happily ever after. escrita por unalternagi


Capítulo 18
Não leve meu raio de sol para longe


Notas iniciais do capítulo

Ainda tem alguém aqui?



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Capítulo 18 – Não leve meu raio de sol para longe

|EMMETT|

Passei dias sentindo o peso do segredo em minhas costas, foram semanas até que eu conseguisse encarar Rosalie nos olhos. Assumir para mim mesmo que eu estava omitindo algo daquele tamanho dela era dolorido porque nossa nova relação era completamente construída em cima de bases fortes de sinceridade e verdades. Eu perdi muito da última vez que não fui sincero com ela.

Desliguei o liquidificador jogando a vitamina no copo garantindo que ela tivesse uma alimentação nutritiva, tentando controlar o que eu poderia, aquela era a parte que ela nunca teria que duvidar, eu sempre tentaria fazer o melhor por ela, por eles.

Respirei fundo tentando deixar meu rosto sereno, achei estranho que Rosalie ainda não tivesse me seguido para a cozinha, tagarelando sobre os mais diversos assuntos. Ultimamente era quase a sua missão deixar o clima entre nós dois leve. Ela deveria ainda se sentir culpada por nosso desentendimento no começo do mês, mesmo depois de eu dizer, mais de uma vez, que tudo estava bem. Pelo menos naquele sentido estava. O pecado dela de falar demais não ultrapassava o meu de falar de menos.

Fui para a sala, mas o copo escorregou da minha mão no momento que a vi se abaixando enquanto o telefone caía ao seu lado. Pisei em cima da vitamina ao chão para chegar nela e a levantei para ela não engasgar no momento seguinte.

A barriga grande de minha Rose impediu que eu a abraçasse de melhor forma, mas não me importei com o vômito que ela acertou em mim, coloquei o Puket na frente dela no momento seguinte e comecei a acariciar suas costas.

Reparei na tremedeira nas mãos dela e logo seu corpo convulsionava em soluços sofridos e lágrimas grossas se misturavam com seu almoço dentro do balde.

—Fala para mim o que houve, Rose, por favor, preciso que converse comigo – supliquei ainda a acariciando e ela chorou mais, parecia que sofria e aquilo estava me cortando.

Que se danasse o mundo todinho.

Abracei-a, mesmo que ela estivesse suja, eu mesmo já o estava. Ela respirava devagar, ao menos o vômito foi cortado, mas eu aguentaria um rio de comida mastigada se significasse que ela pararia de chorar, aquilo eu não conseguia aguentar.

—Jasper – ela sussurrou e meu coração parou por meio minuto antes de acelerar insanamente.

—Fala comigo, pelo amor de Deus, fala o que aconteceu – pedi aflito.

—Jasper – ela repetiu chorando – Emmett, o Jasper... – ela conseguiu falar antes de voltar a vomitar.

—Calma, respira fundo – pedi a abraçando.

Do que ela falava? Como ela sabia? Encarei o telefone caído ao lado do sofá e eu quis me chutar por tamanha estupidez. Por que mandariam uma carta com a facilidade que teriam em ligar?

Eu estava preso em minha autoflagelação quando Rosalie puxou um ar forte para o pulmão e conseguiu dizer: - Era o exército. Emm, eles disseram que o meu irmão está morto – ela afirmou voltando a chorar audivelmente e me separei dela, assustado.

John havia garantido que tudo ficaria bem, Edward confiou na promessa de Jasper. Ele não poderia estar morto.

—Não pode ser – supliquei, falando mais comigo mesmo do que com ela, mas ela não se importou.

—Ligaram querendo falar com Alice, Met, eles disseram sobre o enterro de Jasper – ela chorou – Emm, ele não pode estar morto, como o estaria assim? De repente... – voltou a soluçar e eu a peguei no colo, desesperado como ela.

Desviei do monstro do pessimismo que tentou abraçar-me. Eu tinha que cuidar de uma coisa por vez e, bem agora, a mãe do meu filho não poderia passar por emoções fortes assim e ela tinha que comer.

Um problema por vez.

Com cuidado, peguei Rosalie no colo e a levei até o banheiro de sua casa. Tínhamos que nos banhar e, sem malícia alguma, comecei a retirar a roupa suja dela e liguei o chuveiro. Ela não se importou, entrou como pedi e tomou cuidado com a barriga e a falta de coordenação que ela trouxe.

Tirei minha roupa com pressa ao ter certeza que teríamos toalhas para nós lá dentro, então entrei no box com ela, começando a limpá-la da forma mais delicada e carinhosa que consegui. Lavei os cabelos dela com o shampoo que achei e o meu com o mesmo, retirando os resíduos que tinham ali.

Minha mente bombeava coisas, não conseguia falar nada para Rosalie, ela chorava e falava coisas sem sentido, pedia para eu falar para ela que era mentira, que não tinha como ter acontecido aquilo, que não tinha o porquê, que a notícia era infundada. Mas não o era e eu não ia mais mentir para ela. Contentei-me em falar o que eu sabia e queria que ela soubesse:

—Estou aqui e eu te amo, vai ficar tudo bem – falei calmamente e ela abraçou-me debaixo do chuveiro.

Ela tinha que comer, então deveria tirar um cochilo. Eu não conseguiria trabalhar hoje, então tinha que ligar para o restaurante e avisar sobre a minha ausência, por fim, eu tinha que limpar a bagunça que estava na sala.

A racionalidade era o que me mantinha são, eu tinha o que fazer, eu não poderia entregar-me ao pessimismo.

Terminamos o banho e a enrolei numa das toalhas que tinham ali, sequei-me com outra e segui com ela para o quarto. Coloquei a mesma cueca que eu vestia antes e peguei uma samba-canção e camiseta de Edward que estavam ali e Bella usava como pijama, eventualmente.

Ajudei Rose a colocar o pijama também, mesmo que fossem quatro horas da tarde, não sairíamos mais de casa por hoje, decidi sozinho.

Apressado, eu fui para a cozinha e peguei o resto da vitamina que ainda tinha no liquidificador, entreguei o copo para Rosalie e a assisti tomar tudo, com calma. Rose precisava descansar e eu precisava decidir o que fazer com toda aquela bagunça, mas não conseguia a deixar sozinha e ela também parecia não querer aquilo quando me puxou para deitar com ela e segurou firme na camiseta que eu usava.

—Preciso que me fale que é um engano, que ele está vivo e que voltará, Emm, ele não pode morrer. Eu não consigo sem o Jazz, Emm – ela chorava e eu suspirei baixinho, querendo chorar pelo mesmo motivo que ela soluçava, mas sem me permitir.

—Olha para mim, ursinha – pedi e ela o fez – Eu amo você, não sei o que a ligação significou, eu vou resolver tudo com Alice quando ela chegar, mas, bem agora, eu preciso que você descanse, sim? Pensa no nosso filho, anjo – pedi quase suplicante de mais.

Não me pede mais para mentir, pensei amargurado.

Ela fungou, assentindo. Colocou a mão na barriga antes de puxar a minha para o mesmo lugar.

—Fala com ele, Emm, fala que vamos ficar bem – ela pediu ainda chorosa, mas parecendo mais sonolenta.

Beijei o nariz e lábios dela antes de abaixar perto da barriga avantajada de Rose.

—Amor da vida do papai, filho, nós vamos ficar bem – prometi – A mamãe ficará bem e tudo irá dar certo, mas você tem que continuar aí, filho. Cuida da mamãe, se cuida, fica quietinho e descansa também, está bem? Eu te amo, raio de sol – falei castamente e olhei para Rose que sorria amorosamente para mim.

Deitei ao lado dela e cantei a música do Tarzan, a música que cantávamos sempre para o bebê porque Rose começou a chama-lo de macaquinho desde que ele começou a se movimentar tanto, então a música parecia perfeita e eu gostava de já ter uma cantiga de ninar para cantar para ele.

Rosalie dormiu depois de quase uma hora, mas dormiu. Avisei o restaurante sobre a minha falta, então fui para o banheiro e peguei nossas roupas e coloquei na máquina para lavar junto com algumas roupas que já estavam lá dentro. Voltei para a sala com os produtos de limpeza e comecei a recolher o copo quebrado e toda a bagunça que estava lá, foi como Alice me encontrou.

—Gente, você está muito confortável aqui, não está dando não – ela riu.

Fiz careta, não queria que ela chegasse antes de Edward.

—O que foi? Estou brincando – ela riu – O que aconteceu aqui? – ela perguntou reparando a leve zona que ainda estava na sala.

—Não senta no sofá – avisei antes de ser tarde de mais – Rose lavou a sala de vômito – eu contei levando o Puket para o banheiro.

—O que houve? Ela estava tão melhor – Alice comentou e eu suspirei.

—Lice, aconteceu uma coisa – falei sério lavando o Puket no chuveiro.

—Emm, sinceramente, ela já vomitou no meu cabelo, se foi alguma roupa, apenas lave antes de eu ver – ela disse sorridente, lavando as mãos e saindo do banheiro.

Suspirei com pesar e terminei o Puket antes de voltar para a sala.

Passei um produto no sofá esperando que fosse o bastante, não vi Alice e agradeci porque, enquanto eu pudesse evitar o assunto, eu queria.

—Fala. O que foi? Acabei de colocar as roupas para secar e não vi nada meu ali – ela disse se sentando na poltrona, com o rosto mais desconfiado.

Coloquei os produtos de canto e virei para a baixinha, esperando que algo do além me tirasse daquela conversa.

—Alice, John me ligou no começo do mês – falei sério, sentando no braço do sofá – Ele disse que o exército ligou, parece que Jasper estava em uma missão e o avião foi atacado...

—Por que só estou escutando sobre isso agora? – ela disse já sem humor algum.

—Desculpa, mesmo. Não queríamos preocupa-las com essa falta de informações-

—Emmett, não me venha com esse tipo de conversa.

—Só me deixe terminar – pedi, sabendo que eu não aguentaria aquela informação guardada por mais tanto tempo, eu estava muito preocupado com meu irmão – Rosalie atendeu uma ligação hoje do-

—EMMETT – escutei Rosalie gritar alto, parecia aflita.

Tudo saiu da minha mente quando a voz atingiu meu cérebro. A aflição triplicou e corri para o quarto com Alice me seguindo um momento mais tarde, escutei a porta da casa das meninas abrir.

—EMMETT, EMMETT – Rosalie gritava sem parar e eu cheguei lá, escancarando a porta.

Rosalie chorava, sentada na cama. As pernas dobradas meio abertas e ela segurava o lençol para cima.

—Ei, não tem problema – falei mais tranquilo.

Por que ela chorava tanto? Eu limparia aquilo tão rápido.

—Não é xixi, Emmett, é a minha bolsa – ela falou completamente desesperada e foi como eu fiquei também, no momento seguinte.

Não tinha nem a visto chegar, só reparei na presença de Bella no momento em que ela passou por mim tirando os lençóis de cima de Rosalie e apalpando, sem nojo algum, o líquido que manchava o lençol claro da cama das meninas, ela cheirou as mãos.

—Foi agora? – Bella perguntou e Rosalie assentiu de pronto – Está sentindo dores? – Bella indagou séria, Rose assentiu – Vai se trocar – Bella disse virando para mim antes de sair do quarto.

Olhei para Rosalie que chorava, mas Alice ainda estava irritada comigo e empurrou-me para fora.

—Continuamos nossa conversa depois, eu fico com ela, agora vaza daqui e obedece a sua irmã – a baixinha disse impaciente.

Apressei-me para casa e, acredito que nunca me troquei tão rápido na minha vida. Peguei meus documentos e corri para a casa das meninas. Chequei a mala do meu filho, olhando ao redor do quarto vendo-o incompleto. Ainda não estávamos prontos, ele também ainda não estava. O que estava acontecendo?

Alice tinha que terminar de desenhar nas paredes, nós tínhamos que escolher a roupa que ele sairia do hospital e Bella estava estudando recém-nascidos. Ainda não estávamos prontos.

—EMMETT – Alice gritou do quarto delas e eu fui para lá, não aceitando pegar as coisas do bebê. Ainda não estava na hora.

—O que? – perguntei meio aéreo.

Bella me olhou com os olhos em fenda, provavelmente repreendendo minha falta de foco.

—Henri, Emm. Henri não está pronto, eu não estou – Rose chorava, já trocada.

Bella a apoiava e eu corri pegando-a no colo.

Eu também não estou.

—Vai ficar tudo bem, não é nada – falei contrariando minha mente.

—O doutor Thompson está nos esperando – Bella avisou e Alice estava no celular, pedindo um Uber, eu esperava.

Saí com Alice em meu enlaço e Rosalie no colo. Decidi não perceber que Bella logo nos seguia e estava com a mala do bebê no ombro.

—O que houve crianças? – Marcus perguntou aflito.

—Meu bebê, vô – Rosalie chorava copiosamente e eu estava ficando louco.

Fazia horas que ela não parava de chorar, eu já não aguentava minha impotência naquele assunto. O que eu tinha que fazer para ajuda-la a parar de chorar?

Alice segurou a porta do prédio aberta para mim e eu fui para fora. Bella conversava com Marcus e então saiu simultânea com o carro que parou na nossa frente.

Rosalie soluçava initerruptamente. Minha sanidade estava indo para o saco.

As respirações que aprendemos nas classes de maternidade foram completamente inúteis.

Por que é que aquilo estava acontecendo com a gente?

—Emm, e Jazz? Você falou com Alice? – perguntou Rose de repente e eu quis começar a chorar.

—Tenho mais o que saber? Foi isso o que te fez ter essa crise? – perguntou Alice virando para trás, já que estava no banco da frente.

Rosalie chorou mais e eu suspirei.

—Eu vou falar para Edward conversar com você – falei simplesmente.

Eu não queria, podia, nem iria lidar com aquilo, não naquele momento.

Alice virou para frente e reparei nela mexendo no cabelo de forma doida, como ela e Edward faziam sempre que estavam ansiosos ou nervosos, do mesmo jeito que eu já reparara que tio Carlisle também fazia.

Será que meu filho teria manias minhas também? Meu filho.

Abracei Rosalie mais forte, a segurei mais firme, como se aquilo mantivesse Henri na barriga dela. Henri.

—Temos o nome do bebê? – perguntei e Rosalie me lançou o primeiro sorriso em tempo de mais.

—Henri Hale-Swan, não parece bom? – perguntou sorrindo de canto e eu assenti.

Os sobrenomes com hífen nós tínhamos concordado logo no começo da gestação, os dois queríamos ter parte no nome dele.

Na parte leste do hospital, senti como se nenhum raio de sol conseguisse nos encontrar. A tarde chegava ao fim e a noite que chegava já mostrava sinais de que seria a pior da minha vida.

Assim que descemos do carro, Rosalie vomitou no canteiro do hospital e Bella, sem parar, e com a certeza de que eu e Alice cuidaríamos de Rose, entrou no hospital apressada, cuidando do que quer que tivesse combinado com nosso médico por telefone.

Rosalie não parava de vomitar, o doutor Thompson apareceu com uma cadeira de rodas e duas enfermeiras.

—Vamos querida, temos que te medicar – ele disse suavemente e Rosalie voltou a chorar.

Alice e Bella ficaram na sala de espera. Eu entrei com Rosalie no quarto e fiquei com ela por todo o tempo, ajudei-a a colocar a roupa apropriada de hospital, os vi darem medicação e fazerem os exames que o doutor Thompson ministrou.

O sorriso brilhante do nosso médico também não apareceu quando ele saiu do quarto para buscar os resultados urgentes.

Rosalie estava grogue, mas ainda derramava lágrimas.

—Alice tem que resolver as coisas, ver o que...

—Shiu, está tudo bem – sussurrei – Vamos nos concentrar aqui por enquanto? – pedi e ela assentiu, ainda fungando.

Deitei na cama estreita com ela, tendo certeza que ela estava confortável, mesmo que eu não estivesse. Respirei fundo, sentindo o cheiro único dela invadir minhas narinas, então sorri, querendo que tudo ficasse bem. Precisando que tudo ficasse bem.

Passamos um tempo em silêncio, até que voltei a cantar a música do Tarzan que tínhamos “dado” ao nosso filho.

Vamos, pare de chorar. Tudo ficará bem. Apenas tome minha mão, segure-a firme— eu sussurrei para Rose, segurando a mão dela, delicadamente – Protegerei você de tudo ao seu redor, eu irei estar aqui. Não chore— supliquei abraçando-a mais forte e ela fez o exato oposto, agarrando-me e chorando ainda mais.

O doutor Thompson entrou com o rosto sério de mais e puxou a cadeira para mais perto.

—Temos doze horas para trazer o bebê – falou sério e objetivo.

—O que? – perguntei ansioso e preocupado.

—Os pulmões não estão prontos ainda, Rosalie já tomou a vacina que ajuda nisso, mas ele não vai aguentar muito mais tempo aí dentro, o líquido amniótico não vai parar de vazar e, se dentro de doze horas, ele não nascer, poderá entrar em sofrimento e Rosalie entra no risco com ele – o doutor disse profissionalmente.

—Ainda não está na hora – Rosalie chorou.

—Ei, querida, Rosie – o doutor começou se levantando – Tenho alguns prematuros uma vez ou outra, o probleminha do pulmão dele será resolvido. Não será fácil, mas confie em mim, sim? Vocês dois vão ficar bem, só precisa se manter forte pelas próximas horas.

—E meu parto humanizado? – ela perguntou ansiosa.

Tínhamos decidido tudo. Deixaríamos Henri querer vir, ele nasceria de forma natural e da forma menos traumática possível, mas o rosto do doutor me mostrou que nada iria acontecer como queríamos.

—Terá que ser uma cesárea, querida, você não aguenta o normal e, temo que nem o bebê.

—Henri – o corrigi e ele me olhou, surpreso – O nome do bebê é Henri – falei e ele sorriu de canto.

—É um belo nome, alguma mãe disse-me que significa “guerreiro” – ele sorriu se levantando – Coma, tente se acalmar. Poderá receber visitas logo, mas primeiro preciso de sua calma – ele voltou a dizer e assentimos.

A enfermeira veio, então falei que avisaria ao pessoal sobre tudo.

Reparei que algumas horas tinham se passado desde que chegamos ao hospital. Eu já tinha ligado para Edward e contado tudo, falado que ele precisava contar para Bella e Alice e não tinha escutado dos três desde àquela hora, então fui checar se tudo estava bem e os encontrei chorando abraçados na sala de espera.

—Ei – anunciei a minha chegada.

Os três se levantaram quase que simultaneamente.

—O que foi? – Bella perguntou cuidadosa.

—O bebê não vai aguentar esperar mais, nem mesmo Rose, então faremos o parto dentro das próximas doze horas. Será cesárea, mas tudo ficará bem – falei mostrando a confiança que eu gostaria de estar sentindo.

—Emmett, o que Rosalie disse sobre a ligação que recebeu? – Alice perguntou, ansiosa.

Escondi meu rosto nas mãos e respirei fundo, antes de voltar a encarar Alice. Além de tudo o que eu tinha com Rosalie e Henri, ainda havia a grande questão de Jasper.

—Tudo o que ela conseguiu contar para mim foi o que eu disse para o Edward, eu juro.

Alice estava séria, mas assentiu. Não parecia brava comigo, apenas calculista, tentando entender e juntar as informações que nós mesmos confundíamos.

Um barulho alto soou e Bella tirou o celular do bolso traseiro de sua calça.

—Papai está vindo para cá – Bella avisou encarando o aparelho – Todos estão, na verdade, devem chegar lá para a meia-noite – ela avisou e eu assenti.

Meu filho tinha até às sete da manhã para nascer, aparentemente, então eles viriam para o parto. Avisei sobre as visitas e falei para ficarem espertos com o celular.

As horas passaram mais rápido do que imaginei.

Rosalie não ficou sozinha nem por um segundo depois que voltei para ela, eu saí para comer. Bella e Alice foram para casa fazer uma mala para Rosalie e Edward ficou com Rose no quarto, conversando e a distraindo de tudo. Tudo. Todos os infortúnios das últimas horas.

—Vai estar no parto? – o doutor Thompson perguntou quando nos encontramos no corredor.

—Posso? Por favor – pedi e ele assentiu.

—Temo que separá-los deixará ela ainda mais nervosa, mas você precisa ser forte, Emmett. Você não pode ser um empecilho para mim, eu falo sério. Rosalie e Henri são a minha prioridade.

—As únicas que quero que tenha.

Ele assentiu e entramos no quarto. Rose já estava cercada por nossos três irmãos e sorriu ao me ver.

—Achei que, finalmente, tinha fugido de nós – ela brincou e eu gostei que o tivesse feito, mas eu não me sentia leve para brincar.

Bella, Allie e Ed foram expulsos, educadamente, do quarto e se despediram de Rosalie tentando passar força para ela, palavras que eu já não conseguiria repetir. Alice estava sendo incrível para mim, todos estavam, mas ela, mais do que ninguém, deveria estar morrendo com toda essa história de Jasper e, ainda assim, se segurava e mantinha o sorriso brilhante dela para a minha Rose.

Não é que eu mesmo não estivesse morrendo por Jazz, mas estava concentrado na parte da preocupação que eu tinha controle. De Jasper não tínhamos nada além do que o que Rosalie conseguiu me falar em adição ao que John tinha dito no começo do mês, nada era concreto. Mas Rosalie e meu filho estavam em um perigo bem exposto.

—Canta aquela do Johnny Cash? – Rose pediu quando ficamos sozinhos no quarto.

Reparei que ela estava quase dormindo, o doutor avisou da sonolência que as injeções davam.

—Qual música?

—A do raio de sol – ela sorriu.

Deitei perto dela de novo e comecei a acariciar sua barriga de forma ritmada.

Outra noite, querido, enquanto deitava dormindo, sonhei que eu o segurava em meus braços. Quando eu acordei, querido, estava enganado então abaixei minha cabeça e chorei— murmurei com a garganta arranhando, Rose começou a ressonar baixinho – Você é meu raio de sol, meu único raio de sol. Você me faz feliz quando o céu está cinza. Você nunca saberá, querido, o quanto eu o amo. Por favor, não leve meu raio de sol para longe.

.

|ROSALIE|

Acordei com uma movimentação estranha, olhei ao redor e a cama se movia. Onde estava Emmett?

—Emm... – chamei grogue.

—Está tudo bem, querida, o pai foi se vestir apropriadamente para o parto – escutei alguém dizer e eu assenti, ou achei que sim. Minha mão foi para a minha barriga grande, mas não imensa como achei que ficaria e, agora, sabia que nunca ficaria.

Suspirei com o pensamento e pisquei pesado, senti uma mão na minha e sorri antes de abrir meus olhos, encontrando o mar verde que esperava.

—Oi, mamãe, pronta para conhecer seu bebê? – Emm perguntou sorridente.

—Ele já nasceu? – indaguei surpresa e ele sorriu, negando.

—Ainda não, eles estão se preparando para isso – contou e prestei mais atenção na sala de cirurgia.

Vi o doutor Thompson escondido por trás da máscara padrão, muitas pessoas no recinto, mais do que eu esperava. Imaginei se seria traumático demais para o meu filho, mas eu cuidaria dos traumas depois, primeiro eu precisava tê-lo aqui comigo.

Suspirei e fechei os olhos percebendo que estavam pesados e que eu já não sentia nada. Pensei, com humor, em quando Jasper disse que não queria sentir – pela conexão de gêmeos – a dor do parto e pensar nele fez o nó que estava instalado em minha garganta voltar.

—Emm – chamei baixinho, forçando meus olhos a se abrirem.

—Pode falar, meu anjo – ele disse docemente.

—Sabe de algo de Jasper? – perguntei.

—Ainda não, Rosie, estamos focando em vocês primeiro. Nossos pais estão aí, John e Alice vão amanhã ver tudo isso e a gente vai ficar sabendo de tudo, podemos deixar isso como o bastante por enquanto? – pediu e eu assenti, pensando que era o melhor a se fazer, até que algo passou em minha mente.

E se Jasper estivesse mesmo morto? E se meu filho nunca conhecesse o tio dele?

—Emm – chamei novamente e ele sorriu.

—Estou te ouvindo, Rose.

—Sei que tínhamos concordado em não dar nome do meio para Henri, mas posso mudar de ideia? – pedi insegura e ele sorriu, docemente.

—É claro que pode – falou calmo, acariciando o meu cabelo.

—Quero que ele se chame Henri Jasper Hale-Swan.

—Comprido – Emm comentou.

—Não gostou?

—Adorei, podemos ter Henri Jasper – ele disse e eu sorri mais amplamente.

Fechei os olhos de novo e parece que mais tempo se passou. Sentia a mão de Emmett aumentar e diminuir a pressão na minha, mas não conseguia manter a consciência do que ele falava, mesmo que ainda o escutasse ao longe, até que ele disse o que eu queria ouvir.

—É ele, Rose – Emmett falou e foi quando senti a mão de Emmett sair da minha.

Com aquilo, muitas coisas começaram a rodar, eu senti-me flutuando e uma ânsia tomou conta de mim. O que era?

—Emm, algo não parece correto – murmurei e percebi que muita gente falava, percebi que Emmett voltou para o meu lado, me segurando.

—Ei, Rose. Rosalie – ele chamava.

Onde estava Henri? Por que eu não escutava seu choro? Não poderia, não poderia tê-lo perdido assim, não depois de tudo o que passamos juntos. Eu precisava do meu macaquinho.

Emmett.

Entre perder Jasper e Henri, tudo o que eu queria era sentir Emmett, mas ele não estava ali e meus sentidos estavam interrompidos. Senti o gosto ruim me subir na garganta e tentei virar para cuspir, mas não conseguia, já não havia uma coisa certa e pensei que eu tinha me enganado.

Eu não era forte o bastante, eu já não conseguia lutar.


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