Meu coração em suas mãos escrita por Eduardo Marais


Capítulo 29
Capítulo Vinte e Oito




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Regina dá mais um aceno à família de Henry, que havia passado a tarde com ela e William. Uma família quase completa, apenas aguardando a vinda de mais um membro. Mas ainda não era o momento de saber.

Fecha a porta e retorna para dentro de casa, para ajudar na arrumação. Mas encontra tudo organizado em questão de minutos.

— Usou de magia?

— Brinquei um pouco. Ainda usa o colar do casamento? – ele estende a mão pedindo a companhia da esposa.

— Eu não consigo abrir o fecho e além disso...amo ficar colada nesta joia.

 – Precisamos conversar, Regina. É importante demais!

—Uau! – ela zomba. Segura a mão dele e deixa-se ser conduzida para o quarto do casal.

Lá dentro, ele a acomoda sobre a cama. Apanha uma cadeira e senta-se diante de Regina, não querendo compartilhar o espaço. Aquilo aciona os sininhos de atenção e desconfiança dela.

— O que houve? Pelo visto é muito sério...

— Eu menti para você.

Ela se empertiga e decide ouvir com atenção, sem fazer perguntas óbvias.

— Nunca estive amnésico e minha chegada à cidade foi calculada. Eu estava vigiando os seus passos, desde que conseguimos descobrir seu paradeiro. Nada foi ao acaso.

O rosto de Regina se contrai. Ela inclina a cabeça levemente para o lado, querendo começar a entender.

— Minha missão era encontrar a Rainha Má, resgatar o coração de meu pai, conseguir mais um ingrediente para a poção de rejuvenescimento deles dois e retornar. Não foi algo árduo, porque eu estaria reencontrando a primeira e única mulher de minha vida. Rever o amor de minha vida.

— Fingiu o tempo todo? Será que inconscientemente, eu já sabia?

— A entrega dos corações foi algo que eu sempre quis lhe pedir, mas antes eu convenci sua mãe a me colocar dentro do mausoléu. Eu a paralisei, encontrei o coração de meu pai e o coloquei dentro do meu peito.

Regina se espanta.

— Como paralisou minha mãe?

— Usei minha magia, toquei na pele dela e a deixei inconsciente por segundos, tempo suficiente para tirar o coração de meu pai, de uma das gavetas.

Ela aponta para o peito dele. Dois corações?

— Por que simplesmente não me pediu de volta? Eu o ajudaria a ter o coração de seu pai.

— Você é uma mulher esperta e desconfiada. Poderia me atender, mas me afastaria de sua convivência, acreditando que eu apenas queria usá-la.

— Bastava pedir, William. Você deveria confiar em mim.

Ele abaixa a cabeça e brinca com os dedos.

— Eu a amo tanto, Regina, que meu peito dói. Minhas lágrimas são pelo desespero de perder você ou perder meus pais...preciso fazer uma escolha muito difícil. Isso está me corroendo a alma e vai tornar meu coração ainda mais negro e cruel.

— William...

— Sempre ouvi queixas a seu respeito, senti o ódio crescente de minha mãe quando soube de meu amor pela Rainha Má. Ela a acusava de tê-la transformado num ser inumano, como punição.

— Já lhe disse, William. Sequer conversei com sua mãe. Apenas puni seu pai por motivos financeiros e políticos, mas não o matei. Se ele começou a degringolar, foi por alguma escolha errada que fez.

Ele concorda.

— Meus pais a quem amo demais, sempre me diziam coisas horrendas a seu respeito e mesmo amando você, quase cheguei a odiá-la. Quando cheguei aqui, descobri que mentiram para mim, por décadas. Você tinha se redimido de seus crimes e estava disposta a provar isso, cuidando de todos a quem magoou no passado.

Estendendo a mão, Regina tenta tocar o marido, porém, ele a refuta delicadamente.

— Eles são meus pais...mesmo que não sejam biológicos, são meus pais. E eu os amo. – William a encara tristemente. – E você é a mulher que amo e preciso de você como as estações precisam sempre mudar.

As lágrimas começam a subir aos olhos de Regina. A dor conhecida da despedida estava retornando ao seu espírito. Não, ela não queria acreditar que aquilo poderia ser um fim.

— Preciso muito de você. Tudo em mim grita pelo seu nome...você é meu sangue, meu amor e minha vida. Mas não posso permitir que meu pai se transforme numa coisa seca, imóvel e com a alma aprisionada naquilo que havia sido seu corpo.

— William...você vai partir?

Mesmo lutando de forma valente, o príncipe perde a batalha para a dor e para as lágrimas.

— Não somente isso, Regina...

— Seus pais exigiram a minha morte?

Abrindo a boca, ele tenta falar alguma coisa mais suave do que o horrível “sim”. Não havia como substituir a resposta.

— Não somente isso. – ele não a encara. Aponta para uma pequena caixa de madeira sobre um móvel – Para salvar meus pais...tenho levar o seu coração.

Explodindo em raiva e desespero, Regina começa a chorar alto e a urrar. Não era a dor de saber que sua morte estava iminente, mas era a dor de que o seu final feliz tinha sido apenas um sonho unilateral. Mais uma vez iria perder um amor.  Só que desta vez, não sentiria a sombra da solidão, porque iria perder sua vida. Descobre naquele instante, a agonia que seu pai deva ter sentido quando tivera o coração roubado de seu peito, para que aquela maldição desse certo.

A lei do retorno se fazendo presente em sua vida, justamente pelas mãos de quem ela amava.

— Você mentiu! Eu me entreguei de corpo e alma e você mentiu para mim! Como pode dizer que me ama e sempre me amou?

— Eu a amo e jamais duvide disso. Você conseguiu fazer meu coração sentir muito mais do que amor, algo além da vida...

— Mentiroso! – ela grita e pula da cama. – Caso me amasse, confiaria em mim e encontraríamos juntos uma maneira de salvar seus pais, sem que houvesse perdas de vidas! O que sua mãe quer é vingança! E disso eu entendo porque regi muitos anos de minha existência apenas com o propósito de destruir alguém! Por que não me contou?

Ele não a encara. Não poderia olhar nos olhos da mulher e quem iria matar.

— Apenas posso dizer que lamento profundamente e que serei regido pelo eterno remorso...

— Maldito! Eu escrevi nosso final feliz! Eu sonhei com filhos e com uma família protetora! Eu iria brigar com o mundo para evitar que alguém o magoasse! – Regina urra e crispa as mãos, encolhendo-se por sentir dor física. – Eu perdi Daniel, perdi meu pai, perdi Robin e agora vou perder você! Não quero mesmo continuar viva! Será maravilhoso que me matem, porque eu não saberia mais viver sem você!

Ele fica em pé.

— Vou poupar o seu sacrifício! – ela bate a mão contra o peito para retirar o coração, mas nada acontece. Uma expressão de horror surge em seu rosto molhado pelas lágrimas. – O que fez comigo?

— O colar a impede de usar seus poderes. Eu não suportaria ter de lutar contra a mulher que sempre foi minha e continuará sendo até o fim dos tempos.

Regina ataca William com socos e chutes. Ele não reage e deixa-se ser agredido. Apenas chora junto com ela.

Incrédula, desesperada não pela possível perda de sua vida, mas pela certeza da perda de seu amor real, Regina se agarra ao corpo dele.

Ambos choram ainda mais, ajoelham-se e ficam ali abraçados.

O grito de Regina é sua última reação, antes de tudo ficar escuro e silencioso.

Era começo de noite em Storybrooke...

No quarto frio e solitário do hospital, Zelena sente um choque percorrer seu corpo. Abre os olhos e o primeiro rostinho que vê é o de Robin. A menina sorria lindamente porque estava feliz. Tinha acabado de descobrir que amava aquela ruiva louca de olhos grandes. Robin descobre que amava Zelena e que seu beijo a havia trazido de volta.

Um abraço amoroso é a reação humana mais natural naquele momento único.

Noutra parte da cidade, Gold perde o equilíbrio e cai sentado no chão de sua casa. Em seu auxilio, surge a linda e doce Belle, sempre cuidadosa e preocupada com o seu monstro particular. Ela o beija e o abraça com o mais absurdo amor, emanado por sua pele.

“Quando eu partir, poderá ter seu coração de volta. Ele será colocado ao lado de um coração lindo, bondoso e puro, mas forte o suficiente para carregar o peso de seu coração imundo. ” A frase de William começa a fazer sentido e Gold começa a gargalhar, reconhecendo que sua salvação sempre esteve ao seu lado, carregando sua existência sem sentir incômodo pelo peso.

Neste mesmo instante, pacientemente Henry tentava entender as falas confusas de Cora. Até que estava sendo divertido, embora fosse muito triste ver o desespero de sua avó.

— Você quer que eu faça algo para jantarmos? – ele aponta para o telefone, quando a campainha soa. – Vou atender e já retorno.

— Vou começar a adiantar o jantar...

— Vovó Cora! Você falou corretamente! – Henry se esquece do telefone e decide dedicar sua atenção para aquela pequena vitória.

Por alguns segundos, Cora se esquece do mundo e comemora com o neto. Subitamente, ela para e encara Henry. O rosto se cobre em preocupação.

— Se eu estou falando...é porque ele partiu.

— Quem partiu?

— William me controlou durante este período e somente me libertaria quando partisse...se estou falando normalmente...é porque ele abriu o portal.

— Minha mãe! Será que ela partiu com ele?

Vou levar Regina para longe e resolver o que me foi imposto como missão. Quando eu abrir meu portal e passar por ele, Zelena irá despertar com ou sem o beijo de amor verdadeiro; Robin será liberta da praga que roguei sobre ela; Gold terá o coração de volta e ainda com uma carga de sobrevida que coloquei...e você, não poderá revelar meu segredo, ainda. Mas depois que eu partir, poderá gritar a todos que Gold estava certo quando defendeu a tese da presença de outro Sombrio na cidade. ”

A frase ouvida de William retorna para a mente de Cora e algo incômodo toma posse de sua alma e de seu espírito. A poderosa sombra da tristeza desce sobre ela e quase a impede de racionar e lidar com a realidade.

Ele havia partido. Não voltaria a deitar seus olhos sobre aquela criatura linda e perigosa. Havia perdido seu amor para sempre.

— Vovó Cora! Você está bem? Precisamos conversar com meus outros avós! Temos de saber notícias sobre minha mãe!

— S-sim...vamos...

Muitas tentativas de comunicação depois...

— Regina não atende ao celular. Temos de ir até onde ela está. – David se mostra preocupado.

— Aconteceu exatamente como William falou. – Mary retorna para a sala. – Falei com Robin e soube que Zelena despertou. Conversei com Belle e ela me disse que este tempo todo estava carregando o coração do Sr. Gold dentro do peito...ah, se Emma estivesse aqui!

— Eu vou atrás de Regina. – Cora fala, mas se desanima rapidamente. – Não tenho forças para usar a nuvem de fumaça.

— Vamos pedir ajuda ao meu avô Gold. – sugere Henry. – É o único com força suficiente para usar o transporte pela fumaça.


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