— Os resultados são positivos até o momento. – Joseph ajeitou os óculos e mostrou os papéis para Gabriel. – Obviamente precisamos de mais tempo, mas com certeza estamos no caminho certo.

— Entendi. – mexeu na sua aliança, refletindo – Acha que há possibilidades de adiantar o projeto?

— Bem, eu posso tentar. – recolheu os papéis – Mas será difícil. Os cronogramas de trabalho já estão prontos e isso poderia afetar o desempenho.

— Não, tudo bem. – levantou a mão – Faça no seu tempo, desde que faça direito.

— Estou fazendo tudo com o maior cuidado, Sr. Agreste. Não se preocupe com isso.

— Eu não me preocupo, Joseph. Ao menos, não com isso.

***

Marinette e Adrien estavam no quarto dela. Enquanto ela costurava, ele guardava e ajeitava os materiais para ela – seu passatempo favorito, o que também era bom para Marinette, visto que seu quarto estava sempre uma bagunça com linhas e tecidos por cima dos móveis e pelo chão.

— O que você acha, azul ou verde? – perguntou mostrando dois tipos de botões para colocar na camiseta preta que estava arrumando para o seu pai.

— Verde. Assim vai ficar temático do Chat Noir. – piscou, fazendo ela revirar os olhos e rir.

— Vai ser azul então.

— Minha opinião foi completamente ignorada. Tão cruel! – o loiro disse de um jeito dramático, abraçando a namorada pelas costas e depositando um beijo no rosto dela. Os dois riram, enquanto Marinette virava para beijá-lo novamente.

— Desde quando ficou tão dramático?

— Desde o dia em que minha namorada esmagou os meus sonhos! – a garota riu, recebendo outro beijo.

Marinette e Adrien pararam na mesma hora ao ouvirem uma batida na janela. A azulada foi até lá e assim que abriu a janela, alguém entrou rapidamente.

— Multimouse? O que houve?

— Chat Blanc. Ele pegou meu Miraculous da raposa. – o casal podia notar que ela estava apavorada – E por pouco não pegou o do rato também. Mas eu fugi pela fenda e vim pra cá.

— Não se preocupe, vamos te ajudar. Tikki, spots on!

— Plagg, claws out! Chamar a equipe? – Ladybug olhou para a sua versão da Terra-17, que arregalou os olhos, lembrando da última vez que esteve nessa Terra.

— Por enquanto acho que podemos dar conta.

— Eu ainda não acredito que ele pegou meu Miraculous. Ele pode ter destruído ele há essa altura. – Multimouse abraçou o próprio corpo e baixou a cabeça. Ladybug colocou a mão no ombro dela.

— Eu sei que é difícil pra você. Se quiser, eu e Chat Noir podemos ir sozinhos.

— Não, eu quero ir. – disse determinada – Afinal, ele é minha responsabilidade. – Ladybug sorriu.

— Ele está aqui ou na sua Terra?

— Eu passei pela fenda segundos antes de ela fechar. Mas assim que abrir novamente, tenho certeza de que ele virá atrás de mim. – Ladybug consultou a pulseira.

— Nada de fendas até o momento.

— A pulseira nova que a Lady Noire te deu, pode abrir, não pode? – Chat Noir questionou.

— Sim. Mas vamos precisar alertar a equipe. – desviou o olhar pra o namorado. – Também vamos precisar de mais alguém com nós. O resto precisa ficar aqui.

— Quem vamos levar? – Ladybug encarou Multimouse.

— O poder do Viperion pode ser essencial. Você se importa se...

— Não, claro que não. – balançou as mãos – Aliás, ele nem deve lembrar mais do que aconteceu aquele dia. – Marinette sabia que Luka lembrava sim, e muito. Mas não quis deixar a sua versão da Terra-17 ainda mais nervosa.

— É melhor você ficar. – disse para o loiro.

— Mas por quê?

— A equipe precisa de alguém para liderar eles aqui, caso algo aconteça enquanto eu estiver fora. – Adrien sorriu.

— Você quer que eu lidere eles?

— É claro. Eu não sou a única líder, achei que soubesse, kitty. – bateu no guizo, fazendo ele sorrir ainda mais. – Vou precisar do Carapace também. Pode avisar o Nino e o Luka?

— Pode deixar, Bugaboo. – dito isso, se afastou. Multimouse sorriu, ao ver a interação dos dois heróis. Em seguida, soltou um longo suspiro, sentia saudades do seu relacionamento.

— Não se preocupe, vai dar tudo certo.

— Eu espero, Ladybug. Muito obrigada por isso.

— Não precisa agradecer, afinal, heroína ajuda heroína, não é? – piscou, fazendo a outra rir.

— É claro.

***

Luka releu a mensagem de Adrien e mordeu o lábio inferior. Será que era mesmo uma boa ideia?

Não podia mentir, a Marinette da Terra-17 estava em seus pensamentos desde o dia em que a viu pela primeira vez e ficou sabendo da história entre eles na Terra dela. Depois que ela havia o beijado, aí sim que pensava nela.

Só que ele se perguntava se o clima não ficaria estranho ao ponto de atrapalhá-los na missão. Porque isso seria ruim.

— Não será estranho, se você não fizer ser estranho. – Sass disse, como se tivesse lido a mente de seu portador.

— É, acho que você tem razão. – sorriu sem mostrar os dentes e levantou – Aliás, elas precisam da minha ajuda. Agora é hora de ser o Viperion e deixar os problemas amorosos do Luka pra lá.

— Excelente escolha! – o kwami assentiu.

— Sass, scales slither! – Viperion saiu pela janela da sua cabine e foi o mais rápido possível até a casa de Marinette.

No caminho dizia para si mesmo relaxar. Não podia deixar os heróis na mão por simplesmente estar nervoso.

Assim que chegou na casa de Marinette, cumprimentou os amigos que estavam lá e seu olhar encontrou o de Multimouse, que deu um sorriso tímido.

— Vamos ir agora. Conto com você pra proteger a nossa Terra. – Ladybug disse para Adrien.

— E eu com você pra trazer todo mundo de volta. – brincou – Boa sorte. – os quatro agradeceram e Ladybug guiou a equipe até um canto afastado do parque que ficava próximo à sua casa. – Preparados?

— Acho que sim. – disse Carapace, fazendo eles rirem.

— Bom, é a primeira vez que estamos viajando para outra Terra.

— E a primeira vez que eu abro um portal entre o espaço-tempo. – a azulada suspirou e balançou a cabeça – Vamos lá. – ajustou a pulseira para a Terra-17 e apertou o botão indicado, em seguida, uma fenda foi aberta bem na frente deles. – Multimouse, quer fazer as honras? – a garota assentiu e passou primeiro. Ladybug, Carapace e Viperion foram logo atrás.

— Wow!

— Aqui é meio...

— Horrível. Eu sei. – Multimouse completou. A Paris da Terra-17 era praticamente igual à da Terra-616, a diferença é que ninguém parecia ligar para limpeza ou organização. Havia prédios demolidos que ficavam da maneira que estavam, alguns lixos espalhados pela rua – o que também era um pouco comum na Terra-616, mas nunca em pontos turísticos.

A cor da cidade até parecia um pouco diferente – se é que era possível. Olhar para ela, era como olhar para um retrato antigo.

— Eu ia dizer diferente. – Viperion falou, atraindo o olhar da azulada.

— Certo, precisamos achar o Chat Blanc o quanto antes. – Ladybug fechou a portal atrás deles – E impedir que ele atravesse alguma fenda, caso abra.

— Sabemos que ele é o Adrien, então... – Carapace começou.

— Não podemos atacar ele como Adrien. Ele não sabe que eu sei a identidade dele.

— E a nossa prioridade é recuperar o Miraculous da raposa, apenas isso.

— Isso se ele não tiver destruído ainda. – baixou a cabeça – De qualquer maneira, acho que ele tem planos para àquele Miraculous. Senão, já teria destruído de cara, como já tentou várias vezes.

— Então se a gente não pode atacar, como vamos encontrá-lo? – Multimouse soltou um longo suspiro.

— Na verdade, ele é que vai nos encontrar.

***

Adrien segurou o colar com o pingente em formato de cauda de raposa e deu um sorriso satisfeito. Finalmente.  

Seu plano inicial era ter destruído o maldito Miraculous logo de cara, porém Multimouse conseguiu fugir com o último que faltava, então teria que pensar em outra estratégia.

— Nathalie? – chamou sua fiel assistente. O plano era simples, Nathalie usaria o Miraculous da raposa e o ajudaria a pegar o Miraculous do rato. Assim que tivesse os dois em suas mãos, os destruiria de uma vez por todas.

— Adrien, creio que gostaria de ver isso. – a mulher entregou o tablet na mão do loiro. Ali podia ver a imagem de Multimouse acompanhada daqueles outros heróis da outra Terra, Ladybug, Viperion e Carapace.

Uma expressão irritada tomou conta do rosto dele, que jogou o aparelho na parede. O tablet quebrou em inúmeros pedaços e Nathalie já nem se incomodava mais, já estava acostumada com o comportamento instável do jovem Agreste.

— Plagg, claws out! – se transformou e colocou o Miraculous da raposa no bolso. Não seguiria mais o plano, destruiria sozinho o Miraculous do rato, e como bônus, o da joaninha, da cobra e da tartaruga de outra Terra. Não precisava de ninguém.

Chat Blanc saiu da mansão e foi direto para o local que os quatro heróis foram vistos, não demorando muito para chegar.

— Além de fugir, trouxe seus amiguinhos? Com medo de mim, ratinha? – os heróis ficaram em posição, fazendo Chat Blanc rir.

— Na verdade, você é quem deveria ter medo, cara! – Carapace disse em um tom convencido – Caso não tenha percebido, está em desvantagem.

— Não tenho tanta certeza. – o vilão pegou o Miraculous da raposa, fazendo Multimouse arregalar os olhos. – Eu posso destruí-lo há qualquer momento. Então, eu sugiro que vocês três voltem de onde vieram e deixem que eu e ratinha vamos nos entender.

— Não vamos deixá-la! – Viperion se manifestou.

— Se você não o destruiu até agora, acha que vamos cair no seu jogo?

— Tem certeza que pretende brincar com a sorte, Ladybug?

— Sorte é algo que eu tenho de sobra, Chat Blanc.

— Veremos. Cataclysm!

— Não! – Multimouse correu na direção de Chat Blanc e quando o atacou, o vilão desviou indo para o lado e girou seu corpo com uma das pernas flexionadas e a outra esticada, derrubando a azulada.

— Multimouse! – Viperion fez menção de ir até eles, porém o loiro se abaixou atrás dela e passou o braço ao redor do pescoço da heroína. Tinha deixado o Miraculous da raposa cair no processo e Carapace pensou em pegá-lo.

— Mais um passo e eu destruo o Miraculous do rato. Ou melhor, a portadora dele. – sorriu perverso assim que viu que seu plano havia funcionado. – Esse é o problema de ser herói. Você sempre precisa se preocupar com a vida das outras pessoas.

— Não se preocupem comigo, peguem o Miraculous da raposa.

— Quietinha, ratinha. Ou você será destruída junto com o seu estúpido Miraculous.

Ladybug precisava pensar em um plano rápido. Qualquer movimento errado e isso poderia custar o destino de sua versão da Terra-17.