A Milésima versão de Crepúsculo escrita por TheFemme


Capítulo 13
Edward Cullen


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é tenso, mas necessário, então preparem os coraçoes.
Editei tantas vezes que pode ter uns erros de concordância kk, mas eu espero que não.
Boa leitura.



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POV Edward

Eu sou bom em guardar segredos. Eu sou muito, muito bom em guardar segredos. Quando você está obrigado á ouvir os pensamentos de todas as pessoas ao seu redor, é certo que você vai descobrir muitos segredos. Grandes, pequenos, importantes, vergonhosos – as pessoas guardam na mente todo tipo de coisas que elas não querem que ninguém saiba.

Eu conheço todos os segredos, medos e inseguranças da minha família, assim como de qualquer pessoa que passe muito tempo ao meu redor. Eu sei que o maior medo de Alice é que sua vida esteja sendo guiada por suas visões e ela esteja sendo controlada por seu dom, sem poder decidir verdadeiramente seu destino por causa das visões. Eu sei que Rosalie detesta os seres humanos por causa de seu ex-noivo e amigos, e sou o único que sabe que ela os caçou e matou por vingança – Carlisle nunca teria concordado com isso, com sua bússola moral impecável. Esme teria dito que não era nosso dever fazer justiça com as próprias mãos. Eu conhecia profundamente a dor de Rosalie e sabia que ela não iria descansar enquanto não obtivesse vingança, então me calei e deixei ela fazer o que ela queria. É difícil não querer ser um juiz e executor quando você conhece a mente e o coração das pessoas.

Eu sei que Esme está internamente torcendo para que Alice e Rosalie tenham encontrado seus companheiros, mesmo que sejam humanos, e ela pensa que transformar eles para fazer suas filhas felizes não seria algo ruim. A prioridade de Esme é a felicidade de seus filhos, e ela pode ser egoísta ás vezes sobre isso. Ela já tentou unir eu e Alice, eu e Rosalie, Rosalie e Emmett, Jasper e Alice, e ela esta ficando sem esperanças de que vai ver seus filhos casados. Sua mais nova esperança é Bree e Jasper.

Eu já vi as pessoas guardarem muitos segredos estranhos ao longa da minha vida, então eu não deveria estar tão surpreso quando descobri o segredo dos quileutes.

(...)

“Oh meu Deus, ele é muito lindo”. Esse é um tipo de pensamento que eu estou acostumado a ouvir. Assim como “ele é perfeito”, “eu quero beijar ele”, e mais um monte de variações que vão da mais suave á mais pervertida. Essas adolescentes de hoje tem uma imaginação super ativa.

Eu entro na sala de aula e sento o mais rápido que posso sem parecer inumano. Quando eles não conseguem olhar para o meu rosto os pensamentos são mais tranquilos. Os humanos são presas tão facilmente atraídas. Eles mesmos querem se oferecer para o caçador. Os animais tem mais inteligência, eles fogem ao nos ver.

Eu coloco meus materiais sobre a mesa, um tanto apreensivo e também ansioso. A visão de Alice sobre essa garota que irei conhecer com um cheiro irresistível me incomoda. Eu nunca encontrei ninguém que cheirasse bom demais para mim, então não sei o que esperar, mas eu nunca fui um para recuar de um desafio. Sem querer me gabar, mas depois de Rosalie, eu sou o que tem o melhor controle sobre minha sede de sangue. Eu estou um pouco empolgado, na verdade, para ser desafiado.

Cada aluno que entra me deixa em expectativa, mas todos cheiram apenas como pessoas normais – é interessante, atraente, mas não enlouquecedor. Então finalmente há um cheiro diferente, e eu estou quase empolgado, mas então não é o cheiro que eu espero. É um cheiro um pouco como terra e árvores, não ruim mas definitivamente não desejável também. Quileutes – uma garota morena de cabelos curtos. Ela olha na minha direção, então bufa e senta do outro lado da sala. Eu estou um pouco divertido; as pessoas geralmente são atraídas, não repelidas, por nós vampiros.

Então há um cheiro novo e totalmente enlouquecedor, que faz meu corpo reagir automaticamente e eu agarro a mesa para tentar me manter no meu lugar. Minha garganta queima; o cheiro é maravilhoso, como se eu estivesse há semanas com sede e essa fosse a única coisa que saciaria minha sede. É uma garota pálida, de cabelos marrom, totalmente comum. Não há nada de especial sobre ela – exceto seu cheiro. Ela caminha na direção da minha mesa então eu prendo a respiração. Eu penso em Carlisle, Esme, todos os ensinamentos que Carlisle me passou. Eu não sou um animal, eu não sou um monstro. Eu posso me controlar. Então a garota senta ao meu lado e eu definitivamente não posso fazer isso. Eu estou levantando quase tão rápido como um vampiro, e saindo da sala. Meu autocontrole não é tão perfeito assim. Na próxima aula de Biologia, eu sento do outro lado da sala, ao lado da garota quileute.

 “Qual é o problema dele? Porque de repente ele está sentando aqui?”, ela pensa e afasta a cadeira.

Eu ainda consigo sentir o cheiro de Isabella Swan, mas o cheiro da menina quileute esta suprimindo isso.

Eu me apresento á garota ao lado, numa tentativa de parecer menos estranho:

— Olá, eu sou Edward. Prazer em conhecê-la.

— Olá. Eu sou Leah. – a garota responde, mas ela esta pensando “porque esse garoto está falando comigo de repente?”. É muito interessante conversar com pessoas que não sabem que eu posso ouvir seus pensamentos. Minha família já esta acostumada com meu dom, então eles tem pensamentos cuidadosos ao meu redor.

Ao longo da semana eu estou muito distraído ouvindo ao redor de Isabella Swan para descobrir o que há de especial nela, porquê não consigo ouvir seus pensamentos, então eu não presto atenção á Leah Clearwater – ela é uma garota que não me tolera, e por mim isso está bem, é menos uma garota fantasiando sobre mim. Eu continuei sentando ao lado dela apenas para evitar atacar o pescoço de Isabella Swan, então ela não era interessante, mas era útil. Então eu inevitavelmente comecei a ouvir Leah Clearwater, já que ela estava ao meu lado durante quase uma hora.

“Que porcaria é essa? Eu já aprendi isso antes? O que é pteridófitas mesmo?”.

Eu estou muito acostumado a ignorar os pensamentos dos outros para responder, mesmo que eu saiba a resposta. Leah está lutando com a maior parte da matéria porque – segundo ouvi em seus pensamentos – ela fez o ensino fundamental na reserva quileute e o ensino lá é atrasado. Eu me seguro para não oferecer ajuda, eu sei que ela iria me xingar.

Mesmo não falando com Leah, ao longo das semanas eu descubro que ela tem um ex-namorado, que ela detesta, e alguém chamada Emily, que ela parece gostar e odiar e está sempre evitando. Ela também tem um irmão mais novo que está sempre ocupando sua mente, quando ela não está quebrando a cabeça tentando entender a matéria. Ela também detesta legumes, sua mãe se chama Sue e seu pai Harry, e a maioria das pessoas para ela é irritante – Lauren no topo dessa lista, eu não muito longe do topo. Não é como se eu tivesse feito nada contra ela, ela apenas acha irritante a maneira como todas as garotas da escola estão desmaiando ao meu redor. “Burras que não podem ver um rosto bonito. Eu aposto que ele é um idiota total”, ela pensa.

Eu não estou ressentindo, afinal, Leah xinga praticamente todo mundo em sua mente.

Seus planos futuros são muito vagos. Ela pretende terminar os estudos e arranjar um emprego que a possibilite sair de Forks, possivelmente em Port Angeles, e levar seu irmão com ela. Ela quer se formar em mecânica e trabalhar com carros, e isso é tudo. Não há planos de filhos, nem namorados, nem de casar. É um pouco diferente da maioria das meninas.

Pelo menos sua mente é um lugar divertido e livre de fantasias eróticas, então eu acabo ouvindo Leah mais do que a maioria.

 “O que é isso? Porque há tantas palavras estranhas nessa maldita matéria?”

Eu suspiro:

— Anfioxos são animais marinhos; eles tem o corpo semelhante ao dos peixes, e vivem enterrados na areia.

— São vermes.

— Não são vermes.

— Parece um verme.

“Que diferença vai fazer eu saber isso ou não saber isso? Matéria estúpida” Leah pensa.

Na maioria das vezes os pensamentos de Leah são interessantes, mas as vezes são estranhos.

“Maldito Sam, porque eu tenho que patrulhar hoje? Eu só quero fazer pipoca e assistir filmes até tarde. Amanhã é sábado, sábado! Ele está fazendo isso por vingança. Essa vida de lobo é uma droga”.

Eu estou um pouco divertido com a raiva de Leah sobre Sam, o ex-namorado – ela sempre pensa nele com raiva – e então eu acho que é uma expressão estranha, alguém se chamar de lobo.

Então um dia eu ouço coisas mais estranhas.

“Faltam dois meses para Seth fazer 16. Ele não pode se tornar um lobo também, já basta um amaldiçoado na família”.

“Essa hora não passa? Eu poderia comer um cervo. Maldita genética de lobo”.

Se antes eu ouvia os pensamentos de Leah apenas aleatoriamente, a partir de então começo a monitorar seus pensamentos em todos os momentos na escola. Junto com os pensamentos dela, comecei a monitorar todos os quileutes – Jacob não para de pensar em como seu lobo deve parar de ser idiota por Brian Swan, Embry está olhando para todas as meninas pensando “você poderia ser a alma gêmea do meu lobo” e Quil está sempre pensando “maldito olfato” – então não foi difícil chegar á conclusão de que havia uma matilha de lobos em Forks

Isso explicava algumas coisas, como o cheiro diferente deles. Também o fato de Alice não poder ver Adam em suas visões. Eu estou preocupado. Lobos são uma raça que foi extinta há mais de 500 anos pelos Volturi. Nem mesmo Carlisle nunca viu um. Só ouvimos histórias sobre as matilhas ferozes que haviam na antiguidade.

Eu olho para Leah criticamente; ela é bastante brava, mas não feroz ou louca. Ela é praticamente uma humana. Os outros, igualmente. Como eles são quando estão transformados eu não sei, mas assim eles não parecem muito de uma ameaça – mas então, nós vampiros também não parecemos os monstros que somos.

Os quileutes se relacionam muito bem com os humanos, obviamente eles não tem nenhum problema com as pessoas, agora com vampiros… Eu ouvi durante anos que lobos e vampiros eram inimigos mortais, até a extinção da raça lúpus. Os quileutes com certeza não perceberam o que somos, mas eu não tenho ilusões de que isso será bonito. Graças ao meu dom, nós temos a vantagem.

Eu tento adivinhar pelos pensamentos de Leah quantos eles são - há Jacob, Embry, Quil, Adam, Paul, Jared, o menino que ainda não virou, Seth, Sam, Emily… Eles são muitos. Se os lobos são realmente rápidos e fortes como dizem as historias, nós vamos estar com problemas.

Eu sei que Alice está apaixonada por Adam Black, e vampiros não tem paixonites passageiras - quando um vampiro gosta de alguém é um sentimento forte e imutável. Adam é um garoto simples que tem pensamentos agradáveis; e está absolutamente encantado por Alice. Ele não se importa que Alice tenha comportamentos estranhos, o que é adorável, mas se ele descobre que ela é uma vampira…

Eu não posso manter isso em segredo. Por mais que eu deteste violar a privacidade dos pensamentos alheios, é um caso de segurança para toda minha família.

Eu pego meu celular e envio uma mensagem para Jasper. Querendo ou não, Jasper é um irmão mais velho e eu sempre procuro sua orientação quando enfrento algo novo. Ele também é o mais experiente em conflitos.

“Volte o mais rápido possível. Estamos com problemas” eu escrevo.

Eu sei que Jasper foi para o norte porque a combinação humanos-Bree ta sobrecarregando seu dom, mas nós temos uma ameaça maior e muito próxima agora.

“O que aconteceu? Bree? Volturi?” Jasper responde.

“Não. Lobos”.

“O que no inferno? Você tem certeza?”

“Absoluta”.

“Chego em 2h”.

Eu tento manter a normalidade pelo resto do dia, mas estou muito distraído observando Jacob, Embry, Quil, Adam e Leah ao mesmo tempo. Emmett percebe.

— O que esta rolando? – ele pergunta.

— Vamos conversar em casa. Jasper está vindo.

A ida pra casa é tensa. Por felicidade, Alice esta levando Adam em casa hoje, então eu não preciso esconder minha preocupação dela.

Jasper já está em casa quando chegamos. Eu estou um pouco ansioso pra discutir o problema com ele, mas ele e Bree obviamente estão discutindo.

— Há quanto tempo eles estão nisso? – pergunto á Esme, impaciente.

— Uma hora. – ela sorri. – Eles vão se entender.

Eu não tenho tempo para isso.

Eu abro a porta do quarto.

— Jasper, eu preciso falar hoje.

— Okay. – ele desvia da mesa de cabeceira que Bree joga nele. – Estou descendo.

Eu reviro os olhos e desço as escadas. Jasper me acompanha.

— Você poderia pelo menos fingir que não esta se divertindo com isso?

Ele sorri.

— E sobre os lobos?  

— Eu acho que descobri porque as visões de Alice estão sendo bloqueadas. A tribo quileute é descendente dos lobos. – digo.

— Os lobos foram extintos.

— Na Europa. Nunca houve qualquer registro de lobos na América do Norte. Obviamente eles eram poucos, então nunca foram notados.

— Você tem certeza?

— Eu não posso ser enganado, Jasper. Eu estou observando os pensamentos deles há dias.

Eu vejo Jasper refletir, considerando o cheiro estranho dos quileutes. Ele ainda está com dificuldade em acreditar, e eu não culpo ele por isso.

— Quantos? – ele pergunta, sua mente já pensando sobre a batalha.

— Se todos eles forem lobos, então uns vinte.

Que droga. Eu queria ver quão forte os lobos são” Jasper pensa.

— Estamos em desvantagem. Vamos ter que sair imediatamente. – ele fala, então pensa “Os Volturi poderiam lidar com isso. Alguns Volturi morreriam no processo, o que seria ótimo para nós”.

— Não vamos envolver os Volturi. – digo.

— Claro que não. Apenas pensando que seria ótimo se esses lobos pudessem matar alguns vampiros italianos para nós. – Jasper sorri. – Seria estrategicamente inteligente fazer isso. Você sabe, inimigo do meu inimigo é meu amigo, mas não acho que Carlisle iria concordar com isso. Os lobos estão controlados, não são nosso problema.

Eu concordo, eu não quero ser responsável pela morte de ninguém, lobo ou não.

— Vamos falar com Carlisle esta noite. – digo.

— Sim. – concorda Jasper, então suspira. – Que droga. Rosalie vai detestar ter que mudar de novo.

— Não mais do que Alice.

— Porque não mais que Alice?

— Bem, enquanto você estava esfriando a cabeça nas geleiras do Ártico, Alice pode ter se apaixonado por um lobo.

— Você está brincando.

— Não.

— Que droga, Alice nunca faz algo simples. Vamos falar com todos hoje á noite e decidir o que faremos. Eu vou levar Bree para caçar primeiro.

— Eu também irei. Já faz um tempo que eu não caço.

Nós voltamos para casa e Jasper chama Bree para caçar.

— Eu não estou falando com você. – ela responde, então Jasper vira para mim:

— Edward, chame Bree para caçar porque ela não esta falando comigo.

— Vocês são duas crianças. – digo, exasperado. – Se você quiser vir, venha, Bree.

Eu saio primeiro, e logo ouço passos me seguindo.

— Então, o que você estava fazendo na minha ausência? – Jasper pergunta á Bree, e eu reviro os olhos. Ele quer realmente uma briga.

— Você poderia saber se você tivesse ligado.

— Bem, você quebrou o telefone na primeira vez que liguei.

— Porque você estava sendo idiota e não estava me respondendo nada!

— Vocês vão parar com isso ainda hoje? – intervenho.

Bree finalmente cheira algo, então ela deixa a disputa com Jasper e corre. Eu e Jasper imediatamente seguimos, sem saber exatamente o que Bree sentiu, já que ela sente o cheiro de distancia maiores do que nós. Poderia ser um humano, por isso somos cuidadosos.

Eu ouço Bree pensar que ela encontrou algo grande e Jasper está concentrado nos sentimentos de empolgação de Bree. Então eu recebo outro pensamento.

“Ah, eu estou toda molhada, esse pêlo é horrível”.

Eu corro mais rápido.

— Bree, espere! – Jasper grita. Ele sente que há algo errado.

Bree para como ordenado, irritada em seus pensamentos com Jasper, sem tirar os olhos de sua presa.

Eu olho para o animal. Há um rio familiar entre nós e ele. Eu recordo imediatamente a visão de Alice, o que Bree encontrou que Alice não conseguia ver. Do outro lado do rio, há um lobo maior do que todos os lobos que eu já vi, de pêlos cinzentos, nos encarando. Eu não sei quem esta mais chocado, o lobo ou nós. Ninguém ousa se mexer por alguns segundos.

“Que droga, que droga... Maldito imprinting dos infernos!” o lobo pensa, irritado, então vira as costas para correr.

Bree reage instintivamente e pula sobre o rio. Ela tem uma intenção mortal - Bree sempre vai para matar imediatamente, ela acha cruel brincar com a comida. Mas o lobo é rápido e Bree alcança o meio dele em vez do pescoço. Há um ganido e um som horrível de ossos quebrando.

— Pare! – Jasper alcança Bree primeiro. Ela rosna pra ele.

Eu me aproximo do lobo e então minha mente começa a correr. O coração esta batendo. Com a força de Bree, é incrível que ela não tenha partido o lobo ao meio.

O corpo animal já esta mudando, os pelos desaparecendo rapidamente, então há um corpo humano, familiar e sangrando no chão. Leah Clearwater.

— O que, o que é isso? – Bree se afasta, assustada.

Eu olho para o corpo sangrando e inconsciente. É humanamente impossível salvar. Carlisle pode fazer alguns milagres, embora. Tudo depende do tempo, no entanto, e eu estou feliz por ser o mais rápido.

Eu me abaixo e consigo pegar o corpo quebrado, então estou correndo o mais rápido possível para casa. Eu espero que isso aumente as chances de Leah sobreviver e não diminua. Eu gostaria que Alice pudesse ter visto e me alertado sobre essa parte.

Há um alvoroço quando eu entro em casa, é claro.

— Oh meu Deus, o que aconteceu? – Esme indaga, apavorada ao ver tanto sangue. – Isso é um humano?

Eu coloco o corpo em cima da mesa da cozinha, isso terá que servir como uma mesa cirúrgica.

— Rosalie, traga Carlisle aqui e seu equipamento cirúrgico. Emmett, o máximo de Midazolam que você conseguir.

— Traga um desfibrilador também. – Alice diz, entrando na sala. – Estilhaços de ossos podem entrar na corrente sanguínea.

Eu ouço um gemido, então vejo à mão de Leah se mover.

— Nós vamos precisar de muita anestesia. – Alice dá voz aos meus pensamentos.

Carlisle chega em segundos, com seus pensamentos correndo alto. Eu não gosto do seu pensamento de que há uma chance muito pequena de Leah sobreviver.

Rosalie e Esme começam a montar todo o equipamento necessário para a aplicação de soro e sangue.

— Ela já está voltando á consciência. – aviso á Carlisle.

Carlisle injeta a primeira dose de anestesia, então pega o bisturi.

— Rosalie me ajude, eu preciso ver os órgãos afetados. – ele pede.

Rosalie não hesita, o sangue não a afeta.  

Quando Carlisle corta a carne eu percebo que há um fator inesperado: a pele começa a se curar quase imediatamente. A regeneração dos lobos não é uma lenda. Isso é uma bênção.

— A regeneração celular é extremamente acelerada. – Carlisle fala, admirado. “Agora chances altas dela sobreviver” ele pensa, empolgado. – Os ossos devem estar se regenerando errados, mas pelo menos os órgãos vão se curar sozinhos. Rosalie, mantenha o corte aberto.

Carlisle corta e dessa vez Rosalie, com luvas nas mãos, mantêm a carne separada. Há muito sangue e ossos espalhados, então eu desvio o olhar. O cheiro pode não ser muito atraente, mas é sangue. Minha boca ainda enche de veneno, assim como a de Emmett, Alice, Esme. Jasper não ousa entrar na casa, ele mantêm Bree fora porque qualquer sangue pra uma recém-nascida é muito interessante.

É um trabalho que vai levar horas, Carlisle pensa. Nenhum médico humano poderia fazer, e nenhum humano sem regeneração suportaria.

Rosalie esta ajudando Carlisle e Esme esta monitorando os sinais vitais nos equipamentos que Emmett montou. Nós conseguimos transformar a cozinha numa sala cirúrgica improvisada em minutos.

Eu ouço o gemido de Leah e olho o relógio.

— A anestesia só dura 4 minutos.

— Faça isso, eu não posso parar aqui. – ordena Carlisle.

Eu faço isso rapidamente e marco o tempo para a próxima.

— Emmett consiga mais Midazolam, isso não vai dar. – peço, e ele imediatamente some da sala.

— A pressão dela esta caindo. – Esme alerta, preocupada.

— Alice, aumente a dosagem do soro. – Carlisle ordena. – Vamos iniciar a transfusão de sangue.

Eu acho que misturar sangue humano com o de lobo pode não ser bom, mas não protesto, Carlisle sabe melhor o que esta fazendo. Nós trabalhamos silenciosamente por vários minutos. Carlisle está certo de que com a regeneração de Leah ela não vai ficar com sequelas.

O som de um único coração batendo na sala é tão estranho quanto reconfortante. Enquanto o coração estiver batendo, há chances.

Rosalie é a única que esta seriamente preocupada com o assunto lobos. Alice esta preocupada demais com Leah para começar a refletir sobre os quileutes, incluindo Adam, serem lobos.

— Anestesia. – Carlisle fala, e eu preparo a próxima dose. Eu seguro o braço de Leah e aplico.

— Isso é anestesia suficiente pra derrubar um elefante. – Rosalie resmunga. – Que tipo de genética ela tem?

— O metabolismo é tão rápido quanto sua regeneração, seu corpo consome o medicamento rápido – Carlisle explica. – A genética dos lobos é incrível.

Bem, Carlisle percebeu o que ela é sem eu precisar dizer nada.

Alice me olha em dúvida. “Realmente, lobos?”.

— Sim. – respondo.

— Cara, lobos? Como no mundo isso é possível? – Emmett questiona, incrédulo.

— Eu não acho que os Volturi conseguiram exterminar todas as matilhas em todos os lugares do mundo. Algumas pequenas matilhas devem ter ficado. – respondo.

— Isso é muito incrível. – Esme diz, admirada. Eu concordo, em parte. É incrível que eles existam, mas na situação atual, com um deles sendo ferido por um de nós, não é incrível.

De repente eu ouço sons como de animais correndo, e varias vozes diferentes.

“Você acha que eles realmente atacaram Leah?”.

“Nós estamos indo para a nossa morte certa, cara”. Isso parece Embry.

“Isso é impossível, eles não podem ser frios, cara, isso é uma lenda, uma lenda” essa é a voz de Jacob. “Você realmente acredita nessa loucura dos anciãos?”

— Os quileutes estão vindo. – aviso, obtendo uma reação imediata de todos.

— Eu não posso parar aqui. Edward, lide com eles. – Carlisle responde.

Eu suspiro. Há dois minutos e meio para a próxima dose. O coelho já esta fora da sacola, não há mais como esconder o que somos. Eu estou com muita pressa para usar as escadas, então pulo pela janela e avisto seis lobos tão altos como um humano. Leah era pequena comparada á eles.

“Que merda, como ele pulou tão rápido?”.

“Isso realmente é um vampiro?”

— Eu posso ouvir os pensamentos de vocês, mas realmente preferia que alguém estivesse na forma humana para essa conversa. – digo.

“Se você realmente pode nos ouvir, não estamos mudando para falar com você. Onde esta Leah?”. Esse é Sam, eu tenho certeza. Ele parece ser o líder e o único que não esta realmente surpreso.

“Ele pode ouvir pensamentos?”

“Como assim ouvir pensamentos?!”

“Caramba, nós estamos tão mortos”.

— Leah esta passando por uma cirurgia agora. – digo.

Você a atacou?”, Sam rosna.

— Não. Foi um acidente com outro vampiro. Eu não tenho tempo para explicar agora. Estamos todos ocupados tentando salvar a vida de Leah agora.

“Você, um vampiro, está salvando ela? Vocês a atacaram!”. O lobo negro está ansioso para uma briga.

Jasper se coloca imediatamente ao meu lado. Pense em alguém que também esta ansioso para uma briga.

— Mesmo com sua regeneração milagrosa, Leah pode ficar paralítica ou paraplégica se não obter ajuda medica. – digo calmamente. – Carlisle esta reajeitando toda a sua coluna e costelas, então ele precisa de toda ajuda possível. Nenhum humano conseguiria fazer isso, então se você quer ver Leah bem, você terá que esperar. Eu preciso aplicar uma anestesia em 30 segundos, ou ela acordará com metade do seu corpo aberto e isso não será agradável.

Eu viro as costas e volto para a cozinha. Sam reflete sobre minhas palavras e desiste de tentar um ataque, a prioridade dele é obter Leah sã e salva. Ele também sabe que está em desvantagem.

— Adam está lá em baixo? – Alice pergunta ansiosamente ao me ver.

— Não. Só há seis lobos.

É pouco. Eu me pergunto porquê eles viriam atacar com tão poucos.

Os lobos decidem esperar lá em fora, a maioria ainda muito chocados. Sam e Jacob entram, preocupados com a real situação de Leah. Eles estão chocados com a visão que têm dela, mas permanecem na sala. Eles não confiam em nós. Eu também não confio neles, e estou atento aos seus pensamentos.

A cirurgia ainda leva cerca de uma hora, mesmo com a velocidade de Carlisle. Ele não pensa nem por um segundo nos lobos, sua mente totalmente concentrada em corrigir perfeitamente a coluna de Leah.

— Muito bem. – ele diz ao concluir. – Está terminado, eu vou colar a pele, não será necessário pontos.

Ele termina com a ajuda de Rosalie, enquanto eu entro no banheiro para lavar de mim todo sangue. Minhas roupas estão arruinadas.

— Vocês querem algo para beber? – Esme é educada com os lobos.

— Não. Nós queremos saber quem era a vampira que atacou Leah. – Sam responde. De alguma forma, Jacob viu Bree, eu e Jasper na floresta. A mente dos lobos parece estar conectada entre si. Isso é interessante. As histórias não contavam sobre isso.

— Edward poderá explicar isso melhor. – Carlisle fala. – Leah acordará em alguns minutos.

Eu saio do banheiro e encaro os dois lobos. Eles são jovens, assim como os outros la fora. Eu estou surpreso. Eu esperava uma grande matilha de lobos, não um grupo de adolescentes. Jasper pensa a mesma coisa.

— Bree não é culpada. – ele fala. – Estávamos caçando animais quando o lobo apareceu. Ela não tinha como adivinhar que era uma pessoa.

— Caçando animais? Realmente? – Sam duvida.

— Nós não nos alimentamos dos humanos e sim do sangue animal. – Alice explica.

— Nós não sabíamos que existiam lobos aqui… ou em qualquer lugar do mundo. – digo – A sua raça esta extinta há mais de 500 anos, não era como se pudéssemos adivinhar que vocês são lobos.

— Extinta? – Jacob questiona, surpreso.

— Sim. Os vampiros e lobos lutaram por muitos séculos, até que a raça dos lobos acabou extinta. – Carlisle explica – Eu mesmo nunca cheguei a ver um lobo, mesmo tendo 379 anos.

— Você tem 379 anos? – Jacob questiona, de boca aberta.  

— Nós não envelhecemos. – Esme explica. – Nós não queremos criar nenhum atrito com a sua matilha. Sentimos muito pelo o que aconteceu com a sua irmã.

— Quem era a vampira morena? Eu nunca a vi. – Jacob questiona, então Bree entra na sala. Emmett coloca seu corpo entre ela e Leah, pelo que eu sou grato.

— Eu sou Bree Tanner. – ela se apresenta. – Eu peço desculpas pelo que causei á sua irmã, eu sou uma vampira nova e não tenho controle da minha força. Eu não sabia que o lobo era uma pessoa.

— Vamos levar Leah para casa. – Sam fala. – Eu quero conversar com todos vocês em breve.

— É claro. Estaremos disponíveis. – Carlisle responde tranquilamente, então os dois nos dão as costas.

“Agora seria um momento perfeitamente bom para atacarmos” Jasper pensa, mas eu sei que ele não vai.

Jacob pega o corpo de Leah cuidadosamente sob o olhar atento de Sam.

— Como vocês estão levando ela? – eu pergunto, por curiosidade.

— Isso não é da sua conta. – Sam rosna.

— Você pode usar o nosso carro. – Carlisle fala. – Nao é bom para Leah ser levada através da floresta nem andar agora.

Sam pensa por um segundo. Ele sabe que Carlisle tem razão, mas poderia discordar por pura teimosia. Eu não sei de onde vem o ódio dele por vampiros.

— Bem. – ele diz, relutante, então eu jogo as chaves do Volvo para ele.

— Jacob. – Alice chama antes que eles possam sair. – Adam está bem?

Jacob suspira.

— Ele está bem, embora eu não sei como ele vai lidar sabendo que você é uma vampira.

— Diga pra ele me ligar depois, por favor.

— Eu irei. – Jacob promete, e eles saem.

Jacob não vê grandes problemas em sermos vampiros. Ele ainda está chocado e desacreditado, mas não é uma ameaça. Sam é o problema. Ele está pensando em pedir para deixarmos a cidade. Ele preferia nos fazer sair á força, mas ele está intimidado com o tamanho da nossa família e o fato deles não conhecerem nossas habilidades. Ele é praticamente o único adulto da matilha. O restante são sete lobos adolescentes sem nenhuma experiência de batalha. Não é nenhum problema.

“Leah está bem, então isso significa que não vamos ter uma briga, certo, certo?” ouço Embry perguntar ansiosamente enquanto os lobos se afastam.

“Vamos falar com os anciãos” Sam responde, já na sua forma de lobo.

Jacob está dirigindo o carro.

— Onde nós estamos? – eu ouço Leah perguntar, então finalmente não posso mais ouvi-los.

— Eu acho que nós nos preocupamos á toa. – digo para Jasper. – Nem toda a reserva são lobos. Eles são oito, se pudermos contar com Adam.

— Bom, eles não são uma ameaça, a não ser que nos peguem sozinhos. – concorda Jasper. – Vamos caçar em grupos daqui por diante.

— Não vamos ter que sair da cidade, certo? – Rosalie pergunta.  

— É por isso que não posso vê-los em minhas visões. – Alice geme. – Meu dom é inútil por causa deles!

— Enquanto tivermos Edward, estaremos bem. – Jasper diz, então olha para Bree. – Bree sozinha poderia matar uns três lobos.

— Ah, eu não queria fazer isso! Eu já disse que sinto muito!

Esme sorri:

— Nós sabemos, querida.

Eu suspiro, então coloco voz na minha maior preocupação:

— Os Volturi não podem descobrir sobre esses lobos, ou eles estão mortos. Não há nada que Aro, Caius e Marcus detestem mais do que a raça deles. Talvez tenhamos que sair da cidade, afinal, para proteger o segredo deles.

Alice e Rosalie não gostam, mas elas sabem que eu estou certo.

— Vamos esperar o que os lobos tem a dizer. – Carlisle diz. – Eu vou para o laboratório, eu quero analisar o sangue dos lobos. Isso pode ser útil em algum evento futuro.

— Eu irei com você. – Esme diz. – Não é sábio andarmos sozinhos.

Carlisle sorri e segura a mão de Esme.

— Voltaremos em breve. Nos ligue se algo acontecer.

Os dois saem em direção á garagem.

Alice olha para a porta e eu nem preciso ouvir seus pensamentos pra saber o que ela esta pensando.

— Nem pense nisso. – digo. – Você não pode prever o movimento dos lobos, se você for lá sozinha você esta tão boa quanto morta.

— Eu não vou. – bufa Alice, mas eu conheço ela melhor do que isso.

— Eu estou de olho em você. – aviso. – Não podemos nos dispersar agora. Temos que ficar juntos.

— Mas eu estou morrendo de sede. – Bree geme. – Jasper, não podemos caçar?

Jasper suspira.

— Vamos todos. – ele cede. – E longe do território quileute.

— Certo. – concordo, então olho para Emmett. Ele está estranhamente silencioso. É estranho ver Emmett chateado. – O que há, Emmett?

— Que saco. – ele resmunga. – Eu gostava de jogar basebol com Jacob Black. Quem vai ser páreo para mim agora?


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Notas finais do capítulo

E ai, quem adivinha em quem Leah imprimiu?
O próximo capítulo será a versão dos quileutes de todos os acontecimentos. Qual quileute você gostaria que contasse o próximo capítulo?
Muito obrigada pelos comentários! Até o próximo capítulo.



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