Vossa Majestade escrita por Jojs


Capítulo 2
O luto turquesa


Notas iniciais do capítulo

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Vossa Majestade - Capítulo 2

O suspiro de Evie deveria ser o milésimo que ela dava, as cortinas fechadas produziam o permear da penumbra em seu quarto, já faziam dias e dias que ela estava assim, passará até mesmo o sétimo dia da partida de Mal, mas nem mesmo isso fez a azulada voltar a usar suas cores ou sair da cama com algum alento, sem Mal Bertha o mundo colorido de Evie Grimhilde era completamente sem cor nenhuma. A apatia dela fazia com que seus amigos se preocupassem, principalmente três que estavam sentados na cozinha de sua casa a espera de algum sinal.

— Já faz dias que ela está assim, temo que ela vá acabar partindo de tristeza. — Doug se apoiou no balcão e repousou a cabeça sob a mão. — Não ter como ajudá-la me deixar triste.

— Ela não vai morrer também, não diga besteiras. — Jay falou em tom repreendido ao namorado de Evie.

— Será que tem algo que possamos fazer por ela? — Carlos coçou a cabeça vendo o celular vibrar sob a bancada em seguida, era Jane. — A Fada Madrinha pode fazer algum feitiço nela, talvez?

— Sem chance! — Jay era totalmente contra. — Não vamos enfeitiçar nossa amiga, não estaríamos sendo sinceros com ela.

— Magia sempre é temporária, ela logo voltaria a esse estado e talvez pior. — Doug explicou balançando a mão.

— Então porque a magia que matou a Mal não a traz de volta? — A voz embargada de Evie chamou a atenção dos três para vê-la na porta que dava acesso a sala.

O rosto completamente vermelho, as roupas pretas e sem o desenho estético que ela costumava ter, Evie estava completamente em pedaços e foi amparada inicialmente pelo abraço de Doug em quem chorou mais ainda, soluçou a ponto de precisar ser sentada na cadeira da cozinha para recuperar seu fôlego e limpar o rosto.

Os três estavam em pé a frente dela, preocupados com seu estado, Evie puxava os panos que cobriam seu corpo para se sentir mais quente, mesmo no verão dos Estados Unidos de Auradon ela ainda sentia calafrios, talvez estivesse com aquela gripe de sempre quando ficava triste, o que só a fez soluçar chorando mais uma vez, já que era Mal que costumava usar sua magia para curá-la.

— Evie nós estamos aqui. — Carlos segurou uma das mãos dela. — A Mal não está, mas nós estamos, sempre estaremos.

— Quem garante qu...ue vocês não vão partir amanhã como e...ela? — Entre os soluços ela tentava se acalmar, mas foi em vão. — A Ma...al também disse que estaria aqui e partiu.

— Ela salvou Auradon, amor. — Doug pegou a outra mão dela. — O maior legado da Mal é vivermos em segurança, bem, é isso que ela queria pra todos nós, para as crianças que vão vir da Ilha pra cá.

— Ela não iria querer nenhum de nós chorando, você conhece a Mal. — Jay tentou sorrir para animá-la, mas em vão. — Ela ia dizer: Não acredito que vocês estão derramando lágrimas por mim, ...

— Idiotas. — Carlos completou rindo. — Vilões não choram, Evie.

Ela permaneceu em silêncio, Doug conseguiu convencer a jovem a comer um pouco e disse aos amigos que iria fazer companhia a ela durante o dia, já Carlos garantiu que viria dormir com ela a noite, mas que agora precisava assumir algumas tarefas, o jovem De Vil se via com mais tarefas do que conseguia conter, mas seria breve, logo poderia se dedicar a um só função.

Desde que Mal havia partido, Jay, Carlos e posteriormente Evie também, assumiam tarefas em nome da falecida amiga, coisas que ela costumava fazer. Jay ficou responsável pela segurança, por conversar com os guardas, por garantir todos os dias que o reino estava seguro e reportar ao rei Ben, Carlos tinha ficado com a relação com a Ilha, tendo a ajuda de Jane, a barreira ainda estava temporariamente fechada, a abertura total foi adiada devido a alguns problemas e o falecimento de Mal. A Evie tinha ficado a tarefa de acompanhar o rei Ben em alguns compromissos, dando conselhos, como Mal faria como rainha, ela faria como conselheira por conhecer Mal mais do que ninguém, mas com a apatia dela quem assumiu essa tarefa temporariamente foi Carlos.

A reunião estava marcada para as duas horas, Carlos sabia mais do que ninguém que ele não poderia se atrasar, por isso corria enquanto segurava a roupa social que vestia para não amassar, aquele dia conversariam sobre a barreira e de qualquer forma ele deveria estar na reunião como pessoas que cuidava dos assuntos da Ilha, com isso ele sabia que estava duas vezes mais ferrado do que o normal. Ao transpor as portas um pouco sem fôlego, ele endireitou a postura e exibiu um sorriso as 4 figuras para tentar disfarçar seu atraso ou que estava um pouco sem ar.

— Desculpem-me a demora, eu estava vendo a Evie. — Ele confidenciou a Bela, Fera, Ben e a Fada Madrinha.

— Alguma melhora? — Bela perguntou preocupada.

— Nenhuma, bom ... Ela comeu hoje. — Carlos respondeu. — Mas continua a mesma, quase não sai da cama, chora o tempo todo, só usa roupas largas e o cabelo dela ...

— O que tem o cabelo? — Ben perguntou olhando pra Carlos.

— Está perdendo a cor não é? — Fada Madrinha foi mais rápida em responder. — Significa que ela está pior do que imaginamos.

— Eu vou ir vê-la nesse instante. — Ben não pensou duas vezes antes de dar costas a reunião. — Continue sem mim.

— Filho, você é o rei, precisamos de você aqui. — Fera pediu dando um passo a frente.

— Ele tem razão. — Carlos entrou na frente de Ben o impedindo de continuar. — Fique e vamos resolver os problemas do reino primeiro, Doug está com ela.

— A Mal era a melhor amiga dela e agora ela está sozinha. — Ben insistiu olhando para Carlos, como se suplicasse com o olhar.

— Não, ela não está. — O mais jovem respondeu. — Nós estamos e todos aqui por ela e por você também.

— Eu não ... — Ben levou a mão a cabeça por um instante.

— Filho, nós precisamos continuar a caminhar com ou sem a Mal, ela iria querer isso. — Bela se aproximou depositando a mão sob o ombro de Ben.

— Ok, vamos continuar a reunião. — Ele declarou se virando.

Aquela conversa se estendeu por algumas horas, mas não foi resolvida uma data final para a abertura da barreira, mesmo que fosse claro que não, eles não iriam fechá-la pra sempre, seria injusto com crianças inocentes. Os deveres reais eram maçantes a Ben sem Mal ao seu lado, mesmo que Carlos estivesse lá, que a Fada Madrinha e seus pais também, não era como se o amor da sua vida estivesse por lá também, não era sua Mal com seu jeito, suas palavras, ele não sabia o que o mantinha em pé.

Depois da reunião e de descansar um pouco Ben foi ver Evie como tinha dito que iria, encontrou Doug na sala de estar lendo um livro, ele esperaria Carlos chegar pra dormir lá aquela noite, mas com toda certeza voltaria na manhã seguinte. O rapaz não esperava ver o rei ali, com tantos afazeres reais Ben deveria estar exausto, mas não por sua amiga, ele sabia como era a dor de perder Mal, mas nem podia mensurar a tristeza que Evie sentia.

— Como ela está? — Ben perguntou olhando pra Doug que parou sua leitura. — Conseguiu fazer com que ela comesse?

— Nada, ela tomou um banho e depois se deitou de novo. — Doug relatou sentindo um nó na garganta. — Eu abri as cortinas, mas ela as fechou de novo.

— Carlos disse que vem dormir aqui, ele não deve demorar, posso fazer companhia a ela se quiser ir. — Ben se ofereceu vendo o cansaço evidente da aparência de Doug. — Você também precisa descansar meu caro.

— Tudo bem majestade, eu sei que seus deveres reais devem estar te deixando exausto, logo o Carlos chegar também. — Não era incomodo a Doug ficar com Evie, mesmo que ela no quarto e ele na sala

— Na verdade eu queria ficar. — Ben confidenciou. — Desde que a Mal se foi eu tenho trabalhado em dobro pra me ocupar, as pessoas a minha volta sempre me perguntando como eu tô, me olhando com pena, eu não tenho um lugar de paz e quietude. Ela possivelmente está dormindo agora, vai me dar uns momentos de calmaria pra pensar sozinho enquanto espero o Carlos.

— Ok, vai fazer bem pra você mesmo, vamos só verificar se ela está dormindo mesmo. — Doug concordou balançando a cabeça.

— Vou levar algo da cozinha pra ela, talvez coma algo. — Ben completou.

Os dois subiram em silêncio, a porta do quarto estava entre aberta e Evie deitada na cama encolhida como da última vez que Doug a vira, a diferença agora é que o abajur estava ligado, o que mostrava que ela estava acordada. Grimhilde não via Ben desde o dia do velório de Mal, ele tinha muitos afazeres e ela não conseguia se levantar da cama para nada além de dois banhos diários, sabia que estava em débito com ele e se sentia péssima por isso.

— Querida, o Ben está aqui, ele veio ver você. — Doug disse se abaixando perto dela e tirando o cabelo da garota do rosto com um toque suave. — Eu vou indo, mas ele vai te fazer companhia até o Carlos chegar, eu volto de mandar bem cedo.

— Ok. — Evie murmurou baixo e fechou os olhos ao sentir Doug beijando sua testa.

— Boa noite, Ben. — Doug comentou tocando o ombro do rei. — Qualquer coisa pode me ligar, chego em 5min.

— Ok, durma bem. — Ben respondeu sem ao menos olhar pra ele, só olhava Evie.

O prato com bolo e glacê foi colocado em cima do criado mudo com o abajur, Ben puxou a cadeira da penteadeira e se sentou ao lado da cama em silêncio, olhando a amiga que parecia definhar aos poucos de pura tristeza em que se encontrava, ele achava Evie uma das pessoas mais fortes que ele já conheceu, ele se achava forte, mas sem Mal era difícil continuar.

— Porque você veio? — A voz rouca de Evie logo foi consertada por um pigarreio. — Se for pelos meus afazeres me desculpe, não tenho ânimo pra sair daqui sem ela.

— Eu vim por você. — Ben esticou a mão pra pegar a dela que não estava escondida nas cobertas. — Eu sempre vou estar aqui por você, Evie. Como a Mal estaria.


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Notas finais do capítulo

Os vejo em breve!



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