A Milésima versão de Crepúsculo escrita por TheFemme


Capítulo 14
Imprinting


Notas iniciais do capítulo

Não me matem... Estou trabalhando há uma semana sem folga, então não tive tempo para escrever - escrevi esse capítulo no celular, quando ia dormir. Hoje é minha folga e eu vim aqui postar rs.
Esse é o primeiro capítulo que tem POVs diferentes, talvez seja o único.
Boa leitura, e que essa seja uma semana tranquila para eu postar mais!



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POV Adam

Eu estou um pouco ansioso - Okay muito ansioso - quando saio de casa para encontrar com a matilha. É por volta das 19h, e felizmente não está chovendo. Eu não me transformo, estou um pouco intimidado com a possibilidade de ter outras pessoas na minha cabeça.

Quando eu chego ao ponto de encontro, no penhasco, os outros já estão lá – provavelmente correram em suas formas de lobo.

— Boa noite - digo.

— Boa noite.

Todos estão vestindo bermudas e nada mais. Parece ser o uniforme quileute. Eu não estou pretendendo aderir ao estilo.

— Então, você é um lobo também. - Quil é o primeiro a falar.

— Eu sou. – afirmo.

— Seja bem vindo á matilha. - Sam fala.

— Sim cara, seja bem vindo à matilha mais feliz e alegre de Washington. - Embry fala ironicamente. - Todos estamos aqui pôr que amamos ser um lobo.

— Embry. - Sam alerta.

— O que? Desculpe, mas sinceramente eu quero dizer “sinto muito por você, cara”. Você perdeu sua grande chance de ter uma vida normal.

Eu sorrio, eu estou feliz que Embry seja sincero.

— Obrigado, Embry. – digo.

— Não basta garotas serem lobos, agora os viados também são. - Paul rosna. Ele obviamente não esta nada feliz, e eu já esperava por isso.

— Paul, você não quer estar aqui, você pode muito bem sair. - Jacob fala. - Querendo você ou não, Adam é parte da matilha agora.

— Bem, já que ele é, eu estou saindo. Eu não quero uma bicha na minha cabeça. - Paul rosna, então ele se transforma em um lobo avermelhado e corre para longe.

Eu estou um pouco boquiaberto de ver uma pessoa se transformar pela primeira vez.

— Que idiota. - Leah rosna com raiva. - Eu quero bater tanto nele.

— Eu posso lidar com Paul mais tarde. Ele é cabeça dura, mas ele irá aceitar isso com o tempo. - Sam fala tranquilamente. - Você deve ter muitas duvidas, Adam.

— Jacob me preencheu sobre algumas coisas. – digo. – Mas o que significa fazer parte da matilha?

— Isso significa que você aprende a historia quileute, nossos rituais e tradições, e se compromete a proteger o nosso povo.

— Oh meu, você vai querer que ele aprenda todas aquelas lendas estúpidas que levamos toda a infância ouvindo? - Embry geme, infeliz. - Há mais de mil lendas quileutes.

— Há mil e você não consegue lembrar de uma. – Sam repreende.

— Eu estou bem em aprender as histórias do nosso povo. - digo. Eu amo historia. - Mas o que significa proteger o nosso povo?

— Oh não, oh não, você não vai falar dos frios de novo, certo? - Jacob reclama dessa vez. - Você vai dar pesadelos á Adam. Isso é apenas uma lenda.

— Eu irei passar à Adam todo o conhecimento do nosso povo, inclusive dos nossos inimigos. – Sam diz, decidido. – Vamos sentar.

Embry acende a fogueira, reclamando “eu tenho que ouvir isso tudo de novo”, então sentamos num circulo ao redor da fogueira; eu entre Jacob e Leah.

Sam começa a falar:

— Os lobos tem um inimigo mortal, conhecido como frios. As lendas dizem que eles são fortes e rápidos, extremamente mortais, e se alimentam de sangue. Nós somos as únicas coisas que eles temem.

— Você quer dizer… vampiros? – pergunto, surpreso.

Estou começando a entender a incredulidade de Jacob, Quil, Embry. Jared parece ser o único a levar Sam a serio. Leah não parece estar realmente ouvindo.

— Sim, vampiros. – Sam afirma com seriedade.

— Alguém já viu um? - eu pergunto, por curiosidade. Eu não sou incrédulo, afinal, eu me transformo em um lobo.

— Eu já vi. - Sam fala.

— Você tinha 3 anos, você não pode lembrar com certeza. - Leah bufa.

— Claro que eu lembro com certeza. – Sam diz. – Eu nunca poderei esquecer o vampiro que matou minha mãe.

Leah parece que vai discutir, então eu interrompo:

— Quem matou o vampiro? - pergunto.

— Ele está realmente acreditando nisso ou é minha impressão? - Quil sussurra muito audivelmente para Embry.

— Meu pai era um lobo, e ele matou o vampiro, com a ajuda de Billy Black. – Sam fala.

Eu olho para Jacob em busca de resposta. Ele da de ombros.

— Billy conta essa historia desde que sou criança, mas realmente, vampiros? – Nem ele parece muito crédulo.

— Nós somos metamorfos, porque não vampiros? - questiono.

— Oh meu, você é muito crédulo. - Embry suspira.

— De qualquer forma, se algum inimigo aparecer, é o nosso dever proteger nosso povo. Você fará o juramento? – Jared pergunta, tentando acabar com a discussão.

— Sim. Enquanto eu viver aqui eu protegerei nossa tribo. - concordo. A minha força tem que servir pra alguma coisa, afinal. - Mas ser da matilha significa que eu não posso sair quando eu terminar a escola?

— Porque você iria querer sair? - Sam pergunta, verdadeiramente surpreso.

— Bem, eu pretendo ir para a faculdade.

— O juramento é sobre proteger a tribo enquanto você viver, então originalmente não podemos sair. - Leah responde com amargura. – É uma sentença de prisão eterna.

— Eu não vou permanecer em La Push. Quero dizer, eu posso ate voltar quando terminar a faculdade, mas eu pretendo sair por alguns anos. – afirmo. Eu não estou mudando de ideia sobre isso por nenhum motivo.

— Entendo. Os anciãos veem as coisas da forma antiga deles, mas eu sinceramente não vejo assim. Você pode fazer o juramento de proteger enquanto estiver aqui, afinal, eu não acho que muitos de nós ficaremos por aqui para sempre. – Sam diz, olhando para Jacob.

— Certo. – digo.

Que bom que eu não sou o único que pretende sair.

— Vamos fazer o ritual agora? - Jacob pergunta.

— Há um ritual?

— Bem, é o ritual de ligação de sangue. – Embry fala.  

— Nós só precisamos cortar as mãos e unir o nosso sangue. – Jacob explica. – Eu sei, é louco, mas é uma tradição antiga quando entra um novo membro na matilha.

— Okay. - concordo, mas interiormente já estou nervoso. Eu tenho fobia de sangue.

— Relaxe cara, é um corte pequeno e sara rápido. - Embry tenta me tranquilizar.

— Leah, você precisa cantar a musica do ritual. - Quil diz, divertido.

— Dane-se.

— Vamos lá, sem musica o ritual não vai ser completo. – ele insiste, para provocar Leah.

— Esses rituais bárbaros… - Leah rosna, mas então começa a cantar, numa linguagem que eu nunca ouvi antes.

Eu estou feliz porque é Jacob quem corta minha mão primeiro. Ele corta a dele também, em seguida apertamos à mão. Quando é a vez de Jared, o corte já cicatrizou. Eu tenho que cortar a mão seis vezes – estou feliz por Paul ter ido embora.

Eu estou um pouco tonto quanto termina.

— Na próxima lua cheia, iremos realizar o ritual com os anciãos, onde você fará o seu juramento. - Sam diz. – É isso, por enquanto.

Jared e Sam são os primeiros a começarem a se despir, então eu viro de costas. Eu não vou me acostumar com isso nunca. Logo um lobo marrom e outro preto estão se afastando.

— Cara, isso foi terrível. - Embry suspira. - Só de pensar que em dois meses faremos isso de novo me dá arrepios.

— Cale a boca Embry. - Leah rosna.

— Eu estou errado? Se até Adam que é mestiço se tornou um lobo, Seth não irá escapar.

Leah acerta um soco em Embry.

— Okay, eu sinto muito. – ele geme. – Você é completamente louca.

— Eu vou para casa. – aviso á eles. – Até amanhã.

— Até amanha.

— Não tenha pesadelos, cara, vampiros não existem. – Quil grita.

Eu volto para casa sem transformar, eu ainda não estou preparado para ter pessoas ouvindo meus pensamentos.

Eu entro em casa e verifico meu celular. Como esperado, há varias mensagens de Alice. Eu ligo para ela.

— Oi. Você estava estudando de novo e esqueceu de me responder? – ela pergunta.

— Desculpe. Eu estava numa reunião com a tribo.

— Foi tudo bem?

— Sim. Apenas ouvindo historias estranhas.

— Eu imagino. Eles não estão fazendo nenhum ritual estranho com você, certo? – Alice pergunta.

— Não. – digo olhando para minha mão já curada.

— Quero conhecer sua tribo. – Alice diz.

— Eu vou ver com os anciãos se você pode vir.

Eu não sei exatamente como funciona a política de visitas por aqui. Brian e Bella são os únicos que eu vejo sempre visitando. Eu nunca perguntei se poderia trazer alguém.

— Então, a quem eu deveria pedir pra namorar você? Os anciãos? – Alice pergunta.

Eu sorrio. Isso seria uma imagem engraçada.

— Á mim.

— Mesmo? Não há nenhuma tradição de namoro? – Alice parece decepcionada.

— Que eu saiba não. – respondo, deitando no sofá para me sentir confortável. Eu já descobri que Alice pode falar por horas. – Então, porque você não irá a aula amanha?

— Hum… vai estar sol.

— Ah. Que pena. – Eu me pergunto quando Alice vai me falar a respeito disso. É um motivo estranho para faltar á escola. – Eu vou fazer anotações para você.

— Obrigado. Você é o melhor namorado do mundo.

Eu sorrio.

— É isso que nós somos?

— Okay, eu vou pedir á você, já que eu sou mais velha. – Alice diz alegremente.

— Você tem a minha idade.

— Eu sou mentalmente mais velha. – ela insiste.

— Eu não sei se acredito. Você faz compras como uma garota de 16 anos. – brinco.

— Eu tenho 17. E eu amo roupas. Eu poderia ser modelo se eu fosse vinte centímetros mais alta.

Eu rio.

— Mais como trinta centímetros mais alta.

— Você não pode rir da altura da sua namorada. 

— Desculpe. Eu acho que a sua altura é perfeita.

De fato, há poucas coisas sobre Alice que não sejam perfeitos.

— Bem, eu vou perdoar você. – Alice diz alegremente. – Você já jantou? 

— Não. 

— Vamos falar depois que você jantar. 

— Esta bem. – concordo. – Eu te amo.

— Te amo. 

Eu desligo o celular sorrindo. Desde que me comecei a conversar com Alice minha casa não é mais tão solitária. Mesmo que eu esteja sozinho, é como se Alice estivesse sempre lá comigo.

POV Leah

Está chovendo. Eu estou muito ansiosa pra ficar em casa, no entanto. Eu não posso ficar resfriada, então eu saio para correr.

Não é como se tivesse muitas coisas para fazer em Forks. Depois que Rosalie Cullen apareceu acenando com seus carros para Brian e Jacob, até mesmo a diversão de mexermos em carros juntos acabou, então Forks está mais chato do que nunca. O único alivio que eu tenho encontrado é correr como lobo, quando sei que estarei sozinha com meus pensamentos.

Os garotos com certeza estão na casa de Emily e Sam, enchendo suas barrigas. Eu nunca os acompanho porque não me sinto bem vinda. Eu posso odiar Sam pelo o que ele me fez, mas é difícil odiar Emily – ela é muito boazinha. Eu nem posso ser má com ela, porque ela nunca é nada menos do que gentil e me dando seus olhares de pena. Eu odeio que sintam pena de mim. Eu prefiro que me odeiem.

Eu sei que minha vida é digna de pena, é uma porcaria, eu tenho a pior sorte do mundo, mas eu detesto a empatia dos outros. Eu prefiro que pensem que eu sou uma cadela que merece toda a merda que me acontece, do que me tratem como alguém injustiçada e indefesa. Eu não estou indefesa. Eu não sou uma vitima. Eu estou muito bem. Eu sou forte, não preciso da pena de ninguém. Eu enfrento todos os meus problemas de cabeça erguida. Só há um problema que tem me tirado o sono: Seth.

Cada dia que passa eu estou mais preocupada com Seth e seu aniversario se aproximando. Se tirar Seth de La Push garantisse que ele não se tornaria um lobo, eu teria feito isso há muito tempo, mas eu sei por experiência própria que não adiantará. O gene quileute amaldiçoado está em nosso sangue. Eu me transformei á quilômetros de La Push pela primeira vez. Eu tenho estudado as lendas quileutes como louca, mas não encontrei nada que fale sobre impedir a transformação.

“Não há como impedir, você sabe disso” Jacob fala, mas eu ignoro.

“Não há paz nem mesmo em meus pensamentos. Você não deveria estar na Emily?”

“Estava inquieto”.

“O que você esta fazendo?”.

“O mesmo que você, correndo. Vamos apostar corrida?” Jacob propõe.

“Não há nenhuma graça. Eu sempre ganho”.

Eu tenho que me gabar das minhas poucas bênçãos, e ser a mais rápida da matilha é uma delas.

Eu não quero apostar corrida hoje. Eu estou irritada com o destino. Eu odeio esse lugar, eu odeio a reserva, eu odeio ser um lobo… Eu só quero correr pra bem longe de tudo isso – e levar Seth pra longe comigo, para vivermos uma vida normal.

Jacob não diz nada, mas eu sei que ele está ouvindo. Ele está imerso em seus próprios pensamentos, que geralmente envolve carros, Brian e Bella.

Depois de muito correr, eu estou toda molhada e o pêlo lobo é horrível, então apenas estou mais estressada.

Eu sinto um cheiro diferente, então paro minha corrida. Eu ouço algo se movendo, rápido. É outro lobo?

“Leah? Onde você está?” Jacob chama, mas eu estou focada no som se aproximando.

Quando eu viro, há uma garota parada. Ela é morena e pequena, eu nunca a vi antes. Duas outras pessoas chegam rapidamente. Eu reconheço o garoto Cullen de cabelos dourados e bem, o sabe-tudo da minha aula de Biologia, Edward Cullen. Apenas quando eu olho para Edward parece ser a primeira vez que eu o vejo. Sua beleza é muito chocante. É como se meu mundo inteiro coubesse dentro de seus olhos. É como se houvesse uma corda me ligando á ele e puxando.

Isso não aconteceu comigo. Isso não pode ter acontecido comigo.

 “Que droga, que droga... Maldito imprinting dos infernos!”

Quando meu corpo sai do choque absoluto de ter acabado de imprimir numa pessoa aleatória, eu viro e começo a correr para casa. Não é uma boa sensação, é como se todo oxigênio estivesse ficando para trás.

Eu ouço um rosnado como de um animal, então uma sensação horrível como se estivesse sendo sufocada. Eu vou morrer.

“Estou chegando” Jacob diz, ansioso e com medo.  

Eu não consigo respirar, nem sentir meu corpo. A última coisa que ouço é Jacob gritar:

“LEAH!”

POV Adam

Eu estou testando uma nova maquiagem que Alice me deu quando ouço alguém bater na porta.

— Adam cara você Ta ai? - É Embry.

— Já vou. – grito, então levanto e abro a porta. - O que?

— Reunião da matilha. Você não ouviu Sam uivar?

— Eu ouvi, mas eu não sabia pra que era. Eu só vou limpar o rosto.

Eu lavo o rosto rapidamente. Embry esta ansioso de um jeito que não é normal, e eu tenho um mau pressentimento sobre isso. Lá se vai meu dia tranquilo de pintura.

Eu tive um sonho esta noite que algo ruim acontecia com a matilha.

— Vamos, depressa. - Embry diz, então se transforma num grande lobo marrom e corre.

Eles são tão descuidados, apenas se transformando em qualquer lugar sem ver se há alguém por perto.

Eu olho ao redor antes de seguir seu exemplo e me transformo, e pela primeira vez há uma cacofonia de vozes na minha cabeça. É enervante. Eu começo a correr, seguindo Embry.

“Eu já disse que não tenho certeza disso” Jacob diz veementemente. Eu consigo reconhecer as vozes claramente como se estivessem falando.

“Vamos ficar discutindo até quando? Leah pode estar morta agora” Paul discute.

“Cadê vocês, Embry?” Sam pergunta com ansiedade.

“Chegando. Conte ao Adam o que aconteceu” Embry responde.

É muito estranho e confuso o compartilhamento de mentes.

“Leah foi atacada na floresta, enquanto estava com os Cullen” Sam fala.

“Os Cullen a atacaram” Paul rosna. Eu estou surpreso com a quantidade de ódio que ele consegue colocar na afirmação.

“Eu não sei se foram eles” Jacob rebate.

“Vocês estão me deixando louco, falem um de cada vez” penso.

“Leah está desaparecida. A última pessoa que ela viu foram os Cullen” Quil explica.

“Eles a atacaram. Jacob estava em sua mente quando aconteceu” Paul insiste.

“Eles são vampiros. Eles estavam correndo na floresta, realmente rápidos” Sam fala.

“Sim, Jacob?”.

“Bem, eles apareceram do nada. Foi estranho” Jacob afirma ”Mas eu não diria que eles são vampiros. Eu não vi o que atacou Leah”.

“Talvez algo atacou eles e também Leah” penso, preocupado.

“O cheiro de Leah segue para a casa dos Cullen” Jacob diz, desanimado.

Finalmente eu chego á clareira e consigo ver os lobos reunidos. Há uma quantidade impressionante de pêlos marrom, Sam é o único de cor diferente – preto. E eu, suponho.

“Cor legal, cara” Quil, eu acho, fala. Ele é o que está mentalmente mais tranquilo.

“Vamos lá” Sam diz.

"O que vamos fazer?” pergunto, preocupado e ansioso. Isso não me parece bom.

Todos estão agitados, e isso me deixa nervoso.

"Vamos trazer Leah de volta, nem que seja por cima dos cadáveres daqueles malditos” Paul rosna.

"Você está falando de matar pessoas" digo horrorizado.

"É melhor Adam ficar, cuidando do território" Jacob fala. "Seis de nós é o suficiente. Vamos apenas conversar, não é necessário brigarmos. Pode ter sido um mal entendido”.

Eu estou agradecido por Jacob. 

“Fica tranquilo, cara, há alguma explicação para isso” Embry diz, me empurrando com seu focinho.

Eles saem. Com exceção de Sam, ninguém acredita que os Cullen são vampiros - eu também não. Há algum mal entendido. 

Eu estou ansioso, mas também tranquilo. Eles não vão atacar os Cullen, porque os Cullen são humanos e nós não atacamos humanos. Alice está segura.

POV Leah

— Jacob? Onde nós estamos? 

Eu olho ao redor, desorientada. Minha cabeça parece estar cheia de algodão. Eu não reconheço o caminho, nem o carro em que estamos.

— Relaxe Leah, estamos indo pra casa. – Jacob responde, mas sua voz é tensa.

— O que aconteceu? – insisto, então olho pra baixo e percebo o que estou usando: um pano azul. – Porque eu estou enrolada num lençol? 

— Você foi ferida. 

Eu franzo a testa, tentando lembrar. Eu lembro da floresta, eu lembro da dor. Eu não lembro de ver quem fez isto.

— Quem foi o maldito covarde que me atacou pelas costas? 

— Vampiros. – Jacob responde.

— Que vampiros? 

— Os Cullen. 

Eu olho para Jacob por um minuto inteiro, ainda confusa sobre ele estar ou não falando sério. É claro que eu lembro que vi os Cullen na floresta, mas alguma coisa nisso não faz sentido.

— Os Cullen não são vampiros. – digo, ao recuperar minha inteligência.

— Sim, eles são. – Jacob fala entre dentes.

— Eles não são. 

— Eu vi o doutor Cullen operar você tão rápido como um maldito Super Homem, e Edward Cullen pular de uma janela do segundo andar e não sofrer um arranhão. Eu não estou feliz com isso, mas ate mesmo eu não sou cego!

A explosão de Jacob não me preocupa, há algo que me deixa mais chocada.

— Como eu posso ter imprimido em um vampiro?! – grito.

— Você imprimiu?!

— Eu não posso acreditar nisso… Todos eles são vampiros? 

— Sim. 

— Edward? – pergunto, apenas para confirmar que eu não estou louca.

— Ugh, seu lobo tem um maldito mau gosto. – Jacob faz careta. – Sim, ele é.

— Céus, me mate, por favor. – gemo, fechando os olhos para tentar não ver como o destino está me ferrando outra vez. – Me diga que alguém o matou. 

Jacob bufa, infeliz.

— Ninguém morreu. 

— Por quê não? Eles me atacaram. 

Eu não posso imaginar que Sam não fez nada. Certo que eu não sou muito importante para ele, mas ele detesta vampiros.

— Apenas Bree a atacou. – Jacob diz, então murmura. – Vampiros, vampiros... Quem poderia imaginar que eles são reais? E aqui, em Forks?

Minha preocupação é diferente da de Jacob.

— Aquela garota pequena? – pergunto, lembrando da garota morena que eu nunca havia visto. Eu não tinha prestado muita atenção nela, afinal, meu lobo só tinha olhos para estúpido e pálido Edward Cullen.

— Sim. 

— Eu fui atingida por uma criança? – bufo, indignada. – Quantos anos ela tem? 

— Eu não sei. Nós não sabemos nada sobre eles. Nem sabemos se eles são realmente apenas 8 ou se há mais. – Jacob diz, frustrado.

— A cabeça de Bree é minha. – digo com determinação. – E a de Edward também. 

— Você não pode matar seu imprinting. – Jacob observa, quase divertido. Eu quero bater nele.

— Eu sou uma anomalia, eu definitivamente posso quebrar algumas regras. Mas se não puder, você pode fazer isso por mim. 

— Tudo bem, eu realmente não gosto dele. Você pode matar Rosalie então. 

— Certo, combinado. 

É isso. Assim que Sam decidir quando vamos atacar, eu estou indo para matar essa maldita criança. E esse maldito vampiro, como ele ousa encantar meu lobo com aqueles olhos dourados? Eu o odeio. Eu não me importo com ele. Eu não estou curiosa sobre ele – certo, meu lobo está, mas isso não vai me impedir de matá-lo. Eu tenho grande força de vontade. Eu sou a primeira loba da história. Eu posso fazer isso. Eu estou ansiosa para matá-lo – não para vê-lo, de maneira nenhuma.

— Então, quem vai matar Alice? – Jacob pergunta, de repente.

— Ow. Droga. Agora você pegou pesado, Jacob. Adam vai morrer. – eu suspiro. O tempo que Adam está fazendo olhos de cachorro para a pequena vampira, e vice-versa, não me admiraria se eles fossem almas gêmeas. – Você acha que ela é... 

— Não, eu não achava, mas se você imprimiu em um vampiro, tudo é possível. Nossa biologia é mais louca do que eu pensava.

— Não fale disso para ninguém. – rosno. – Adam já sabe? 

— Não. 

— Merda.

— Á essa altura, os outros já devem ter chegado e contado á ele. – suspira Jacob. – O que você vai dizer aos outros sobre seu imprinting?

— Eu não estou dizendo á ninguém. Nada mudou.

Eu não estou indo atrás de um imprinting. Essa maldição já atrapalhou minha vida uma vez, não vai acontecer de novo. Edward Cullen pode morrer, no que me importa. Eu não estou olhando para ele nunca mais, no que depender de mim.

Edward

Há um lobo rondando a casa. Jasper é o primeiro a notar. 

— Há alguém la fora. 

— Ela não é uma ameaça. – digo.

Nós conversamos com os lobos, afinal, e recebemos permissão para ficar em Forks, desde que não ataquemos ninguém - não foi por boa vontade. Sam queria nos matar, mas ele sabia que não era possível. Ele também queria que fossemos embora, mas por causa de Leah e Adam, ele não podia nos mandar sair – eu não entendi essa parte bem. Os lobos pensavam em algumas palavras que eu não conhecia. Fizemos um tratado de não entrar no território dos lobos e de matar apenas animais e acabou tudo bem, no final. Melhor do que qualquer um de nós teria esperado.

Ou quase tudo bem.

Rosalie esta constantemente irritada, porque Jacob está evitando ela e consequentemente ela não tem visto Brian. O garoto humano passa muito tempo na reserva e Rosalie não tem permissão para ir lá. Isso faz com que ela odeie os quileutes um pouco mais.

Alice está ansiosa e preocupada porque Adam não apareceu na escola desde todo o incidente, nem entrou em contato com ela. Já faz mais de uma semana, e Alice vai enlouquecer – e me enlouquecer – se isso durar um pouco mais. O tempo que ela passa olhando para o celular é um pouco assustador. Eu estou tentado á ligar para o garoto e mandar ele falar com Alice. É muito ruim ver ela inquieta assim.

Leah também não tem aparecido na escola, mas eu não estou preocupado com isso, afinal ela tem aparecido, de certa forma.

É o terceiro dia que o lobo cinza aparece, então já estou acostumado com isso. 

Ela vai rondar e olhar, e depois ir. Ela não quer que ninguém vá até ela, mas ela quer me ver, então eu tento ficar na janela e não chamar muita atenção. Os outros estão ignorando isso também, mesmo que eles não entendam o que está acontecendo. 

— Você acha que é um espião? - Bree pergunta. 

— Você está vendo muitos filmes. – Jasper responde.

Os dois estão pintando um quadro, o que é ótimo, porque pelo menos alguém está distraído.

Alice está acariciando o colar em seu pescoço e olhando para fora nervosamente. Eu já disse a ela que o lobo não é Adam, mas ela ainda tem suas esperanças. Ela está curiosa sobre o motivo de Leah estar ao redor.

Eu também não entendo o motivo da visitação – além de Leah planejar minha morte cada vez mais claramente. Ela tem um ódio por vampiros que rivaliza com Sam Uley, o que é um pouco fácil de entender, afinal, Bree quase a matou. Mas o acidente com Bree não parece ser o motivo do ódio de Leah. Ela só pensa nisso quando tem um vislumbre de Bree, então ela pensa “a cabeça dela é minha”. O que mais irrita Leah é algo chamado imprinting, que eu não entendi ainda o que significa. Pode ser uma doença, pelo tanto que Leah odeia isso.

O celular de Alice toca de repente e ela quase derruba ele no susto. É estranho ver Alice ser surpreendida.

— Alô? – ela atende, ansiosa.

Por amor de Alice, eu espero que seja o garoto de Alice.

— Alice? - eu reconheço a voz de Jacob, então fico alerta. O que esta acontecendo? É estranho os lobos entrarem em contato conosco. Eles estão nos evitando, até mesmo na escola.

O lobo cinza ainda esta lá fora. 

— Sou eu. – Alice responde.

— Bom. Você pode me encontrar? 

— Por quê? 

— Estou na rua do hospital, você vai reconhecer a caminhonete vermelha. Na verdade é Adam. Ele não esta bem e eu disse a Sam que estava levando ele ao hospital mas… 

— O que há com ele? – Alice interrompe.

— Hum, é difícil de explicar, eu acho que tem a ver com imprinting. Você pode vir? – Jacob pergunta ansiosamente.

— Eu estou indo. 

Alice sai rapidamente, então eu sigo logo atrás. Eu não confio nos lobos, e isso me parece muito com uma armadilha. Alice não está pensando claramente no momento, e suas visões estão ausentes.

— Precisa de mim? – Jasper pergunta.

— Fique de olho no lobo cinza.

Eu acompanho Alice.

A caminhonete vermelha esta estacionada na beira de estrada, mas não há ninguém além de Jacob do lado de fora. Adam está dentro do carro, mas ele não parece estar acordado.

— O que há com ele? - Alice pergunta, se aproximando. 

— Eu também não sei. – Jacob diz, e sua mente confirma isso. Ele está preocupado.

Alice abre a porta do carro e coloca a mão na testa de Adam.

— Ele está queimando de febre. Porque você não o levou para o medico? 

— Eu acho que é mais uma coisa de lobo, não uma doença. – Jacob responde, e há essa palavra em sua mente: imprinting.

— O que é imprinting? – pergunto.

Eu ouço muito a palavra na cabeça de Leah, e sempre num contexto ruim. Eu estou quase certo de que isso é uma doença que afeta os lobos.

— É algo muito complicado pra explicar, mas simplificando, é uma ligação de almas que os lobos fazem. Isso nos torna dependentes das pessoas que são nossos imprinting.

Alice não esta acompanhando:

— O que isso tem a ver com Adam estar doente? – ela pergunta, preocupada.

— Ele precisa ver você. Se é que você é seu imprinting, o que eu espero que você seja, porque é a única coisa que faz sentido.

Alice abraça Adam, tirando ele do carro sem nenhum esforço. 

— Eu vou levar ele para casa. 

— Sem ofensas, mas eu não estou deixando Adam sozinho com você. Eu vou junto. – Jacob decide.

— Essa caminhonete é lenta. - Alice diz frustrada. 

— Vamos correr. - Jacob diz, tirando a camisa. 

Eu sigo Alice para casa, não muito interessado em ver Jacob se transformar em um lobo.

O lobo avermelhado nos acompanha, tão rápido quanto eu e Alice. Jacob está verdadeiramente preocupado com Adam, e ele acredita que Alice pode ajudar. Eu estou curioso. Eu nunca vi algo assim. Uma doença que pode ser causada pela falta de uma pessoa? É estranho. Tão estranho quanto lobos existirem.

Quando chegamos em casa, Alice sobe com Adam para o quarto. 

Jacob pensa duas vezes antes de decidir ficar na sala, e senta no sofá. Jasper e Bree saíram.

— Vocês tem uma casa muito normal, para vampiros. – Jacob observa.

— O que você esperava? Caixões e esqueletos?

— Sim, é claro. É quase chato, muito normal. – suspira Jacob, então seus olhos caem no videogame de Emmett. – Isso é legal, cara. Eu não sabia que vampiros jogavam videogames.

— Nós fazemos quase tudo que pessoas normais fazem. – Emmett responde, entrando na sala e analisando Jacob. – Então, você esta confraternizando com o inimigo?

— Bem, se eu puder jogar, eu posso confraternizar por um tempo.

— Legal. Eu só tenho Bree para jogar e ela está brincando com Jasper no momento, então você é bem vindo. – Emmett fala, sentando ao lado de Jacob e ligando a televisão.

— Isso é muito show. – Jacob fala, animado. 

Eu duvidava que lobos e vampiros pudessem se dar bem, mas olhando para Jacob e Emmett disputando jogos na televisão, eu tenho algumas duvidas. É claro, os dois são muito mente aberta e não se importam muito com o que o outro é. Outros não são assim – Rosalie detesta lobos, Jasper pensa nele como os inimigos, eu particularmente não gosto, mas ver Jacob e Emmett me dá esperança de que uma trégua é verdadeiramente possível.

O lobo cinza está lá fora. A explicação de Jacob sobre o imprinting não me revelou muita coisa – apenas que parece algo involuntário e que os lobos (Leah, pelo menos) detestam. Eu estou um pouco curioso para saber como Adam reage ao seu imprinting com Alice, se é como Leah ou se o fato de Alice ser um vampiro não faz diferença. O único exemplo que eu tenho de um imprinting atualmente é Leah, e ela não está nada feliz com isso. O motivo dela estar aparecendo constantemente provavelmente é porque ela não quer adoecer como Adam, e nada mais.

Eu estou curioso como isso vai progredir, não apenas a nossa relação com os lobos como também o imprinting de Leah.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por acompanharem! Até logo!



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