— Freddie! – Joan disse ao ver o primo abrir os olhos – Ele acordou!

— Joan? Cadê meu pai? – Freddie disse um pouco desorientado

— Hey, estou aqui amor, então, como se sente? – Steve disse chegando perto do filho

— Acho que bem, não estou sentindo mais dor

— Isso é ótimo, que bom – Steve sorriu

— Amiguinho, olha quem veio te ver – Grace disse se aproximando da cama com a filha no colo

— Grace! Você veio me ver! E você trouxe a Holly!

— Claro que eu trouxe Freddie, eu sei o quanto você gosta dela, e acho que você precisa de uma animação a mais... Hospitais são chatos

— São os piores – Freddie fez uma careta – Posso vê-la?

— Claro que sim – Grace se aproximou enquanto Steve apertava o botão que levantava a cama

— Eu também estou aqui – Mary aproximou da cama – Eu vim ver meu sobrinho favorito

— Você só tem um sobrinho, tia Mary

— Ah é – Ela sorriu – Bom, eu estou feliz que esteja bem... Assustou todos nós

— Eu sei... Sinto muito por isso... – Freddie disse a tia e então olhou pra Grace que estava com a bebê no colo ao lado dele – Ela tá tão fofa, olha papai – Disse após Grace colocar a filha no colo dele – Oi pequenina, lembra de mim? Sou eu, o Freddie... – O menino disse pegando na mãozinha da bebê – Você está grande, hein...

— Freddie, seu pai deixou você ir na minha casa jogar depois que você melhorar... A mamãe me deu um vídeo game novo e tem aquele jogo que você quer jogar – Joan disse animada

— É sério? Isso é muito legal! Que dia que eu vou sair daqui, papai?

— Eu não sei, o médico não disse nada sobre isso, mas vamos procurar saber, ok?

— Tem resultado do exame? Isso vai piorar? – Freddie disse focando a atenção em Steve

— Freddie, nós falaremos disso depois, certo?

— Vai piorar? Pai, não... Eu não posso...

— Confie no seu pai, querido... Vai dar tudo certo, ok? Vocês vão conversar sobre isso depois, homenzinho – Mary disse ao menino – E nós já falamos com seu pai, estamos aqui pro que precisar, beleza? Qualquer coisa, chama a gente

— Ela está certa, Freddie... Não se preocupe, relaxa um pouquinho, ok?

— Tudo bem... Obrigado – Freddie sorriu e voltou a atenção para Holly – Pequenina, você precisa falar com sua mãe pra você vir aqui na ilha mais vezes, tudo fica mais legal quando você está aqui... Promete que vai falar? – Freddie disse brincando com a menina que deu um pequeno sorriso

— Ela é tão fofinha, não é? – Joan disse a olhando também

— Muito, eu queria que ela ficasse aqui pra sempre – Freddie sorriu pra prima

Depois de quase uma hora, todos haviam ido embora, Steve e Freddie assistiam televisão quando o garoto se desligou por alguns minutos e um filme passou pela sua cabeça

— Pai... – Chamou Steve com os olhos cheios de água

— Ei, estou aqui... O que houve? Está sentindo algo? – Steve disse o olhando preocupado

— Você me odeia? – Falou enquanto lágrimas transbordaram do rosto dele

— Claro que não, porque eu te odiaria? O que houve? – Steve disse passando a mão no rosto do garoto para secar as lágrimas – Você está me preocupando, amigo, me diz, o que houve?

— Sinto muito pelo que eu te disse... É tudo mentira

— O que é mentira, amigo? Hum? O que aconteceu? Fala pro papai... Do que você está falando?

— Lá em casa... Eu disse que você não era meu pai e que eu te odiava, é mentira – O garoto disse soluçando

— Oh, carinha... Eu sei, viu? Você estava bravo, falou sem pensar... Está tudo bem

— Eu te disse um monte de coisa, e é tudo mentira... Eu adoro morar com você, você é o melhor pai do mundo inteiro... Não foi nada justo eu falar daquele jeito... Fui tão idiota... Eu sei que você não iria ficar comigo por pena

— Filho, está tudo bem, eu te prometo, eu sei que você não falou por mal, você estava irritado com tudo, agiu sem pensar, é normal as pessoas agirem assim, de falarem coisas que não devem quando estão bravas, e você não é um idiota, ok? Não gosto que você se chame assim...

— Você disse que palavra é igual uma bala, que se atirar não tem volta... Você ficou magoado, papai? Me desculpa, por favor... Eu não quis dizer por mal

— Sempre seremos claros, ok? Olha, eu posso ter ficado um pouco chateado na hora, mas já passou, certo? Claro que eu te desculpo, Freddie... Olha, eu te amo, filho, e sempre vou te amar, não importa o que aconteça, tá? Eu sei que não te vi nascer, não vi você dar os primeiros passos, não vi você ter o primeiro aniversário... E eu realmente senti falta disso, sabe? Se eu pudesse voltar no tempo, iria para o momento em que você nasceu, te pegar no colo pela primeira vez... Pode parecer bobo, mas isso é importante pra um pai... Só que eu te amo do mesmo jeito, certo? Não importa o que aconteceu no passado, eu sempre te amo

— Eu também amo você, papai – Freddie disse olhando pra Steve – Tem mais uma coisa...

— O que, amigo?

— Eu meio que lembrei de tudo... Me desculpa por te desobedecer e sair pra festa...

— Acho que essa conversa é melhor ser em casa, carinha

— Você me ensinou que quando erramos, devemos reparar os erros o mais rápido possível, papai...

— Certo, vamos lá então...

— Me desculpa por ter te desobedecido, isso foi errado, você me ensinou melhor que isso...

— Você poderia ter morrido, Freddie... Você sabe, não é? Se você estivesse sem cinto, ou sei lá, se o impacto tivesse uma localização diferente... Eu poderia ter te perdido, filho...

— Eu sei, e me desculpa por te assustar... Eu apenas queria ser legal na escola, eu não achei que poderia acontecer isso

— Ser legal na escola? O que quer dizer isso?

— Os meninos me disseram que eu seria mais legal se eu andasse com eles e fosse onde eles vão... Então me disseram que se eu quisesse ficar com eles, deveria ir nessa festa, e então eles seriam meus amigos...

— Oh... Vamos lá, olha filho, essas pessoas, esse meninos não querem ser seus amigos de verdade. Amigos não põe a vida de outro em risco, amigos de verdade evitam isso, fazem de tudo para proteger e cuidar de quem ama... Um amigo de verdade, sempre estará ali para você, e ele te amará pelo que você é, assim como as pessoas ao seu redor, elas vão gostar e amar você, vão te achar legal como você disse, se você for você, Freddie... Não por algo que você faz, pelo que você tem ou com quem anda, ok? E você tem bons amigos, você tem o Charlie, lembra? Ele é um bom amigo.

— Mas... E quando o Charlie não estudar mais na mesma escola que eu? Isso é ano que vem...

— Ele continuará seu amigo, não importa onde vocês estão, eu vejo, vocês têm um ótimo relacionamento, vocês se dão bem e cuidam um do outro, não tem porque essa amizade acabar...

— Eu fui um bobo... – Freddie respondeu e desviou o olhar de Steve, que se sentou na poltrona – O que foi? – Freddie disse ao olhar para o pai novamente

— O que?

— Você tá tenso... Seus ombros estão tensionado e você tem aquele rosto

— Ombro tensionado? O que? Eu não tenho um rosto

— Tem sim, tá fazendo agora... O que você tem, papai?

— Não é nada, não se preocupe – Steve sorriu pro menino

— Você não sabe mentir, e aliás, nós não mentimos

— Eu só estou pensando um pouco, não é nada que você precise se preocupar, filho

— Quando estamos chateados nós conversamos, lembra? – Freddie olhou pra Steve

— Apenas a conversa me fez lembrar do acidente... Eu pensei que tinha perdido você pra sempre. Olha, antes de você chegar, eu me sentia só, as vezes eu queria alguém pra me fazer campainha, mas eu não queria incomodar ninguém da equipe, eles já me viam todos os dias no trabalho e eu acho que eles não queriam ver me ver depois que fechávamos o escritório

— Se você chamasse eles iam, todo mundo é família – Freddie o interrompeu

— Eu sei, mas as vezes as pessoas querem ficar sós, um tempo pra elas e eu não queria tirar isso da equipe... Mas então, no momento em que eu tava precisando, você chegou na minha vida e tudo mudou, eu não estava sozinho e tudo o que queria e precisava estava ali, em você. Você virou meu pequeno companheiro, surfando, caminhando, fazendo um trilha e acampando... Você é a melhor coisa que aconteceu na minha vida, você é o meu melhor e maior presente, e eu não gosto da possibilidade de te perder, então quando eu te vi dentro daquele carro, meu mundo parou. Se eu te perdesse, eu não sei o que faria, nada mais seria o mesmo

— Me desculpa por te fazer ficar triste, papai... – Freddie alcançou a mão de Steve e a apertou – Eu não pensei direito e fiz tudo errado, eu não pensei em você... Eu só estava com raiva, você estava me tratando como um bebezinho

— Eu te desculpo, ok? Está tudo bem, você está vivo e é isso que importa. Apenas... Não me assuste mais assim, garoto... Olha, você está crescendo, não quer que eu seja o pai chato que pega em seu pé sempre, as vezes não te deixa fazer algumas coisas... Mas a verdade é que eu tenho medo, eu posso exagerar as vezes e tô tentando mudar isso, mas você é tudo em minha vida e eu só quero te proteger sempre e sempre

— Eu sei, papai... Você só me quer bem e agora eu entendo isso, me desculpa... Eu estou arrependido

— Tá tudo bem, ok? – Steve sorriu e se levantou

— Papai, você também é meu melhor e maior de todos presentes que eu já ganhei – Freddie falou e Steve o abraçou – Pai, e o Adrian, ele está bem? – Disse após se afastarem do abraço

— Bem... O seu amigo, ele não estava de cinto na hora do impacto, ele acabou com algumas fraturas graves e não resistiu... Eu sinto muito, amigo

— Isso é horrível... Os pais dele devem estar muito tristes

— É, aposto que sim, carinha

— Papai, e então, o que o médico disse? Vai piorar?

— Freddie, sobre isso... Eu... Eu não quero te dar qualquer esperança de nada, por mais que o médico disse... Ele disse que tem quase certeza de que você voltará a andar

— Eu vou voltar a andar? É sério?

— Sim, segundo o médico o que tá impedindo seu movimento das pernas é um inchaço na coluna

— Essa é a melhor notícia do dia, papai! Eu vou voltar a andar, eu vou poder continuar a fazer caminhada e nadar com você! Eu estou tão feliz, papai!

— Vamos com calma, ok? Mas sim, essa é uma ótima notícia e eu também estou feliz – Steve sorriu pro filho

— Não quero interromper, mas já interrompendo... Porque fiquei sabendo disso pelo noticiário? – Dóris disse entrando no quarto