katherine

 

Chego em casa após o trabalho, tenho 40 anos, meus cabelos e olhos são castanhos claros, atualmente trabalho como supervisora em uma loja de fabricação de calçados femininos, trato bem todos que trabalham comigo, sempre tenho um sorriso no rosto mas por dentro me sinto vazia.

Tomo um banho, faço um lanche e deito na minha cama, estou sem sono, pois hoje é um dia que me traz muita tristeza, começo a chorar em silêncio enquanto me lembro do passado.

Tinha 18 anos e consegui um emprego como secretária em uma famosa empresa da capital, naquela época eu era muito bonita e acabei despertando interesse no filho do dono da empresa onde trabalhava, ele era alto, loiro, de porte atlético e olhos azuis e dez anos mais velho que eu.

William sempre me tratava com muita gentileza, me dava flores e chocolates, como era inexperiente e inocente, acreditei nas lindas palavras que me dizia, me apaixonei por ele e começamos a nos relacionarmos.

Os primeiros meses ao seu lado foram maravilhosos, viajávamos juntos e tínhamos noites inesquecíveis, estava tão apaixonada que nem ligava que ele mantivesse nosso relacionamento em segredo para sua família e amigos.

Em um fim de semana, William falou que não poderia me encontrar pois teria que ir em uma festa chique com os seus pais e também não poderia me levar nessa festa, isso não me deixou chateada pois sabia que não sabia me comportar e nem teria roupas para usar em uma festa assim, mas no dia seguinte, vejo noticiário falando do seu noivado com uma mulher linda e filha de um empresário, aquela notícia me destruiu por dentro.

Na segunda-feira, aquele canalha me procurou, falou que tinha que se casar por causa dos negócios mas que queria continuar comigo, que me daria uma vida de rainha, não aceitei ser amante dele e terminei com ele, sofri muito com aquela separação pois infelizmente amava aquele canalha e dias depois descobri que estava grávida.

Procurei William e lhe contei sobre o bebê, ele prometeu que mesmo casando com outra que me ajudaria financeiramente, comprou um apartamento para mim em um ótimo bairro e me dava dinheiro todo mês para ajudar nas despesas, eu aceitei sua ajuda pois com o que eu ganhava era impossível sustentar um bebê e não tinha ninguém para me ajudar pois perdi meus pais quando era menor de idade.

A minha gravidez foi tranquila, fui acompanhada por um ótimo obstetra já que o meu plano de saúde era bom, não contei a ninguém sobre quem era o pai do meu filho porque lhe prometi isso em troca de ajuda financeira, quando o meu filho nasceu, mesmo William já sendo casado, ele me visitou no hospital e ainda pegou o bebê no colo.

Acordei de manhã para amamentar o meu filho e fico sabendo que ele foi levado do hospital pelo pai, só naquele momento percebi que fui enganada.

Hoje faz exatamente vinte anos que o meu filho nasceu e ainda sofro por não o ter comigo, passei todos esses anos chorando, sofrendo e procurando o único filho que eu tive, pois depois do que aquele canalha fez comigo não fui capaz de me relacionar com mais ninguém.

Fiz muitas investigações sobre o meu filho, pois depois de alguns anos aquele canalha confessou onde abandonou o meu bebê, eu odeio tanto aquele homem, é a única pessoa a quem eu não consigo desejar o bem, mas não quero nem lembrar que ele existe, o importante é que após tantos anos, finalmente descobri que o meu filho foi criado em um monastério na Índia até os cinco anos e depois foi adotado por um grego, com muita dificuldade consegui contato com esse homem que respondeu a minha carta há duas semanas que falando que conversaria com o meu filho e se ele desejasse me conhecer não faria nada para impedir isso, só espero que o meu filho aceite me conhecer, esse é o único desejo que tenho na vida e tenho fé que ele me amará, pois eu sempre o amei mesmo quando achava que ele estivesse morto.

 

William

 

Estou bebendo um copo de uísque quando me lembro do passado, eu sempre tive tudo que o dinheiro pode comprar, na infância vivia viajando, muitas vezes só tinha uma babá como companhia já que os meus pais eram ocupados demais para me dar atenção, pelo menos, sou filho único e sempre soube que jamais me faltaria dinheiro e conforto.

Tornei-me um jovem egoísta, frio, calculista que só pensava em beber, sair cada dia com uma mulher e gastar dinheiro fazendo corridas de carro, não pensava em ninguém além de mim.

Quando fiz 28 anos, conheci Katherine que era uma jovem muito bonita e educada, ela trabalhava como minha secretária, percebi rapidamente que era inexperiente sexualmente e decidi que dormiria com ela, não foi difícil a conquistar e assim realizei o meu desejo de transar com ela, mas tinha algo nela que me fascinava, fui incapaz de a abandonar após uma noite de sexo, então lhe propus que ficássemos juntos mas sem falar com familiares ou amigos, como ela estava apaixonada, aceitou a minha proposta.

Dois meses depois, conheci Elizabeth, filha de um empresário, é uma mulher muito bonita, educada mas fútil, só pensava em se manter magra, fazer compras, ir para festas, como frequentávamos os mesmos ambientes da alta sociedade, começamos a namorarmos e com seis meses de namoro ficamos noivos.

A minha família ficou muito feliz com o meu noivado, assim como a família de Elizabeth, afinal ela também é filha única e com o casamento juntaríamos muita fortuna, a parte ruim disso que é a minha amante descobriu que fiquei noivo e terminou comigo, não queria a perder, pois é a única mulher que realmente me satisfazia na cama, mas o pior foi que semanas depois de terminarmos, ela me procurou falando estar grávida e como conheço sua honestidade, sabia que aquele filho era meu.

Ter um filho fora do casamento acabaria com o prestígio da família perante a sociedade e isso faria com que meu casamento não durasse muito, não tentei a convencer a abortar porque sabia que não faria isso, então resolvi fingir que assumiria a criança, comprei um apartamento no nome dela, fiz isso com muito cuidado para minha família não descobrir, a ajudava financeiramente, mas infelizmente não consegui que transasse comigo novamente, nesse intervalo de tempo eu me casei e quando o bebê nasceu fiz questão de ir ao hospital, tratei Katherine com delicadeza, prometendo que registraria o menino e lhe daria uma pensão, eu fingi muito bem, em nenhum momento ela desconfiou das minhas atitudes.

Assim que Katherine adormeceu, isso não demorou para acontecer já que estava exausta por causa do parto, eu peguei o bebê e sai do hospital com ele nos braços, isso foi mais fácil que eu imaginava, entrei no carro com motorista, que foi bem pago para não comentar com ninguém o que aconteceu, entrei no meu jatinho particular, que estava pronto para me levar para a Índia onde tinha uma viagem a negócios.

Durante a viagem deixei o bebê deitado em uma poltrona, não liguei quando começou a chorar, na verdade, ouvir o seu choro me deixou muito irritado, aquele chato chorou demais até dormir novamente, eu sequer perdi o meu tempo para olhar no seu rosto, não me importava a sua aparência, só o queria bem longe de mim para que nunca atrapalhasse a minha vida.

Quando cheguei na Índia, peguei aquele chorão no meu colo novamente, percebi como ele fedia e o odiei mais ainda, sai do avião, entrei em um carro, quando vi um mosteiro, mandei parar o carro, peguei aquele chorão, não me importando se estava chovendo, o coloquei na porta daquele lugar e fui embora me sentindo aliviado por ter me livrado daquele problema, é claro que eu poderia ter matado aquele bebê mas não sou um assassino, então esse foi o melhor jeito que encontrarei para ficar livre daquele problema indesejado.

Katherine me acusou de ter roubado o seu filho, não neguei isso mas também não falei onde o tinha deixado, ela fez um escândalo e quase que a minha esposa terminou comigo, mas felizmente consegui a convencer que aquela mulher era louca e que nunca tivemos nada, Katherine foi demitida da minha empresa e felizmente resolveu ir morar longe de mim.

Fazia alguns anos que estava casado e mesmo não usando nenhum contraceptivo a minha esposa não engravidava, a acusei de ser infértil, o problema só podia ser com ela já que tinha engravidado outra mulher mas não podia falar isso para a minha esposa, então ela fez muitos exames e todos deram o resultado que ela podia engravidar, então depois de tanta insistência dela, resolvi fazer o exame de fertilidade, tinha certeza que daria positivo, mas não foi isso que aconteceu, descobri que tenho varicocele e essa doença me tornou infértil, questionei o médico quando estávamos a sós sobre eu já ter um filho e ele falou que isso era normal acontecer já que a minha doença naquela época era mais recente e não me impedia de ter filhos mas como não foi tratada acabou me levando a infertilidade.

Aquela notícia me revoltou muito, sempre achei que era besteiras ir em médico se não sentisse dor e como não sentia nada não procurei tratamento e acabei sendo incapaz de gerar um herdeiro, a minha esposa queria fazer uma inseminação artificial, mas para mim aquele filho não seria meu, então lhe neguei isso.

Meu casamento acabou meses depois de ter sabermos o resultado do meu exame de fertilidade, depois disso, tive outros relacionamentos mas todos foram passageiros, agora tenho 50 anos, sou muito bem-sucedido profissionalmente pois consegui aumentar a fortuna que os meus pais me deixaram, porém não sou feliz, não tenho nenhum herdeiro e nem uma mulher que realmente goste de mim, não me falta companhia feminina, mas sei que todas que saem comigo só fazem isso por interesse financeiro.

Minha vida poderia ter sido muito diferente se eu não fosse tão egoísta, poderia ter assumido Katherine e me casado com ela, sei que foi a única mulher que eu amei, podíamos termos criado o nosso filho juntos e talvez até hoje seríamos felizes.

Alguns anos atrás, procurei Katherine e lhe contei o que fiz com o bebê, ela me deu dois tapas fortes no rosto e amaldiçoou o dia que me conheceu, naquele dia, vi todo o mal que fiz aquela mulher e isso me fez sofrer, prometi a mim mesmo que colocaria bons detetives para saberem o que aconteceu com aquele bebê, depois meses de investigação, descobri onde ele mora atualmente e também fiquei sabendo que é loiro e tem os olhos iguais aos meus e isso aumentou a minha dor, pois quando era casado desejei muito um menino parecido comigo, mas infelizmente abandonei o meu único filho.

 

Santuário de Atena 1990

 

Shaka

 

Estava meditando tranquilamente, mesmo estando perto de uma guerra, não tenho motivo para ficar preocupado, acredito que ganharemos essa guerra pois estamos bem preparados e também porque confio muito no meu poderoso cosmo para sair vivo dessa guerra.

Desde pequeno gostei de ficar sozinho, não sinto falta da companhia de ninguém, a única voz que sinto falta é a de Buda, infelizmente não é sempre que consigo conversar com ele e isso me deixa chateado, quando achei que ouviria a sua voz já que estava há vinte e quatro horas em meditação, não fiz parada nem para comer, dormir ou tomar água e isso não me incomoda, recebo uma mensagem telepática de Shion atrapalhando a minha meditação.

Infelizmente preciso parar a minha meditação e sair da minha posição de lótus, ao ficar em pé me sinto um pouco zonzo, então vou até a cozinha e arrumo um lanche para comer, como gosto de sossego não tenho nenhuma serva na minha casa, após comer o lanche e tomar água, me sinto melhor, visto a minha armadura e começo a subir as escadarias até chegar ao 13 templo, não estou com vontade para ouvir o Shion, mas não posso ir contra a vontade do mestre, chego no salão do templo e faço uma pequena reverência ao ficar em frente ao mestre.

Shion: Vejo que você está um pouco abatido, continua fazendo seus jejuns malucos?

Shaka: É necessário jejuar para alcançar a graça de conversar com Buda.

Falo em um tom calmo, mas por dentro, sinto raiva por ser incompreendido, mas foi assim desde que era uma criança e por causa disso não tenho nenhum amigo, os outros dourados apenas conversam comigo quando é necessário e me sinto bem assim, já que não suportaria muito falatório nos meus ouvidos.

Shion: Eu respeito a sua espiritualidade mas acho absurdo colocar a sua saúde em risco por causa dela.

Shaka: Bom, se é só isso que queria me falar, voltarei para a minha casa.

Shion: Esse garoto não muda, desde criança tem esse jeito arrogante, como se nunca precisasse de ninguém, por causa do seu jeito frio não fez nenhum amigo no santuário, não era isso que eu desejava quando o trouxe para o santuário.

O motivo pelo qual lhe chamei aqui é algo grave, há alguns dias recebi carta de uma mulher chamada Katherine, também recebi carta de um dos monges que cuidaram de você até os seus cinco anos e para terminar recebi carta de um empresário chamado William, eles são seus pais biológicos. Por essa as cartas descobri que esse homem lhe roubou recém-nascido de um hospital em Londres e lhe abandonou debaixo de uma chuva em um monastério na Índia, sua mãe passou anos lhe procurando, as vezes até pensando que tivesse morrido. Essas duas pessoas querem lhe conhecer, então tomei a liberdade de comprar passagens aéreas para você ir para Londres, mas não é obrigado a fazer isso se não for o seu desejo. Agora está dispensado para pensar sobre o que a decisão que tomará.

Entrego as passagens nas suas mãos, estranho que ele aparentemente está calmo, quando qualquer outra pessoa na sua situação se desesperaria.

Shaka: Saio do 13 templo com aquelas passagens na mão direita, a minha vontade era de rasgá-las mas não fazer isso seria um grande prejuízo ao santuário já que são passagens caras, o melhor a fazer era não as ter aceitado, chego na minha casa, tiro a minha armadura, jogo aqueles papéis no chão e permito demonstrar os sentimentos que tenho guardado em meu peito, estou revoltado, chateado, triste, magoado e com muito ódio

Pela primeira vez hoje abro os meus olhos e lágrimas começam a escorrer deles, estou muito confuso, não sei o que fazer, logo eu que sempre tenho uma resposta para todos os meus sentimentos, dessa vez me sinto perdido, sem querer me deixo levar pela raiva e meu cosmo se eleva imediatamente, o que faz com que a casa de virgem comece a tremer enquanto continuo chorando, depois de algum tempo, consigo controlar o meu cosmo e acho melhor o ocultar enquanto os meus sentimentos estiverem controlando o meu ser, tenho sorte em ninguém vir a minha casa, o que não preciso nesse momento é encontrar alguém.

Entro no meu quarto, deito na cama, fico lembrando da minha infância, de como ela foi simples mas mesmo tempo, foi feliz, pois ao lado dos monges eu tinha vivia em um lugar tranquilo, tinha carinho, atenção e quero muito querido por todos aqueles homens simples que cuidaram de mim desde que eu fui abandonado, a melhor parte é que quando morava lá, eu conseguia conversar bastante com Buda, nesse momento volto a chorar pois a minha vida poderia ter sido muito diferente se aquele canalha não tivesse me roubado para me abandonar depois, choro até dormir.

Sonho com um lugar muito tranquilo, parecia um lindo bosque com muitas árvores cheias de frutos, começo andar naquele lugar, vejo um lago tão limpo onde pequenos peixes nadavam nele e ouço uma voz falar comigo, mas não vejo ninguém, a voz era calma mas, ao mesmo tempo autoritária, os raios de sol tocavam a minha pele como se fossem carícias, abro um grande sorriso ao sentir aqueles toques nos meus braços, isso me acalma, era como se eu estivesse no paraíso, nesse momento acordo e vejo que está de noite, ainda estou confuso e muito ferido sentimentalmente, pois para mim os pais me abandonaram porque não tinham condições de me criarem, mas a verdade não é essa, eu fui rejeitado por não ser um filho planejado.

Levanto da cama, abro o meu guarda-roupa, pego uma mala e coloco algumas roupas e objetos pessoais dentro, deixo tudo bem organizado, pois eu gosto das coisas bem-arrumadas, tomo um banho relaxante, me visto e vou para a cozinha e faço um lanche, já decidi para onde iriano manhã seguinte, para o único lugar onde me sentiria iluminado bastante para conseguir pensar se devo ou não encontrar esses dois estranhos, amanhã irei para a Índia, visitarei o lugar onde vivi até os meus 5 anos.

No dia seguinte, levanto cedo e saio do santuário, ando até Rodorio e lá entro em um ônibus até Atenas, acho muito estranho ter que utilizar transporte público, estou muito acostumado a ficar no santuário já que não costumo sair para realizar alguma missão, sempre que as missões são realizadas por cavaleiros de ouro, eu não sou escolhido e acho isso bom pois não gosto de me socializar, ainda mais com desconhecidos.

Depois de uma hora e meia finalmente chego em Atenas, começo a andar até o aeroporto, o sol está forte e isso incomoda muito a minha visão, mas infelizmente preciso andar com os olhos abertos pois não posso usar os meus poderes perto de pessoas comuns e deixa me deixa muito chateado e irritado, chego no aeroporto e compro uma passagem para a Índia, tenho sorte do próximo voo sair daqui a três horas e ter lugar.

Resolvo ir almoçar, entro em dois restaurantes do aeroporto e fico decepcionado com os cardápios deles, não tem nada que preste para comer, só tem comidas fritas, com carnes ou pratos gordurosos, nem a salada eles fazem direito, como estou com fome, acabo comprando quatro pacotes de biscoitos integrais em uma padaria, isso não é o suficiente para me sustentar, mas não tem problema pois estou acostumado a ficar muitas horas em jejum.

Entro no avião, coloco o cinto de segurança e espero que nenhum chato sente do meu lado, eu não suportaria passar horas do lado de alguém tentando puxar assunto comigo, felizmente a poltrona do meu lado não tem passageiro, na hora do avião dar a partida começo meditar mentalmente, isso me traz muita paz e acabo dormindo, acordo apenas quando ouço o comandante do avião falar que chegamos na Índia.

Desembarco do avião e ando pelo aeroporto até encontrar um táxi, mesmo que eu tenha saído daqui muito pequeno ainda consigo falar o idioma local e isso é muito bom, vou direto para o monastério onde fui criado e sou bem recebido pelos monges que apesar dos vários anos não tinham se esquecido de mim, para mim isso aconteceu porque sou muito diferente fisicamente dos indianos.

Passei uma semana nesse lugar maravilhoso, tão calmo, onde todas as pessoas se tratam bem, aqui não existe desigualdade seja por cor ou raça, pois o que importa é a espiritualidade que cada pessoa tem, eu fiquei muitos dias em meditação profunda, fiz jejuns prolongados, e consegui alcançar a graça de ouvir Buda me aconselhando, realmente eu jamais seguiria o que alguém falasse, mas essa voz eu sigo sem nenhum receio pois sei que ele sempre me dirá para fazer o que é melhor para a minha vida.

Entro em um avião com destino Londres, depois de muito meditar, decidi que conheceria aquela mulher que diz ser a minha mãe, é estranho pensar nessa palavra, nunca imaginei que um dia conheceria a pessoa que me deu a vida, eu achava que ela me abandonou porque me desprezava mas após saber da real história de como fui abandonado, resolvi lhe dar uma chance de me conhecer, já aquele homem não perderei o meu tempo o conhecendo, não importo que seja milionário, eu aprendi com os monges que o maior bem que uma pessoa pode ter é o caráter e não bens materiais.

Chego em Londres a noite, vou para um hotel simples, tomo um banho e deito na cama enquanto fico imaginando como seria conhecer a minha mãe, tínhamos marcado de nos encontrarmos na casa dela, por um momento fico imaginando se me pareço um pouco com ela, mas que coisa mais boba, eu nunca liguei muito para a minha aparência, o máximo que faço é hidratação nos meus cabelos por causa do sol forte que faz na Grécia e quando tenho que sair de casa durante o dia uso protetor solar, de qualquer jeito, eu sou um homem que deixa seus sentimentos a mostra para as outras pessoas e isso não mudará amanhã.

Katherine: Estou muito emocionada, hoje conhecerei o meu filho, estava com muito medo que ele não quisesse me conhecer, pois não sei como ele foi criado, imagino que tenha uma mãe adotiva e por causa disso não desejasse me conhecer para não ferir os sentimentos dela, sei que não posso tomar o lugar dela no seu coração, mas eu vou o conquistar com o meu amor, ser presente na sua vida, lhe dar todo o carinho e atenção que nunca pude lhe oferecer, mesmo que ele não aceite vir viver na Inglaterra, eu já decidi que não morarei mais longe dele e não me importo se para realizar esse meu objetivo tenha que mudar de país.

Recebi o seu telegrama há dois dias, como na carta que lhe enviei tinha o meu endereço, ele falou que me procuraria aqui, também isso é o mais fácil já que não conheci esse país e aqui teremos privacidade para conversarmos a vontade, ontem arrumei a casa toda e fiz comida deliciosa que espero que goste, imagino que tenha continuada loiro e com os olhos azuis, do mesmo jeito que era na única vez que o peguei no colo e o amamentei.

Ouço a campainha tocar, abro a porta muito ansiosa porque sei que o meu filho chegou, ao abrir a porta fico paralisada por alguns segundos, nunca imaginei que o bebê tivesse se tornado um homem tão lindo, dono de longos cabelos loiros e olhos azuis como o céu, me joguei nos seus braços e comecei a chorar de tanta emoção.

Shaka: Fico sem reação ao ver que ela se jogando nos meus braços, por um momento pensei em me afastar de forma grosseira, não tenho coragem de fazer isso mas também não posso retribuir esse abraço, eu não mostro sentimentos ainda mais com uma pessoa que acabei de conhecer, gentilmente tiro os seus braços do meu pescoço e lhe olho com um jeito indiferente, como se não tivesse sentido nada quando me tocou.

Katherine: Vejo como ele não parece demonstrar nenhum tipo de sentimento e acho que errei muito em lhe tocar, mas tenho que impedir que vá embora antes de conversarmos.

Desculpe-me, não quero lhe forçar a nada, mas lhe ter na minha frente depois de tantos anos lhe procurando é uma emoção para o meu coração.

Shaka: Não precisa pedir desculpa, está tudo bem, só não estou acostumado a abraçar pessoas que acabei de conhecer.

Katherine: Tento me controlar para não tentar o abraçar novamente, o convido para sentar-se na sala e conversarmos durante bastante tempo, fico impressionada como ele é tão educado, calmo e gentil, ele é tudo que eu sempre sonhei e agora não deixarei que nada nos afaste um do outro.

Na hora do almoço, fico chateada por não o ter agradado com o almoço que tinha feito, nunca imaginei que o meu filho fosse vegetariano, mas fiz uma deliciosa salada e isso o alegrou.

Shaka: Passei duas semanas na casa da minha mãe, ela conseguiu me convencer que não tinha motivos para ficar em um hotel, durante esse tempo conversarmos bastante e percebi que ela é uma mulher maravilhosa, forte e luta pelo que deseja, temos muitas características em comum, os dias que passamos juntos foram ótimos, mas eu tenho minhas obrigações como cavaleiro a cumprir, ainda mais que estamos perto de uma guerra, não posso me dar ao luxo de ficar tanto tempo longe do santuário, mas para a minha surpresa, a minha mãe decidiu que se mudaria para Atenas para morar perto de mim, não posso lhe contar o que realmente faço da vida, então disse que trabalho para uma espécie de segurança particular e isso lhe deixou feliz.

Eu que nunca sou de demonstrar os meus sentimentos, dessa vez falhei, mostrei claramente que fiquei feliz com a sua decisão e durante esses últimos dias, não consegui lhe negar abraços, carinho e atenção.

Acho que estou aprendendo o que significa ter uma mãe e acho que o significado é que nunca estaria sozinho, que terei sempre alguém para cuidar de mim e prometo a mim mesmo que cuidaria dela com muito carinho.


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Notas finais do capítulo

Um grande abraço a todos.



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