O Sol e A Lua escrita por Luana de Mello


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal, olha eu aqui de novo, com mais uma fic NaruHina, espero que gostem dessa minha abordagem!! Me digam o que acharam!



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O velho e respeitado Hokage se recosta em sua cadeira e suspira alto, estava cansado daquela situação, cansado de ver aquela mesquinharia; mas não tinha muito o que fazer, não podia causar um conflito interno na vila, não agora que estão se recuperando finalmente do ataque da Kyuubi, foram necessários cinco anos para reerguer a vila totalmente, e ainda havia muito que fazer. O jeito era tornar os males menores possíveis, por mais que não concordasse com o que estava acontecendo, tinha que pensar no que seria melhor para aquela criança, não podia condená-la a viver naquele clã, ainda mais sabendo qual seria o seu destino; pensando nisso e tragando seu cachimbo, ele passa a escrever em um pergaminho, sem demonstrar qualquer sentimento ou emoção perante o homem a sua frente, não podia deixá-lo perceber que isso era uma intervenção, nem que estava se importando, ou era capaz do outro levar a menina embora e condená-la a um destino mais cruel ainda.

Sarutobi pensava em tudo enquanto escrevia, só esperava que Kurenai não se importasse e não ficasse muito brava por ele jogar mais essa bomba para cima dela, mas sabia que podia contar com a nora, ela já vinha desenvolvendo um trabalho excelente e mais um não faria muita diferença, ou faria? Precisava resolver isso hoje mesmo, não permitiria mais que aquela inocente sofresse daquela forma, mas teria que fazer tudo pelas beiradas para não causar conflitos; como podia, o Hokage se ver de mãos atadas e a merce de um único clã? Chegava ser revoltante não poder dar uma boa surra naquele homem, como podia ser tão frio e sem coração? Como podia um pai ser assim, tão indiferente a um filho e só pensar no próprio poder e status? Todas essas questões atormentavam os pensamentos do Sandaime Hokage de Konoha, e pareciam não ter mais fim, mesmo quando ele descansou a caneta e releu o contrato que acabara de redigir, perguntas e mais perguntas inundavam sua mente. Olhou por fim para o homem, teria que ser bem cuidadoso com as palavras que usaria, não podia deixar transparecer o quanto se irritou com a situação, o quanto se enojara com o que ouvira desse homem que nunca julgou ser tão odioso.

— Espero que esteja certo disso Hiashi, depois do acordo feito, não poderá voltar atrás. — avisa seriamente.

— Eu não vou voltar, é o melhor a se fazer, o clã não precisa de uma herdeira fraca. — o homem responde resoluto — E dentro de alguns meses minha esposa me dará um herdeiro homem!

— Se tem certeza, assine esse contrato. — o velho pede e o outro atende de pronto — A partir de agora, Hyuuga Hinata não é mais sua responsabilidade, ela será treinada da maneira que eu julgar melhor e o clã não intervirá em nada, ela também não residirá nas dependências Hyuuga! Já designei um ANBU, que nesse momento deve a estar trazendo para cá junto com suas coisas, a partir de agora você não tem mais filha Hiashi!

— Faça como quiser, Konoha que lide com isso então! Eu não vou mais perder tempo com uma inútil! — ele fala sem nenhum remorso e virá-se para sair da sala.

Quando o homem chega a porta e a abre, encontra o ANBU e a pequena menina esperando, a qual ele não faz questão de olhar uma única vez, Hiashi sai a passos largos da sala, com toda a pompa e arrogância que alguém da posição dele julga ter direito; a menina se encolhe toda na presença do pai, esquiva-se para trás das pernas do ANBU como se temesse ser punida por estar ali. O Hokage a encara com as feições enternecidas, sentindo uma enorme dor ao ver a reação da criança, o seu rostinho delicado e quase angelical estava pálido, os grandes olhos perolados cheios de lágrimas não derramadas, ela deve ter aprendido que não deve chorar, pensou o Hokage. O ANBU entra na sala e ela o segue a passos vacilantes e custosos, aquela postura defensiva e arisca era prova suficiente do quanto sofreu, sem mencionar os vários hematomas nos seus braços fininhos e o lábio cortado; ela ouviu tudo, o velho pensava e sabia que estava certo, agora restava saber como explicar para essa pobre criança que o pai, que deveria amá-la e protegê-la, não a quer e a rejeitou de todas as formas possíveis? Como fazê-la entender a imensidão disso tudo? E a parte mais difícil, como apagar a mágoa que isso causa em seu pobre coraçãozinho? Todas essas questões faziam o Sandaime odiar mais os Hyuugas e suas regras estúpidas, e mais ainda o progenitor dessa inocente, esperava de todo coração que sua nora e aquele menino cabeça oca, a fizessem esquecer esse trauma.

— Venha cá criança. — ele chama gentil e ela se encolhe mais — Hei, não precisa ter medo, ninguém mais te fará mal!

Com pequenos passos incertos, a menina caminha até aquele senhor de aparência amigável, estava com medo, mas também curiosa sobre aquele vovô que lhe falava tão mansinho e que lhe passava uma bondade e segurança sem iguais. Quando enfim chegou mais perto, pode analisar todas as rugas daquele velho rosto, era calmo e tranquilo, nada parecido com seu pai, que sempre era severo e irritadiço. Em um gesto inocente e infantil, delicado como só ela poderia ser, Hinata leva sua mãozinha ao rosto do senhor, e percorre suas rugas com os dedinhos gordos; ela sorri quando não recebe uma represália ou um tapa, esse senhor é tão diferente, pensara mais curiosa ainda, nunca havia visto um adulto que não lhe ralhava ou mandava treinar, ou a xingava por ser pequena e frágil.

— Você sabe quem eu sou, Hinata? — o senhor pergunta, se ajoelhando ao chão para se igualar a ela, que nega veementemente, estava fascinada demais para falar — Eu sou o Hokage de Konoha, e agora você é minha protegida! Não voltará mais para o clã Hyuuga, você vai morar em uma cabana junto de um grande amigo meu, que também é meu protegido, ele tem a sua idade, vão ser grandes amigos!

A menina absorvia as palavras daquele estranho vovô, como um cavalo sedento no deserto, ela não entendia muito bem essas palavras complicadas, mas entendia o que significava não voltar para o clã; em sua cabecinha infantil, se formavam várias conclusões do que estava a acontecer, sentia grande alivio, sem nem saber o que isso era, por descobrir que não precisaria mais treinar até tarde, que não seria mais castigada ou obrigada a cumprir tarefas, mas o principal para a menina, era que não levaria mais nenhum tapa, por qualquer motivo que fosse. Estranhamente ela sabia, adivinhara em seu sofrido coraçãozinho, que as pessoas que aquele vovô falara, nunca lhe fariam mal; seus grandes olhos de de lua, demarcados por grossas olheiras, indicando o quanto estava cansada, se iluminando por saber que não sentiria mais qualquer tipo de dor.

— Vamos conhecer sua nova casa, criança? — o senhor pergunta gentil e ela concorda e lhe estende sua mãozinha.

Mas o velho Hokage, acostumado como era com seu menino serelepe, a pegou nos braços e içou para cima, não a faria caminhar toda aquela distância até a clareira na parte leste da floresta; a menina se surpreendeu com o gesto, nunca em sua curta vida, alguém lhe pegou nos braços daquela forma, ela buscava a memória, mas não recordava tal fato. Mas então, uma dúvida cruel passou por seus pensamentos, já tão confusos com aquela situação, muito aflita, a menina decidiu que poderia perguntar ao senhor, estava certa que ele não lhe faria mal.

— A minha mamãe não vai ficar preocupada comigo, vovô? — perguntou com sua voz fininha, demonstrando um domínio de pronuncia, mesmo em tão pouca idade.

O Hokage sentiu o coração apertar, como explicaria pra essa doce criança, que sua mãe a havia trocado pela possibilidade de gerar um herdeiro homem? Não queria mentir para ela, mas também se recusava a lhe causar mais sofrimento, temia que uma menina tão delicada como essa, se quebraria de vez com esse golpe da vida; até mesmo o ANBU, que os seguia carregando em silêncio os poucos pertences dela, deixou escapar um suspiro de compaixão e tristeza pela indagação da pequena criança.

— Não Hinata, eu já avisei sua mãe para onde você está indo. — disse simplesmente, por ser de fato verdade, e por não revelar muito, ela não precisa saber, pelo menos não agora.

Seguiram caminho em silêncio então, a menina admirava tudo a sua volta, nunca lhe foi permitido sair do clã, tanto, que muitos habitantes de Konoha não sabiam de sua existência; ela era curiosa e observadora, possuía uma perspicácia no olhar, que faltava a muitos adultos, assim pensara o Hokage ao vê-la fazer muitas observações corretas. Durante o percurso, o senhor lhe contou histórias sobre o seu possível amigo, que a deixaram mais solta e curiosa, queria conhecer essa pessoa que o vovô falava tão bem. Quando chegaram a orla da floresta, ela se encolheu, tinha medo do escuro, mas o senhor a acalmou e logo chegaram ao destino; uma cabana pequena, sem cercas ao redor, era rústica e sem muitos detalhes, com apenas alguns canteiros de flores na frente da porta e a volta de suas paredes, mas isso era tão diferente e bonito, que encantou a menina de imediato. O Hokage bateu a porta, que foi aberta segundos depois, por uma mulher de cabelos cheios e muito negros, tinha uma expressão preocupada no rosto fino.

— Hokage-sama! — saudou e deu passagem para que entrassem — Ele foi adiante então?

— Sim Kurenai, não teve nada que o fizesse recuar da decisão. — o Hokage conta cansado — Você acha que dará conta disso Kurenai? Sabe que é temporário, mas não quero sobrecarregá-la!

— Não se preocupe, Hokage-sama! Não terei trabalho algum. — respondeu decidida e olhou terna para a menina que lhe espiava — Você deve ser a linda Hinata, eu sou a Kurenai, cuidarei de você por agora!

Mal a mulher terminara de falar, um furacão loiro, vestindo um pijama de sapinhos, adentrou a sala.

— Vovô! — gritou eufórico — Você veio hoje! Kurenai-san disse que não viria hoje, mas eu sabia que viria!

— Você é muito esperto, Naruto. — ele fala e o garoto sorri orgulhoso pelo elogio, o senhor então se abaixa a sua frente, com a intenção de apresentar as duas crianças — Essa menina aqui Naruto, é a Hinata, ela vai morar aqui com você a partir de hoje, será sua companheira!

Naruto olha para a menina espantado, nunca vira uma menina assim tão de perto, as poucas vezes que fora a vila com Kurenai, ele sempre era escorraçado de qualquer lugar e nunca pode chegar perto de outras crianças; ela era um grande mistério para o pequeno. Hinata por sua vez, nunca vira qualquer outra criança, com exceção do seu primo Neji, o que significava que aquele garoto também era um mistério para si. Curiosos, os dois esticaram suas mãozinhas até o rosto do outro, sorriram com o gesto idêntico e seguiram se avaliando mutuamente.

— Ela é tão bonita vovô! — o garoto disse espantado ao constatar o fato, logo pegou a mão da menina — Você fala Hinata-chan? Vem, vou te mostrar a casa, quer brincar?

Naruto saiu a puxando pela casa como se a conhecesse a vida toda, ele era sempre assim, natural, expansivo e risonho, sempre ansioso por conhecer coisas novas e fazer amizades; mas mesmo assim, nunca tivera um amigo, e nem sabia o motivo, agora estava exultante de alegria, teria uma amiga só para ele. Os adultos que os observavam, sabiam o quanto aquele sorriso dele era sincero e genuíno, pois sabiam o quanto aquele pobre menino vinha sofrendo dia após dia.

— O que devo fazer Hokage-sama? — Kurenai perguntou enquanto analisava os pequenos.

— Você irá morar com eles por pouco tempo, os ensine o que precisam para viver, quando completarem sete anos, não terei mais amparo das leis para te manter aqui, passará a vir aqui então, apenas para treiná-los durante o dia. Quando completarem onze anos, no limite do prazo final, eles irão para a Academia com os outros candidatos a Genins, não antes disso! — o senhor suspira cansado, não gostava de se ver preso as leis, e muito menos de fazer algo que o desagradava por isso.

— Sabe que não poderá protegê-los da maldade das pessoas para sempre, não é meu sogro? — a mulher pergunta fitando seu semblante cansado.

— Mas protegerei o quanto puder, enquanto estiver ao meu alcance, essas crianças serão felizes! — responde admirando a interação instantânea dos pequenos.

Os três adultos então, se puseram a assistir os dois iniciando uma brincadeira, imaginando o que o futuro reservaria para aquelas duas pobres almas, que tiveram a infelicidade de nascer em meio ao infortúnio, se questionando quanto mais teriam que sofrer e quanto mais suportariam.


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