E se eu tivesse feito tudo mais rápido?

E se eu tivesse chamado o Gibbs assim que ela me ligou?

E se eu não tivesse dado a resposta que ela queria?

E se todos nós tivéssemos ficado do lado dela, depois do desastre com o La Grenouile?

E se eu tivesse dado o primeiro passo e perdoado ela?

E se nós tivéssemos aproveitado o tempo que tínhamos?

E se eu... se eu... se ela...

E se a Jenny não tivesse morrido?

—---

Eu não consigo acreditar. Não posso.

Meu cérebro se rebela com a ideia de tentar processar que ela se foi.

A Diretora não pode ter ido embora. Não pode.

Ontem ela estava aqui! Bem aqui, no prédio.

Ela não pode ter morrido. Ela não pode ter nos deixado. Ela não pode ter deixado o Gibbs.

O que vai ser dele, sem ela?

Como ele está?

Por mais que eu veja as provas, que eu ligue todos os pontos, eu não consigo acreditar que ela planejou essa escapada. Que ela planejou tudo isso, sabendo que o pior podia acontecer!

Não, Diretora. Não faça isso comigo!

Você é tão nova! Tão bonita. Tão elegante. Você merece viver! Viver e ser feliz.

Eu sei que ficamos estranhas depois que o carro do Tony explodiu. Mas eu vi que você se preocupou com ele. Eu vi que você se preocupava com todos nós.

Foi difícil me acostumar com você. Kate tinha nos deixado, e eu amava a Kate. E ela faz falta. Mas aí, eu vi que você não era uma substituta para a Kate. Que você era você. Tudo bem que nos estranhamos quanto a minha roupa. Mas você voltou atrás. Acho que com uma ajudinha do Gibbs. E depois... depois que nós nos entendemos. Bem...

Gibbs era o papai. Você a mamãe. E nós éramos os Jibblets.

E era para ter continuado assim, pois os amigos de hoje, são a família de amanhã.

E nós somos uma família.

Todos nós. Sem exceção.

E agora... agora você se foi.

Eu sei, foi protegendo o Gibbs. E eu também faria isso. Quem não faria isso, não é mesmo? Proteger a nossa adorada Raposa Prateada. Mas você não precisava morrer para que ele vivesse. Não mesmo.

Nesse prédio cabe todo mundo. Cada um no seu cantinho. E todo mundo junto nos feriados de Ação de Graças e Natal.

E eu me pego pensando. Sabe, eu sou feliz por opção. Mas e você? Você foi feliz? Digo isso porque, olhando para o seu funeral, eu não consigo ver mais ninguém que indique que era da sua família...

Eu sei que você não tinha filhos. Sei que seu pai morreu – foi assassinado na verdade. E, então... você era solitária.

E isso me dói. Me dói porque nós poderíamos ter “arrumado” isso. Mas acho que ninguém deu o primeiro passo.

Eu deveria ter dado o primeiro passo. Naquele dia em que você foi no meu laboratório para ver o Jethro, o cão. Eu deveria ter falado algo. Você parecia tão triste. Suas palavras foram tão sábias e, ao mesmo tempo, vendo tudo o que aconteceu, pareceu que você estava se despedindo.

Aquelas foram suas palavras de despedida, não foram, Jenny? Eu me lembro delas, você disse com clareza: “Abby, algumas vezes, as coisas não são tão simples, algumas vezes você não tem o controle, e outras vezes, você tem que olhar para frente e aceitar a realidade”.

Você sabia de alguma coisa que eu não sabia, Jenny?

Mas isso não importa mais. Não tem como mudar o passado, por mais que eu gostaria de poder voltar no tempo e te prender na sua sala e te impedir de voar até Los Angeles. Assim, eu acho, que poderíamos ter mudado as coisas, ter visto o lado bom de cada escolha e, enfim poderíamos ter sido felizes com as escolhas que fizemos.

Nunca vou aceitar que sua lápide tenha somente isto escrito. Nunca. Você foi mais que Diretora. Você foi amiga, companheira... você é da família.

E merecia ter sido feliz!

Eu vou sentir a sua falta, Jenny!

Aqui jaz, Jenny Shepard.

Minha amiga que merecia ter vivido mais e ter sido completamente feliz.