Meu coração em suas mãos escrita por Eduardo Marais


Capítulo 10
Capítulo Nove




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— Conversei com ele a manhã toda. O homem está confuso com as imagens que surgem em seus sonhos.

— E por que ele se lembrou apenas de você, Killian?

— Éramos amigos, meu amor. – ele bebe um gole de café. – Sempre nos encontrávamos numa taverna, onde ele ficava hospedado quando trabalhava com cargas nos navios reais. William era o administrador das docas e controlava o comércio. Como o palácio ficava longe demais do litoral, ele se hospedava numa taverna.

— Mas ele foi íntimo e apaixonado por Regina e não se lembrou dela. Por que você?

— Não fomos íntimos e nem apaixonados. – o pirata ironiza. – Mas trabalhávamos e viajávamos juntos. Nosso tempo de convívio foi mais longo do que os encontros fugazes e furtivos com Regina.

Emma se senta diante da mesa onde estava o marido.

— O Sr. Gold veio até mim, depois de ter saído da prefeitura. Ele me disse que a loja foi contaminada com magia forte. Não somente a loja, mas trechos das ruas e fachadas de construções na rua principal. Não há nenhum morador em nossa cidade e nem moradores que vieram de outros reinos, com tamanha carga de magia.

— E você acredita no Crocodilo? Por que acha que ele não está mentindo?

— Você sabe que eu sei.

O pirata se levanta e vai apanhar mais café.

— Amor, você esteve várias vezes ao lado de William. Saberia se ele estivesse mentindo. E ele está na mansão Mills, vivendo com Zelena, Cora, Regina e Robin...elas não perceberiam magia nele, caso fosse um bruxo? E acredite em mim: William tinha aversão por isso, por ter crescido convivendo com magos protegidos pela Rainha Danna.

— Então, decifre uma pergunta: por que as joias dele não puderam ser tiradas, embora não estivessem fisicamente presas? E por que ninguém consegue ler aquele livro?

— Foram duas perguntas, amor. – ele se aproxima de Emma e a detém pela cintura. Beijam-se.

Noutro ponto da cidade...

Cora pede licença, entra naquele quarto e encontra William lendo um livro que parecia desinteressante.

— Onde conseguiu esse livro?

— A menina Robin me presenteou.

— Está gostando? – a mulher deposita um copo com suco sobre um móvel e vai sentar-se ao lado de William, na cama. – Do que fala?

Ele sorri, move o livro e acaba por fechá-lo.

— Apenas o folheei. Sabe, meu encontro com o Capitão Gancho me deixou muito incomodado...

— Qualquer encontro com ele é assim.

— Eu gostei de rever meu amigo...meu único amigo...mas fortaleceu o incômodo de que minha mente se recusa a trazer as lembranças de minha vida. Por que eu vim? Será que você tem razão quando diz que vim atrás do meu amor?

Cora dá de ombros. Atrevidamente, começa a acariciar os cabelos longos do homem.

— Vamos imaginar que você sofreu quando foi deixado para trás. Passaram anos, você cresceu, tornou-se um homem independente e decidiu que estava na hora de vive a sua vida. Cansou-se de servir ao reino de seus pais e decretou um novo objetivo para sua existência: reencontrar o único amor de seu coração.

— Será que não amei mais alguém?

— Vamos continuar imaginando que Regina tenha sido seu primeiro e único amor. Mas não precisa continuar sendo o único.

Uma expressão de desentendimento emoldura o rosto maduro do homem.

— Não entendi...

— Você é livre. Todas nós somos livres...pode amar quem você quiser, agora que está em Storybrooke. A menos que queira retomar seu romance com minha filha...

— Tudo o que sei sobre esse romance é o que ela me conta. – ele continua acariciando o livro.

Cora percebe o destaque que ele dá ao objeto. Sorri e tenta amenizar o clima.

— Gosta de ler?

O sorriso que ele abre é a coisa mais alegre e bonita que a mulher se lembra de ter visto nos últimos anos de autoexílio. Um sorriso divertido.

— Minha mente me trouxe alegria quando me perguntou sobre isso. Sinto que amo ler e até consigo visualizar uma sala com prateleiras em todas as paredes...cheias de livros...até na parede onde ficava a porta, havia livros...sobre uma mesa longa. – ele se move na cama e segura as mãos de Cora. – Você tem livros aqui em sua casa ou na cidade?

Cora apenas responde com um movimento de cabeça.

Naquela noite...

— Não quero que tenha contato com aquele homem! Você me entendeu?

— Não grite comigo, Robert! – Belle apoia as mãos na cintura e altera o tom de voz. – Eu não vou impedir nenhuma pessoa de entrar em minha biblioteca!

— Ele não é qualquer pessoa! É um warlock!

Belle derruba os ombros.

— Eu já passei por portais, Henry passou por portais, Mary e David já passaram por portais e não possuem magia! Pelo fato de ter passado por um portal, ele é um bruxo?

— Ele é o único desconhecido nesta cidade! E pode me explicar como senti a presença de forte magia na cidade?

A moça sorri e mostra-se paciente.

— Cora retornou à cidade faz pouco tempo, lembra-se?

A pergunta toma Gold de assalto. Como ele havia se esquecido de Cora?

— Ela ficou no exílio e nada sabemos de onde ou com quem esteve. E se ela buscou mais conhecimento e força? Alguém se preocupou em indagar sobre o que ela fez neste ínterim? Cora, quando jovem, aprendeu com o melhor mestre que existe. E se complementou seus conhecimentos com outro mestre tão forte quanto você? Nós presenciamos a quantidade de Sombrios que existem pelo mundo, quando Killian os evocou.

Gold se sente decepcionado. Não era medo que sentia do desconhecido, mas uma pontada de inveja e ciúmes por ele estar justamente vivendo dentro da casa e recebendo atenção das mulheres Mills. Afinal, elas eram pedras brutas e tornaram-se brilhantes sob sua tutela.

— Não havia pensado na possibilidade de Cora estar mais forte...

— E pensou na possibilidade de ela ter se tornado uma Sombria? Foi tempo suficiente para um bom treinamento.

Na mansão Mills...

Henry continua conversando com William, Killian e Robin, num canto da sala. Pareciam entretidos e os assuntos deveriam ser divertidos.

— Sugiro que você direcione sua energia para o controle da violência que está aumentando em nossa cidade, com a chegada de tantos novos habitantes. – Regina serve uma bebida para os visitantes.

— Já disse isso a ela, mas Emma não quer me ouvir como mãe. – Mary se acomoda num dos bancos perto do balcão. – David já teve uma longa conversa com ela, mas ainda não conseguimos convencê-la de que Wiliam é o menor de nossos problemas.

— Não estou obcecada se é isso que insinuam. – Emma se mostra irritada. – Ele veio por um portal diferente e os pais dele conviviam com magia. Killian me falou que praticavam rituais usando corações infantis.

Regina se impactua e abaixa a cabeça, despertando em Emma a lembrança de que muitos corações tinham sido arrancados e esmagados, num passado não muito distante.

— Não quis dizer...

— Tudo bem, Emma. Cometi erros e um dia conseguirei consertá-los, na medida do possível. – a Presidenta sorri constrangida. – Acredite: não é algo de que eu me orgulhe.

— Certo. – Emma espreguiça-se e faz um alongamento cm os braços. Ergue os cabelos expondo a nuca e expira profundamente. – Vou aceitar a sugestão e retomar os cuidados com “toda” a cidade. Vou deixar seu hóspede em paz, mas...

— Mas? - Regina, Mary e David perguntam ao mesmo tempo.

— Mas não vou abaixar a guarda. E vou investigar a onda de magia que o Sr. Gold disse ter sentido pela cidade.

Em seu quarto, Cora penteia seus cabelos e admira-se no espelho. Continuava bonita e atraente, como em seus áureos tempos de realeza. Sorri.

— Quando sorrimos sozinhos é porque estamos lembrando de nossas maldades. – Zelena se aproxima da mãe e assume para si a tarefa de pentear os cabelos dela. – Por que não está lá embaixo?

— Não curto muito a companhia dos Charming.

— Creio que não se demorarão. Mãe, você acredita em paixão à primeira vista?

— Oh, sim! A alma humana é complexa e fascinante. Nossos sentimentos são confusos e admiráveis ao mesmo tempo.

— Devemos investir quando isso acontece?

— Devemos sim. – Cora se vira na cadeira e olha a filha mais velha. – Eu tenho observado com August Booth tem olhado você e soube que passam horas conversando. Invista, porque ele é um belíssimo homem.

Zelena se impressiona com a rapidez com que a mãe responde sua pergunta e ainda a exemplifica. Pelo visto não havia captado o espírito da pergunta.

— August?

— Vocês formam um lindo casal e ele já demonstrou estar interessado em um relacionamento. O ser humano não foi criado para viver sozinho, filha. Precisamos sempre de um par e não importa como aconteça o encontro...temos de aprender a identificar a chance que a vida nos dá para um final feliz.

— Mãe...

— Sei que não precisa ouvir isso, mas eu a abençoo.

— Mãe...

Tarde daquela noite...

Regina observa a rua vazia e a garoa que podia ser vista pela luz emanada dos postes. Algo trivial que poderia ser romântico ao depender do estado de espírito da pessoa espectadora.

— Está frio aqui fora. Trouxe-lhe um cobertor.

— Oh! Gentileza sua! – Regina exibe um sorriso largo e mesmo sem maquiagem alguma continua linda e exuberante. – Quer dividi-lo comigo?

Sem hesitar, William abre o coberto e envolve-se com ele, protegendo Regina com o tecido e com seus braços.

— Creio que se já fomos próximos, não se ofenderá em ser tocada por mim, agora.

— De jeito algum. – ela se aconchega junto ao corpo dele, de maneira deliciosa e confiante, como somente as mulheres sabem fazer. – Sabe, é bom sentir o calor de um corpo forte próximo ao meu, outra vez.

Com muito carinho e cuidado com aquela obra de arte em forma de mulher, William se aproxima ainda mais e sente-se aquecido quando ela põe ambas as pernas sobre as pernas dele. Ficam bem juntos. Ela o abraça também.

— Eu sei que senti saudades desse contato. É uma certeza que lateja em meu espírito.

— Vai se lembrar do quanto nos divertíamos quando fazíamos amor. – ela sorri.

— Fazíamos amor?

— Humm...no nosso mundo chamamos o momento de sexo entre pessoas que se adoram, de momento de amor. Não podemos falar em fazer sexo, porque é grosseiro. Nós fazemos amor.

Um sorriso sereno ilumina os lábios do homem. Ele ergue o queixo e permite que Regina ache este espaço para acomodar sua cabeça. Ficam bem colados, como se fosse um amontoado de tecidos e cabelos escuros.

— Estive tão amedrontado nesses dias...mas essa proximidade ao seu corpo, faz com que me sinta protegido. É maravilhoso ter braços me envolvendo e me protegendo... queria essa sensação sempre.

 

Regina inspira profundamente apenas para impregnar em suas narinas, o cheiro amadeirado da pele dele.

— William de Velac...- estende a mão e toca o rosto dele. O rosto não era o mesmo, mas a beleza continuava ali. Acaricia os longos cabelos dele e sorri ao recordar da loucura daquele encontro. O passado estava ali, bem perto dela e poderia ser mudado. – Por que você se afastou de mim naquele momento? Eu poderia ter trazido você junto comigo...estaríamos juntos e com filhos...

Nenhuma resposta. Apenas o som da respiração dele sobre os cabelos dela.

— Não sei se eu teria honrado sua presença, William. Meu coração estava negro e eu queria a todo custo, torturar quem julguei ter me feito sofrer. Certamente, não iria aproveitar sua presença...provavelmente eu o teria matado no momento em que me cobrasse amor e companhia...não possuía a sensibilidade para receber o amor que você me oferecesse. Mas agora...

O convite estava lançado.


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