Meu coração em suas mãos escrita por Eduardo Marais


Capítulo 31
Capítulo Trinta




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Regina chega à sala de estar, acompanhada pela mãe e encontra todas as pessoas de sua família, esperando para saber como estava sua saúde e seu estado de espírito.

— Eu agradeço a presença de todos. Precisava muito estar com vocês.

— Família é para se proteger. Senão, qual seria nossa função? – Mary continua servindo bebida para todos. Ela apreciava sentir-se mãezona dos membros de sua família.

Sentando-se em um dos sofás, Regina exibe um sorriso constrangido.

— Eu agradeço a boa vontade que vocês tiveram comigo. Quero aproveitar esse momento e pedir o perdão de vocês, por eu os ter magoado quando quis defender William. – ela tenta sorrir, mas perde a luta. – Deixei meus sentimentos e meus desejos falarem mais alto do que minha racionalidade. Não queria perder mais uma vez, a minha chance de ser feliz. Talvez, eu já soubesse que havia algo errado...apenas não queria assumir.

Silêncio.

— Por saber do amor que William sentia por mim, eu quis me aproveitar do que ele poderia me oferecer. Ocorre que fui traída pelos meus sentimentos e fiquei encegueirada com o propósito de escrever meu próprio final feliz neste conto. Peço perdão a todos...

Gold pigarreia e atrai a atenção.

— Quando William surgiu na cidade, confesso sem pudores que fiquei com medo da aura de magia que ele deixou pela cidade. Tivemos confrontos, ele tirou meu coração...- a voz embarga e ele segura a mão de Belle, buscando força. – Com isso, descobri que meu coração estava doente e que eu morreria em breve. Mas ele protegeu meu coração numa redoma de tamanha bondade e amor...que me promoveu sobrevida. Então...vocês terão de me tolerar por muito mais tempo.

A clima se torna descontraído. As pessoas riem.

Robin toma a palavra e a atenção para si:

— Decifrei uma página do diário dele, na qual relatava o que aconteceu com o criador dele, à medida que os poderes iam sendo ensinados. Eu fui praguejada e fiquei sob seu domínio, sem poder pedir ajuda ou revelar quem ele era. Mas tudo isso serviu para que eu descobrisse que poderia amar incondicionalmente. Descobri que o sangue fala mais alto e que não sou insensível em relação à minha mãe. Eu a despertei do sono, com o beijo do amor verdadeiro. – ela fala e mantém a mão de Zelena presa entre as suas.

— Já que estamos confessando nossos sentimentos, quero me expor. – Cora sorri suavemente.- William me encantou com seus modos e sua presença. Pela segunda vez, em minha existência miserável e vazia, pude descobrir que posso amar com emoções femininas. Lamento dizer isso diante de minha filha Regina, mas eu sinto que meu coração reaprendeu a amar. Por isso, não consigo odiar William.

Zelena gesticula e pede a palavra, como fazem as crianças em sala de aula.

— Flagrei William em conversa com alguém de seu reino, usando um espelho como meio de comunicação. Por isso, ele me fez ficar adormecida para não atrapalhar os objetivos dele. Porém, não posso deixar de agradecê-lo por ter reaproximado minha amada filha, dos meus braços. Vocês sabem o quão maravilhoso é ouvir um filho dizer que a ama?

Mary providencia outra rodada de bebida quente para sua família. Eram momentos de união como aquele, que a enchia de orgulho por pertencer àquela pequena multidão. Esquisita, mas era a sua família.

— Eu não conheci William a fundo, mas o amo. – a voz de Henry adulto atrai os olhares. – Eu o amo e o respeito, porque mesmo tendo uma missão tão importante a cumprir, ele se rebelou e permitiu que nós continuássemos gozando o prazer de termos nossa mãe, aqui conosco...e viva. Bem viva.

Uns riem e aplaudem, outros choram, enquanto alguns apenas controlam suas emoções.

— Estou bem viva e produzi nova vida. – Regina fala e espalma a mão sobre a barriga. – William e eu iremos ter um bebê.

A comoção é geral, mas a reação de Killian provoca uma imediata preocupação. O pirata destampa a chorar copiosamente, sendo amparado por Emma, que acaricia suas costas. A estranheza toma conta do ambiente, porque muitos ali nunca tinham visto o pirata ter aquela reação. E muitos reconhecem que nunca tinham visto Killian chorar.

— William não saberá disso, Regina...ele entregou o próprio coração para ser esmagado na poção que salvaria a vida dos pais...meu amigo está morto...

Incrédula, Regina fica estática e lívida. Cora não demonstra emoção de imediato, mas vai aos poucos se rendendo à dor. Robin despenca a cabeça e esconde o rosto com as mãos, sem sentir a obrigação de conter o desespero. Zelena se torna apenas uma linda boneca de cabelos ruivos, como se vida tivesse esvaído de seu corpo.

Horas depois...

O Dr. Whale sai do quarto e encontra Mary no corredor, junto com mais algumas pessoas.

— Regina recebeu um calmante fitoterápico e talvez isso a faça relaxar um pouco. Cora está com ela e recusa-se a sair do lado da filha. Mas eu sugiro que façam um revezamento nos cuidados com Regina, para evitar que ela cometa algum desatino. – ele se vira para Killian. – Capitão, ela quer falar com o senhor.

Atendendo ao chamado de sua Rainha, o pirata não hesita e entra no quarto. Aproxima-se da cama e sem pudores, senta-se ali. Entrega a mão para que Regina a segure.

— Conte-me o que realmente houve, por favor...

— Emma e eu estávamos no castelo procurando pérolas que abrissem um portal para nossa saída.

— O que foram fazer no Reino de Velac? – Cora pergunta antes de Regina. Entende que seria a mesma pergunta que a filha faria.

Killian brinca com os dedos da mãozinha de Regina.

— Fomos descobrir quem realmente era William e a veracidade das informações que ele me havia passado. Quando descobrimos que ele deveria encontrar não só o coração do rei, mas roubar o seu coração para fazer uma poderosa poção, deveríamos ter voltado antes que isso acontecesse. Mas como Emma havia perdido o feijão, tivemos de invadir o castelo em busca de pérolas que abrissem o portal.

— Como soube da morte? – Regina toma coragem e pergunta.

Killian soluça e abaixa a cabeça.

— Foi uma comoção imensa, quando o mago gritou que o príncipe tinha acabado de falecer, porque o coração esfarelado no caldeirão... não era o seu. Os criados começaram a vagar pelos corredores, gritos, choro e nós ouvimos...não pude me conter e tive de confirmar com meus olhos...uma cena triste...Danna estava em sua forma original e chorava com o filho morto nos braços.

Libertando a mão do pirata, a bela Rainha se acomoda sobre o colchão e abraça o próprio corpo, protegendo-se.

Entendendo a mensagem, Killian se levanta da cama e caminha lento para a saída do quarto.

— Capitão!

Ele se volta ao ouvir a voz serena de Regina.

— Sim, Majestade?

— Prepare-se para viajar comigo. Iremos ao Reino de Velac. Quero falar com a Rainha Danna.

Naquela noite...

Emma entrega um pequenino alforje. Algumas pérolas coloridas, roubadas da sala de estudos dos magos, estavam protegidas para alguma eventualidade.

— Decidi pegar mais de uma, porque não teríamos uma oportunidade como aquela, outra vez. E iremos precisar delas, neste momento.

— Não, Emma, eu irei precisar. “Nós” é muita gente.

A xerife olha para o esposo e escolhe um dos ombros, num movimento que perguntava o que significava aquilo.

— Iremos Regina e eu, meu amor. – o pirata ajeita a prótese escondida sob a luva.

— Como? – Emma reage com indignação. Iria ficar de fora de nova aventura?

— Eu irei com eles. – a voz de Cora é imperativa e autoritária. – E não aceitarei que digam o contrário. Estou fraca, mas tenho mais magia do que você, Sra. Jones. Além disso, quero conhecer os pais de William.

Regina apenas observa a mãe se aproximando e impondo sua presença naquela viagem.

— Vamos? – ela pergunta olhando para Killian e Cora. – Mas teremos de estar em grande estilo.

Discretamente, Regina toca o próprio pescoço para ter a certeza de que não estava mais com aquele colar bloqueador. Em seguida, gesticula e envolve seus companheiros com magia e os veste ao estilo do Reino da Floresta Encantada.

Emma se afasta e apenas observa Killian jogar a pérola no chão. Um pequeno redemoinho começa a surgir, mas sem a força de atração causada durante a ação dos feijões mágicos. Poucos segundos depois, um túnel formado por círculos de luzes, se materializa e aguarda a entrada dos viajantes. Ela sente o ímpeto de invadir a jornada, mas deveria respeitar a vontade de Regina e acaba por se controlar.

A porta de saída do portal é aberta, não se sabe quanto tempo depois, no centro da sala do trono do Reino de Velac. E naquele exato momento, uma reunião estava sendo realizada entre os Conselheiros, os administradores e o casal real.

É óbvio que todos são tomados por pavor e assalto, quando aquelas três pessoas elegantemente vestidas para uma ocasião formal. Todos os olhares são fixados nos visitantes inesperados.

— Rainha Regina... – é tudo o que Danna consegue falar.

Regina camina imponente até onde estavam as pessoas, que se levantam imediatamente. Exceto pelo Rei Olavo que não consegue se mover, tamanho pânico em sua alma. As recordações do último encontro retornam à sua mente e paralisam seus músculos.

— Eu os cumprimento e humildemente clamo o seu perdão.

Danna não consegue acreditar em seus olhos e em seus ouvidos. Os últimos dias tinham sido de pura confusão de sentimentos e reviravoltas em sua vida. Seu coração ferve de ódio, mas jamais iria exteriorizar seus sentimentos.

— O que...o que quer em m-meu reino? – ela encara Killian e Cora, sentindo seu coração explodir dentro de seu peito. – Capitão...o que há?

Regina se empertiga e caminha até a outra Rainha. Estende as mãos e é surpreendida quando é correspondida.

— Viemos em paz e precisamos conversar. Mas peço uma audiência em família.

— Família? – Danna fala com a voz trêmula.

Os participantes da reunião logo entendem a mensagem subliminar e decidem se retirar o mais rápido que poderiam. Não era novidade o conhecimento do amor e do casamento do príncipe William e da Rainha Regina. Então, ela fazia parte da família.

Momentos seguintes...

— Esta é minha mãe, a Rainha Cora Mills. O Capitão é seu conhecido.

Killian reverencia Danna e Olavo. É olhado com ternura pela mãe de William e ela sorri tristemente.

— Não sei por onde começar... – Regina controla suas emoções. Queria conseguir falar tudo o que havia ensaiado.

O Rei Olavo se aproxima da visitante e a olha com respeito e temor. Todo cuidado seria pouco.

— Comece a falar sobre sua gravidez.

— Vocês sabem? – Cora se espanta. Vai para perto da filha, com o intuito de protegê-la e ao bebê.

— William confidenciou ao meu protetor Murnae, antes de...antes de...antes de nos dar a nova vida. – Danna fala suavemente. Ainda segurando as mãos de Regina, convida a todos para que se sentassem. – Meu marido e eu precisávamos delegar autoridade e ordens para que o reino continue a funcionar. Só então, iríamos atrás de você para propormos uma convivência pacífica.

Observando os traços da Rainha Danna, a mãe de Regina não consegue entregar sua confiança nas palavras amenas da mulher.

— Não sabia que William conhecia meu estado físico. Na manhã em que eu iria fazer a revelação com uma brincadeira, ele revelou o motivo de sua chegada à mina cidade.

Danna estreita os olhinhos. Sua semelhança com Mary Margaret Blanchard era bastante evidente.

— Meu filho deveria trazer o seu coração para que meu marido e eu recuperássemos nossa vitalidade e que não precisássemos mais dos rituais que...enfim...rituais. – finalmente, ela liberta as mãos de Regina. Não iria suportar a toque por mais tempo. – Meu filho provou que a amava acima da própria vida e...fez... o que fez. Meu filho foi valente e tivemos de honrar o sacrifício dele: usamos a poção.


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