The Sirens escrita por jduarte


Capítulo 7
Sailing Away


Notas iniciais do capítulo

Hello, people!
Espero que gostem desse cap!
Beijos,
Ju!



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Acordei quente demais. Não me lembrava de quando tinha ido dormir, mas certamente não tinha trazido o cobertor que me cobria. Definitivamente não.

Peguei o cobertor enrolando em meus pés e tentei me levantar. O corpo inteiro doeu e protestou pela posição que eu havia dormido a noite inteira.

Enquanto me espreguiçava, um pensamento me ocorreu e eu sorri.

Eu havia dormido a noite inteira.

Pela primeira vez em muito tempo.

— Por favor, me diz que ele não levou nada! - ouvi meu irmão gritando enquanto corria pela casa em direção a sala. Ele voou pela sala e a primeira coisa que viu foi o video-game. — Meu bebê está intacto!

Abraçando o aparelho, Kai quase foi às lágrimas.

— Você é dramático demais, Lanikai. - reclamei e estalei o pescoço.

Kai revirou os olhos.

— É óbvio. Você traz um desconhecido para dentro de nossa casa, e espere que eu fique tranquilo? Eu tenho certeza que ele levou algo.

Revirei os olhos, mas meu estômago pareceu pesar quando percebi que havia um bilhete em cima da mesa de jantar, muito perto de minha bolsa.

Deus, e se Wade tiver vasculhado minha bolsa?, minha mente me perturbou.

Não que eu carregasse nada de muito valor, mas seria inquietante ter um homem desconhecido vasculhando meus pertences.

Já bastava Kai, curioso do jeito que era, ficar mexendo em minhas coisas. Eu não precisava de outra pessoa que eu nem ao menos conhecia, enfiando as mãos em coisas que não lhe pertenciam.

Abri a bolsa com rapidez, dando uma olhada por cima em tudo o que estava dentro e respirei aliviada quando percebi que a única coisa que me faltava era uma caneta. A mesma caneta que estava apoiada ao lado do bilhete, em cima da mesa.

Meu coração se acalmou devagar e eu respirei fundo, pegando o bilhete com os dedos trêmulos.

“Obrigada pela comida e pelo abrigo. Serei eternamente grato à você, Nerissa. - Wade.”

— Ele levou minha sopa! - Kai gritou, inconformado, me olhando para mim com o rosto parcialmente coberto pela porta cromada da geladeira. — Eu amo aquela sopa!

Revirei os olhos e lhe fuzilei com os mesmos.

— Kai, para de fazer cena. Era sopa de legumes. Você odeia legumes! - exclamei e enfiei o bilhete nos bolsos da bermuda e esfreguei os dedos doloridos na têmpora. — Precisamos conversar.

A porta da geladeira se fechou com um baque e eu me virei para Kai. Ele me encarava desconfiado, com as sobrancelhas juntas em dúvida explícita. Kai era desconfiado por natureza, lhe dizer que precisávamos conversar, só traria esse lado de desconfiança ainda mais à tona.

— Oh, não. O que foi dessa vez? Vamos nos mudar por acaso? - ele perguntou. — Da última vez que você me disse isso, tivemos que passar alguns dias morando da casa de Tia, lembra?

Engoli seco ao relembrar.

Foram tempos difíceis. Tempos que eu definitivamente não gostava de relembrar daquela fase. Quase perdi a guarda de Kai por conta daquilo...

— Vamos nos mudar, temporariamente, para o laboratório do Aquário. – tentei lhe acalmar. — Então não surte agora, mas preciso que venha comigo...

Kai mordiscou os lábios, definitivamente incomodado.

— Isso tem a ver com o papai? – sua voz baixa me perguntou e eu engoli seco.

Sim, quis lhe responder, o que é que não é culpa do nosso pai?

— Não, - respondi ao invés — surgiu uma promoção no trabalho e eu não posso deixar passar. E gostaria de que viesse comigo.

Esperei pela resposta de meu irmão, que não veio. Ele olhava para baixo, pensando em tudo. Era quase possível ouvir as engrenagens da cabeça de meu irmão, funcionando. Deixar meu irmão sozinho, não era uma opção. Ou Lanikai vinha comigo, ou eu recusaria o emprego e daria alguma desculpa para minha chefe.

Mas a segunda opção trazia uma sensação de amargor no fundo de minha garganta, que eu não conseguia deixar de lado. Pensar na possibilidade de meu irmão não me acompanhar na parte mais importante da minha vida, me fazia querer gritar de angústia.

— E então...? – esperei sua resposta.

Lanikai deu um sorriso leve e me deu um singelo beijo na testa.

— Garota, eu vou com você para onde quiser. Até meus 18 anos, sou 100% sua responsabilidade, esqueceu disso?

Revirei os olhos.

— Mesmo se isso fizer com que você acabe vendo menos seus amigos? – perguntei.

Kai riu.

— Se meus amigos fossem tão importantes assim, eu não teria voltado para casa mais cedo, depois de ter recebido uma ligação um tanto quanto estranha de Alix. – Kai levantou as sobrancelhas e cruzou os braços.

Minhas sobrancelhas se uniram em confusão.

— O que você está dizendo?

— Estou dizendo que Alix me ligou ontem à noite e me disse que era melhor que eu viesse correndo para casa. Algo sobre você estar em apuros, ou até mesmo bêbada.

Arregalei os olhos.

— Alix está maluca?

Kai deu de ombros, como sempre, e deu um gole longo na garrafa de água gelada em suas mãos. Ele limpou a boca com o dorso da mão e riu.

— Se ela tivesse me falado que o seu problema era um homem de quase dois metros, ladrão de sopas, certamente eu viria mais cedo para casa.

Dei um soco no ombro de meu irmão.

— Você é ridículo, Lanikai.

Ele bagunçou meu cabelo e riu.

— É de família. Então, - Kai disse depois de um segundo de silêncio. — onde será nossa nova casa?

Dei de ombros.

— A princípio em um dos laboratórios, mas terei que subir nos barcos pelo menos uma vez por mês, para estudar e entregar relatórios para Fiona. – tentei explicar a meu irmão, enquanto ele mordia uma maçã largada em cima da mesa, e mastigava com uma expressão estranha no rosto. — Que cara é essa, menino?

Lanikai engoliu e fez uma careta.

— Esse trabalho é muito exigente, Nessa. Há três meses, você nem queria mais trabalhar naquele lugar, e agora eles estão nos realojando para um laboratório... – então Kai parou de dizer e respirou fundo, apertando a ponte do nariz. — O que é que você vai estudar, afinal de contas?

Engoli seco.

Kai não ficaria feliz, eu tinha certeza disso.

— Então...

— Nessa, o que é que você vai estudar? – meu irmão perguntou, com mais seriedade.

Dei a volta ao redor de meu irmão e abri a geladeira, comendo a primeira coisa de vi pela frente, me preocupando em engolir ao invés de contar a realidade para Kai.

— Nerissa, eu sei o que você está fazendo. Pode parar de enfiar essa comida na boca para não me contar. – Kai arrancou o pedaço de pão havaiano de minha boca e colocou na bancada da cozinha. — Me conte agora.

Sentei na bancada da cozinha e respirei fundo.

— Sirens. – murmurei.

Kai se aproximou de mim e estreitou os olhos.

— Eu realmente espero ter ouvido outra coisa, mas perguntarei por desencargo de consciência. Vai estudar o quê?

Fechei os olhos e coloquei a mão no rosto.

— Sirens, Kai. Terei que estudar sobre Sirens.

O silêncio que se seguiu depois que falei sobre isso, foi ensurdecedor. Kai estava em choque, era nítido. Desde que as primeiras notícias apareceram na televisão, Lanikai foi o primeiro a me dizer para tomar cuidado.

— Diga alguma coisa.

Ele se apoiou do outro lado da bancada da cozinha, completamente irritado.

— Eu não tenho o que dizer sobre isso, Nerissa.

— Você está bravo comigo – minha voz foi baixa.

— Não estou bravo, Nerissa, estou preocupado. Tem uma diferença grande entre uma coisa e outra.

Revirei os olhos.

— Há uma grande diferença entre estar preocupado e irritado. Sirens são criaturas muito perigosas, você sabe disso...

— Não, Kai, não sei. Nunca soube de nada sobre essa espécie, e é por isso que vou estudar mais sobre os Sirens, quer você queira, quer não. Eu não vou abrir mão dessa pesquisa porque meu irmão está com medo de que algo aconteça comigo. – minha irritação pela falta de suporte de meu irmão veio à superfície. — Independente do que você ache certo ou não, o aquário ainda é meu trabalho, e eu vou até o final para fazer o meu melhor trabalho.

Kai me observava com os olhos arregalados, claramente surpreso por minha explosão do nada.

Balancei a cabeça enquanto negava algo que eu nem ao mesmo entendia e caminhei até a mesa pegando minhas coisas e saindo sem direção, literalmente para fugir de conflitos com meu irmão.


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Notas finais do capítulo

Continua?



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