Meu coração em suas mãos escrita por Eduardo Marais


Capítulo 8
Capítulo Sete


Notas iniciais do capítulo

Descrição suave de uma cena de sexo.



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O quarto estava tão aconchegante devido a iluminação azulada e recebendo a brisa da tarde, que somente aquilo bastava para excitar um corpo. As cortinas dançavam delicadas e o cheiro do jardim vinha confundir-se com o aroma exalado da pele dos amantes.

Regina continua sentada à cama, encostada à cabeira estofada e aguardando o presente que o seu consorte iria oferecer. Ela olha o próprio corpo e não resiste a tocar os seios pequenos, admirando-os pelos seus contornos. Não permanece naquele ponto por muito tempo porque queria atiçar ainda mais a libido do jovem que estava em pé, fora da cama, esperando a ordem para servir a Rainha.

Suas mãos descem pelo corpo despido e somente este leve movimento, arranca um gemido alto do espectador sedento. Ela sabe o que quer tocar e acomoda uma das mãos entre suas pernas, experimentando o calor daquele espaço tão desejado e convidativo. Sorri maliciosa ao ver seu novo “petisco” separar levemente os lábios, como se quisesse abocanhar aquela fruta madura pronta para ser colhida.

O sorriso de Regina se alarga. Praticamente ela consegue ver toda a movimentação do sangue dentro do corpo do homem, mudando seu trajeto e dirigindo-se em grande quantidade para aquela parte da anatomia que ficava mais rígida, à medida que era estimulada pela visão da Rainha nua. Um termômetro que avisava quando o “petisco” já estava pronto para ser engolido pelos lábios mudos.

— Pode vir. – a ordem é dada e prontamente atendida.

Não demora muito para que Regina sinta o peso de outro corpo sobre o seu. O contato de com outra boca, outra pele e outro suor. Detalhes apreciados com total devoção. Beijar o corpo todo, saborear os diversos gostos e cheiros, desafiar as leis da física para caber um dentro do outro. Harmonizar cada um dos movimentos, as respirações, os toques e incentivar o crescimento do desejo, para finalmente conhecer o sentido real da palavra prazer. Depois de ofertar o corpo, viria a conexão, o abraço das almas e o conforto. ”

E Regina acorda num sobressalto. Senta-se na cama e olha para o lado vazio. Um sonho?

Ela se levanta e vai lavar o rosto suado. Percebe que havia atingido um clímax em seu sonho e que seu corpo também tinha reagido. Sente-se úmida.

Depois de um banho, Regina permanece por longos minutos olhando sua imagem refletida no espelho. As imagens e as sensações tinham sido reais, porque uma lembrança fora evocada de seu íntimo, tendo ficado adormecida por trinta anos.

— Céus...ele é William de Velac...o príncipe William de Velac! – cobre a boca com uma das mãos.

Cerca de meia hora depois...

— Tem certeza disso?

— Tenho, mãe. – Regina anda de um lado a outro no quarto. – Fomos amantes, meses antes da maldição ser lançada sobre a Floresta Encantada. Eu me divertia com outros jovens, mas aquele era especial porque era um príncipe. Era filho de Olavo e Danna, reis de um território afastado do nosso.

Cora e Zelena se entreolham.

— E por que ele viria para Srotybrooke? – a ruiva indaga.

— Porque ele se apaixonou por Regina e a quis encontrar. – Cora sorri. – Pode ser muito romântico se for isso, mas e se o motivo for vingança. Um coração maltratado e um amor não correspondido podem criar monstros.

— E se ele veio pedir nossa ajuda? Minha ajuda! – Regina espalma a mão contra o colo. – Foram trinta anos de separação e sem notícias minhas. E se o reino dele precisa de ajuda e ...

— E se ele descobriu um meio de atravessar por um portal para vingar-se de quem o usou e o abandonou? O que você sabe sobre a índole dele? Quanto tempo conseguiram conviver? E pelo que sei, naquela época você somente tinha pensamentos em planos e maldades para matar a sua enteada. – Cora é fria e assertiva.

Desta vez Regina e Zelena se entreolham. A mãe poderia ter razão em parte.

— Você sequer se lembrou dele quando o viu pela primeira vez na praia. Significa que sequer teve a delicadeza em guardar a fisionomia, porque seu interesse não era no rosto dele.

— Ele era a coisa mais linda que já vi. Continua belo, mas com traços maduros e com o charme da maturidade...

— Como dizem por aí: as serpentes mais venenosas são as mais belas. – Cora se levanta da cama e caminha para sair do quarto. – Seria interessante que nós três estivéssemos na audiência. Juntas poderíamos manipular a decisão de Albert e conseguir a guarda de William, até que consigamos descobrir o motivo da vinda dele.

Na manhã seguinte, um pequeno grupo se reúne na sala do Juiz Spencer para resolver o impasse sobre a tutela do desconhecido vindo pelo portal, a fim de evitar algum tumulto da população em busca de respostas. O clima de temerosidade já tomava conta dos habitantes da cidade, incitados pelo pavor constante de Leroy e seus irmãos. E para evitar confrontos bélicos, as autoridades deveriam decidir o destino do visitante.

Quando Regina chega acompanhada pela mãe e pela irmã, encontra Emma conversando com David. Pacificamente, todos se reúnem e abordam assuntos aleatórios e sem importância, aguardando a presença do juiz.

O Dr. Whale aparece acompanhado Dr. Archie e  pelos seguranças que protegiam o quarto do paciente. Junto a eles, o homem desconhecido caminhava a passos firmes e uma expressão carregada de zanga.

Mas sua expressão suaviza quando vê Regina sorrindo em sua direção. Ele não retribui o sorriso de imediato, mas se mostra receptivo.

— É algo incomum, mas nossa cidade é incomum. – Albert coloca seus óculos diante dos olhos e abre uma pasta congresso ofício, de onde retira alguns documentos. – Bom, sabemos que este homem saiu de um portal e deve ter sofrido algum trauma que lhe roubou a memória. Mas poderíamos afirmar também, que tudo é uma encenação.

— Eu fiz testes médicos com ele. O Dr. Archie conversou demoradamente e o acompanhou nesses dias de internação. A amnésia é real, mas não permanente. – informa o médico.

— Estamos em Storybrooke e aqui nada pode ser normal. Porém, não estamos aqui para conceituar o que é normal e anormal. Teremos de resolver com quem ficará a tutela deste senhor. – Albert se vira para Emma. – Xerife, por que deveríamos entregá-lo às autoridades policias?

Emma agradece à pergunta e diz:

— Ele veio por um portal e nossa cidade não teve experiências boas com quem veio por este meio de entrada. Penso que poderíamos interrogá-lo e descobrir a razão da entrada dele aqui. Tenho meios de saber se alguém está mentindo ou não. Seria mais prudente e a cidade ficaria mais confiante ao saber que ele está sob a tutela da polícia.

O juiz olha para Regina.

— Srta. Mills, por que quer a tutela deste desconhecido?

Um sorriso discreto é a primeira resposta da Presidenta.

— Porque este homem é filho do rei Olavo e da Rainha Danna, de um reino quase vizinho ao nosso, na Floresta Encantada. Este homem frequentou meu castelo, meses antes da maldição ser...enfim, todos sabem sobre a maldição. Mas o que quero alegar é que tenho conhecimento sobre ele e posso ajudá-lo a recuperar sua memória e assim sabermos o motivo da travessia do portal. Peço que o senhor deixe que ele fique sob a tutela de minha família e...

— E desde quando você sabia disso? Por que escondeu de todos? – Emma a interrompe, sem se importar com o que poderia ser complementado na frase da Presidenta.

— Soube ontem pela madrugada, quando me recordei. Eu tinha a forte sensação de tê-lo conhecido e consegui recordar de onde e de quando. Por isso, gostaria que ele ficasse comigo e minha família.

— Pelo fato de você o conhecer, não significa que ele não seja perigoso. Se o conheceu quando ainda morávamos na Floresta Encantada, não acompanhou a vida dele nos últimos trinta anos. Muita coisa pode ter mudado. – David reforça a fala da filha.

Todos ficam em silêncio, até que a voz tímida do visitante é ouvida:

— A senhora me conhece mesmo? E poderia me dizer qual é o meu nome?

Emma estreita seus olhos atentos e começa uma luta intensa para conseguir ler a linguagem corporal do homem. Apenas percebe que ele parece blindado por uma camada que não podia ser vista, mas parcialmente sentida.

— Seu nome é William de Velac e você é ou foi um príncipe em seu território. Quando o conheci, eu era uma rainha e você estava com pouco mais de vinte anos e depois disso nunca mais o vi. Estávamos envolvidos numa maldição e ficamos congelados por vinte e oito anos, enquanto o tempo passava para você. Acredito que hoje, você deva ser o rei em sua terra.

— A senhora era uma rainha e eu era um príncipe... estávamos prometidos?

— Não. Você era um de meus consortes à revelia de seus pais. – um sorriso constrangido emoldura os lábios pintados da Presidenta. – Por conhecer você, creio que seria mais prudente que ficasse comigo e minha família. A Xerife poderá cuidar bem de você, mas ficará em uma cela e sem sua liberdade. Em minha casa, será bem cuidado e poderá ir e vir sem problemas....

O juiz nega a frase de Regina, com o movimento do dedo indicador.

— Não poderá ir e vir sem problemas, Srta. Mills. Caso ele fique sob sua tutela, não poderá transitar pelas ruas livremente, até que esteja curado de sua amnésia. Deverá fazer exames periódicos e será acompanhado pelo Dr. Archie Hopper.

— Já está decidido? – pergunta Emma. Ela olha para David, indignada. – E minha autoridade como xerife?

— A questão não é testar sua autoridade ou questioná-la, Sra. Swan Jones. – Archie se manifesta timidamente. – O Sr. Velac precisa de acompanhamento mais pessoal, para descobrimos tudo sobre ele e seu real motivo. Já ficou comprovado que ele confia em mim, mas não simpatizou com você. Há uma empatia dele com a Srta Mills, então, se minha opinião vale nesta audiência, devo sugerir que ele fique com ela.

Cora acha graça e começa a rir discretamente. Quando para, percebe que todos estavam olhando para ela, cada um com uma expressão diferente. Resolve falar:

— Por que não simplificam tudo? Ele passou a vida inteira procurando por Regina, e quando finalmente a encontrou, conseguiu abrir um portal e veio ao encontro da amada. Mas a viagem pelo portal foi traumática e ele perdeu suas lembranças, mas não perdeu os sentimentos dele. Ele não sabe racionalmente, mas sente que ama aquela mulher.

— Quer trabalhar comigo? – Archie pergunta irônico.

Um tempo depois, longe dali...

— William de Velac...quem diria que eu o veria de novo...- Killian sorri sem acreditar. – Ele era um garoto com o rosto inchado pela juventude, muito bonito o menino. Ele era meio amalucado e vivia entre os camponeses, trabalhando nas docas com os navios da frota real. Era um exímio comerciante...

— E o que mais pode nos dizer sobre ele? – Emma se mostra impaciente.

— Posso dizer que ele sempre ia à taverna para pousar por lá, durante épocas de carregamentos dos navios. Não era um príncipe esnobe, mas sempre foi muito respeitado. Muito bem informado, cavalgava bem, mas empunhava uma espada como se aquilo pesasse tonelada ou queimasse sua mão. Tentei ensiná-lo, porém, nesse quesito era péssimo aluno, e quase decepou os dedos do próprio pé.

Emma se senta e presta atenção no pirata.

— A última vez em que o vi, lembro-me de que estava preocupado. Ele havia presenciado um ritual feito pelos pais dele e ficou chocado, curioso e enojado. Sabia que os reis comiam coração pulsantes de crianças para ficarem sempre jovens e viçosos?

Isso interessa a xerife.

— Ritual? Eles eram feiticeiros? Apenas feiticeiros conhecem esse tipo de atividade. Como tirariam corações e os manteria pulsantes?

— Eles não eram, mas davam guarido a dois irmãos gêmeos, feios...mas pensem em criaturas feias. Mas feias mesmo! Eram aqueles gêmeos...

David e Emma se entreolham preocupados.

— E por que davam guarida a eles?

— Isso eu não sei ao certo, sogrão. As pessoas diziam que os gêmeos salvaram a vida da rainha em algum momento. – o pirata dá de ombros. – Uma troca de favores.

— E eram magos poderosos? – Emma se inclina para frente.

— As pessoas diziam que eram bem fraquinhos. Entretanto, depois que William me confidenciou esse ritual com corações, posso afirmar que não eram tão fracos, assim. – Killian se levanta. – Vou cuidar de meus barcos e de meu comércio. Depois do expediente vou visitar William.


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