Dragão Escarlate escrita por Hayata


Capítulo 10
Capítulo 9 - Consequências inesperadas




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Enquanto caía em direção ao monstro, pude ver quase em câmera lenta o que acontecia. O lobossauro, muito astuto, desviara da espada e preparou-se para atacar quem estivesse mais perto, que era Dandara. Pude ver o G correndo em direção a ela ao mesmo tempo em que o monstro desferia o seu ataque. Ótimo, ao invés de perder um amigo, perderia dois agora, todos tínhamos visto o que as garras dele eram capazes de fazer.

Os dedos do G tocaram o ombro de Dandara cerca de meio segundo antes das garras do lobossauro, mas algo estranho aconteceu. Eles sumiram por menos de um segundo, que foi exatamente o tempo necessário para o ataque passar direto. Eles literalmente piscaram na nossa realidade. O G parecia relativamente cansado após isso, mas ambos pareciam bem.

Dandara finalmente acordara do seu estupor. Ela virou-se, segurou o G e deu um impulso com os pés, se afastando rapidamente do lobossauro. Não tive tempo para me impressionar com a sua adaptação extra rápida, pois menos de um segundo depois, vi uma esfera de fogo se chocando com uma bolha de água, bem na cara do monstro. O animal imediatamente desapareceu, visto que uma grande quantidade de vapor e névoa foi formada ao seu redor.

Isso tudo ocorreu em menos de 4 segundos e, infelizmente para mim, eu ainda estava caindo em direção ao monstro, agora envolto em névoa. Acho que ninguém sequer lembrou que eu estava caindo, pois entrei na pequena nuvem sem nenhuma intervenção, aterrissando no chão com um rolamento, sem me machucar (aparentemente, sou bem resistente).

Olhei ao meu redor e não consegui enxergar nada, mas por algum motivo, os meus instintos imediatamente entraram em ação. Os pelinhos do meu braço arrepiaram mais ou menos ao mesmo tempo em que comecei a liberar mais energia, mas dessa vez de forma controlada. Diferente de quando me irritei com o Spike, não deixei o chão rachar ou coisa do tipo, mas me preparei para qualquer coisa.

Por algum motivo que eu não entendi, eu me abaixei quase até o chão. Foi um ótimo reflexo, pois pude ver as garras do lobossauro passando por cima da minha cabeça. Apesar disso, ele novamente foi oculto pela névoa. Acho que o pessoal lá fora estava com medo de atacar e me acertar, pois além de mim e do monstro, eu não ouvia nada. Novamente, tive o impulso quase inconsciente de me jogar para o lado, o que me permitiu desviar do animal, que se jogou na minha direção. As pernas dele não eram longas sem motivo, ele realmente sabia pular.

Dessa vez, eu sabia exatamente onde ele estava, pois pude ver o seu corpo passando por mim. Corri em sua direção e pude ver sua sombra contra a névoa, imediatamente pulei em direção à sua cabeça, me segurando em seus cifres e apoiando os pés em sua cabeça.

—Andem, podem atacar! – Eu gritei para os meus colegas, torcendo que pudessem ouvir.

Não mais que três segundos após gritar isso, pude ouvir o que parecia um som de um helicóptero, e toda a névoa ao meu redor começou a subir em direção ao teto. Senti o lobossauro se retesando e tentando me alcançar, mas puxei seus chifres com força, fazendo ele inclinar a cabeça para trás. Ao olhar para cima, pude ver os dois canos controlados por mia girando em uma velocidade incrível, formando uma espécie de ventilador reverso em cima de nós.

Quando a névoa subiu, pude ver Dandara correndo em nossa direção como um guepardo, segurando uma lança flamejantes e com o olhar incrivelmente focado. O lobossauro, apesar do meu esforço de segurar sua cabeça, retesou em posição de ataque, esperando a aproximação da menina. Mas de repente, para a minha surpresa, minhas mãos se prenderam aos chifres do animal com força, meus músculos contraindo involuntariamente. Não era apenas eu, o monstro também estava congelado na mesma posição, tentando evitar a contração não intencional de seus músculos. Consegui olhar para baixo e percebi que um dos meus colegas estava segurando a perna do monstro e liberando rajadas de eletricidade, não me recordava de seu poder, sinceramente nem tinha aprendido o seu nome.

Os músculos do meu braço se contraíram tanto que eu senti os chifres do bicho rachando e quebrando, me fazendo finalmente cair dele. Acho que a dor que ele sentiu foi o suficiente para impulsionar sua determinação e vencer a eletricidade, porque ele rapidamente se virou de lado e cortou o tórax do garoto, atirando-o longe e deixando um rastro de sangue no caminho. Entretanto, ter se focado no menino resultou na sua perda de foco do problema principal. Dandara aproveitou desse momento para se aproximar mais, pulando e atravessando a lança pela lateral do tronco, até sair do outro lado.

Já no chão, segurando os chifres ensanguentados do lobossauro, pude ver seus olhos vermelhos perderem a vida enquanto ele caia no chão, com uma lança atravessada em seu tronco. Estávamos todos em choque demais para perceber que a criatura realmente tinha morrido, então ficamos parados alguns segundos antes de lembrarmos do nosso colega.

Nos aproximamos rapidamente de seu corpo ensanguentado, o professor chegou um pouquinho antes de nós. Os alunos se reuniram em volta do seu corpo, o seu cabelo castanho claro cacheado parecia pálido agora, e seus olhos derramavam lágrimas. Tentamos evitar olhar para o seu peito, pois estava completamente rasgado pelas cinco garras do lobossauro, completamente irrecuperável. Apenas olhávamos para ele enquanto ele tossia sangue, tentando respirar. Blair e Mia estavam chorando, ajoelhadas ao lado dele.

—Daniel... – O professor parecia querer dizer algo, mas não sabia que palavras escolher, apenas encarava o nosso colega com os olhos tristes.

—Por favor, eu só... – Ele tentou falar, mas foi interrompido por outro acesso de tosse, e após isso, ficou completamente imóvel, não haveria frase final.

—Cura ele, professor, por favor. – Dandara disse, se levantando e olhando para o professor, com lágrimas nos olhos. – Nós só tivemos que lutar contra o monstro porque você mandou, a responsabilidade é sua, cura ele!

—É impossível, Dandara. Ele já está morto, ninguém tem esse poder. – O professor apenas balançou negativamente a cabeça e fechou os olhos do nosso colega. Me senti mal por nem saber que seu nome era Daniel.

A minha visão da sala tremeu, era como se ela estivesse piscando entre uma versão em que ela estava normal e outra completamente destruída e obscura. Olhei para o G e dessa vez não eram apenas seus olhos que estavam brilhando, mas seu corpo inteiro irradiava energia.

—Ele era apenas uma criança... todos aqui estão lutando porque vocês mandaram, não porque queremos. – Ele falou em um tom de voz baixo, mas carregado de tensão. Nunca havia visto ele perder a calma. – Não havia motivo real para você nos colocar em perigo tão cedo.

—A culpa não é minha se vocês fizeram um plano ruim, todos foram avisados das possíveis consequências. – O professor disse, nos reprovando e se irritando com nossa falta de respeito.

Esse foi o gatilho para terminar de nos irritar. A sala imediatamente mudou para o ambiente obscuro que eu estava enxergando, mas dessa vez não ficou piscando. O resto da turma e o lobossauro desapareceram, sobrando apenas nós três e o professor. Obviamente, nesse momento, nenhum de nós estava satisfeito com a atitude do professor, e iriamos descontar tudo. Em uma fração de segundo, notei que era a arena, mas todas as luzes estavam fracas e piscando, sombras para todos os lados, rachaduras nas paredes e no chão cobertas de musgo, um ambiente incrivelmente obscuro.

Aparentemente, estávamos em alguma ilusão do G, mas ela parecia muito mais real do que a nossa própria realidade. Pude ver ele se aproximando rapidamente do professor, tirando uma espada do ar, desferindo um golpe amplo em seguida. O professor franziu o cenho e levantou o seu braço esquerdo, uma corrente saiu da manga do seu casaco e impediu o golpe do G. Dandara também partiu para o ataque e, antes que eu pudesse perceber, ela já estava atrás do professor, deixando um pequeno rastro de poeira para trás. O golpe que ela tentou dar nas costas dele foi desviado com um giro, o mestre Fierce segurou o seu braço em seguida e a jogou contra o G, que apenas se desviou. Dandara caiu em pé, com incrível agilidade e preparou-se novamente para ir enquanto o G dava golpes de espada.

Para a minha surpresa, o G parecia mais forte nessa ‘dimensão’, mais ágil e astuto. Seus golpes pareciam mais rápidos e ele eventualmente conseguia fazer um ou outro corte superficial no nosso professor. Com os golpes rápidos de Dandara e os constantes ataques do G, o nosso mestre foi ficando encurralado e levando diversos ataques. Pude ver ele suspirando, irritado e esticando os seus braços na direção dos meus amigos. Pesadas correntes saíram do chão, envolvendo os braços dos meus amigos e, por algum motivo, os meus também.

Okay, se esse era uma dimensão diferente, eu não precisaria me segurar nem um pouco. Girei os meus pulsos para segurar as correntes e as puxei, arrebentando-as do chão com facilidade. O professor devia ser rank B ou A, mas era óbvio que não estava usando o seu poder por completo. Nessa dimensão, não teria que me preocupar com pessoas se machucando ou com rachaduras perigosas, então segui em frente, cada passo gerando uma nova fissura no chão.

G e Dandara não ficaram para trás, começaram a liberar mais energia por pura raiva e quebraram suas correntes também. O professor parecia surpreso com isso, mas não de uma forma inteiramente negativa. Ele tentou novamente levantar as mãos, mas seus movimentos pareciam mais lentos agora, como se estivesse tentando se mover dentro de um tanque cheio de água, percebi que isso era ação do G, que se concentrava em diminuir as habilidades do nosso professor. Dandara também não perdeu tempo, eu mal reparei na aproximação dela do professor, e aparentemente, ele também não reparou rápido o suficiente. Sua pele parecia refletir a luz envolta, gerando uma eficiente camuflagem, que ela usou para se aproximar do senhor Fierce com sua velocidade absurda e começar a desferir golpes contra ele. Talvez ele conseguisse defender em suas condições normais, mas com o poder do G, ele não conseguia levantar os braços a tempo de parar qualquer um dos golpes. Eu ainda me aproximava devagar.

Acho que ambos o G e o professor perceberam que eu tinha alguma intenção, pois ambos começaram a agir. O primeiro a notar algo foi o mestre Fierce, que imediatamente começou a levar mais a sério. A sua própria energia começou a transbordar de forma absurda, imaginava que era isso o que significava ser um rank alto, nós três imediatamente fomos envolvidos por correntes douradas, muito mais resistentes e poderosas que as anteriores, não consegui quebrar essas e nem mesmo fazê-las trincarem. Mas G também percebeu que eu planejava algo, de alguma forma, a distância entre eu e o professor foi imediatamente encurtada, a sala inteira pareceu dobrar para permitir que isso acontecesse, de forma que eu ficasse diretamente à sua frente, o que o pegou completamente de surpresa.

Inspirei profundamente, reunindo poder e gritei na cara dele. Ou melhor, gritei pode ser um eufemismo, eu rugi. Foi um som completamente diferente de qualquer coisa que eu já tinha ouvido, nem mesmo uma manada de lobossauros conseguiria chegar aos pés do som que eu estava emitindo. O urro foi tão alto e poderoso, que imediatamente vi sangue saindo das orelhas do professor, que trincou os dentes. O ar da sala inteira parecia vibrar com o som e até o pequeno mundo do G pareceu se abalar um pouco com aquilo, despencando pedaços do teto e estourando lâmpadas. Eu não fazia ideia de onde estava vindo aquilo, mas obviamente era algo absurdamente anormal. Comecei a sentir alguma forma de calor subindo pelo meu corpo, liberando ainda mais energia. Mas o professor não pareceu gostar do que estava por vir, pois abaixou e cruzou os braços na frente do corpo, formando uma espécie de ‘x’. Eu imediatamente senti a minha vista escurecendo e apaguei.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, todo feedback é bem vindo. Estarei explorando mais as habilidades dos nossos personagens, mas não se esqueçam que em um mundo tão impiedoso, qualquer um deles pode morrer a qualquer segundo.



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