Dragão Escarlate escrita por Hayata


Capítulo 14
Capítulo 13 - Poderes proibidos




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Mia e Steve desceram juntos para a arena, onde Ivan e Karma já os esperavam. Ivan era alto e provavelmente mais velho, talvez 21 ou 22 anos. Seus olhos eram escuros, tais como seus cabelos desgrenhados e mal cortados. Sua barba era malfeita, e ele completava o visual com roupas escuras e um colar com uma pedra. Karma, por outro lado, parecia ter 17 anos de idade, usava um vestido relativamente comum que permitia sua mobilidade. Seus cabelos eram algo entre o castanho e o dourado, batendo na altura do queixo.

Assim que entraram na arena, Mia e Steve pareceram achar algo errado, pois se encararam com olhares desconfortáveis. Karma parecia relativamente normal, mas Ivan os olhava com um olhar muito sério e estranho, deixando-os desconfortáveis. Assim que o anunciador anunciou a partida, o conflito começou.

Mia imediatamente estendeu as mãos para os lados, atraindo não corrimões, mas chapas inteiras de metal das paredes do lugar. Uma das chapas se enterrou no chão a sua frente, como proteção, enquanto a outra voou girando na direção inimiga. Steve também não ficou para trás, estendendo as mãos para frente, jatos de água saíram de bebedouros próximos (quem se importa com pessoas com sede, não é mesmo?) na direção dos inimigos.

Ivan se esquivou da maior parte dos ataques com o menor número de movimentos possíveis, se abaixando quando necessário ou se jogando para algum lado. Diferente dele, a oponente parecia ser inexperiente em batalha, e apesar de desviar da chapa, foi pega por um dos jatos de água, quase sendo atirada para fora da arena.

—Ivan, né? Olha, acho que nós devíamos armar uma estratégia. – Karma disse, na ponta da arena após quase ser derrubada. – Talvez se nós...

Pá! Um estouro audível. Todos da arena ficaram calados, em choque. Ivan segurava uma arma azul escura, apontada para Karma. Aparentemente, ele tinha acertado a perna dela ou algo assim, pois ela caiu para fora da arena, espalhando sangue no chão. Paramédicos rapidamente foram cuidar dos ferimentos dela.

—Ele acabou de atirar na colega dele? – Eu ouvi a voz do G do meu lado, incrédulo. Vários sussurros semelhantes começaram a se espalhar pela arena.

Ivan virou na direção de Mia e Steve, que estavam em choque, e levantou a sua arma. Por sorte, ou puro reflexo, Mia puxou o garoto para trás da chapa metálica, se escondendo dos tiros que Ivan agora disparava. As balas batiam contra a chapa e, após alguns tiros, elas pareceram ficar mais fortes, começando a perfurá-la. Mia usou seu controle de metais para trazer a outra chapa que havia jogado e formar uma camada dupla.

—Ei, Mia, você não consegue controlar as balas? – Steve perguntou, um pouco preocupado com os amassados que agora surgiam na placa.

Mia considerou a ideia e saiu de trás da placa momentaneamente, para tentar manipular os projeteis. A ideia saiu pela culatra quando um tiro passou de raspão no seu rosto, produzindo um corte.

—Não, não consigo controlar, não é metálico propriamente. – Ela disse, voltando para trás da proteção. – Você não consegue condensar água dentro da arma?

Foi a vez de Steve sair de trás da proteção, apontando as mãos para a arma de Ivan. Apesar de uma concentração de água se formar ao redor do revolver, ele apenas mirou na direção do garoto e atirou, atravessando a sua mão. Steve voltou para trás da placa também, segurando a mão ensanguentada.

—Mesmo que eu consiga condensar água lá dentro, não parece que ele está usando pólvora. – Steve disse, apertando o pequeno buraco no meio da mão. – Você não acha estranho os juízes permitirem isso? É óbvio que ele está tentando nos matar.

Mia considerou o fato, e era verdade. Os juízes ou alguém responsável já teriam intervindo se houve preocupação por parte deles. Ela parecia começar a armar um plano, e resolveu testar algo. Esticando as mãos para as paredes novamente, mais duas placas saíram voando na direção de Ivan, girando em velocidade alarmante. O jovem desviou com um pulo, mas pelo que Mia pôde ver, ele estava preparando algum ataque, visto que sua mão livre brilhava com energia.

Antes que ela pudesse atacar novamente, Ivan juntou as duas mãos, fazendo com que a arma anterior desaparecesse e algum tipo de metralhadora automática surgisse. Ele metralhou as placas que vinham novamente em sua direção, deixando nada mais que pequenos fragmentos fumegantes. Ivan apontou sua arma nova para a direção de Mia e Steve e deu uma risada.

Da arquibancada, deu para perceber que Mia ficara tensa do nada, pensando em algo. Ela sussurrou algo para Steve, e ele imediatamente ficou pálido.

—A gente não pode fazer isso, Mia. – Ele parecia até mesmo exaltado. – É completamente errado, antiético, ruim...

—Eu sei que é ruim, Steve. Mas não é como se a gente tivesse muita opção, ele vai nos matar! – Mia o interrompeu, preocupada.

Steve pareceu aceitar a decisão dela a contragosto. Assim que Ivan começou a atirar, ambos saíram de trás da placa com um pulo. Eles estavam em posições espelhadas, com as mãos voltadas para o oponente. Para a surpresa de todos, Ivan não atirou neles. Aliás, ele não atirou em nada, a sua arma parou de disparar balas e um dos seus braços se afastou dela. Os três ficaram completamente imóveis

Era possível ver o suor escorrendo de ambos os meus amigos, extremamente concentrados em algo. Ambos deram um passo para frente, acompanhados por um passo para trás do inimigo. O progresso era lento, mas eles pareciam estar, de alguma forma, empurrando Ivan para fora da arena.

—Como eles estão fazendo isso? Eles têm poderes extras que eu não conheço? – Eu disse, extremamente confusa.

—Eu acho... acho que o Steve está empurrando a água no sangue dele, e a Mia o ferro. – Dandara disse, um pouco assustada com o que estava vendo. – Isso é aterrorizante, o poder dos dois combinados foi o bastante para atingir o interior do corpo dele, mesmo que minimamente...

Eu achei impressionante, mas assustador também. Quando Ivan estava quase na ponta, ele pareceu lutar mais contra o poder dos meus amigos, aproximando o braço da arma novamente. Antes que conseguisse, eu pude ouvir um audível “crack”, e o seu braço se torceu em um ângulo esquisito. Mia apenas se aproximou e terminou de derrubá-lo com um chute normal, garantindo a vitória da dupla.

—Isso foi um pouco... desconfortável. – Até mesmo o comentador parecia um pouco em choque. – Por favor, desçam à arena Alicia, Lina, Fiona e Lydia.

Mia e Steve subiram (após serem amparados pelos paramédicos e enfermeiros) e se jogaram nos bancos, completamente exaustos e acabados. Eu queria falar com eles, mas não teria tempo, então apenas desci em direção à arena. No caminho, uma pessoa estranha segurou o braço de Lina e sussurrou algo em seu ouvido, fazendo sua feição mudar para choque e depois de volta ao normal. Ela continuou a seguir em direção à arena e subiu lá comigo.

Fiona parecia uma hippie. Ela usava uma coroa de flores e um top bege, acompanhado de calças folgadas e sandálias simples. Seus cabelos ondulados eram castanho claros e chegavam até o fim das costas. Lydia, por outro lado, tinha o cabelo liso preto na altura do queixo, usava uma camisa de alguma banda antiga e calças jeans rasgadas nos joelhos.

Assim que o comentador anunciou o início da partida, Fiona fez com que uma enorme raiz saísse do chão e chicoteasse em nossa direção. Não era um ataque particularmente veloz, mas provavelmente seria forte se acertasse, então apenas me esquivei tranquilamente para trás.

—Desculpa, Alicia. – Pude ouvir Lina sussurrando, muito baixo. Ela começou a dar um passo para trás sem muito esforço e foi acertada pela raiz, sendo atirada para fora da arena.

Eu não entendi, era um ataque muito fácil de desviar, ela com certeza não teria problemas com isso. Quando olhei para ela, percebi que estava indo em direção à pessoa que tinha sussurrado em seu ouvido, aparentemente envergonhada. Não pude prestar atenção por muito mais tempo, pois a raiz veio de novo em minha direção.

Dessa vez, um pouco mais incomodada, eu avancei na direção de Fiona, deslizando por baixo da raiz. Parecia um plano bom até eu ser acertada por trás, caindo no chão. Me levantei rapidamente, pronta para avançar de novo.

Tomei um impulso forte, começando a liberar mais energia. A minha velocidade foi muito alta, mas antes que eu pudesse atacar, os meus ouvidos rugiram de dor. Um som incrivelmente agudo e doloroso estava soando, o que me fez abaixar de dor. Isso foi um erro, pois assim que meus joelhos tocaram o chão, raízes com flores começaram a se enrolar em mim, e elas cresciam rapidamente.

—Olha só, Lydia. Eu mal preciso adicionar a minha energia. – Era Fiona quem falava. – Ela é tão amada pela natureza que as plantas crescem ao seu redor com facilidade.

Uau, esse era um péssimo momento para perceber como a minha liberação normal de energia poderia se virar contra mim. As raízes rapidamente cresceram e me enrolaram, constringindo meus movimentos. Como as duas estavam próximas, resolvi tentar um velho truque.

Inspirei profundamente, reunindo forças, e gritei. Ou melhor, rugi, pois o som foi tão alto quanto me lembrava. Todos na arena ficaram alarmados, visto que o rugido era superior ao de muitos monstros que eles já ouviram falar antes. Mas a minha ideia foi por água abaixo muito rápido. Lydia me encarou, com os olhos brilhando, e todo o som desapareceu.

Eu não entendi imediatamente, mas com o risinho que ela deu, percebi que tinha o poder de controlar o som. Eu estava muito irritada, e liberando cada vez mais energia, o que acabava funcionando contra mim, pois as raízes cresciam cada vez mais. Ainda tentando gritar, senti um calor subindo pelo meu corpo, acumulado com minha raiva.

Apesar de não sair som nenhum, senti algo subindo pela minha garganta, e esse elas não segurariam. Virei-me para baixo e cuspi uma torrente de chamas, tão fortes que chegavam a ser brancas. As raízes próximas imediatamente vaporizaram, e as que circundavam o meu corpo pegaram fogo e caíram. Olhando para o chão, percebi que a parte que foi acertada pelo fogo derreteu em algo parecido com magma.

Agora livre das raízes, me aproximei e chutei a lateral do tronco de Fiona, jogando-a contra Lydia. Achei que elas sairiam voando, mas após colidirem, a hippie ancorou-as no chão com raízes. As raízes novamente começaram a crescer ao redor dos meus pés, mas apenas rasguei-as e desferi outro chute contra Fiona, dessa vez sentindo algumas costelas quebrando, visto que ela estava presa no chão. Minhas orelhas começaram a sangrar com o som que Lydia fazia, mas não caí no chão. Apenas me aproximei dela, já sentindo minhas pupilas mudando e escamas aparecendo.

Tentei falar, mas ela ainda não deixou, então segurei-a pelo braço e a levantei, começando a reunir outra torrente de chamas. Eu não estava pensando direito no que estava fazendo, e já estava quase expelindo as chamas, quando percebi algo errado.

Em questão de segundos, todos os cinco SS estavam na arena, formando um círculo amplo. Hayata olhou para mim e pude sentir a tensão nos seus olhos, então apenas soltei a garota em choque e o encarei, confusa. Percebi também a SS japonesa me encarando, e quando olhei de volta, tive uma sensação semelhante à melancolia ou algo do tipo, mas ela não demostrou sinais de me conhecer.

Os cinco SS se viraram para a entrada/saída da arena, esperando alguém se aproximar. O ambiente estava tão tenso que a arena inteira encarava o corredor por onde entraram. Um som de passos chegou primeiro à nossa audição, seguido por uma mulher de aparência completamente estranha. As pessoas de maior rank não se curvaram, mas a sensação de reverência foi absoluta com a entrada daquela... pessoa.

A mulher tinha o cabelo Chanel preto alcançando os ombros. Usava um terno completamente branco, mas com gravata, botões e costuras tão negros quanto poderiam ser. O que mais impressionava era a simplicidade em que andava em linha reta, considerando que tinha uma venda preta sobre os olhos.

Ela subiu na arena e parou no meio do círculo formado pelas pessoas mais poderosas do mundo. Um jovem veio correndo e entregou um microfone para o SS careca, que o entregou em seguida para a mulher. Algo muito incrível ou muito ruim estava para acontecer, eu conseguia sentir.


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Notas finais do capítulo

Esse teve um pouco mais de inspiração. Espero que tenham gostado dele, todo feedback é bem vindo.



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