The Sirens escrita por jduarte


Capítulo 6
Through the Surface


Notas iniciais do capítulo

Eae, galera? Espero que gostem!

Beijos,
Ju!



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O caminho para minha casa nunca pareceu tão exaustivo e longo. Wade andava alguns passos atrás de mim, cauteloso, observando tudo e todos à sua volta. Fiz questão de roubar alguns olhares em direção à ele quando alcançamos minha casa. Talvez ele estivesse receoso em relação à mim. Era natural, até mesmo justamente por não me conhecer.

Wade observava tudo, parecendo fazer uma anotação mental de tudo à sua volta. Deus, será que eu havia trazido um psicopata para dentro de casa?

Algo me dizia que Wade não era o vilão da situação. Eu poderia tê-lo levado para a polícia e ter dito a eles que havia encontrado aquele homem na praia. Mas não conseguia ignorar o sentimento que eu precisava levá-lo para minha casa.

— Sente-se, – lhe disse, apontando para o sofá. — espero que esteja com fome, temos um pouco de sopa…

— Sopa? – ele perguntou debilmente, enquanto me observava curiosamente abrir a porta da geladeira e tirar a vasilha que Alix havia trazido algumas horas antes. — O que é sopa?

Ele deveria ser estrangeiro ou algo do tipo, mas não possuía sotaque nenhum. Como era possível que não soubesse o que sopa significava? Ri baixo enquanto esquentava uma porção para que Wade comesse.

— É uma delícia, acho que você vai gostar. – Respondi e esquentei a porção, e fiz com que ele se sentasse na mesa bagunçada com minhas dezenas de coisas do trabalho. — Desculpe a bagunça, acabei de chegar do trabalho. – tentei desviar sua atenção do folheto do aquário que jazia esquecido em cima da mesa.

Droga, eu devia ter pelo menos dado uma arrumada em minha bagunça antes de convidar um completo desconhecido para entrar em minha casa.

Wade pegou a colher como se aquilo fosse um objeto desconhecido e a analisou por tempo demais. Deixei-o confortável e me direcionei para a cozinha, observando-o de longe. Wade pegou a colher, mergulhou-a no líquido do pote e quando ele terminou de engolir a colherada, seus olhos se arregalaram.

Ele segurou o pote com as duas mãos e sem a ajuda da colher, entornou a sopa inteira goela abaixo. Soltei um riso baixo. Ele definitivamente estava com fome, isso era irrefutável.

Enchi um copo de água e outro de suco, não sabendo qual ele preferiria e me direcionei até a cadeira postada no lugar à sua frente. Wade me olhou quando baixou o pote, e segurou o copo de água que eu coloquei entre nós, sorvendo-o em um só gole.

— Obrigado. – ele sussurrou, limpando a boca com a parte de trás da mão bronzeada.

Na luz da sala de jantar, era possível ver a cor de seus olhos oscilarem entre um verde claro e uma mistura de azul. Era como se eu estivesse encarando o oceano por uns instantes.

Saí do transe e sorri, completamente ruborizada e envergonhada. É feio ficar encarando, Nerissa, podia ouvir minha mãe me dizer no meu subconsciente, e tive vontade de me esconder atrás de minhas mãos.

— Acredito que esteja cansado, deite-se no sofá, vou trazer algumas cobertas. – indiquei a sala para Wade e ele se levantou da cadeira com cuidado.

Wade era alto, mais alto do que a maioria dos homens que eu conhecia, talvez beirasse os seus 1,92m. Ele era tão alto, que quando se sentou em meu sofá, eu percebi que ele se destoava completamente dos móveis compactos de minha casa.

Puxei uma alavanca do lado do sofá, e as pernas retráteis subiram, deixando-o com quase o dobro do tamanho. Wade tomou um susto e se agarrou na almofada de concha que eu tinha de decoração, arregalando os olhos em temor.

— Desculpe por ter te assustado. – tentei amenizar a situação e ri. — Vou pegar alguns cobertores. Fique à vontade.

Era óbvio que eu não tinha lhe dito “fique à vontade” de verdade. Eu só queria ser cordial.

Mas a verdade é que parte de mim estava aterrorizada de pensar na possibilidade de um homem estranho dentro da minha casa, tão perto de minha gaveta de facas profissionais na cozinha.

E se ele fosse um psicopata?

Na mesma rapidez que meu coração começou a bater descompassado, uma onda de calmaria tomou-me por completo. Como seria possível algo assim?

Peguei dois cobertores grandes, sabendo que Wade talvez não usasse nenhum deles por causa do calor que fazia, e quando cheguei na sala ele já estava dormindo, agarrado em minha almofada de concha, com os pés pendendo para fora do sofá. Ele era um completo desconhecido, como seria possível ter tanta certeza da boa fé de alguém, sem nunca nem ao menos ter visto essa pessoa antes?

Suspirei e me deixei escorregar pela parede que dava acesso ao corredor, tendo plena visão de Wade dormindo.

Quem era aquele homem, e por que eu sentia necessidade de protegê-lo?

A tranca da porta girou algumas vezes, anunciando que meu irmão havia acabado de chegar em casa, e meu peito apertou. Merda, o que é que eu falaria para ele? Me levantei segurando os cobertores firmemente contra o peito, sentindo meu coração praticamente pular pela boca.

Definitivamente não era uma opção esconder Wade embaixo dos cobertores, ou fingir que ele não estava ali.

— Nessa, cheguei… - Kai disse, tirando os sapatos e levando-os diretamente para nosso armário de casacos. Ele me olhou com um dos sorrisos mais bonitos que eu já havia visto. — Você não faz ideia do que encontrei na praia hoje!

Sua voz estava tão animada, seria uma pena se algum desconhecido dormindo em nosso sofá, cortasse 100% de sua animação. Kai se aproximou de mim e me deu um beijo na testa, pronto para se sentar no sofá e então seus olhos se arregalaram.

— Mas que droga é essa?! - Kai exclamou quando chegou na sala.

— Lanikai, mantenha a voz baixa, pelo amor de Deus. - puxei sua orelha em direção para a cozinha e larguei os cobertores na ilha, apoiando meus cotovelos na bancada de mármore fria, respirando fundo antes de começar a explicar toda aquela situação para meu irmão. — Eu o encontrei na praia desacordado…

— Nerissa, você só pode estar de brincadeira comigo! - Kai esbravejou, interrompendo-me. — Trazer um homem desconhecido para dentro de nossa casa, quando não estou aqui, é pura burrice!

Me encolhi.

Kai estava certo, em alguns aspectos. Na maioria deles, na verdade. Meu irmão era faixa preta em Jiu-jitsu, o máximo que eu sabia fazer era me defender com o spray de pimenta.

Dizer que meu irmão estava bravo, era pouco. Kai estava lívido comigo. Sua expressão mortal já denunciava sua irritação.

Como eu poderia explicar para ele que aquele desconhecido não era o vilão, mesmo sem ter trocado mais do que duas frases com aquele homem?

Eu sentia que ele precisava da minha ajuda. Era incontrolável.

Meu irmão suspirou pesado, ainda muito irritado e tentando se acalmar e me abraçou.

— Você faz cada burrice, que é impossível de acreditar. - sua voz soou em meus ouvidos, e eu ri sem humor algum. Ele me soltou e cruzou os braços em cima do peito. — É sério, Nessa. Pelo menos escondeu as facas da cozinha?

Balancei a cabeça negativamente e meu irmão me deu um tapa na cabeça.

— Ei!

— Ei, uma ova! É assim que as pessoas morrem nos filmes de terror! Você saberia disso se assistisse alguns, sua anta! — Kai praticamente gritou e eu tampei sua boca.

— Faça silêncio, ele vai acordar.

— Ah, claro! Vamos fazer silêncio pro assassino não acordar de seu sono de beleza em nosso sofá! - Kai ficou emburrado, fazendo beicinho igual quando era criança e eu ri. — Eu juro, Nerissa, se eu acordar amanhã cedo e eu estiver morto, te mato.

Kai saiu da cozinha e foi em direção ao seu quarto, se trancando lá dentro. Eu quis rir, mas meu humor havia ido por água abaixo.

Eu sabia que meu irmão tinha razão. Ter um homem desconhecido dentro de casa era muito perigoso, ainda mais na região turística em que morávamos.

Mas eu não conseguia ignorar o fato de que Wade parecia precisar de verdade da minha ajuda. Era como se meu subconsciente conhecesse aquele homem, mesmo que eu não soubesse de nada.

Caminhei até a varanda, sentindo a brisa que vinha do mar bater delicadamente em meu rosto. Abracei meus ombros e me sentei na pequena poltrona, aconchegando minhas pernas em direção ao peito, tentando fazer-me o mais confortável possível, numa posição praticamente impossível.

Dei mais uma olhada em direção a Wade e sorri. Ele dormia pacificamente, com a expressão tranquila, os lábios levemente entreabertos.

Eu ainda não entendia o que me levara a ajudar aquele homem, mas esperava não me arrepender daquela decisão.


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Notas finais do capítulo

Continua?



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