happily ever after. escrita por unalternagi


Capítulo 13
Amor teimoso


Notas iniciais do capítulo

Olá, bom dia!

O capítulo de hoje é um moldador para o futuro da família que se forma pelo ponto de vista da mamãe, espero que vocês gostem!



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Capítulo 13 – Amor teimoso

|ROSALIE|

Os dias corriam, os enjoos vinham e passavam. 

Houve alguns dias em que fui para o hospital e, em um desses, o Doutor Laurent até me deu um atestado para repouso completo, mas me cuidei e logo voltei para a correria de estudar e vomitar muito, mas sem nunca conseguir realmente reclamar da minha situação. 

Não conseguia reclamar porque eu sabia que, mesmo com as dificuldades, eu era uma privilegiada de ter alguém com quem dividir tudo aquilo.

Como que para reforçar os meus devaneios, Emmett estava me esperando do lado de fora da minha sala de aula. Ele sempre me deixava na frente da primeira classe e me buscava na frente da última e eu poderia passar horas tentando descrever o que aquilo fazia-me sentir, mas acho que eu nunca seria capaz.

—Oi, bolinha – ele brincou e eu bufei.

—Quem dera que eu estivesse uma bolinha. Seu filho é tímido, não quer aparecer nem com a mamãe pedindo tanto – murmurei e ele sorriu beijando minha cabeça.

—Ele vai aparecer - Emm prometeu confiante.

Tirou minha mochila do ombro e pegou minha pasta da mão.

—Não parece que eu preciso muito fazer um cocô e não consigo? – perguntei e ele gargalhou alto.

—Achei que tínhamos concordado em parar de chamar o bebê de “barriga de cocô” – ele disse bem humorado.

Fomos até um dos bancos que tinham em frente às classes e ele pegou meu tênis dentro da mochila com que ele andava todos os dias - uma mochila equipada, principalmente com coisas para mim.

Nossas rotinas eram simples. Como normalmente eu tinha que vir bem-vestida para a faculdade, eu vinha de tênis de corrida – aproveitando as caminhadas que fazíamos do metrô para o campus e todo o percurso para fazer exercício físico –, daí ele trazia sapatos confortáveis, mas mais ajeitados para eu calçar quando chegássemos na Columbia e fazia o mesmo quando íamos embora, guardava os bonitos e me dava os de correr.

—Esse sapato não combina com a minha roupa – reclamei e ele sorriu.

—Esse short curto que não combina com a sua roupa, – ele fez careta – o tênis é bonito, é branco, combina com qualquer coisa – disse guardando as sandálias baixas que eu usava um momento antes.

—Você ia entender se estivesse com calor como eu – falei defendendo o meu short. 

Começamos a nos encaminhar para o hospital em que tínhamos marcado o terceiro ultrassom com o doutor Laurent, agora que estávamos na vigésima primeira semana íamos fazer o penúltimo ultrassom, ter mais certeza do sexo do bebê e verificar qualquer risco de má formação e de doença genética, verificar as condições da placenta e do líquido amniótico. Era por isso que eu não conseguia parar de estalar os dedos.

—Qual é o problema? – Emmett perguntou preocupado.

Começou a revirar minha mochila – que ele carregava – e tirou de lá uma barrinha de cereal que aceitei de bom grado já que estava sentindo uma fominha – talvez provinda da ansiedade já que não fazia tanto tempo que eu tinha me alimentado.

—Estou só preocupada, não quero que esse exame acuse nada – falei sincera e ele suspirou, segurou minha mão beijando o meu rosto.

—Não vai, nossa banana está bem – ele falou e eu ri.

Eu achava uma graça essa obsessão dele com o tamanho do nosso filho. Toda semana ele deixava uma representação do bebê na mesa de centro do meu apartamento e das meninas até o neném crescer mais um pouco e ele substituir o objeto.

Ele me entregou uma garrafa de água e colocou o papel da barrinha no bolso de sua calça.

—Quer ser distraída? – perguntou e eu assenti de pronto – Que ótimo porque queria logo dividir isso, acho que vou conseguir um emprego em um restaurante, vou ganhar um pouco menos, mas tudo o que vou aprender... Estou tão animado – contou e eu sorri o abraçando quando paramos esperando o sinal de pedestres abrir.

—Parabéns, ursão – falei, percebendo que usei o apelido que dei a ele quando namorávamos.

Agi como eu sempre agia quando falava de mais: fazia a egípcia e fingia que não tinha dito nada de extraordinário. Ele então me contou que o restaurante era mais perto da nossa casa e que ele seria auxiliar de cozinha, mas ainda não estava nada certo, ele tinha mandado o currículo e tinham ligado para ele naquela manhã para agendar uma entrevista.

—E quando vai ser? – perguntei super animada.

—Na quinta-feira da semana que vem, minha próxima folga – falou e eu assenti.

—Isso é ótimo, Emm – falei e ele sorriu beijando minha mão que estava entrelaçada com a dele.

Entramos no hospital e fui esvaziar minha bexiga, aproveitar e ajeitar meu cabelo. Depois seguimos para a ala obstétrica e sorri vendo um monte de grávidas ali, às vezes parecia que eu era a única no mundo todo.

—Você toma essa? Está fresca – Emm disse me entregando um copo com água e eu ri, bebendo. Ele bebeu a que tinha pego para ele, então juntou os copos – Vou ali só avisar que chegamos, estica um pouco suas pernas – sugeriu.

—Para de ser neurótico, vai avisar que chegamos – falei e ele bufou, odiava quando eu não acatava as sugestões dele.

Assim que ele foi para o balcão de recepção eu estiquei um pouco as pernas e escutei uma risadinha perto de mim, era um homem bem apessoado com uma linda mulher muito grávida ao lado.

—Não estou rindo de você não, é a situação. Ela é igualzinha – ele comentou e eu sorri.

—Acham que porque estamos grávidas somos burras né, como se não soubéssemos que temos que fazer certas coisas – ela murmurou e eu ri.

—Nem me fala – bufei e então estiquei a mão – Sou Rosalie.

—Sou Cindy, esse é meu marido Dean – ela sorriu simpática.

—Quantas semanas? – perguntei curiosa.

—Ah, trinta e duas – ela falou colocando a mão no barrigão – Só mais dois meses e conhecerei minha lutadora de kung fu  – falou amorosamente. 

Fiquei com inveja que ela já sentisse a bebê dela mexer já que eu ainda não sentia nada. Começamos a conversar, eles eram muito gentis, a nenê se chamaria Frankie e eu contei que ainda não sabíamos o nome do nosso menino.

—De quantas semanas você está?

—Vinte e uma – contei e ela pareceu surpresa.

—Sua barriga não diz – ela sorriu e eu fiz uma careta.

—Eu sei – reclamei.

—Dez minutos – Emmett falou não percebendo o casal conversando comigo.

—Emm, esses são Cindy e Dean, eles terão uma menina, Frankie, dentro de oito semanas já – contei e ele sorriu.

Emmett adorava conversar nos consultórios, então se sentou ao meu lado, segurando minha mão quase que instintivamente.

—Lindo o nome da bebê, é um prazer conhece-los.

Ficamos naquele papo por um tempo. Cindy confessou que, no começo, confundiu os chutes de Frankie com gases e eu ri dizendo que sentia muito daqueles, foi quando Emmett se animou dizendo que poderiam ser chutes.

—Vocês são uma graça juntos, quantos anos têm? – Cindy perguntou.

—Tenho dezoito, dezenove em duas semanas – contei – Ele acabou de completar vinte e dois.

—Caramba, são novos. Vocês são casados? – Dean indagou.

—Não – Emm disse rapidamente.

—E quando é o grande dia? – Cindy perguntou e Dean a olhou repreendendo-a.

—Ah, não. A gente não está junto – Emm sorriu amplamente.

Aquilo me magoou. 

Não era porque ele tinha dito aquilo, nem porque sorriu grande demais depois de dizer – quer dizer, talvez essas coisas tenham contribuído –, mas meu problema foi com a consciência de que, realmente, não tínhamos nada e provavelmente, assim que o bebê estivesse fora da minha barriga, Emmett estaria menos presente na minha vida.

—Desculpa – Cindy disse rapidamente.

—Imagina, não tem problema algum. Sou o pai desse meninão mesmo, mas essa loirinha aqui não me dá condição – Emmett brincou e eu bufei.

Cindy e Dean foram chamados, se despedindo de nós e desejei todo o melhor para eles e a bebê. Não demorou muito para que o doutor Laurent nos chamasse.

—Como estão os papais mais divertidos que conheço? – ele perguntou.

—A mamãe, teimosa, o papai muito bem e orgulhoso de te contar que meu filho tem o tamanho de uma banana – Emmett falou e o doutor riu.

—Vamos ver se você está certo? – sugeriu e eu sorri, animada – Rose, o avental está no banheiro.

Fui para lá e coloquei a roupa apropriada, Emmett me ajudou a subir na maca e então o doutor arrumou as coisas e passou o gel frio na minha barriga, não demorou para vermos os borrões que me faziam chorar sempre que eu os via.

As batidas do coração dele eram tudo o que eu escutava, ele estava bem e protegido dentro de mim. Eu o amava tanto.

—Olha aqui, esse é o pênis do filho de vocês – o doutor mostrou confirmando o sexo, de novo.

Escutei o soluço disfarçado de Emm e olhei para ele sorrindo. Ele limpou minhas lágrimas, então voltei a encarar meu filho.

O doutor conversou com a gente e depois mudou algumas coisas e pudemos ver o rostinho do nosso filho com maior clareza, numa cor alaranjada meio estranha, mas conseguimos ver o dedo na boca dele, os olhinhos fechados e o nariz arrebitado igualzinho ao do pai e da tia dele.

Eu fiquei chorando tanto que o doutor me deu uma caixa de lenços.

—Está tudo perfeito com o bebê de vocês, ele já tem nome? – perguntou curioso, mas negamos – Tudo bem, é uma das decisões mais difíceis.

Ficamos conversando. Ele mediu o bebê, e imprimiu algumas fotos para levarmos. Emmett colocou na pasta de exames para não amassar, depois o doutor fez um exame bem chato transvaginal no qual Emmett ficou segurando minha mão beijando meu rosto e conversando para distrair-me, então fomos me pesar.

—Setecentas gramas a mais, desde a semana passada, muito bem – o doutor elogiou.

Comemorei e levantei as duas mãos, Emm bateu nelas para comemorar e o doutor riu de nós dois.

Fui para o banheiro me vestir novamente e encontrei com os dois no consultório.

—Tenho uma sugestão que sempre damos nessa vigésima primeira semana, vocês podem começar a fazer o curso para a hora do parto, sabem? Têm muitos aqui por perto e...

—Eu pesquisei, – Emm falou prontamente – Eu te entrego a pasta  com os finalistas – Emm disse para mim e eu ri.

—Ele é apressado – falei e o doutor riu.

—Emmett sendo Emmett, mas já te falei que isso é ótimo – ele riu escrevendo algumas coisas no computador – Agora, vamos para a parte mais chatinha? – perguntou meio retoricamente, mas Emm e eu assentimos mesmo assim – Medimos o colo do seu útero e, ele não acusa risco de prematuridade – falou e eu sorri, tranquila -, mas eu não posso falar para vocês que não correm o risco, ainda mais com essa hiperêmese, mas vamos nos cuidar, continuando com as consultas quinzenais e tudo o que têm feito, a alimentação está boa e a barriga deve começar a ganhar forma agora, como estamos vendo – ele disse e eu sorri animada.

Conversamos sobre a movimentação do bebê e, por fim, nos despedimos quase uma hora e meia depois de entrarmos no consultório. Emm e eu marcamos a próxima consulta e depois seguimos para um restaurante vegano onde sempre comíamos quando tínhamos consulta, ainda mais essa que atrasou meu almoço.

A garçonete, idiota de sempre, veio nos atender. Emmett era muito simpático e aquilo me irritava, era óbvio que a menina flertava com ele.

—E aí você sabe, pode me chamar para qualquer coisa – ela disse sorrindo de mais e saiu levando nossos cardápios.

—Você não sente falta? – perguntei e ele franziu o cenho, confuso.

—Do que, exatamente? – perguntou interessado.

—De sair, flertar, beijar na boca, transar casualmente... – falei e ele riu.

—Discreta como uma bazuca – murmurou – mas não, pior é que eu não sinto. Estou com outras preocupações em mente – falou e eu bufei.

A garçonete nos trouxe os sucos e saiu.

—Você sente? – perguntou casualmente.

Fiquei pensativa, a verdade é que eu nem tinha pensado nisso. Eu tinha tanto na cabeça entre ser mãe e cursar direito, que eu acho que nem me considerava mais como alguém que poderia sair.

—Ahm, não sei – falei sincera – Eu acho que não e, combinemos, quem vai querer traçar essa vomitenta que está sempre descabelada e com olheiras? – perguntei divertida.

—Você não vê o que faz quando passa na rua né? – ele perguntou rindo e eu o olhei, pedindo para me explicar – Cabeças viram, e sempre vejo marmanjo tentando enxergar se estamos de mãos dadas ou apenas andando lado a lado – falou – Por isso adoro sua nova mania de segurar minha mão – falou apertando nossas mãos entrelaçadas em cima da mesa.

Eu nem reparava para falar a verdade. 

Soltei a mão dele quase como um reflexo e tomei um gole do suco, sentando em cima de minha mão depois para não correr o risco de cair em tentação novamente.

—Você é exagerado – falei e ele riu.

—Queria estar sendo mesmo – ele falou sem tirar a mão de lá -, mas é o efeito Rosalie, desde criança eu lido com ele. E nem acho ruim, eu já fui o cara tendo certeza que sua mão não estava presa na de outro alguém – confessou.

—Lá vem as cantadas baratas – eu ri e ele franziu o nariz.

Mudou de assunto perguntando da faculdade e ficamos presos entre amenidades por um tempão. Falamos sobre os móveis do quarto do bebê já que tínhamos que começar a planejar – já era para estarmos a tempos, mas com todas as emoções dos últimos tempos estava difícil –, Alice comentou sobre uma feira de roupas infantis e estávamos combinando de ir lá, ver se os preços eram mais em conta. 

Almoçamos naquele clima leve que era tão nosso nesses últimos tempos e eu amava tanto.

—Decidiu o que quer fazer no seu aniversário? – ele perguntou.

—Quero que Jasper volte e quero bater meu recorde de dezoito horas sem vômitos e nem náuseas – falei e ele riu.

—São duas coisas muito justas, se perguntar a mim.

—Vai ser tão estranho ter que passar o aniversário longe dele – confessei e Emm sorriu de canto, compadecido.

—Eu só consigo imaginar.

Emmett pagou a conta e saímos caminhando até a estação de metrô.

Entramos e sentei na cadeira preferencial, peguei um livro da faculdade e comecei a folheá-lo. 

—Não acha melhor evitar isso? É nauseante ler quando está em movimento – ele disse e eu neguei.

—Estou acostumada – murmurei achando a parte que o professor comentou hoje. 

Estava concentrada, mas senti Emmett se aproximando mais de mim, já que ele estava de pé ao meu lado.

—Que foi? – perguntei confusa e ele bufou, parecendo desconfortável com algo.

—Eu digo que o efeito “Rosalie” é recorrente – ele disse e eu levantei a cabeça vendo um jovem bonito de terno me encarnado, ele sorriu quando nossos olhares se encontraram.

—Direito penal é complexo – ele disse e eu sorri, simpática.

—É apaixonante – discordei.

O homem se aproximou um pouco.

—É advogada? – perguntou.

—Estudando para ser.

—Deveria imaginar pelo rosto jovem – ele sorriu – Sou Ryan – disse estendendo a mão.

—Rosalie – sorri o cumprimentando com um aperto de mãos.

Conversamos um pouco, ele contou que trabalhava em uma advocacia bem vista aqui em Nova Iorque e eu fechei o livro para dar atenção a ele. Contei que estudava na Columbia e ele ficou impressionado, entregou-me um cartão dele dizendo que poderia me ajudar quando eu precisasse de estágio e eu agradeci.

—Vou descer na próxima – Ryan disse com pesar.

—Bom, eu tenho o seu telefone – falei e ele sorriu.

—Espero que eu receba uma ligação – ele disse e eu assenti, prontamente.

Ryan se despediu e desceu na parada. Abaixei para pegar minha bolsa e percebi que Emmett estava distante de mim.

—O que está fazendo aí? – perguntei.

—Te dando espaço – murmurou.

Franzi o cenho, confusa, mas peguei minha bolsa e guardei o cartão de Ryan dentro da minha carteira. Voltei para o livro, senti Emmett se aproximando depois de um bom tempo, ele se abaixou pegando minha bolsa, mas não encontrou meus olhos inquisidores. 

—Vamos? – perguntou ainda sério de mais.

Andamos lado a lado até em casa, chegamos na casa vazia e Emmett colocou minhas coisas onde sabia que eu deixava e se virou, saindo do quarto. Eu não estava entendendo nada, mas também não aceitaria aquilo. Ele não me deixava ficar chateada, sempre conversava comigo, então resolvi fazer o mesmo por ele.

Entrei na cozinha e ele picava algumas frutas.

—Vitamina? – perguntei e ele se limitou a assentir – Emm, qual é o problema?

—Achei que fôssemos parceiros – ele disse simplesmente.

—E somos – respondi instintivamente.

—Só quero que seja sincera comigo, hoje eu fui quando você me perguntou sobre encontros, então me diga: quando o bebê nascer você ainda estará procurando alguém para namorar?

—Dá onde você tirou isso?

—Você disse que não pensava naquilo porque ninguém iria querer ficar com uma grávida, mas tenho certeza que algumas pessoas não se importariam se a grávida fosse você.

Aquilo me irritou.

—Eu sou mais do que beleza, Emmett, muito mais. Por que você acha que todo mundo que fala comigo quer transar? Isso é extremamente ofensivo, eu não sou só o rosto que tenho desde que nasci – falei irritadíssima – Se você pensa que sou atraente apenas por isso, eu sinto muito, mas não posso ficar “feia” só porque você não consegue lidar.

Fui para o quarto. Tirei o tênis e o blazer. 

Peguei uma roupa mais fresca e confortável e fui tomar um banho. Lavei meus cabelos com calma, sequei-me e troquei-me no banheiro com uma calma extrema. Não queria discutir mais com Emmett. 

Depois de secar o cabelo com secador, saí do banheiro encontrando a casa silenciosa e fui até o quarto, encontrando Emmett sentado na minha escrivaninha com um copo de vitamina vazio e outro que deveria ser meu. Peguei e sentei na cama.

—A gente tem que conversar – ele disse.

Dei de ombros e ele se levantou, sentando perto de mim.

—Não acho que você é apenas beleza – ele murmurou.

—Pois não é o que demonstra, sempre que fala de mim é ao que se refere. Royce fazia isso-

—Não me compara com esse homem – Emmett falou chateado.

—Não estou, só falo que ele sempre ficava falando que eu era linda e como as pessoas me olhavam, não quero ouvir esse tipo de coisa – falei sincera.

—Desculpa se dei essa impressão, mas não é o que sinto. Quando falo de sua beleza não estou falando do seu rosto, estou falando de você, de como anda e se porta, da sua pose de autossuficiência e o seu sorriso que acenderia a cidade toda – ele falou sério e então pegou minhas mãos – Quando você entra na sala você prende minha atenção completa, você abre a sua boca e eu fico completamente hipnotizado. O seu humor tão perfeito para o meu que consigo fazer você rir até chorar e você o mesmo comigo até com maior facilidade. Você tem que saber que minha atenção é completa sua, você tem tudo o que é meu – ele disse deixando-me sem reação – Seu rosto lindo fica escondido atrás de tudo isso.

O que a gente ia fazer? Eu precisava entender melhor o que ele tentava me dizer, eu não poderia cair de cabeça naquilo de novo.

—Por que ficou bravo comigo? – perguntei curiosa.

Ciúme. Eu queria que fosse aquilo.

—Porque você deu papo para aquele homem, logo depois de dizer que não queria encontros por enquanto – falou.

—E não quero.

—Tudo bem, mas até quando? – ele perguntou, cortando meu pensamento – Quando você estiver pronta, eu estarei na corda bamba - franzi o cenho, confusa, mas ele explicou depois de um longo suspiro – o filho é nosso, mas é sempre a mãe o elo forte, é com você que ele fica quando nós nos separarmos. Eu nunca tinha pensado nisso até te ver conversando com o boa pinta no metrô. Que um dia meu filho pode ter outra imagem paterna além de mim mesmo – falou doído.

Entendi o medo dele, mas a decepção que tomou-me foi forte demais para que eu desse atenção para Emmett. Ele estava dizendo que não ficaríamos juntos, o ciúme provinha do bebê, não era sobre mim.

—Você é o único pai desse bebê, Emmett, mesmo quando ele estiver fora de mim e se um dia eu me casar, ainda vai ser o seu filho e meu. É nossa coisa perfeita, Met, só nossa. A coisa mais legal que já fizemos juntos – falei emocionada, porque comecei a pintar a cena na cabeça, eu com outro homem e Emmett com outra mulher e meu filho com meios-irmãos e nunca tendo cem por cento nem de mim e nem de Emmett – Assim como ele não terá nenhuma outra mãe – falei séria.

Perdi Emmett uma vez, eu perderia de novo, mas aquele bebê seria meu para sempre, e de Emmett também. Então, apesar de não ter Emmett, teria parte dele, uma parte nossa. Senti uma movimentação fraquinha na barriga e, antes eu acharia que eram gases, mas hoje eu aprendi que poderia ser ele, então sorri.

—E a gente vai amar você e cuidar e dar o nosso melhor para você, minha vida – prometi à minha barriga – Mesmo quando não formos mais tão parceiros assim – sussurrei chorando. 

Emmett deitou no meu colo, já que eu estava sentada com as costas encostadas na cabeceira da cama e reparei que ele estava chorando, sentido. Acariciei os cabelos claros do meu parceiro, e ele beijou minha barriga, antes de voltar a abraçar minhas pernas, chorando sem tentar esconder.

Fiquei pensativa sobre todas as nossas conversas de hoje e, pela primeira vez, eu fiquei com medo de imaginar o futuro de nós três.


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Notas finais do capítulo

Tudo bem com o bebê e essa bolha Rosemm que causa tanta aflição neles e na gente também. Como vocês acham que eles vão resolver essa situação tão complexa e cheia de poréns?

Espero que tenham gostado e que queiram deixar a opinião de vocês nos reviews, logo volto com mais.



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