Adrien Agreste caminhava solitário pelas ruas de Paris. Assim que viu o seu rosto em inúmeros outdoors, fez uma careta e agradeceu por estar usando um boné que poderia o fazer passar despercebido pela multidão – não que houvesse tanta gente assim na rua naquela hora da noite.

— Parece que aqui eu segui as regras do papai. – ironizou, olhando de relance para a propaganda de perfume. Acabou trombando com alguém por estar distraído e antes que pudesse xingar a pessoa, olhou para o rosto dela e ficou paralisado – Marinette?

— Adrien? – a feição dele se tornou amena, enquanto a dela demostrava desconfiança. – Pela sua expressão, com certeza não é o Adrien que eu procuro. – a azulada usava um chapéu floppy e roupas que pareciam ter saído de uma capa de revista. Embora não fosse muito discreta, o acessório na cabeça, a ajudava a esconder o rosto à medida que caminhava pela cidade.

— Como assim? – questionou confuso, mas logo depois caiu na real – Ah, você é dessa Terra, imagino.

— Não. Mas cheguei há pouco tempo.

— Então seja bem-vinda. – ironizou – Também não sou daqui.

— Deixe-me adivinhar, existem várias Terras com várias versões nossas? – ele assentiu – E você seria uma versão do meu Adrien, tão boazinha quanto ele?

— Nenhum pouco. – a garota sorriu de lado. – Lá eu também tenho um Miraculous? – Marinette deu de ombros.

— É claro. Na minha Terra eu sou conhecida como Lady Paon. E você, quem seria na sua Terra? – estendeu a mão, então o loiro a pegou e depositou um beijo.

— Chat Blanc ao seu dispor, my lady.

***

— Nathalie! – Adrien chamou e a mulher prontamente apareceu no hall de entrada, enquanto ele descia as escadas.

— Sim?

— Vou sair agora e procurar o Chat Blanc com o resto do pessoal. – informou enquanto digitava uma mensagem para Nino – Assim que eu sair acione novamente os sistemas. Quando eu voltar, ligue pro meu celular para confirmar se sou eu mesmo. Se Chat Blanc vir até aqui e tentar algo, me avise o mais rápido possível.

— Entendido.

— A mesma coisa caso um dos meus amigos apareça, ou até mesmo a Marinette.

— Certo. Mais alguma coisa? – Adrien suspirou, encarando a porta do escritório do seu pai que estava trancada.

— Só... Fique de olho no Gabriel. – a mulher assentiu e então por fim Adrien saiu.

***

— Aparentemente nossa única ameaça até o momento é o Chat Blanc. – Ladybug recapitulou, já com a equipe reunida novamente – Vamos nos separar em duplas, assim será mais fácil de achá-lo. Quem encontrar primeiro, não hesite em chamar os outros. Entendido? – todos assentiram, porém Multimouse ergueu a mão. – Sim?

— E se ele tiver desfeito a transformação? – os heróis trocaram olhares entre si.

— Nós sabemos quem ele é por trás da máscara. – disse Chat Noir – Quero dizer, se ele for mesmo eu.

— Algum de nós vai estar com você e vai saber, não se preocupe. – Ladybug sorriu – Não vou fazer a divisão, podem escolher com quem quiserem ir.

— Eu e Carapace, então. – Rena Rouge foi a primeira.

— Queen Bee e Bunnix. – a loira anunciou e fez um toque com a amiga.

— Posso ir com a Multimouse. – Viperion se voluntariou e Ladybug sorriu por poder passar um tempo com o namorado, mesmo em meio à essa loucura toda – Tudo bem pra você? – a garota assentiu.

— Que pena, sobramos nós dois. – Chat Noir ironizou e chegou perto da joaninha – A não ser que você queira trocar.

— Não se preocupe, eu não quero. – piscou, arrancando um sorriso dele – Certo, agora vamos. Boa sorte à todos. – dito isso, as duplas saíram em direções opostas, deixando apenas Viperion e Multimouse, com esta última ainda um pouco confusa sobre os fatos.

— Ok, vamos... Por ali? – a garota sugeriu e Luka apenas assentiu, a seguindo até o telhado do prédio. – Posso fazer uma pergunta? – questionou enquanto corriam lado a lado.

— Claro.

— Você sabe quem é a Ladybug por trás da máscara? – ele fez que sim com a cabeça – Então imagino que saiba quem eu sou também. – concordou novamente – Nós... Nos conhecemos? Digo, na minha Terra.

— Não tenho como saber, como você pode ver as coisas variam de Terra para Terra. – deu de ombros – Mas provavelmente sim. Somos grandes amigos aqui.

— Ah, é que você me pareceu familiar.

— Entendi. – os dois pararam e ficaram em silêncio, observando as ruas atentamente – Você... Quer saber quem eu sou?

— Sim, m-mas não precisa me dizer se não quiser. – sua atenção se voltou para o garoto de cabelos verdes, que estava com os braços cruzados, olhando para as pessoas abaixo deles. Luka sorriu e encarou Marinette, fazendo com que ela se assustasse levemente com o ato repentino.

— Você conhece um tal de Luka Couffaine? – sussurrou. A expressão de Multimouse foi indo de curiosidade a espanto, fazendo com que Viperion estranhasse a reação dela – Espera, somos inimigos também?

— N-Não. – murmurou. Luka se sentiu levemente aliviado, porém a reação da garota ainda o intrigava.

— Então...

— Você era o meu namorado. – disse, o pegando de surpresa – Mas aí teve que se mudar pra Londres e desde então perdemos o contato.

— A-Ah, eu... Não... Hã... – não sabia exatamente o que dizer. Multimouse ainda estava em choque. Porém antes de Viperion conseguir formular uma frase, seu olhar encontrou um ponto específico atrás da garota – Ali! – apontou se aproximando do parapeito e sendo seguida por ela – Chat Blanc avistado.

— Espera... O Adrien é o Chat Blanc? – questionou forçando a visão. Vendo o garoto andar com uma roupa casual, diferente das que normalmente usava, ao lado de uma garota toda arrumada. – Fala sério! Tinha que ser logo ele? – enquanto a ficha caía, Luka avisou a equipe pelo comunicador. – Vamos abordá-lo?

— Não. Vamos esperar as ordens da Ladybug. Por enquanto vamos apenas observá-los.

— E quem é aquela do lado dele? – Luka deu de ombros e avançou, tomando cuidado para não ser visto.

— Não faço ideia. – segurou a mão de Marinette e a puxou para ir junto com ele – Vem, vamos seguir eles.

***

— Você acha que eu poderia ser um vilão? – a pergunta de Adrien pegou Marinette de surpresa.

— O quê?

— Essa coisa sobre o Chat Blanc me fez refletir. – suspirou – Acha que eu poderia ser assim? Afinal, ele sou eu, só que na Terra-17.

— Não, claro que não. – Marinette se aproximou do namorado e o abraçou – Você não é assim.

— Mas eu poderia ser.

— Olha, pra falar a verdade, todos temos maldade no coração. Só que depende de você deixar que ela se sobressaia ou não. E você não deixou. – ergueu o rosto, olhando para ele com um sorriso – Você é um herói, Chat Noir. – Adrien sorriu.

— Obrigado, Ladybug. – aproximou seu rosto do dela, mas antes que a beijasse, os comunicadores apitaram. – O que foi?

— Viperion e Multimouse acharam o Chat Blanc. E ao que parece, ele está acompanhado.

— Por quem? – ela deu de ombros.

— Não sei. Mas precisamos ir logo.

Ladybug e Chat Noir se locomoveram o mais rápido possível até o local indicado. E não muito tempo depois, todos os heróis já estavam ali reunidos.

— Descobrimos quem é a companhia dele. – Viperion sussurrou – É a Marinette. Só que de outra Terra. – os olhos das duas azuladas se arregalaram.

— Será que não é a dessa? Ou sei lá, a da Terra dele? – Chloé questionou, afinal, não sabia verdadeira identidade de Ladybug ou de Multimouse.

— Não. – Luka rapidamente negou – Q-Quer dizer, não parece.

— Escutem bem, precisamos de uma distração. – disse a líder – Não podemos correr o risco que ele se transforme no meio das pessoas. – assentiram – Rena Rouge, é com você.

— Ok. – Ladybug olhou no dispositivo que Lady Noire tinha dado à ela.

— Outra fenda se abriu mas vamos precisar levar ele até lá.

— Aonde é?

— Não muito perto.

— Como vamos fazer isso então?

— Precisávamos do Miraculous do cavalo. Mas não vai dar tempo. – concluiu – Queen Bee, use o seu poder para paralisá-lo. E então nós o levamos pra lá.

— E a Marinette?

— Vamos torcer para ela não ter um Miraculous. Ou se tiver, que seja uma das nossas. – dito isso, a equipe se preparou. – Agora!

— Mirage! – Rena Rouge usou seu poder especial, simulando um ataque na rua movimentada e fazendo com que todas as pessoas saíssem correndo. Chat Blanc e Marinette observavam o caos e não demorou muito para que só os dois ficassem ali.

— Plagg, claws out! – o vilão se transformou e ficou à frente da outra Marinette, como se a protegesse. Porém, sem que ninguém percebesse, a azulada recuou e se escondeu no beco atrás deles.

— Venom! – Queen Bee saltou parando atrás de Chat Blanc e o paralisou, o pegando de surpresa.

— Ótimo! – Ladybug elogiou e se aproximou dos dois, porém antes que conseguisse se aproximar, um leque a acertou em cheio, fazendo ela cambalear e cair para trás.

— Mayura? – Adrien questionou, ajudando a namorada e vendo o leque voltar de onde tinha vindo.

— Na verdade, é Lady Paon. – a outra Marinette surgiu do beco, já transformada com o Miraculous do pavão e com um sorrisinho. Em seguida chutou Queen Bee para frente, que também caiu no chão. Lady Paon pegou uma pena do seu leque, envolveu com a mão e a tornou azul escuro.

Ladybug preparou o ioiô para capturar a pena, no entanto, para sua surpresa, a vilã a colocou no guizo de Chat Blanc.

— Voltar no tempo? – Bunnix sugeriu.

— Não. Rena Rouge e Queen Bee, recuem! – a líder disse, sabia que elas se transformariam em breve.

— E nós?

— Só lutem. – o sentimonstro em forma de gato branco gigante se formou e avançou na direção dos heróis. – Chat Noir, preciso que destrua o guizo!

— E a Lady Paon?

— Deixem comigo, tenho um plano! – Multimouse desviou da pata do gato e correu até a vilã.

— Viperion!

— Indo! – entendeu a ordem e seguiu Multimouse.

— Shellter! – Carapace acionou seu poder ao redor de si e o gato tropeçou no escudo. Logo, Ladybug usou seu ioiô para amarrar as patas dele e Chat Noir não pensou duas vezes em correr até Chat Blanc.

— Cataclysm! – antes que encostasse no guizo, a mão da sua versão maligna agarrou o seu pulso. Provavelmente a transformação de Queen Bee tinha chegado ao fim, e com isso, seu poder especial também.

— Hoje não, Noir! – chutou o herói para longe. Enquanto Multimouse e Viperion se defendiam dos golpes de Lady Paon.

— Não! – Ladybug exclamou ao ver o amado sendo jogado longe. O gato gigante se remexeu em baixo dela, a derrubando. Porém Bunnix conseguiu segurá-la.

— E agora, voltar no tempo?

— Ainda não.